sábado, 19 de abril de 2025

Adélio Bispo, preso até 2038, tem saúde mental frágil e laudos sob sigilo

Protagonista do evento de Juiz de Fora cumpre internação em cela solitária, sem visitas e com quadro psiquiátrico delicado

      (Foto: Reprodução)

Preso desde setembro de 2018 pelo atentado contra o então candidato à presidência Jair Bolsonaro (PL), Adélio Bispo deverá permanecer no sistema penitenciário federal até, pelo menos, 2038. Embora considerado inimputável por apresentar transtorno delirante persistente, Adélio segue internado na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS), em regime de segurança máxima.

Segundo reportagem do Metrópoles, a partir de uma decisão recente da Justiça, a internação que antes era por tempo indeterminado passou a ter uma previsão de saída: quando ele completar 60 anos. Atualmente, tem 46.

O processo de execução penal de Adélio, no entanto, apresenta inconsistências relevantes. No Sistema Eletrônico de Execução Unificado (SEEU), não há qualquer registro da pena já cumprida, constando apenas como “tempo indeterminado”. Um relatório anexado ao processo revela que, oficialmente, nenhum dia de internação foi contabilizado até o momento.

Adélio vive isolado em uma cela de apenas 6 metros quadrados. Segundo agentes penitenciários ouvidos pelo portal Metrópoles, ele evita até os banhos de sol e se recusa a tomar os medicamentos psiquiátricos prescritos. “Não sou doido”, teria dito, ao justificar a rejeição ao tratamento. O quadro clínico, segundo os relatos, tem se agravado ao longo dos anos, com a saúde mental cada vez mais debilitada.

Desde que foi preso, Adélio não recebe visitas de familiares, não lê livros e não interage com outros detentos. Mesmo sendo classificado como preso de alta periculosidade, não há previsão de transferência para outra unidade. A penitenciária de Campo Grande é considerada a mais preparada para lidar com casos como o dele, embora ainda careça de estrutura adequada para tratamento psiquiátrico de longo prazo.

Os laudos sobre a saúde mental de Adélio são mantidos sob sigilo absoluto pela Justiça Federal. Apenas a Defensoria Pública, que o representa, tem acesso aos documentos. Durante o governo Bolsonaro, a Polícia Federal tentou acessar o laudo psiquiátrico em outubro de 2022, logo após o primeiro turno das eleições, mesmo sem haver inquérito aberto na ocasião. O pedido foi negado pela Justiça, que considerou a solicitação infundada e sem necessidade concreta. O delegado responsável não respondeu à intimação judicial para justificar a tentativa.

Apesar das teorias conspiratórias e da tentativa de reabrir o caso, a própria PF concluiu, em dois relatórios distintos, que Adélio agiu sozinho no atentado. O caso continua cercado de polêmicas e lacunas processuais.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles

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