quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Na casa de Braga Netto, Bolsonaro discutiu ações para “gerar caos social”, disse Cid em delação

 

Mauro Cid e Braga Netto: trecho do depoimento do tenente-coronel consta na denúncia apresentada pela PGR ao STF. Foto: Reprodução

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), revelou em acordo de delação premiada que uma reunião realizada na casa do general Braga Netto, em 12 de novembro de 2022, teve como objetivo discutir “ações que mobilizassem as massas populares e gerassem caos social”.

Segundo Cid, as medidas visavam criar um cenário que levasse Bolsonaro a assinar um “estado de defesa, estado de sítio ou algo semelhante” para impedir a posse do presidente Lula (PT).

As declarações do militar estão na denúncia apresentada na terça-feira (18) pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, que acusou Bolsonaro, Braga Netto e outras 32 pessoas de tentar realizar um golpe de Estado.

“O General Braga Netto, juntamente com os coronéis Oliveira e Ferreira Lima concordavam com a necessidade de ações que gerassem uma grande instabilidade e permitissem uma medida excepcional pelo Presidente da República. Uma medida excepcional que impedisse a posse do então Presidente eleito, Luís Inácio Lula da Silva”, afirmou o delator, conforme denúncia da PGR.

Além do depoimento de Cid, a PGR incluiu como prova mensagens trocadas pelo militar nos dias seguintes à reunião, indicando que a casa de Braga Netto foi utilizada para discutir o plano golpista que estava “em curso”.

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Bolsonaro e Braga Netto: ambos são acusados pela PGR de tentar realizar um golpe de Estado. Foto: Reprodução
Nos diálogos interceptados, Cid menciona “estimativa de gastos, com hotel, alimentação e material” e fala sobre “trazer um pessoal do Rio”, com custo calculado em R$ 100 mil. Segundo sua delação, o dinheiro foi obtido por Braga Netto, que o entregou em uma “sacola de vinho”, após arrecadá-lo com um “pessoal do agronegócio”.

“Alguns dias depois, o Coronel De Oliveira esteve em reunião com o colaborador e o General Braga Netto no Palácio do Planalto ou da Alvorada, onde o General Braga Netto entregou o dinheiro que havia sido solicitado para a realização da operação. O dinheiro foi entregue numa sacola de vinho. O General Braga Netto afirmou, à época, que o dinheiro havia sido obtido junto ao pessoal do agronegócio”, relatou Cid na delação.

Fonte: DCM

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