‘Questão está sendo tratada politicamente, há dois pesos e duas medidas. Qual o tratamento dado a ex-presidentes exceto Bolsonaro’, indaga senador Marcos Rogério (PL-TO)
Aliados de Jair Bolsonaro reagiram como sempre com muitas críticas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e à Polícia Federal, depois do sigilo do inquérito que investiga a suspeita de esquema de vendas de jóias desviadas do acervo presidencial ser levantado. Bolsonaro e mais 11 pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal no caso, que é relatado por Moraes.
O líder da oposição no Senado, Marcos Rogério (PL-TO), classificou a investigação como uma “pauta política”.
– A questão está sendo tratada politicamente, há dois pesos e duas medidas. Qual o tratamento dado a ex-presidentes exceto Bolsonaro e o tratamento dado em relação a Bolsonaro quando o assunto são os presentes? Obviamente que isso faz parte de uma pauta política. Infelizmente tem instituições da República, que são importantes, envolvidas nisso. O que é lamentável.
Apesar disso, o senador avaliou que não é o momento de articular uma resposta no Congresso, como mudanças na lei para resguardar casos similares aos do ex-presidente.
– Não acho que seja o caso de criar uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) ou uma lei. Não em razão disso, pode até criar um marco legal para tratar disso, mas fora do contexto dessas polêmicas todas. As polêmicas existem por causa do Bolsonaro, não pela conduta em si.
Umas das informações reveladas com o fim do sigilo do inquérito é que Osmar Crivelatti, assessor de Bolsonaro afirmou que entregou kit de jóias que pertencia ao acervo presidencial, chamado de “kit ouro branco”, a outro então assessor do ex-presidente na sede do PL, em Brasília, no dia 3 de abril do ano passado.
O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), segundo vice-presidente da Câmara, minimizou o relato.
–Nós estamos muito tranquilos com relação a tudo isso. O PL já foi alvo de busca e apreensão e nada foi achado lá.
Na mesma linha, o deputado Capitão Augusto (PL-SP), que é um dos vice-presidentes do partido, disse que a legenda não será afetada nas eleições municipais deste ano por conta disso.
– Não impacta absolutamente em nada no planejamento das eleições municipais, não está agendada nenhuma reunião (no PL) para tratar disso e particularmente não vejo necessidade nenhuma.
A PF apontou que Bolsonaro cometeu os crimes de peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Outras 11 pessoas também foram indiciadas no caso. O ex-presidente nega as acusações e, via defesa, afirmou que “em momento algum pretendeu se locupletar ou ter para si bens que pudessem de qualquer forma, serem havidos como públicos”.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), filhos do ex-presidente, também se manifestaram sobre o caso e atacaram a PF e o STF.
– Qual o crime? Não tem crime. Não tinha que estar tendo nem investigação. Mostra que a PF dá um tratamento diferente para o Bolsonaro em relação a outros ex-presidentes – disse Flávio.
Nas redes sociais, Carlos comparou a investigação a “uma caça” e a “um filme”.
“Jamais pensei que o Brasil pudesse chegar nesse absurdo de caça para equiparação do que jamais será equiparável. Parece um filme, mas é o sistema sendo desnudado e crendo que podem medir a régua dos outros pela sua. É abissal e é horrendo para qualquer país promover este tipo de desordem normalizando absurdos jamais vistos na história. No fim, tudo nos leva ao início. É muito claro o que alguns poucos fizeram com o Brasil”.
A perícia feita pela Polícia Federal calculou que parte dos presentes recebidos por Bolsonaro em viagens oficiais, desviados no esquema investigado, tem valor de mercado de pouco mais de US$ 1,227 milhão, o equivalente a R$ 6,8 milhões, na cotação do dólar no início de julho deste ano.
O cálculo ainda é parcial. Isso porque alguns dos itens, como abotoaduras, anéis e rosários de dois kits de jóias que teriam sido desviados, ainda não foram periciados pela corporação. Além disso, as esculturas douradas de um barco e uma palmeira e o relógio Patek Philippe — recebidos por Bolsonaro em viagem ao Reino do Bahrein em 2021 — ainda não foram recuperados.
A estimativa de seus valores comerciais também está pendente. Inicialmente, o relatório da PF havia apontado em sua conclusão um total de R$ 25 milhões em bens movimentados pelo esquema. A corporação se corrigiu ontem e informou que o valor é de R$ 6,8 milhões, soma mencionada também em trechos do documento.
Por conta da divergência de dados, Eduardo comparou, nas redes sociais, a PF com a Stasi, polícia secreta alemã na época da Guerra Fria. “A PF DE MORAES “errou” por mais 300% o cálculo dessa bagaça. Até para escolher sua Stasi é preciso competência”.
Fonte: Agenda do Poder com informações de O Globo.