quinta-feira, 23 de maio de 2024

Haddad defende taxação global dos super-ricos para combater crise climática

 

Ministro da Fazenda destacou que a emergência climática precisa respostas globais

Fernando Haddad
Fernando Haddad (Foto: Diogo Zacarias/MF)

 O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ressaltou, nesta quinta-feira (23), a importância de criar mecanismos financeiros internacionais inovadores para combater a emergência climática, incluindo uma cooperação internacional para a taxação dos super-ricos destinada a fomentar iniciativas verdes. 

"Não vamos dar conta a partir das velhas instituições. Vamos ter que repensar as instituições, os bancos multilaterais, e a partir daí o financiamento dessa equação. Não adianta um país resolver sua crise climática, ela é global, tem que ser tratada globalmente. É possível a cooperação internacional para a taxação internacional", disse o ministro durante evento sobre tributação do G20, em Brasília, conforme citado pelo jornal O Globo

Na presidência do G20 neste ano, o Brasil colocou entre suas prioridades uma discussão entre os países sobre a taxação de super-ricos, ideia que vem sendo desenhada pelo economista francês Gabriel Zucman. 

Em entrevista à agência Reuters publicada nesta quinta-feira, Zucman disse que a proposta de taxação mínima sobre bilionários deve angariar mais apoio conforme os esclarecimentos técnicos estão sendo compartilhados com os países do G20, expressando otimismo quanto ao possível apoio também dos Estados Unidos.

Zucman, que foi encarregado pelo governo brasileiro de detalhar a ideia em um relatório a ser apresentado em julho aos ministros de Finanças das 20 maiores economias do mundo, afirmou que um trabalho preliminar já mostra que uma taxação anual de 2% sobre a fortuna de bilionários, em dólar, mostra-se a melhor alternativa para assegurar que os ultrarricos paguem sua justa parte em impostos.

O modelo atingiria cerca de 3.000 indivíduos -- dos quais pouco mais de 100 estão na América Latina -- com potencial de levantar cerca de 250 bilhões de dólares anualmente.

Além do Brasil, França, Espanha, Colômbia, União Africana e Bélgica já expressaram apoio direto à proposta, bem como a África do Sul, que assumirá no ano que vem a presidência rotativa do G20, disse Zucman.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

Jornalistas da Record na Bahia teriam desviado R$ 500 mil de doações de espectadores, diz revista

 

Segundo investigações, o repórter Marcelo Castro e o editor-chefe Jamerson Oliveira comandavam um esquema de desvios que funcionou por cinco meses

Apresentador Marcelo Castro
Apresentador Marcelo Castro (Foto: Reprodução / Record)

 O jornalista baiano Marcelo Castro é apontado por investigações da Polícia Civil como suspeito de desviar dinheiro de doações feitas pela audiência do programa Balanço Geral, da TV Record, para pessoas pobres ou doentes que eram temas de reportagens. Castro é um dos principais nomes da TV Record na Bahia e se tornou popular após coberturas de operações de combate ao tráfico e resgates de sequestros, atingindo 160 mil seguidores no Instagram.

Conforme aponta uma reportagem feita pela revista Piauí, o jornalista estava chamando a atenção para campanhas para crianças e adultos pobres e doentes que precisavam de dinheiro para custear seus tratamentos. No início de 2023, foi ao ar a história de Guilherme, um menino de 1 ano de idade que sofria de um tumor no crânio e outro na barriga. A família precisava arrecadar cerca de R$ 365 mil para arcar com os custos de um remédio, e o Balanço Geral divulgou o caso e o número de uma chave Pix para as doações.

A audiência conseguiu arrecadar quase R$ 110 mil, e o jogador de futebol Anderson Talisca, do Al-Nassr, entrou em contato com a emissora para arcar com os custos de uma ampola de remédio orçada em R$ 73 mil. No entanto, uma situação suspeita chamou a atenção do jogador: Marcelo Castro teria passado uma chave Pix diferente do que aparecia na transmissão da TV, segundo o delegado Charles Leão, titular da Delegacia de Repressão a Crimes de Estelionato Por Meio Eletrônico, a DreofCiber.

A direção da Record constatou que a chave Pix divulgada ao vivo pertencia a um barbeiro, que não tinha relação formal com o programa, e que apenas R$ 40 mil do valor total arrecadado chegou à família da criança, que acabou falecendo dias depois do apelo feito na TV. As investigações apontaram que R$ 27 mil teriam ido para o bolso de Castro, distribuídos de maneira pulverizada, uma parte por boleto bancário pago pelo barbeiro e outras por transferências diretas, em movimentações feitas pelo motorista de aplicativo Lucas Costa Santos e pelo editor-chefe do programa Jamerson Oliveira.

O relatório final da investigação apontou que Marcelo Castro e Jamerson Oliveira comandariam um esquema criminoso, que desviou mais de 500 mil reais em doações, entre setembro de 2022 a fevereiro de 2023. Ao todo, foram 13 casos de famílias que tiveram seus dramas televisionados, mas cujas doações teriam sido desviadas pelos jornalistas.

Procurado pela revista Piauí para falar sobre o caso, Castro respondeu: “se meu nome for citado irei processar você e a revista Piauí”. Jamerson Oliveira deu uma resposta semelhante: “oi, se meu nome for citado, irei processar você e o veículo”. Ambos indicaram o advogado Marcus Rodrigues, que representa a dupla, para dar resposta. Ele, no entanto, afirmou: “não posso falar de algo que se encontra em sigilo procedimental”. Já Lucas Costa Santos, que seria o “operador do esquema”, não foi localizado.

Fonte: Brasil 247 com reportagem da revista Piauí

 

Presidente do G20, Brasil fará "chamado à ação" pela reforma da ONU, anuncia Lula


"Não faz sentido que a América Latina e a África não tenham representação permanente em órgãos como o Conselho de Segurança", disse o presidente Lula

Luiz Inácio Lula da Silva
Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

 O presidente Lula (PT) anunciou nesta quinta-feira (23) que, como presidente do G20, o Brasil lançará em setembro, durante reunião de ministros das Relações Exteriores do grupo, um “chamado à ação” pela reforma da Organização das Nações Unidas (ONU). 

"Não faz sentido que a América Latina e a África não tenham representação permanente em órgãos importantes como o Conselho de Segurança. Não podemos permitir que esse tipo de anomalia também se torne a regra no tratamento da Inteligência Artificial", disse o mandatário brasileiro, defendendo "um modelo de governança capaz de conter os riscos dessa tecnologia e facilitar o acesso do Sul Global a esses benefícios".

A fala de Lula se deu durante declaração à imprensa por ocasião da visita do presidente do Benim, Patrice Talon.

Leia o discurso na íntegra:

O Brasil e a África estão unidos na dor pelas mortes e destruição causadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul e no Burundi, no Quênia e na Tanzânia.

Quero manifestar nossa solidariedade e agradecer as mensagens de apoio recebidas dos nossos irmãos africanos.

Amigos e amigas,

É uma satisfação contar com o corpo diplomático africano neste almoço em homenagem ao Dia da África e uma honra ter o presidente do Benim, Patrice Talon, como convidado especial.

Em Uidá, cidade natal do presidente Talon, está uma das “portas do não retorno” que existem na costa africana. Elas têm esse nome porque se acreditava que quem passava por elas jamais regressaria.

Sobrevivendo às condições desumanas impostas pela escravidão, alguns conseguiram voltar, levando consigo um pouco do Brasil.

O Benim abriga uma das maiores comunidades de “retornados” do continente, repleta de Souzas, Silvas, Santos e Carvalhos.

Aqueles que aqui permaneceram fincaram raízes em nossa identidade, transformando o Brasil no terceiro país com maior população negra no mundo.

Cultivamos nossa história comum na Casa do Benim em Salvador e vamos fazer o mesmo por meio da Casa do Brasil em Uidá, criando ali um polo cultural vibrante.

Firmamos hoje memorando de entendimento em artes, cultura e patrimônio para preservar esse elo.

Nossos laços se forjaram a partir do sofrimento, mas hoje servem para encurtar a distância entre os dois lados do “rio chamado Atlântico” – feliz expressão do diplomata Alberto Costa e Silva, falecido no ano passado.

Quem aproxima as margens desse rio são as pessoas.

São os mais de duzentos estudantes benineses atualmente inscritos no Programa Estudante-Convênio que escolheram o Brasil para se formar.

São os interessados no turismo de memória, que será facilitado pelo memorando em turismo e pelo adendo ao acordo sobre serviços aéreos que assinamos hoje.

São também os empresários, com quem contamos para ampliar e diversificar nossa pauta comercial e de investimentos.

E são, enfim, os técnicos que têm a missão de manter e expandir o legado de um dos mais exitosos programas de cooperação brasileiros, que vem beneficiando o setor algodoeiro do Benim e de mais 17 países africanos.

Tenho certeza de que esse intercâmbio crescerá com a reabertura da embaixada do Benim em Brasília e com a criação de um núcleo brasileiro de cooperação para todo o continente em Adis Abeba, onde estarão presentes agências como a ABC, a EMBRAPA e a Fiocruz.

É com esse espírito que sediaremos, a convite da União Africana, a Conferência Regional da Diáspora e dos Afrodescendentes das Américas e do Caribe, no final de agosto, em Salvador.

O Brasil tem muito a aprender e a contribuir nos debates sobre memória, restituição, reparação e reconstrução.

O fortalecimento dos vínculos entre a África e sua 6ª região, da qual o Brasil orgulhosamente faz parte, pode se transformar em um vetor positivo de apoio ao Haiti.

Com o Quênia e o Benim assumindo a dianteira na missão policial da ONU, reafirmamos nosso compromisso com a estabilidade e a prosperidade haitianas e estamos à disposição para oferecer apoio logístico à operação.

No momento em que as atenções se concentram na Ucrânia e em Gaza, não podemos deixar que o mundo se esqueça do Haiti, nem de outras tragédias humanitárias como a do Sudão.

Senhoras e senhores,

O talentoso historiador brasileiro José Flávio Sombra Saraiva – que nos deixou há poucos dias – disse que o Brasil havia se convertido no “porta-voz da África no sistema internacional”.

Não temos a pretensão de falar por ninguém. Mas somos parceiros naturais da África e também enxergamos o mundo por lentes africanas.

Isso nos leva a incorporar a perspectiva do continente à nossa atuação global, como estamos fazendo na presidência no G20.

Juntamente com a União Africana, que participa pela primeira vez como membro pleno do grupo, temos alertado sobre o problema do endividamento.

O que vemos hoje é uma absurda exportação líquida de recursos dos países mais pobres para os países mais ricos.

Não há como investir em educação, saúde ou adaptação à mudança do clima se parte expressiva do orçamento é consumido pelo serviço da dívida.

O grupo de trabalho sobre arquitetura financeira do G20 promoverá, em junho, um debate com especialistas africanos, cujos resultados levaremos para a reunião de ministros das Finanças do G20.

Se os 3 mil bilionários do planeta pagassem 2% de impostos sobre o rendimento das suas fortunas, poderíamos gerar recursos suficientes para alimentar as 340 milhões de pessoas que, segundo a FAO, enfrentam insegurança alimentar severa na África.

Muitos países em desenvolvimento já formularam políticas eficazes para erradicar a fome e a pobreza.

Nosso objetivo, no G20, é mobilizar recursos para ampliá-las e adaptá-las a outras realidades.

Por isso, convidamos os países africanos a se somarem à nossa Aliança Global de Combate à Fome e à Pobreza, que estará aberta a adesões a partir de julho.

Estamos determinados a apoiar a África a desenvolver seu imenso potencial agrícola.

Aderimos, recentemente, ao Compacto Lusófono do Banco Africano de Desenvolvimento, que visa a apoiar empreendedores africanos e elevar sua capacidade produtiva.

Apesar de não sermos historicamente responsáveis pela mudança do clima, precisamos lutar juntos pela ampliação das metas de financiamento na COP de Baku e pela adoção de NDCs mais ambiciosas na COP de Belém em 2025.

Em agosto passado, os demais países amazônicos, ao lado da República Democrática do Congo e da República do Congo, lançaram a declaração “Unidos por nossas Florestas”.

O Brasil está trabalhando no desenho de um mecanismo – o Fundo Florestas Tropicais para Sempre – para remunerar países em desenvolvimento que mantêm suas florestas em pé.

Reiteramos nosso convite para que mais países africanos se unam à declaração e considerem aderir ao fundo.

Assim como no caso das florestas, temos que abordar a questão da transição energética a partir dos nossos interesses.

Sem agregar valor aos recursos naturais, estaremos fadados a reeditar a relação de dependência entre o Norte e o Sul.

A ordem internacional requer instituições capazes de responder aos desafios da atualidade.

Em setembro, faremos em Nova York uma reunião de ministros das Relações Exteriores do G20, aberta a todos os membros da ONU, para lançar um “chamado à ação” pela reforma da governança global.

Não faz sentido que a América Latina e a África não tenham representação permanente em órgãos importantes como o Conselho de Segurança.

Não podemos permitir que esse tipo de anomalia também se torne a regra no tratamento da Inteligência Artificial.

É necessário um modelo de governança capaz de conter os riscos dessa tecnologia e facilitar o acesso do Sul Global a esses benefícios.

Amigos e amigas,

Em fevereiro, tive a honra de discursar na Cúpula da União Africana.

Levei a mensagem de que o Brasil voltou a caminhar ao lado da África.

Minha missão de vida sempre foi e é combater as desigualdades.

A América Latina e a África têm de enfrentar as injustiças que, dentro e fora dos nossos países, continuam reproduzindo lógicas excludentes.

Afinal, como disse o nigeriano Chinua Achebe], se não gostamos de uma história, podemos escrever a nossa própria história.

Por isso convido todos vocês a fazer um brinde a nosso ilustre convidado e desejo um feliz dia da África a todos e todas.

Muito obrigado.

Fonte: Brasil 247

“Leite e Melo, duplinha dinâmica que destruiu a estrutura pública que cuidava da prevenção à tragédia”, diz Kliass

 

Economista Paulo Kliass responsabiliza governador e prefeito de Porto Alegre pela falta de investimentos em prevenção a enchentes no Rio Grande do Sul

(Foto: Brasil247 | Lauro Alves/Secom | ABR)

 Na entrevista ao programa Brasil Agora, da TV 247, o economista Paulo Kliass afirmou que o governador Eduardo Leite e o prefeito Sebastião Melo adotaram uma política neoliberal e negacionista, negligenciando as necessidades de infraestrutura para a prevenção de tragédias climáticas. "Essa duplinha dinâmica, como eu chamo, o Eduardo Leite no governo do estado e o Sebastião Melo na Capital, em Porto Alegre, não fizeram os investimentos necessários por uma questão muito objetiva", declarou o economista.

Ele ressaltou que, desde a primeira grande cheia em 1941, foram necessárias ações contínuas de prevenção que, segundo ele, foram desconsideradas pelos gestores públicos. "Eles sabiam exatamente o que era necessário fazer para prevenir uma questão que, desde a década de 40, quando teve a primeira cheia, não é só um problema da natureza, mas também de políticas responsáveis", afirmou Kliass. 

O economista apontou que políticas como o desmatamento e a priorização do agronegócio e da especulação imobiliária agravaram a situação das enchentes. "A intervenção do ser humano, através de políticas irresponsáveis, desmatamento e concessão da prioridade ao agronegócio, acabou agravando a situação", explicou.

Ele também mencionou que a estrutura estatal e municipal destinada à prevenção foi desmantelada. "Eles destruíram a estrutura do estado e da prefeitura que cuidava disso porque consideravam coisa de 'ambientaloíde', como eles diziam", disse o economista. Segundo Kliass, recursos foram desviados para outras áreas que os gestores consideravam prioritárias.

Em decorrência das chuvas recentes, o Rio Grande do Sul enfrentou enchentes que resultaram em mortes e desabrigados. "Agora veio a desgraça, a tragédia", comentou Kliass. Ele criticou Leite por tentar se esquivar de suas responsabilidades, atribuindo a culpa a questões fiscais. "Eduardo Leite tenta se esquivar para não assumir a sua responsabilidade e tenta jogar genericamente sobre a pauta fiscal. Mas não é verdade", concluiu Kliass.

Assista: 

Fonte: Brasil 247

Prefeituras pedem apoio do governo federal para recuperação financeira

 

Uma das demandas é o refinanciamento das dívidas previdenciárias

Alexandre Padilha
Alexandre Padilha (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom - Agência Brasil)

Agência Brasil - No encerramento da 25ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, nesta quinta-feira (23), os gestores das cidades apresentaram uma agenda de prioridades ao ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Alexandre Padilha. Entre as demandas está a busca pelo apoio do governo federal sobre o refinanciamento das dívidas previdenciárias, um novo modelo para pagamento de precatórios e a extensão da reforma da previdência para os municípios.

Ao receber a carta, Padilha afirmou que o governo já tem trabalhado em uma agenda alinhada com os municípios e apontou como exemplo a compensação do Fundo de Participação dos Municípios, em 2023, e a manutenção até o fim do ano da desoneração da folha de pagamento dos municípios, com a redução de 20% para 8% da contribuição municipal no Regime Geral de Previdência Social (RGPS). “Os municípios têm uma agenda que é legitima, e o governo federal tem uma agenda que também é legitima, mas nada impede que a gente construa uma agenda compartilhada”, destacou.

O ministro reiterou os compromissos assumidos e debatidos na construção de uma proposta para a reoneração que não impacte de forma negativa os municípios e que seja sustentável para a Previdência. E no mesmo projeto de lei também tratar da dívida dos municípios, revendo o indexador para que deixe de ser a Selic e definindo teto para comprometimento da receita corrente líquida, com a ampliação do prazo de quitação por meio de uma Proposta de Emenda Constitucional.

O presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, reforçou a necessidade de não apenas socorrer aos municípios que participam do RGPS, mas também de outros 2,1 mil municípios com regimes próprios previdenciários e que somam quase 3 milhões de servidores em suas folhas. “Esses municípios estão sangrando dinheiro da saúde e da educação”, enfatizou.

Sobre as dívidas dos municípios reconhecidas pela Justiça, os chamados precatórios, Padilha informou que o governo acorda com a Proposta de Emenda à Constituição 66/2023, que tramita no Congresso. “Nós concordamos com a escadinha proposta na emenda do senador Alessandro Vieira em relação ao comprometimento máximo da receita corrente líquida para o pagamento dos precatórios, que foi proposta apresentada pela CNM”, disse o ministro.

Padilha também reforçou que o decreto do Regime Simplificado para contratos e convênios de até R$ 1,5 milhão, assinado por Lula na abertura da Marcha, vai facilitar 80% dos repasses da união para os municípios.

Os Projetos de lei que tratam da securitização das dívidas permitindo a terceirizarão de cobrança e da mudança na Lei de Responsabilidade Fiscal para que serviços terceirizados não entrem na conta do teto máximo de comprometimento da folha de pagamento também têm o apoio do governo, afirmou o ministro.

Padilha encerrou a participação na marcha dos prefeitos reafirmando que o governo vai trabalhar com os municípios para que a reforma da previdência também beneficie as cidades.

Fonte: Brasil 247

 

“Absolvição abre espaço para Moro tentar o governo do Paraná em 2026”, diz Esmael Morais

 

Decisão do TSE mantém mandato de Moro, abrindo caminho para possível candidatura ao governo do Paraná em 2026, segundo análise de Esmael Morais

(Foto: Reprodução | Geraldo Magela/Agência Senado)

 O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu, na última terça-feira (21), manter o mandato do senador Sérgio Moro. A decisão foi tomada com o voto decisivo do ministro Nunes Marques, acompanhando o relator Floriano de Azevedo Marques e outros ministros. Moro foi acusado pelo PT e pelo PL de abusos financeiros durante a campanha eleitoral de 2022, mas a maioria do TSE considerou que não havia provas suficientes para cassar seu mandato.

Em entrevista ao programa Boa Noite 247, Esmael Morais, do Blog do Esmael, afirmou que essa absolvição abre caminho para que Moro concorra ao governo do Paraná em 2026. Segundo Morais, “Vamos ter a medida desse acordo nos próximos dias, aí vamos ter a extensão desse acordo.”

Esmael apontou que a candidatura de Moro pode causar tensões entre as elites políticas locais: “Ele está furando a fila, se colocando como candidato das elites tradicionais paranaenses. Isso pode até causar um desarranjo.” Para ele, Moro não possui um projeto político claro para o estado, mas se apoiaria na sua imagem de combate à corrupção: “Ele vai disputar a vaga do Paraná, mas como ele não tem projeto, não tem time, possivelmente ele partirá sobre o fetiche da ‘caça ao corrupto’”.

Esmael Morais também comentou sobre as ambições políticas de Moro além do Paraná: “O mundo político está em polvorosa, ele está furando a fila, mas não é seu objetivo final o Paraná”. Morais acredita que o verdadeiro objetivo de Moro é a presidência da República: “Ele quer chegar ao Palácio do Planalto”. E acrescentou: “Mas o sonho dele é chegar à presidência e ocupar a cadeira do Lula”. Segundo Morais, Moro poderia até surgir como candidato à presidência com o apoio da mídia: “De repente, ele aparece até como candidato a presidente, com apoio da Globo”.

 

Fonte: Brasil 247

 

STF decide por unanimidade invalidar estratégia jurídica de desqualificar mulheres vítimas de violência

 Na votação, prevaleceu o entendimento da ministra Carmén Lúcia, relatora do caso

Ministra Cármen Lúcia, do STF
Ministra Cármen Lúcia, do STF (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

 O Supremo Tribunal Federal decidiu por unanimidade nesta quinta-feira (23) que desqualificar e culpar mulheres vítimas de violência durante o julgamento do crime na Justiça é uma prática inválida. 

Na votação, prevaleceu o entendimento da ministra Carmén Lúcia, relatora do caso. Ela foi à favor de impedir o uso da estratégia em processos.

"O que se pretende aqui é não permitir que, por interpretações que são dadas aos dispositivos legais, haja alguma abertura para que o próprio estado-juiz e o estado que faz a investigação revitimizem a mulher", declarou. Ela ainda enfatizou que as mulheres costumam ser questionadas sobre o próprio comportamento quando vão à delegacia denunciar a violência. 

Edson Fachin, Dias Toffoli, Flávio Dino, Nunes Marques, Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, André Mendonça, Luiz Fux, Gilmar Mendes e o presidente Luís Roberto Barroso acompanharam o voto da ministra.

Inicialmente, a Corte havia determinado que a vedação valeria apenas para os casos de crime sexual. No final do julgamento, porém, os ministros decidiram estender o entendimento para todos os crimes de violência contra a mulher.

Fonte: Brasil 247 com informações de g1

O caos continua: aulas voltam a ser suspensas em Porto Alegre

 

O nível do lago Guaíba continua acima da cota de inundação

Rio Guaíba
Rio Guaíba (Foto: Reprodução (RBS/TV))

 Representantes do governo do Rio Grande do Sul e da Prefeitura de Porto Alegre anunciaram nesta quinta-feira (23) que as aulas estão canceladas na capital gaúcha nesta sexta (24).

O nível do lago Guaíba era de 3,92 metros às 14h15 desta quinta. A cota de inundação é de 3 metros - a partir desta altura, a água avança para as cidades. O lago bateu recorde e chegou a 5,33 nos piores momentos da tragédia.

O estado tem 467 de seus 497 municípios com problemas por causa das enchentes, impactando 2,3 milhões de pessoas no Rio Grande do Sul, apontaram dados do governo gaúcho. Mais de 650 mil pessoas estão fora de suas casas.

Fonte: Brasil 247

Apenas 15% das estações de monitoramento de rios no Brasil mandam dados em tempo real, mostra levantamento

 

As estações se dividem entre as pluviométricas, fluviométricas e as que fazem as duas medições

Catástrofe climática no Rio Grande do Sul
Catástrofe climática no Rio Grande do Sul (Foto: Agência Brasil)

 O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) informou que somente 15% das 23,6 mil estações de monitoramento de rios no Brasil enviam os dados em tempo real. As estações se dividem entre as pluviométricas (medem a chuva que cai na bacia do rio), fluviométricas (medem o nível e a vazão dos rios) e as que fazem as duas medições. Em 2023, dos 3.425 alertas de catástrofes naturais emitidos pelo Cemaden, mais da metade foram alertas hidrológicos, como transbordamento de rios. No ano anterior, mais de 1,5 milhão de pessoas foram afetadas por cheias e 7 milhões por seca, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA).

Os números, publicados no portal G1, foram divulgados em um contexto de calamidade pública no Rio Grande do Sul, onde, segundo autoridades locais, moradores de 467 das 497 cidades do estado tiveram problemas por causa das enchentes, impactando mais de 2,3 milhões de pessoas. Mais de 160 pessoas morreram no RS desde o dia 29 de abril. Atualmente, o Rio Grande do Sul tem 1,7 mil estações, e 25% delas fazem a transmissão dos dados em tempo real.

Professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas, da UFRGS, Fernando Meirelles, disse que, "se a gente conseguisse ter a chuva e os níveis medidos com maior precisão, a gente anteciparia, em até três dias, o que vai acontecer na região metropolitana [de Porto Alegre]". "Três dias de antecedência num desastre desse seria um tempo fantástico", disse.

De acordo com o engenheiro Leandro Casagrande, responsável pelo monitoramento hidrológico do Cemaden, a rede que fornece dados online é fundamental para a previsão de alertas hidrológicos no país, como enchentes e transbordamento de rios. "Sem os dados das bacias não tem como fazer modelo matemático algum. A gente precisa saber o que está correndo no rio e o volume de chuva", afirma.

A ANA coordena os 23.663 pontos para colher informações de chuva e nível dos rios no país. A agência afirmou que passa por restrições orçamentárias. Para 2024, parlamentares do Congresso havia aprovado R$ 71,5 milhões de orçamento para a agência, mas o valor caiu para R$ 58,8 milhões. O Ministério do Planejamento informou que a redução de R$12,6 milhões aconteceu porque a inflação de 2023 foi menor que a esperada, afetando a parte dos recursos condicionada a essa variação.

O governo do Rio Grande do Sul afirmou que a atuação da gestão estadual "tem como base a ciência e a pesquisa". "Por isso, a aproximação com pesquisadores de diferentes áreas é algo contínuo. Após as enchentes de setembro de 2023, o governo instituiu o Gabinete de Crise Climática, em que treze instituições de pesquisa, como o próprio Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH/UFRGS) fazem parte das discussões".

De acordo com o Executivo gaúcho, "as sugestões da equipe do IPH/UFRGS recebidas pelo governo RS no ano passado foram levadas em consideração. O documento trazia quatro proposições consideradas urgentes, quatro de curto prazo e quatro de médio-longo prazo".

"Dentre as ações imediatas apontadas pelo IPH, já é realizada pelo Estado a identificação de trechos de rios inundáveis, bem como em escala regional nos Planos de Recursos Hídricos de Bacia Hidrográfica. Além disso, o Estado também já tem atuado para melhorias dos sistemas de alerta à população por parte da Defesa Civil Estadual. Outros dois itens dizem respeito a levantamentos já realizados pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB). A Defesa Civil e a equipe do SGB estão trabalhando para elencar as áreas prioritárias quanto ao levantamento de risco. Em paralelo a isso, estão buscando a ampliação do número de áreas que devem ser mapeadas no Estado do RS", continuou.

"Para os pontos considerados de médio prazo, todas as sugestões ou já ocorrem ou estão em alguma fase de implementação. Já estão em andamento as melhorias nos sistemas de monitoramento, com a instalação de um radar meteorológico que está em fase final de implementação. Foram investidos mais de R$ 25 milhões no serviço que irá monitorar a região metropolitana de POA e mais um raio de 150 quilômetros, trazendo mais assertividade e qualidade na informação que irá subsidiar os alertas à população".

Fonte: Brasil 247 com informações do G1

Mulheres protestam contra norma do CFM sobre assistolia fetal


Para entidades que participaram do ato, resolução é retrocesso


Representantes de entidades que atuam na defesa dos direitos das mulheres participaram, nesta quinta-feira (23), de ato em frente à sede do Conselho Federal de Medicina (CFM), em Brasília. As mulheres protestaram contra a resolução do conselho que proíbe médicos de realizarem a chamada assistolia fetal para interrupção da gravidez em casos de aborto previstos em lei e oriundos de estupro.

A decisão foi tomada no fim de março em sessão plenária e vale para gestações acima de 22 semanas, quando, segundo o conselho, há possibilidade de sobrevida do feto. Conforme definição do próprio CFM, a assistolia provoca a morte do feto, antes do procedimento de interrupção da gravidez, por meio da administração de drogas injetadas no coração dele. Já morto, ele é retirado do corpo da mulher.

“Não admitiremos tamanho retrocesso em nossa cultura, em nossa convivência pessoal e familiar”, disse a articuladora política do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea) Jolúzia Batista, ao alertar que a maioria dos casos de gestação tardia provenientes de estupro e que chegam às unidades de saúde para aborto legal é de meninas menores de idade. “Não vamos admitir gravidez infantil por violência ou estupro.”

Jolúzia lembra que não é incomum que meninas de 10 anos procurem atendimento médico para interromper gestações em estágio avançado – muitas delas, antes mesmo de terem menstruado pela primeira vez. A suspeita de gestação só surge bem mais tarde, quando a barriga já começa a aparecer. “Até que se descubra que aquela dor de barriga ou dor de cabeça são decorrentes de gravidez, ela já está com 20 ou 22 semanas”, explicou.

Representante do Conselho Federal de Serviço Social, Maria Elisa Braga disse que há graves denúncias relacionadas ao trabalho de profissionais de saúde que atendem mulheres e meninas vítimas de estupro e que buscam o aborto legal. “Temos que tomar muito cuidado. Profissionais de área de saúde estão sendo perseguidos, ameaçados”, criticou.

A ginecologista Brunely Galvão confirma os cenários expostos por Jolúzia e por Maria Elisa – tanto a demanda por abortos legais tardias por parte de meninas menores de idade e vítimas de violência quanto as dificuldades de profissionais de saúde em equilibrar o cumprimento da lei e a norma definida pelo CFM.

“Essas meninas precisam desse procedimento [da assistolia fetal] para acessar o aborto legal. Grande parte das que chegam na unidade de saúde está em gestação avançada – seja pelo próprio estigma da vergonha, por medo dos pais ou de não ser levada a sério. Tem que existir esse procedimento.”

“Esse procedimento é fundamental. A resolução atrapalha o nosso dia a dia, o nosso cotidiano. Quando a gente não consegue oferecer a assistolia fetal, temos que encaminhar a paciente para outro país, geralmente Argentina ou Colômbia. A maioria não tem grana porque a maioria são meninas pobres, periféricas, negras, de zona rural. Aí, temos que recorrer à uma ONG [organização não governamental] ou outras parcerias.”

Entenda

Atualmente, pela literatura médica, um feto com 25 semanas de gestação e peso de 500 gramas é considerado viável para sobreviver a uma vida extrauterina. No período de 23 a 24 semanas, pode haver sobrevivência, mas a probabilidade de qualidade de vida é discutida. Considera-se o feto como não viável até a 22ª semana de gestação.

Para o CFM, diante da possibilidade de vida extrauterina após as 22 semanas, a realização da assistolia fetal por profissionais de saúde, nesses casos, não teria previsão legal. Segundo o conselho, o Código de Ética Médica estabelece que é vedado ao profissional praticar ou indicar atos médicos desnecessários ou proibidos pela legislação vigente no país.

O conselho defende que, ultrapassado o marco temporal das 22 semanas de gestação, deve-se preservar o direito da gestante vítima de estupro à interrupção da gravidez e o direito do nascituro à vida por meio do parto prematuro, “devendo ser assegurada toda tecnologia médica disponível para sua sobrevivência após o nascimento”.

Justiça

Na última sexta-feira (17), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou a suspensão da resolução aprovada pelo CFM. A decisão foi motivada por uma ação protocolada pelo PSOL. Em abril, a Justiça Federal em Porto Alegre chegou a suspender a norma, mas a resolução voltou a valer após o Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região derrubar a decisão.

Em sua decisão, Moraes considerou que houve "abuso do poder regulamentar" do CFM ao fixar regra não prevista em lei para impedir a realização da assistolia fetal em casos de gravidez oriunda de estupro. O ministro destacou ainda que o procedimento só poder ser realizado pelo médico com consentimento da vítima.

"O ordenamento penal não estabelece expressamente quaisquer limitações circunstanciais, procedimentais ou temporais para a realização do chamado aborto legal, cuja juridicidade, presentes tais pressupostos e, em linha de princípio, estará plenamente sancionada", concluiu.

A decisão do magistrado será submetida a referendo dos demais ministros da Corte no plenário em sessão virtual que começa no próximo dia 31.

Outro lado

Em nota, o CFM informou que vai encaminhar ao STF "argumentos em defesa da manutenção da resolução". "A norma foi aprovada pelo plenário da autarquia e publicada no Diário Oficial da União no começo de abril, mas, na sexta-feira, o ministro Alexandre de Moraes decidiu, por meio de liminar, suspender temporariamente seus efeitos".

“Como em outras instâncias do Judiciário, em que já houve decisão a favor da resolução, o CFM apresentará argumentos sólidos para mostrar a pertinência da norma que, vale ressaltar, não pune, mas defende os direitos da mulher, do feto e da vida”, declarou o presidente do conselho, José Hiran Gallo.

No comunicado, o conselho afirma que a resolução não pretende "fazer oposição ao chamado aborto legal" e é "amparada pela Constituição Federal, que prevê o direito inviolável à vida, sem a submissão de tratamento desumano ou degradante".

"A norma foi elaborada com base em estudos técnicos e científicos que comprovam que, com 22 semanas, há viabilidade de vida fora do útero. Ou seja, diante dessa possibilidade, a interrupção da gestação implica, para o CFM, um ato ilegal e antiético."

Fonte: Agência Brasil