sexta-feira, 7 de março de 2025

"Mauro Cid de Braga Netto": ex-assessor pode implodir a defesa do general no julgamento sobre o golpe

Investigação da PF pode transformar coronel Peregrino em peça-chave no caso

Walter Braga Netto (Foto: José Dias/PR)

A possibilidade de a Polícia Federal indiciar o coronel Flávio Peregrino por participação na trama golpista tem gerado apreensão entre aliados de Jair Bolsonaro (PL). O assessor, que já vem sendo comparado a Mauro Cid e apelidado de “Mauro Cid de Braga Netto”, pode se tornar um elo fundamental na investigação sobre os planos de ruptura institucional que levaram à prisão do general Walter Braga Netto, segundo Malu Gaspar, do jornal O Globo.

Diferente de Mauro Cid, que acumulou uma série de ações próprias além das ordens diretas de Bolsonaro, Peregrino era um operador disciplinado e sem iniciativa própria, conforme descrevem ex-integrantes do governo: “ele era um Mauro Cid sem o excesso de iniciativa”. Isso significa que, apesar de estar sempre ao lado de Braga Netto, ele apenas executava ordens e não tomava atitudes por conta própria, como ocorreu com Cid na falsificação dos cartões de vacina.

A apreensão de documentos e dispositivos eletrônicos de Peregrino na operação que prendeu Braga Netto, em dezembro passado, pode ser um divisor de águas na investigação da PF. O material recolhido, que inclui celulares, notebooks, HDs externos e pen drives, pode suprir lacunas e reforçar evidências que o general tenta negar. Um dos documentos mais explosivos foi encontrado na mesa de Peregrino na sede do PL: um plano detalhado da chamada “Operação 142”, que previa a decretação de “Estado de Sítio” e a subsequente execução de uma “Operação de Garantia da Lei e da Ordem”.

A posição de Peregrino na estrutura golpista o coloca como um potencial delator com capacidade de agravar ainda mais a situação de Braga Netto. Embora ainda não tenha sido formalmente indiciado, fontes da PF indicam que isso deve ocorrer em breve. Dois aliados próximos de Braga Netto, ao serem questionados sobre a possibilidade de Peregrino seguir os passos de Mauro Cid e fechar um acordo de delação premiada, preferiram não especular. Contudo, admitem que, se isso acontecer, as revelações podem aprofundar o cerco contra Braga Netto, especialmente por sua função de intermediário entre o general e os militares envolvidos nos planos golpistas.

“Ele era o hub de todos esses militares. Para chegar no Braga Netto tinha que passar por ele”, afirma um ex-auxiliar de Bolsonaro no Palácio do Planalto. Com a iminência de um possível indiciamento e a pressão das investigações, a tensão nos bastidores bolsonaristas cresce, enquanto a PF avança para esclarecer os detalhes do esquema golpista e as responsabilidades de cada envolvido.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

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