quinta-feira, 11 de julho de 2024

Abin Paralela discutiu atentado contra Alexandre de Moraes, mostra investigação da PF: “tiro na cabeça”

 Também foi identificado um esforço coordenado para compilar informações que desmoralizassem o ministro do STF

Integrantes de uma estrutura paralela da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) discutiram um plano para atentar contra a vida do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e produziram um dossiê com o objetivo de prejudicá-lo. As revelações são da Polícia Federal (PF), que investiga o uso indevido da agência para fins políticos durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).


A PF descobriu mensagens entre membros da chamada “Abin paralela” que mencionavam a possibilidade de dar “um tiro na cabeça” de Moraes. Além disso, foi identificado um esforço coordenado para compilar informações que pudessem ser usadas contra o ministro, visando desacreditá-lo e comprometer sua imagem pública.


Em mensagens trocadas em agosto de 2021, integrantes dessa estrutura paralela discutiram sobre um inquérito da PF que apurava um ataque hacker no TSE.


“Tá ficando foda isso. Esse careca tá merecendo algo a mais”, diz um dos investigados.


O outro responde: “7.62 (munição de arma de fogo).”

Nesse momento, o interlocutor acrescenta: “head shot” (tiro na cabeça).


A investigação, conduzida no âmbito da operação Última Milha, identificou que a organização agia à margem da Abin oficial, utilizando recursos e informações para proteger aliados e atacar adversários políticos do governo Bolsonaro. Este grupo teria contado com o apoio de figuras influentes na administração anterior, incluindo o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem.


A operação Última Milha, que já resultou na prisão de diversos envolvidos, agora foca em desmantelar essa rede clandestina dentro da inteligência brasileira. As provas coletadas incluem mensagens, gravações de áudio e documentos que evidenciam as ações ilegais perpetradas pelo grupo.


Fonte: Agenda do Poder com informações de O Globo

PF aponta Ramagem como mandante de ações clandestinas contra cúpula da CPI da Covid

 A PF identificou que houve vigilância, interceptação de comunicações e produção de dossiês para manchar a reputação dos parlamentares

A Polícia Federal constatou em sua investigação que Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), teria comandado ações clandestinas contra integrantes da cúpula da CPI da Covid. De acordo com a corporação, Ramagem utilizou a estrutura da Abin para monitorar e pressionar parlamentares que lideravam a Comissão Parlamentar de Inquérito que apurava a gestão do governo Bolsonaro durante a pandemia de Covid-19.


Os detalhes emergiram durante a quarta fase da Operação Última Milha, deflagrada nesta quinta-feira (11). A operação visa desmantelar a chamada “Abin paralela”, uma rede clandestina de inteligência supostamente criada para servir interesses políticos do governo Bolsonaro. Documentos e depoimentos obtidos pela PF indicam que Ramagem ordenou o uso de recursos da agência para coletar informações comprometedoras sobre os membros da CPI, com o intuito de intimidá-los e desviar o foco das investigações.


Interceptação de comunicações e montagem de dossiês


Entre os alvos das ações clandestinas estavam senadores e deputados que desempenhavam papéis chave na CPI da Covid. A PF identificou que a operação envolveu a vigilância de movimentações, interceptação de comunicações e a produção de dossiês com o objetivo de manchar a reputação dos parlamentares.


Os resultados da investigação foram apresentados ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que supervisiona o inquérito. A PF continua a apurar a extensão das operações ilegais e os impactos das atividades clandestinas sobre o processo democrático e as instituições brasileiras.


Fonte: Agenda do Poder com informações de O Globo

Padre Kelmon se reúne com Bolsonaro e recebe a medalha “imorrível, imbrochável e incomível” (vídeo)

 Em meio à tratativas para filiação ao PL, Padre Kelmon (sem partido) se reúne com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em Brasília. Os dois disputaram as eleições presidenciais em 2022

Padre Kelmon, que foi candidato à Presidência da República pelo extinto PTB, recebeu das mãos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a medalha “imorrível, imbrochável e “incomível”. O encontro ocorreu nesta quinta-feira (11), em Brasília.


Bolsonaro costuma presentear aliados com a medalha dos “três Is”. Ele entregou o objeto, no último fim de semana, ao presidente da Argentina, Javier Millei, durante participação na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), em Balneário Camboriú (SC).


Uma ala do PL defende a ida de Padre Kelmon para a legenda. Um interlocutor defende, inclusive, que Kelmon seja um dos nomes do partido na disputa ao Senado Federal, em 2026, sem especificar por qual estado ele tentaria uma cadeira na Casa Alta.


Ao ser questionado pela Agenda do Poder, Kelmon afirmou que a filiação ao PL está bem encaminhada. “Sempre estive com Bolsonaro. É um caminho natural”, revelou.



Fonte: Agenda do Poder

Monitoramento de ministro Barroso visava desacreditar processo eleitoral, aponta PF

 A PF destaca que o questionamento das urnas eletrônicas era um “mantra reiterado nas ações de desinteligência”

Durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) realizou um monitoramento ilegal contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso. Segundo a Polícia Federal (PF), o objetivo desse monitoramento era “desacreditar o processo eleitoral”. Barroso, que também estava à frente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi alvo de uma organização criminosa que tentava disseminar “informações inverídicas” sobre ele.


A PF destaca que o questionamento das urnas eletrônicas era um “mantra reiterado nas ações de desinteligência”. A organização criminosa publicou um tuíte e declarações de um jornalista, Marcelo Araújo Bormevet, que instruiu Giancarlo Gomes Rodrigues a atacar um assessor de Barroso. Ambos estavam cedidos à Abin na época. Além disso, a difusão de informações falsas relacionadas aos magistrados e seus familiares era intencionalmente realizada por Bormevet no chamado “grupo dos malucos”.


As investigações também apontam que os ataques a Luiz Fux, outro ministro do STF, eram conduzidos por meio de perfis cooptados pela organização criminosa, com o objetivo de propagar informações falsas e distanciar os responsáveis pela desinformação. Essas ações não apenas embaraçavam investigações, mas também atentavam contra o livre exercício do Poder Judiciário e o sistema eleitoral.


Fonte: Agenda do Poder com informações de O Globo

Lula diz que Janja vai representá-lo nas Olimpíadas de Paris

 “Janja vai porque eu tenho muita coisa para fazer e não posso ir”, disse o presidente

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta quinta-feira (11) os atletas olímpicos e paralímpicos brasileiros que se preparam para os Jogos de Paris, marcados para o final do mês. Durante o encontro, no Palácio do Planalto, Lula anunciou que sua esposa, Janja, representará o Brasil na França como sua emissária.


“A Janja vai me representar nas Olimpíadas. O (ministro do Esporte André) Fufuca vai como chefe do esporte brasileiro, mas como eu sou convidado pelo (presidente francês Emmanuel) Macron eu resolvi dizer que a Janja vai porque eu tenho muita coisa para fazer e eu não posso ir”, disse o presidente.


Lula destacou que acompanhará os jogos através dos olhos de Janja, e pediu que ela o mantenha informado sobre qualquer eventualidade envolvendo os atletas brasileiros, para que possa fazer reclamações diretamente ao presidente francês.


Janja, por sua vez, além de acompanhar a delegação brasileira, planeja promover a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, iniciativa que será lançada por Lula durante a reunião do G20 em novembro, sob a presidência do Brasil.


“Estaremos realizando atividades de adesão com a prefeitura de Paris e outras, mobilizando os atletas neste momento. Minha equipe está preparando materiais, e convidamos todos a participarem conosco”, enfatizou a primeira-dama.


Fonte: Agenda do Poder com informações do Correio Braziliense

“Nosso PR imbrochável já assinou a porra do decreto?”: gravações indicam que presos pela PF sabiam de tentativa de golpe

 O inquérito aponta que os policiais usavam recursos da PF para agir clandestinamente, na tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito

Trocas de mensagens entre os presos pela Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta-feira (11) indicam que dois dos detidos, ambos policiais, tinham ligação direta com os canais de inteligência da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e estavam cientes da existência de uma minuta de decreto golpista que manteria Jair Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições.


A quebra de sigilo na operação revelou que os policiais suspeitos de integrar uma “Abin paralela” sabiam do plano para um golpe de Estado. Um print divulgado pela PF mostra mensagens trocadas entre o policial Marcelo Bormevet, que atuava na Presidência da República, e seu subordinado Giancarlo Gomes Rodrigues, militar do Exército em exercício na Abin desde dezembro de 2022. Nas mensagens, discutem a possibilidade de Bolsonaro assinar a minuta do decreto de intervenção.


“O Nosso PR imbrochável já assinou a porra do decreto?” (Marcelo Bormevet)


“Assinou nada. Tá foda essa espera, se é que vai ter alguma coisa” (Giancarlo Gomes Rodrigues)

“Tem dia que eu acredito que terá, tem dia que não” (Marcelo Bormevet)


Para a PF, a troca de mensagens é uma das provas de que os policiais estavam diretamente envolvidos na tentativa de golpe. Ambos tiveram mandados de prisão decretados e foram afastados dos cargos públicos que ocupavam.


O inquérito aponta que os policiais usavam recursos da PF para agir clandestinamente, culminando na tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. A investigação também afirma que os dois fazem parte de uma organização criminosa que utilizava recursos da Abin e outras instituições para atacar opositores e descredibilizar o sistema eleitoral por meio de desinformação.


A PF prendeu quatro policiais na manhã desta quinta-feira (11), suspeitos de integrar a Abin paralela durante o governo Bolsonaro, como parte da quarta fase da Operação Última Milha. O inquérito revelou que esses policiais atuavam no “gabinete do ódio”, grupo que disseminava notícias falsas e incitava ataques contra autoridades e jornalistas.


A pedido da PF, o ministro Alexandre de Moraes autorizou buscas em relação a sete investigados: Mateus De Carvalho Sposito, José Matheus Sales Gomes, Daniel Ribeiro Lemos, Richards Dyer Pozzer, Rogério Beraldo De Almeida, Marcelo Araújo Bormevet e Giancarlo Gomes Rodrigues.


Fonte: Agenda do Poder com informações do UOL

Palcos com estrutura de LED e em formato de pandeiro são algumas novidades do Réveillon de Copacabana; veja outras

 Além de Copacabana, a festa carioca se estenderá por mais 11 palcos distribuídos pela cidade


Para o Réveillon 2025, a Prefeitura do Rio de Janeiro revelou nesta quinta-feira (11) detalhes para a celebração na Praia de Copacabana. A promessa é de uma festa grandiosa, com novidades que incluem uma estrutura de palcos e atrações diversificadas.


A agência SRCOM, vencedora da proposta, está encarregada de organizar 12 palcos espalhados pela cidade, proporcionando o que é descrito como “a maior programação da história” do evento.


A Riotur, responsável pelo evento, destacou que os palcos serão visualmente marcantes, com destaque para o Palco Rio, localizado em frente ao Hotel Copacabana Palace, equipado com painéis de LED para oferecer dinamismo durante as apresentações.


Já o Palco Samba, situado na altura da Rua República do Peru, terá um formato inovador em pandeiro, prometendo reunir estrelas da música brasileira, embora os nomes dos artistas ainda não tenham sido confirmados.


O espetáculo de fogos de artifício está programado para durar 12 minutos e será suportado por 10 balsas posicionadas a 450 metros da costa, com 275 metros de distância entre cada uma. Para uma experiência auditiva imersiva, vinte torres de som serão instaladas ao longo da orla, visando integrar ainda mais os espectadores à festa.


Além de Copacabana, o réveillon carioca se estenderá por mais 11 palcos distribuídos pela cidade, incluindo locais como Praça Mauá, Praia do Flamengo, Praia de Ramos, Penha, Parque Madureira, Bangu, Praia de Sepetiba, Barra de Guaratiba, Ilha do Governador e Ilha de Paquetá. Haverá também espetáculos pirotécnicos com queima de fogos nos palcos do Flamengo e na Igreja da Penha.


Fonte: Agenda do Poder com informações do g1

PF diz que Abin atuou ilegalmente em favor de filhos de Bolsonaro

 

Agência teria sido usada para favorecer Jair Renan e Flávio Bolsonaro

A Polícia Federal (PF) aponta que a estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi utilizada durante o governo de Jair Bolsonaro para favorecer dois filhos do ex-presidente.

Segundo a corporação, agentes que participaram do monitoramento ilegal buscaram informações sobre investigações envolvendo Jair Renan e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

A conclusão está no relatório da investigação chamada de Abin Paralela, divulgada nesta quinta-feira (11) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após a retirada do sigilo do inquérito que apura do caso.

De acordo com a PF, um policial federal que atuava na agência foi designado para espionar Allan Lucena, ex-sócio de Jair Renan em uma empresa de eventos. O filho do ex-presidente é acusado de tráfico de influência e lavagem de dinheiro pelo Ministério Público.

No caso de Flávio Bolsonaro, as ações clandestinas de monitoramento ocorreram contra três auditores da Receita Federal responsáveis pela investigação sobre "rachadinha" no gabinete de Flávio quando ele ocupava do cargo de deputado estadual.

Segundo os investigadores, as buscas por informações sobre os auditores foi determinada pelo deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), então diretor da Abin.

Defesa

Pelas redes sociais, o senador Flávio Bolsonaro disse que a divulgação do relatório de investigação foi feita para prejudicar a candidatura de Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro.

"Simplesmente não existia nenhuma relação minha com Abin. Minha defesa atacava questões processuais, portanto, nenhuma utilidade que a Abin pudesse ter. A divulgação desse tipo de documento, às vésperas das eleições, apenas tem o objetivo de prejudicar a candidatura de Delgado Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro", afirmou.

Agência Brasil busca contato com a defesa de Jair Bolsonaro, Jair Renan e com o deputado Ramagem.

Edição: Juliana Andrade

Fonte: Agência Brasil

Agentes de Abin paralela sabiam sobre minuta de golpe, indica PF

 

Documento é parte de outra investigação cujo alvo é Bolsonaro

Ao menos dois dos investigados presos nesta quinta-feira (11) na Operação Última Milha tinham conhecimento sobre a existência de uma minuta de decreto para promover um golpe de Estado, que poderia ser assinada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. 

A Última Milha, tocada pela Polícia Federal (PF), apura uma suposta estrutura paralela de espionagem montada na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que teria como objetivo monitorar ilegalmente adversários pessoais e políticos do clã Bolsonaro. 

A “minuta do golpe” é alvo de um outro inquérito, que tem como alvo o ex-presidente Jair Bolsonaro e assessores próximos. As duas investigações tramitam sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). 

Uma das bases da investigação sobre a Abin paralela são os diálogos mantidos entre o militar Giancarlo Gomes Rodrigues e seu superior, o policial federal Marcelo Araújo Bormevet. Os dois eram os responsáveis por operar diretamente o programa First Mile, adquirido pela Abin e capaz de monitorar o posicionamento geográfico de aparelhos celulares sem ser detectado pelo sistema de telefonia. 

A PF aponta que as buscas feitas no First Mile coincidem com as conversas trocadas entre os dois, que foram obtidas pelos investigadores. Em dado momento, destaca a PF, Bormevet pergunta a Giancarlo: “O Nosso PR imbrochável já assinou a porra do decreto?”. O militar responde: "Assinou nada. Tá foda essa espera, se é que vai ter alguma coisa”.

Para os investigadores, “as referências relacionadas ao rompimento democrático declaradas pelos policiais é circunstância relevante que indica no mínimo potencial conhecimento do planejamento das ações que culminaram na construção da minuta do decreto de intervenção”. 

A observação foi feita no requerimento no qual a PF pediu a prisão preventiva dos dois investigados, bem como o compartilhamento de informações entre o inquérito da Abin paralela e o da minuta do golpe. Ambos os pedidos foram deferidos por Moraes. 

Para a PF, os crimes supostamente cometidos na Abin “se situam no nexo causal dos delitos que culminaram na tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito”. 

Esse foi um dos argumentos utilizados pela PF para pedir a prisão dos investigados. A autoridade policial alegou que a deflagração de uma nova fase da Última Milha poderia fazer com que os suspeitos buscassem destruir provas que ligassem as duas investigações. 

Além de Bormevet e Giancarlo, outras duas pessoas foram presas nesta quinta-feira, enquanto uma quinta segue foragida. De modo preliminar, a PF apontou o cometimento de crimes como pertencimento a organização criminosa, invasão de dispositivo informático alheio, interceptação clandestina de comunicações e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. A Agência Brasil tenta contato com os investigados citados na reportagem para que se posicionem sobre a operação. 

Edição: Fernando Fraga

Fonte: Agência Brasil

Abin espionou autoridades do Judiciário, do Legislativo e jornalistas

 

Alexandre de Moraes retirou sigilo de documento da Polícia Federal

Investigação da Policia Federal aponta que agentes lotados na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) utilizaram ferramentas de espionagem adquiridas pelo órgão para monitorar os movimentos de autoridades do Judiciário, do Legislativo e da Receita Federal, além de personalidades públicas, como jornalistas. Os atos irregulares teriam ocorrido durante o governo de Jair Bolsonaro.

O resultado das investigações está na decisão, de 86 páginas, do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que autorizou uma nova fase da Operação Última Milha. A operação apura o uso da Abin para fins pessoais e políticos, no governo passado. Moraes é relator do inquérito.

No documento, Moraes escreveu que “a continuidade das investigações evidenciou a utilização dos recursos da Abin para monitorar autoridades dos Poderes Judiciário (Ministros desta Corte e os seus familiares) e Legislativo (senadores da República e deputados federais), com o objetivo de obter vantagens políticas.”

Moraes determinou ainda medidas de busca e apreensão contra José Matheus Sales Gomes, ex-assessor da Presidência, e Daniel Ribeiro Lemos, secretário parlamentar.

De modo preliminar, a PF apontou o cometimento de crimes como pertencimento a organização criminosa, invasão de dispositivo informático alheio, interceptação clandestina de comunicações e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.

Nesta quinta, quatro pessoas foram detidas: Mateus Sposito, ex-assessor da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República; Giancarlo Gomes Rodrigues, militar e ex-servidor da Abin; Marcelo de Araújo Bormevet, policial federal que atuava na Abin; e Richards Dyer Pozzer, responsável por disseminar notícias falsas. Rogério Beraldo de Almeida, também apontado como responsável por perfis falsos nas redes sociais, segue foragido.

Até o momento identificou-se que as seguintes pessoas foram monitoradas:

Judiciário: ministros Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luis Roberto Barroso e Luiz Fux;

Legislativo: atual presidente da Câmara deputado federal Arthur Lira, além dos deputados Rodrigo Maia (então presidente da Câmara), Kim Kataguiri e Joice Hasselmann; e os senadores Alessandro Vieira, Omar Aziz, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues.

Executivo: ex-governador de São Paulo, João Dória; Servidores do Ibama Hugo Ferreira Netto Loss e Roberto Cabral Borges; auditores da Receita Federal do Brasil Christiano José Paes Leme Botelho, Cleber Homen da Silva e José Pereira de Barros Neto.

Jornalistas: Mônica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista.

O monitoramento foi realizado por meio da invasão de aparelhos e computadores, além da infraestrutura de telefonia. Para isso, foi utilizada a ferramenta First Mile, desenvolvida por uma empresa israelense, capaz de monitorar dispositivos móveis “sem a necessidade de interferência e/ou ciência das operadoras de telefonia e sem a necessária autorização judicial”.

O programa foi comprado pela Abin durante a gestão do deputado Alexandre Ramagem, que foi diretor-geral da agência durante o governo Bolsonaro. As investigações mostram que ele “teria instrumentalizado a mais alta agência de inteligência brasileira para fins ilícitos de monitoramento de alvos de interesse político, bem como de autoridades públicas, sem a necessária autorização judicial”, escreveu Moraes.

“As investigações evidenciaram a ocorrência de inúmeras ações clandestinas no período compreendido entre 2019 até 2022 e indicaram que os recursos humanos e técnicos empregados pela estrutura paralela valiam-se de sistemas oficiais e clandestinos para obtenção dos dados necessários para os seus interesses.”

Judiciário

Entre os objetivos da organização criminosa estaria atrapalhar investigações da Polícia Federal e apurações na Receita Federal, além de colocar em dúvida o processo eleitoral a partir de informações que pudessem ser usadas contra ministros do Supremo que também compunham o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O grupo também se dedicou à disseminação de notícias falsas em redes sociais para colocar sob suspeita a movimentação das autoridades e assim desacreditar o processo eleitoral.

Um dos documentos apreendidos pela PF, por exemplo, “remete à tentativa de associar deputados federais, bem como exmo. ministro relator Alexandre de Moraes e outros parlamentares à organização criminosa PCC”, diz trecho do relatório da investigação, que foi destacado por Moraes.

“A ação transparece, dessa forma, o desvio da finalidade das operações de inteligência do campo técnico para o campo político servindo para interesse não republicano, diverso da produção de inteligência de Estado”, acrescenta o relatório da PF.

Além do First Mile, outras ferramentas e bens da Abin foram utilizados para monitorar adversários, como drones, viaturas e agentes da própria PF que foram cedidos à Abin e estavam sob comando de Ramagem.

Desinformação

Em relação ao Legislativo, a PF identificou ações clandestinas para "caçar podres" do deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) e também contra Arthur Lira (PP-AL) e Renan Calheiros (MDB-AL). A PF trouxe mensagem de Ramagem que indica que o ex-diretor da Abin determinou pessoalmente o monitoramento de Lira.

Sobre o senador Alessandro Vieira (MDB-SE), as investigações mostram que na época em que foi espionado atuava na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia e havia requerido que o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente, fosse convocado a prestar depoimento.

Um dos principais pilares da investigação são as conversas mantidas entre o militar Giancarlo Gomes Rodrigues e o policial federal Marcelo Araújo Bormevet, que operavam diretamente o First Mile. As investigações também citam servidores do gabinete da Presidência que teriam como função disseminar desinformação acerca das autoridades monitoradas, no que ficou conhecido como “gabinete do ódio”.

Em parecer, a Procuradoria-Geral da República (PGR), por exemplo, destacou que pesquisas feitas no programa tendo como alvo a jornalista Luiza Alves Bandeira – ligada a um estudo que levou redes sociais a derrubarem perfis desinformativos – coincidiam com os diálogos entre os agentes da Abin.

“Bormevet determinou ao subordinado Giancarlo que "futucasse até unha" da jornalista, para identificar "ligação com políticos, pessoas em geral", ao fundamento de que "essa mulher está denunciando perfis de direita”, frisou a PGR.

Receita Federal

A PF aponta ainda operações da Abin para beneficiar o senador Flavio Bolsonaro (PL-RJ). O objetivo seria atingir auditores da Receita Federal que atuaram no relatório que deu origem a uma investigação sobre desvio de salários de assessores, as rachadinhas.

Segundo as conversas obtidas entre Giancarlo e Bormevet obtidas pela PF, a operação buscava "podres e relações políticas" dos auditores. “O produto ilícito da ação clandestina deveria ser ‘jogado num Word somente’, revelando assim o caráter de extra-oficialidade”, disse a autoridade policial.

Nesse ponto, a PF acusa Ramagem de ter mentido em depoimento, ao ser questionado sobre a operação contra auditores da Receita.

Os investigadores apontam ainda a existência de um áudio de uma hora e oito minutos, gravado pelo próprio ex-diretor da Abin, no qual o então presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, e a advogada de Flávio “tratam sobre as supostas irregularidades cometidas pelos auditores da receita federal na confecção do Relatório de Inteligência Fiscal que deu causa à investigação”.

Núcleos

A PF dividiu a organização criminosa em cinco núcleos:

Núcleo alta-gestão: delegados federais que, ao tempo dos fatos investigados, estavam cedidos para a Abin exercendo funções de direção e utilizaram o sistema First Mile para monitorar alvos e autoridades públicas, bem como para serviço de contrainteligência e criação de relatórios apócrifos que seriam divulgados com o fim de criar narrativas falsas. São eles: Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Abin, e Carlos Afonso Gonçalves, ex-diretor do departamento de Inteligência Estratégica).

Núcleo subordinados: policiais federais cedidos à Abin que serviam de staff para a alta gestão, cumprindo as determinações, monitorando alvos e produzindo relatórios. Integrantes: Marcelo Araújo Bormevet, Felipe Arlotta Freitas, Carlos Magno de Deus Rodrigues, Henrique César Prado Zordan, Alexandre Ramalho e Luiz Felipe Barros Felix.

Núcleo evento portaria 157: formado por agentes responsáveis pelas diligências que resultaram na tentativa de vinculação de parlamentares e ministros do Supremo a organização criminosa. Integrantes: Ottoney Braga dos Santos; Thiago Gomes Quinalia, Renato Pereira Araújo, Rodolfo do Nascimento e Ricardo Macedo.

Núcleo tratamento log: responsável pelo tratamento dos logs (arquivos de registro) disponíveis desde do início da investigação. Integrante: Bruno de Aguiar Faria.

Outro lado

Em seus perfis nas redes sociais, Carlos e Flávio Bolsonaro se manifestaram sobre a operação desta quinta.

“Simplesmente não existia nenhuma relação minha com Abin. Minha defesa atacava questões processuais, portanto, nenhuma utilidade que a Abin pudesse ter”, escreveu Flávio.

“A divulgação desse tipo de documento, às vésperas das eleições, apenas tem o objetivo de prejudicar a candidatura de Delgado Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro”, acrescentou.

“A verborragia do dia da imprensa, o gabinete do ódio do sistema, é tentar dar uma cara à narrativa suja deles, SEM NUNCA SEQUER MOSTRAR NENHUMA PROVA, a não ser o fetiche por minha imagem”, publicou Carlos.

Agência Brasil busca posicionamento dos demais mencionados na reportagem.

Ampliada às 15h36 para inclusão do quinto e sexto parágrafos.

Edição: Denise Griesinger

Fonte: Agência Brasil