
A denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, detalha um plano criminoso para monitorar e assassinar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. O grupo, supostamente liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sabia até mesmo a posição exata em que o magistrado se sentaria durante a cerimônia de diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), realizada em 12 de dezembro de 2022.
O esquema, revelado na noite desta segunda-feira (18), fazia parte da chamada “Copa 2022”, um plano em que os envolvidos utilizavam codinomes inspirados em países, como Alemanha, Argentina, Áustria, Brasil e Gana, em referência à série “La Casa de Papel”. De acordo com Gonet, a Polícia Federal não conseguiu identificar o indivíduo conhecido como Alemanha, apontado como coordenador do plano, mas detalhou as funções dos demais membros.
◉ Uso de aplicativos criptografados e monitoramento
Um dos pontos que chamou atenção dos investigadores foi o uso do aplicativo Signal para a troca de mensagens, além do fato de as linhas telefônicas estarem registradas em nome de terceiros. Em uma das raras comunicações fora da plataforma, Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro, enviou uma mensagem a Mauro Cid, auxiliar de ordens do ex-presidente, detalhando os procedimentos da diplomação de Lula no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Estarão na portaria. Trecho 5 será do presidente. Rota verde com desembarque exclusivo da comitiva do diplomado, que será no subsolo. Cancelo central interno destinado a veículo oficial. Percurso rosa aos demais convidados”, escreveu Câmara. Em seguida, completou: “Acesso do Ministro Alexandre é o trecho cinco”, finalizando com: “Tudo pronto para a diplomação segunda-feira”.

◉ Vigilância constante e tentativa de execução
No dia do evento, os investigados continuaram monitorando Moraes. Em uma troca de mensagens, Cid enviou “nada” para Câmara, que respondeu com “ainda não” e acrescentou que “o cara está assustado”.
De acordo com a denúncia, a execução do ministro estava programada para o dia 15 de dezembro. Em 13 de dezembro, após a diplomação de Lula, um terminal vinculado ao codinome Gana deslocou-se de Goiânia para Brasília e se conectou a antenas próximas à residência funcional do magistrado.
No dia marcado para a ação, quase todos os integrantes do grupo, exceto Alemanha, viajaram de Goiânia para Brasília. Segundo Gonet, os envolvidos se posicionaram em locais estratégicos ao redor da residência de Moraes, aguardando instruções.
◉ Motivo do recuo
O plano foi abortado por decisão de Alemanha após o STF adiar a votação do chamado “orçamento secreto”. A informação foi divulgada inicialmente pelo portal Metrópoles e rapidamente compartilhada entre os criminosos, levando à suspensão da operação.
Fonte: DCM
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