sexta-feira, 18 de abril de 2025

Em 2024, renda do trabalho impulsiona queda histórica da desigualdade social no Brasil

Estudo da FGV aponta avanço dos mais pobres na renda do trabalho com impacto decisivo da Regra de Proteção do Bolsa Família e recorde na geração de emprego

          Lula e trabalhadores - Estaleiro Ecovix, Rio Grande (RS) - 24.02.2025 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

O Brasil registrou, em 2024, a maior redução da desigualdade social dos últimos anos, com crescimento significativo da renda do trabalho entre a população mais pobre. A conclusão é de um estudo divulgado pela FGV Social, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), conforme noticiado pela Agência Gov.

O levantamento mostra que a renda do trabalho dos 50% mais pobres da população cresceu 10,7% em 2024, um ritmo 50% superior ao avanço observado entre os 10% mais ricos, cuja renda aumentou 6,7%. Em termos médios, o ganho geral com o trabalho subiu 7,1% no período. De acordo com Marcelo Neri, responsável pelo estudo, “tivemos uma redução muito forte da desigualdade em 2024. E tudo isso está mais forte em termos de renda do trabalho do que em relação a outros componentes de renda”.

Segundo Neri, a política pública que mais contribuiu para esse resultado foi a chamada Regra de Proteção do Bolsa Família — mecanismo criado para garantir que beneficiários do programa continuem recebendo o auxílio mesmo após conquistarem uma vaga no mercado formal de trabalho. “O mecanismo criou um colchão de segurança para que beneficiários não perdessem o apoio ao ingressar no mercado formal, garantindo que o crescimento fosse mais forte justamente na base da pirâmide, e no momento chave”, analisou o pesquisador da FGV.

O Bolsa Família foi relançado em 2023 pelo governo federal com um aumento de 44% no valor médio pago por beneficiário. Desde então, sua interação com a geração de emprego formal se intensificou. Em 2024, dados cruzados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) com informações do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) revelaram que 75,5% das vagas criadas foram ocupadas por beneficiários do Bolsa Família. Já 98,8% foram preenchidas por pessoas inscritas no Cadastro Único.

O ministro Wellington Dias destacou a importância da política como instrumento de transformação: “A Regra de Proteção do Bolsa Família é um instrumento essencial para garantir que os beneficiários possam buscar novas oportunidades no mercado de trabalho sem perder o apoio do governo. Ela cria um ambiente de segurança e incentiva a formalização, o que contribui diretamente para a redução da desigualdade e para o crescimento econômico do país”.

Outro aspecto relevante identificado pela FGV foi o aumento da escolaridade entre os mais pobres, indicador de que a redução da desigualdade pode ter efeitos estruturais. Além disso, o Brasil alcançou em 2024 a menor média de desemprego já registrada: 6,6%, com maior impacto justamente na base da distribuição.

Marcelo Neri ainda destacou: “Primeiro ponto que a gente não pode naturalizar é o fato de que houve uma prosperidade do trabalhador brasileiro, com 7,1% de crescimento. Segundo, que não acontecia há algum tempo, era um aumento da igualdade, uma redução da desigualdade que vale por 2,9 pontos (índice Gini). Então, só essas duas partes fazem com que o bem-estar dos brasileiros cresça a 10,2%, causado tanto pelo crescimento da renda quanto pela redução da desigualdade trabalhista”.

Fonte: Brasil 247 com informações da Agência Gov

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