O presidente classificou o Pantanal como “patrimônio da humanidade” e disse que o país precisa combater as queimadas e preservar o meio ambiente
Lula no Mato Grosso do Sul (Foto: Ricardo Stuckert / PR)
Por Fabio Matos, InfoMoney - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobrevoou, nesta quarta-feira (31), algumas das regiões devastadas por incêndios na região de Corumbá (MS), no Pantanal sul-matogrossense.
Mais tarde, em cerimônia ao lado do governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), que contou com a presença de vários ministros do governo, Lula sancionou a lei que institui a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo.
O manejo integrado é uma abordagem planejada para usar o fogo de forma controlada, com o objetivo de prevenir e combater incêndios florestais e conservar ecossistemas.
Em discurso, durante o evento, Lula classificou o Pantanal como “patrimônio da humanidade” e disse que o país precisa combater as queimadas e preservar o meio ambiente.
“Um país que tem um território como o Pantanal, e a gente não cuida disso, este país não merece o Pantanal, que é um patrimônio da humanidade”, disse o presidente. Ele afirmou, ainda, que a nova lei será “um marco no combate a incêndios neste país”.
“Eu fiquei emocionado hoje, em cima de um helicóptero, vendo o fogo pegando e os brigadistas tentando apagar o fogo. E vendo o trabalho unitário que está sendo feito entre todos os entes federados”, prosseguiu Lula.
“O presidente da República não pode ficar no Palácio do Planalto culpando o prefeito e o governador porque teve um incêndio na floresta. É muito mais importante a gente trazer essas pessoas para um compartilhamento das coisas que temos de fazer.”
COP30
Em seu pronunciamento, Lula ressaltou que o Brasil será o país-sede da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), em 2025, em Belém (PA). O presidente da República reconheceu problemas ambientais enfrentados pelo Brasil, mas disse que os brasileiros têm capacidade de resolvê-los e reclamou das críticas de outros países.
“O Brasil vai sediar a COP30, em Belém, e vai ser a primeira vez que traremos o mundo para dizer o que nós vamos fazer com o nosso país”, disse Lula.
“O mundo dá muito palpite sobre o Brasil. Todo mundo se mete a cuidar do Brasil quando, na verdade, nós é que sabemos cuidar do Brasil, os nossos indígenas, os nossos quilombolas e os nossos trabalhadores é que sabem cuidar do nosso país”, completou.
“O povo cansou de ódio”
Em sua fala, Lula destacou a parceria entre os governos federal, estadual e municipais no combate aos incêndios no Pantanal sul-matogrossense. O governador do estado, Eduardo Riedel, é do PSDB, partido que se opõe a Lula em nível nacional. Riedel é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), rival político de Lula.
“Quando a gente exerce um cargo público, não abrimos mão da relação pessoal, de amizade ou ideológica que temos com as pessoas. Mas, no exercício de governar de forma republicana, você tem de tratar todos com o mesmo respeito e atender não ao governador ou ao prefeito, mas ao povo do estado e da cidade”, afirmou o petista.
“Nós passamos por um período em que o presidente da República visitava os estados e não comunicava os governadores e os prefeitos. Era ele e a turma dele, e dane-se o restro”, criticou Lula, sem citar o nome de Bolsonaro, mas referindo-se ao ex-presidente. “Como é possível governar um país de 27 estados sem a gente repartir a governança com os demais entes federados?”, indagou.
“O povo cansou de ódio, de xingamento, de fake news e de tanta asneira que se fez neste país. Nós achamos que é possível mudar e só podemos mudar não com palavras, mas com gestos”, concluiu Lula.
Marina Silva
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva (Rede), também discursou. Falando antes de Lula, Marina disse que “o fogo não é estadual, municipal ou federal” e “é algo que deve ser combatido e manejado adequadamente”.
“O enfrentamento dos incêndios tem na sua raiz uma combinação terrível entre mudança do clima, desmatamento e incêndios. Essa química perversa faz com que vejamos as cenas que nós vimos”, afirmou a ministra.
“Estamos vivendo sob os efeitos da mudança do clima, e isso potencializa os fenômenos naturais, como El Niño e La Niña. Tivemos uma antecipação de mais de 2 meses de algo que era para começar em agosto e começou ainda em maio”, continuou.
Marina Silva fez, ainda, um alerta: “Se não parar de colocar fogo, não tem quantidade de pessoas e equipamentos que vençam [as queimadas]”.
Mais de 80 focos de incêndio
De acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente, o governo federal conta atualmente com 890 profissionais em campo na região, entre integrantes das Forças Armadas (491), do Ibama e do ICMBio (351), da Força Nacional de Segurança Pública (38) e da Polícia Federal (10). Ao todo, há 15 aeronaves em operação, entre aviões e helicópteros, e 33 embarcações.
Segundo o Planalto, até o dia 28 de julho, havia 82 focos de incêndios registrados. Destes, 45 já foram extintos e 37 estão ativos, 20 dos quais já controlados.
Além de Lula, Riedel e Marina, participaram do evento os ministros Rui Costa (Casa Civil), Carlos Fávaro (Agricultura), Renan Filho (Transportes), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), José Múcio (Defesa) e Laércio Portela (Secretaria de Comunicação Social da Presidência).
Fonte: Brasil 247 com Infomoney