domingo, 19 de maio de 2024

Voluntários mantêm resgates em áreas alagadas de Porto Alegre

 

A logística de resgate de animais tem uma estrutura própria de primeiros socorros veterinários e um abrigo provisório

(Foto: Rafa NedderMeyer - Agência BR)

Agência Brasil - Enquanto em algumas regiões de Porto Alegre, como parte do Centro Histórico e bairros da Zona Sul, a água do Guaíba baixou e a limpeza começou a ser feita, na Zona Norte da cidade a inundação permanece. A Agência Brasil acompanhou um ponto de resgate e acolhimento montado por centenas de voluntários no cruzamento das avenidas Benjamin Constant e Cairú, no bairro de Navegantes, na região do chamado 4º Distrito. O bairro fica nos arredores do Aeroporto Salgado Filho, terminal que segue fechado por tempo indeterminado justamente por continuar alagado.

Ainda na tarde deste sábado (18), mais de duas semanas após o início das inundações, barracas e tendas montadas abaixo do viaduto seguiam fazendo atendimento a pessoas e animais resgatados na região.

"Só hoje [sábado, 18], ainda retiramos 37 pessoas [da inundação]", afirma Edmilson Brizola, um dos voluntários. Morador da região, ele ajudou a coordenar a logística das embarcações que navegam ruas adentro. Ele calcula que, apenas nesse ponto, mais de 5 mil pessoas foram resgatadas, além de outros 2 mil animais, entre gatos, cachorros, galinhas, cavalos, aves e até porcos.

A Avenida Cairú ainda é praticamente uma hidrovia, com mais de 1,5 mil metros de alagamento, desde a confluência da Avenida Benjamin Constant até o Guaíba. A medição do nível do Guaíba na manhã deste domingo (19) registrou 4,43 metros, de acordo com a prefeitura da capital, cerca de 10 centímetros a menos em relação ao dia anterior. A cota de inundação é de 2,5 metros.

A aposentada Marlene Terezinha Silveira, moradora do bairro Sarandi, também na Zona Norte, passava pelo ponto de acolhimento em busca de roupas e cobertores. Sua casa segue embaixo d'água e ela ainda não consegue calcular os prejuízos. “Fui lá hoje, de barco, mas só pra ver por cima. Moro há 60 anos no Sarandí, costuma alagar, às vezes perto do portão, mas não assim. Nunca imaginei isso na minha vida. Agora, eu vou entrar em casa quando puder, botar tudo fora e limpar. Pelo menos uma cama eu sou obrigada [a limpar], até para eu dormir, e um fogão fazer uma comida”.

A reportagem percorreu diversas ruas do bairro de Navegantes a bordo de um bote do Corpo de Bombeiros. Parte dos moradores decidiu permanecer, mesmo com energia cortada. Além do resgate, uma das tarefas de voluntários e equipes de salvamento é prover essas pessoas com mantimentos para sobrevivência, como pilhas, baterias e alimentos.

O ponto de resgate e acolhimento da Avenida Benjamin Constant se assemelha a um acampamento de guerra. Há diversas barracas, divididas em áreas de atendimento médico, farmácia, alimentação e roupas e cobertores, além de um setor de apoio psicológico e uma equipe de transporte solidário para levar resgatados a abrigos ou casas de parentes. No local, há uma oficina improvisada e uma área de abastecimento de embarcações.

A logística de resgate de animais tem uma estrutura própria de primeiros socorros veterinários e um abrigo provisório. Uma das voluntárias é a médica veterinária Sheila Kircher, que conta ter perdido uma amiga na tragédia e vem se dedicando ao apoio solidário.

“Eu perdi uma amiga na enchente e fiquei me sentindo muito impotente sem poder ajudá-la no momento que ela precisou. Então, também, para ocupar a cabeça, eu achei melhor vir e ajudar no que eu podia, né?”, desabafa.

Em geral, quando os animais chegam, o quadro é de hipotermia e muitas lesões de pele. “A gente tira as medidas, seca, limpa e tenta estabilizar. Os casos mais graves a gente tenta encaminhar para clínicas e cirurgias”.

Dezenas de animais, ainda sem os tutores localizados, aguardam por uma destinação a abrigos ou mesmo adoção solidária. De acordo com dados do governo do estado, são mais de 12 mil animais resgatados no estado até agora.

Para ajudar a acolher esse contingente, mais de 20 toneladas de ração doadas para o Rio Grande do Sul, para alimentar os cães e gatos vítimas das enchentes, chegaram no avião cargueiro KC-390 Millennium da Força Aérea Brasileira (FAB), enviado pelo governo federal, que também levou itens essenciais para pets, como caixas de transporte, camas e bebedouros. Campanhas de adoção de animais também têm sido estimuladas pelas redes sociais, com adesão em todo o país.

Fonte: Agência Brasil com colaboração de Gabriel Brum, repórter da Rádio Nacional.

“Informações são preocupantes”, diz oficial sobre queda de helicóptero que transportava presidente do Irã

 

O mau tempo complica os esforços de resgate, informou a agência de notícias estatal IRNA

O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, fala em comício comemorativo do 45º aniversário da revolução
O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, fala em comício comemorativo do 45º aniversário da revolução (Foto: HispanTV)

Reuters -  Um helicóptero que transportava o presidente iraniano, Ebrahim Raisi, e seu ministro das Relações Exteriores caiu no domingo enquanto cruzava um terreno montanhoso sob forte neblina no caminho de volta de uma visita à fronteira com o Azerbaijão, disse uma autoridade iraniana à Reuters.

 O funcionário disse que as vidas de Raisi e do ministro das Relações Exteriores, Hossein Amirabdollahian, estavam “em risco após a queda do helicóptero”. “Ainda estamos esperançosos, mas as informações provenientes do local do acidente são muito preocupantes”, disse o responsável, falando sob condição de anonimato. 

O mau tempo complicou os esforços de resgate, informou a agência de notícias estatal IRNA. A TV estatal interrompeu toda a sua programação regular para mostrar as orações realizadas por Raisi em todo o país e, em um canto da tela, a cobertura ao vivo das equipes de resgate que vasculham a área montanhosa a pé sob forte neblina. 

Fonte: Brasil 247 com Reuters

Pimenta rebate críticas sobre nomeação para liderar reconstrução: queriam o quê? que Lula colocasse alguém que não conhece o RS?

 

"É preciso ter alguém que possa falar com todo mundo, que possa falar com o governador, que tenha trânsito na bancada estadual, federal, disse ele que é natural de Santa Maria, RS

Paulo Pimenta | Sobrevoo em Porto Alegre e Região Metropolitana, dia 15 de maio.
Paulo Pimenta | Sobrevoo em Porto Alegre e Região Metropolitana, dia 15 de maio. (Foto: Reprodução/Youtube | Mauricio Tonetto/Secom)

O ministro Paulo Pimenta (PT), designado pelo presidente Lula (PT) para liderar a Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, reagiu aos ataques da oposição diante das críticas relacionadas a uma suposta politização, por sua parte, das enchentes que assolam o estado. Em entrevista concedida ao Barão de Itararé, ele ressaltou que o importante neste momento é conhecer profundamente o estado para entender as prioridades.

“Vocês queriam o quê? Que o presidente @LulaOficial colocasse para coordenar isso alguém que não conhece o RS? Alguém que não tem trânsito dentro do governo? É preciso ter alguém que possa falar com todo mundo, que possa falar com o governador, que tenha trânsito na bancada estadual, na bancada federal, disse ele que é natural de Santa Maria, Rio Grande do Sul.

Pimenta ainda indicou o disparo de fake news em massa para atrapalhar o processo de resgate e reconstrução do estado. “ Você percebe que é uma questão industrial, planejada. Todos os dias há novas fake news. E tu vai observar que são as mesmas pessoas, o mesmo ecossistema. Depois, na medida que o governo federal foi responsabilizando algumas pessoas para representá-lo, essas fake news também vieram se direcionando, especificamente para mim. Nas últimas 72 horas, a quantidade de fake news a meu respeito é algo impressionante”.

Fonte: Brasil 247

João Pedro Stedile, do MST, discursa para o papa Francisco e cita defesa dos direitos humanos

 

No mesmo evento, Maoz Inon, de Israel, e Aziz Sarah, da Palestina, deram seus depoimentos a favor da paz

(Foto: Reprodução)

Brasil de Fato - João Pedro Stedile, liderança do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), discursou neste sábado (18) para o papa Francisco em evento realizado na cidade de Verona, na Itália. O encontro teve a participação de representantes da sociedade civil, movimentos e associações engajados na construção da paz e contou com a presença de 12,5 mil pessoas.

Em sua fala, Stedile citou o bispo Pedro Casaldáliga, que teve atuação de destaque na defesa dos direitos humanos, em especial das populações marginalizadas. "Malditas sejam todas as cercas. Malditas todas as propriedades privadas que nos privam de viver e de amar", discursou Stedile. Na mesma cerimônia, o papa Francisco abençoou a bandeira do MST.

No mesmo evento, Maoz Inon, de Israel, e Aziz Sarah, da Palestina, deram seus depoimentos a favor da paz. Os pais de Inon foram mortos no ataque de 7 de outubro do Hamas ao território israelense, enquanto Sarah perdeu o irmão no conflito subsequente, que já matou cerca de 35 mil pessoas em território palestino, a maioria mulheres e crianças. 

"A nossa dor e tristeza nos uniram para dialogar para criar um futuro melhor", disse Sarah. Sob muitos aplausos, papa Francisco, mesmo com dificuldades de locomoção, levantou da cadeira de rodas e os abraçou. Ele lamentou a guerra. "Diante do sofrimento destes irmãos, que é o sofrimento de dois povos, não há palavras", disse Francisco. "Que levem o nosso desejo e a vontade de trabalhar pela paz desses dois povos", completou.

Edição: Thalita Pires

Fonte: Brasil 247 com informações do Brasil de Fato

Quase 15 dias após Rio Grande do Sul declarar emergência filhos de Bolsonaro vão ao Sul tentar apagar imagem negacionista

 Até então, os membros da família Bolsonaro estavam se limitando a criticar nas redes sociais a resposta do governo Lula à tragédia

Cerca de 15 dias após o Rio Grande do Sul declarar estado de calamidade pública devido às chuvas e enchentes, dois filhos de Jair Bolsonaro (PL) chegaram ao estado e encheram suas redes sociais e as de seus aliados com vídeos dos locais visitados.


Essa movimentação, também compartilhada nas contas do ex-presidente — que saiu nesta sexta-feira (17) de uma internação hospitalar de 12 dias — intensifica a politização na região. O episódio mais recente foi a indicação por Lula (PT) de seu chefe da Comunicação Social, Paulo Pimenta, para o cargo de ministro extraordinário da reconstrução do Rio Grande do Sul.


Até então, os membros da família Bolsonaro estavam se limitando a criticar nas redes sociais a resposta do governo Lula à tragédia. A nomeação de Pimenta — ativo antibolsonarista e cotado para disputar o governo do estado em 2026 — gerou críticas da oposição, enquanto a visita dos filhos de Bolsonaro foi alvo de ataques do PT.


Segundo o partido, a ida do vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL) e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) teve como objetivo criar vídeos para redes sociais e amenizar a lembrança da gestão errática e negacionista de Jair Bolsonaro durante a pandemia de Covid-19. Além disso, tentaram mostrar presença em um estado onde Bolsonaro derrotou Lula em 2022 com 56,35% dos votos válidos contra 43,65%.


Carlos, por exemplo, chegou na quinta-feira (16) a Bento Gonçalves, acompanhado pelo ex-ministro da Comunicação Social de Bolsonaro e atual advogado, Fabio Wajngarten. Na cidade, Bolsonaro obteve 76% dos votos contra 24% de Lula.


Em vídeo postado nas redes sociais, Carlos disse não saber como as pessoas encontram forças para sobreviver em uma situação como aquela e destacou o trabalho dos voluntários. “O trabalho dos civis está sendo fundamental para esse primeiro momento de alinhamento e de entendimento do que está acontecendo”, afirmou.


O prefeito de Bento Gonçalves, Diogo Segabinazzi Siqueira (PSDB), afirmou à Folha que ele próprio fez contato com os Bolsonaros, via Wajngarten, e que toda ajuda nesse momento é importante. “O primeiro ponto é mostrar o que estamos passando, sensibilizar o Brasil para a nossa situação”, disse o prefeito, destacando ainda o envio à cidade de uma emenda parlamentar de Eduardo Bolsonaro no valor de R$ 1 milhão.


Eduardo visitou Eldorado do Sul, uma das cidades mais atingidas, e andou de jet ski na área alagada para mostrar a situação. Em outros vídeos, aparece em um helicóptero levando medicamentos e retirando caixas de leite de um caminhão em Porto Alegre, ao lado do deputado federal Zucco (PL-RS) e de assessores.


“O deputado Eduardo Bolsonaro é um formador de opinião, com uma enorme visibilidade, extremamente necessária neste momento em que precisamos canalizar todos os esforços para salvar vidas e atender os milhares de desabrigados”, disse Zucco. “Inclusive, pedi a ele que fizesse a interlocução junto às embaixadas, porque a catástrofe é duas vezes maior que o furacão Katrina. E a comunidade internacional está tomando pé do gigantismo desse evento climático. Toda ajuda é bem-vinda.”


– Eles mesmos perceberam o desprezo total com que agiram na época da Covid, cujas iniciativas partiram do Parlamento. O Executivo abandonou o povo naquela época. Agora, estão vendo o Executivo atuando e querem se redimir, criando símbolos de que têm preocupação com o povo – afirma o deputado federal Bohn Gass (PT-RS).


– A vinda deles aqui é só para fazer vídeo, porque até agora eles só se mobilizaram em torno de fake news. E também vêm para andar de jet ski. Mas nos dias que as pessoas estavam nos telhados, correndo maior risco de vida, eles não estavam aqui – diz a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS).


Fonte: Agenda do Poder com informações da Folha de S. Paulo.

Ciro Gomes perde prestígio político para o irmão e enfrenta dificuldades manter competitivo seu candidato à Prefeitura do Ceará

 Após amargar o quarto lugar na eleição presidencial de 2022, Ciro observa debandada no PDT local; em 2020, o partido elegeu 67 prefeitos, mas apenas 14 deles permanecem na sigla



Antes reconhecido como o principal cabo eleitoral do Ceará, o ex-ministro e ex-candidato à Presidência Ciro Gomes enfrenta dificuldades para formar alianças e se posicionar nas eleições deste ano. Ciro, principal articulador do PDT, tenta recuperar seu prestígio após o rompimento político com seu irmão, o senador Cid Gomes, que se filiou ao PSB. A cinco meses das eleições municipais, Cid ameaça arrebatar o espólio político do pedetista.


Após amargar um quarto lugar na eleição presidencial de 2022, Ciro observa uma debandada no PDT local. Em 2020, o partido elegeu 67 prefeitos, mas apenas 14 deles permanecem na sigla. A avaliação, tanto de nomes da direita quanto da esquerda, é que o atual prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), apoiado principalmente por Ciro, corre o risco de não ser reeleito e até de ficar fora do segundo turno.


Já o PSB de Cid agora comanda 64 prefeituras, sendo o maior partido do estado, seguido pelo PT, que governa 45 municípios. O pré-candidato à prefeitura de Fortaleza e presidente da Assembleia do Ceará, Evandro Leitão (PT), aliado de Cid, conseguiu atrair os apoios do PSB, PP, PSD e Republicanos, partidos que anteriormente apoiavam Sarto.


Além disso, Leitão conta com o apoio do MDB e do governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), e mantém uma relação melhor com o governo federal. Sarto, por outro lado, não participou de um evento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a visita ao estado em janeiro.


Evandro Leitão era do PDT até o ano passado. Contudo, diante da decisão do partido de não apoiar o governo estadual, postura liderada por Ciro, ele decidiu sair da sigla e ingressar no PT. Pelo mesmo motivo, Cid se filiou ao PSB.


O atual prefeito, José Sarto, conta com o engajamento do PSDB, do ex-senador Tasso Jereissati, e de partidos menores como Avante e Agir, o que deve resultar em pouco tempo de propaganda no rádio e na TV. No entanto, o fato de comandar a máquina municipal é visto como uma vantagem para o pré-candidato do PDT.


Além do petista Evandro Leitão, o ex-deputado Capitão Wagner (União Brasil), que consolidou uma base de eleitores na cidade com seu discurso voltado para a segurança, também pode ameaçar a ida de Sarto para o segundo turno. Outras pré-candidaturas incluem André Fernandes (PL), associado ao bolsonarismo, e o senador Eduardo Girão (Novo).


Cid Gomes mencionou que conversou com seu irmão há algumas semanas, mas descartou qualquer composição política. “Um amigo em comum organizou um almoço, mas não houve nenhuma alteração no quadro político,” disse Cid.


A tendência é que o PSB de Cid indique o candidato a vice na chapa de Leitão para a prefeitura de Fortaleza. No final de março, Ciro culpou o ministro da Educação, Camilo Santana, senador licenciado pelo PT, pela desorganização do PDT. “O Camilo está por trás dessa cisão no PDT, está por trás de toda a cooptação,” afirmou Ciro.


Capitão Wagner avalia que tanto Sarto quanto Evandro são candidatos fortes. “São duas máquinas poderosas. Qualquer um dos dois pode estar no segundo turno,” disse Wagner.


Em Sobral, berço político de Ciro, a situação é ainda pior para o PDT, pois o partido ainda não decidiu se lançará um candidato. Com o rompimento entre os grupos de Ciro e Cid, o prefeito de Sobral, Ivo Gomes, irmão dos dois, também deixou o PDT para se filiar ao PSB.


As divergências entre os irmãos Cid e Ciro Gomes ocorrem desde as eleições de 2022 e envolvem o mesmo tema: o apoio ao PT. Cid apoiou Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno, contrariando Ciro, que após ficar em quarto lugar na votação, decidiu não declarar apoio ao petista, que acabou vencendo o então presidente Jair Bolsonaro.


Fonte: Agenda do Poder com informações de O Globo.

Enchentes no Sul: águas invadiram 301 mil casas em áreas urbanas e mais de 7,8 mil de propriedades rurais

 Parte da derrubada de árvores ocorreu os limites da lei, mas em alguns casos houve desrespeito, inclusive após o novo Código Florestal, afetando a capacidade de suportar fortes chuvas, diz estudo


As enchentes no Rio Grande do Sul causaram forte impacto nas áreas urbanas e rurais. Na região hidrográfica do Lago Guaíba, estima-se que 301.738 domicílios em 125 municípios tenham sido afetados por inundações. Em propriedades rurais de todo o estado, 7.854 locais em 58 municípios foram inundados.


Os dados relacionados às áreas urbanas foram coletados por Iporã Possantti, engenheiro ambiental e hidrólogo, doutorando no Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), junto com um grupo de mais de 50 pesquisadores dedicados ao tema. O instituto chegou a esses números cruzando a mancha de inundação calculada com os dados do Censo de 2022, sem analisar o nível de água em cada imóvel. Esses números estão sendo atualizados periodicamente.


Até a última sexta-feira, os municípios mais afetados pelas enchentes foram Porto Alegre (85 mil domicílios), São Leopoldo (38 mil) e Canoas (65,9 mil). Estima-se que 632 mil pessoas foram atingidas por alagamentos.


O prefeito de Canoas, Jairo Jorge (PSD), disse que o município “virou um grande lago”, principalmente na parte Oeste. Foram recebidos 66 mil pedidos de resgate e, até o momento, a cidade conta com 97 abrigos para atender as vítimas da enchente. Das 27 unidades básicas de saúde, 19 foram perdidas, e das quatro Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), apenas uma permaneceu intacta.


Em Porto Alegre, 46 dos 81 bairros tiveram alagamentos de alguma proporção, conforme levantamento da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade. Em São Leopoldo, o prefeito Ary Vanazzi (PT) relatou que 18 escolas e 16 postos de saúde ficaram “debaixo d’água”, e sua própria casa foi quase completamente submersa após o temporal.


O estudo sobre as propriedades rurais foi elaborado pelo Terra Analytics e pela R.Torsiano Consultoria Agrária, Ambiental e Fundiária. Os dados mostram que 6.475 (82,4%) dos imóveis afetados foram classificados como pequenos. Propriedades médias somaram 11,4% dos imóveis atingidos, e as grandes, 6%.


Richard Torsiano, diretor executivo do Terra Analytics e responsável por coordenar o estudo, afirma que os dados indicam que, mesmo após a água baixar, o governo precisará ajudar os produtores a recuperar sua capacidade produtiva.


Segundo ele, o volume de pequenas propriedades afetadas é impactante, representando mais de seis mil imóveis do total de 7.800, com quase 50% dessas áreas inundadas. O governo deve investir em um processo de apoio focado na recuperação da capacidade produtiva.


Nas pequenas propriedades, 48% da área ficaram inundadas, percentual que é de 45% nas médias e de 30% nas grandes. Esses locais produzem principalmente arroz e soja.


Em termos de área total atingida pelos alagamentos, quase metade (49%) corresponde a grandes propriedades, enquanto 28% são pequenas e 21% médias. A classificação do tamanho dos imóveis seguiu os padrões oficiais do Incra.


O levantamento também mostrou que, nos imóveis atingidos, houve um desmatamento de 78,71% da vegetação nativa até 2021.


Torsiano destaca que parte dessa derrubada ocorreu dentro dos limites permitidos pela legislação, mas em alguns casos houve desrespeito às regras, inclusive após o novo Código Florestal, afetando a capacidade das áreas de suportar fortes chuvas.


Quanto menor a cobertura vegetal, especialmente nas regiões próximas aos rios, maior a força com que a água corre, agravando os efeitos das enchentes.


Fonte: Agenda do Poder com informações de O Globo.

Próximo a Lira, ministro Celso Sabino acredita que União Brasil vai apoiar reeleição de Lula em 2026

 ‘Não vai ser COP de Dubai, nem de Nova York, vai ser COP da Amazônia. Vai ter hospedagem para todo mundo que for, só não vai ter hotel de seis estrelas na COP 30’, diz Sabino

O ministro do Turismo, Celso Sabino, que está à frente da pasta há quase um ano, acredita que seu partido, o União Brasil, está inclinado a apoiar uma possível candidatura à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026.


Isso ocorre apesar dos esforços do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, também do União Brasil, em viabilizar seu próprio nome como pré-candidato na disputa presidencial.


Sabino assumiu o Ministério do Turismo por indicação do União Brasil, com o objetivo de fortalecer o apoio do partido ao Palácio do Planalto. Desde então, ele tem se destacado como um articulador do governo nos bastidores, dedicando grande parte de sua agenda ao diálogo com os parlamentares.


O ministro é próximo do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que rompeu relações com o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Sabino garante em entrevista ao jornal O Globo que a articulação entre o Executivo e o Legislativo está bem afinada.


O União Brasil caminha para não estar ao lado do PT nas principais capitais na eleição este ano, apesar de comandar três ministérios. Como vai ficar a relação do partido com o governo após as eleições?


Há a disputa regional em praticamente todas as cinco mil cidades do Brasil. As cidades que o União não vai caminhar junto com o PT são aquelas que União, MDB, PSD, PSOL, PSC, PSB, vão caminhar contra o PT também. Não há uma diretriz do partido de caminhar contra o Partido dos Trabalhadores. Ao contrário. A maioria das cidades em que for oportuno e houver conciliação de ideias, agenda, política, o União vai caminhar com o PT


Já tem um nome no seu partido, Ronaldo Caiado, que se coloca como pré-candidato a presidente em 2026. Acha que o União tinha que apoiar uma eventual reeleição de Lula?


Eu entendo a vontade pessoal do governador Caiado, mas o União Brasil ainda não se posicionou em relação à candidatura presidencial para 2026. Inclusive eu, particularmente, penso que é muito mais provável que o União caminhe com o presidente Lula do que se arrisque em uma aventura de lançar um candidato.


O seu partido apoia a candidatura do deputado Elmar Nascimento (BA) para a presidência da Câmara, mas o governo prefere Marcos Pereira (Republicanos-SP). Como o senhor tem atuado?


Nunca me falaram dessa resistência dentro do governo em relação ao nome do deputado Elmar. E eu transito na Câmara, no governo… Ao contrário. Vejo o deputado Elmar com excelente relacionamento com o ministro Rui Costa (da Casa Civil), o ministro Padilha, com outros ministros do governo. Eu o vejo com amplo trânsito.


O governo passa por mais um período conturbado na relação com o Congresso. Como parlamentar e como ministro, o que falta pra essa relação finalmente entrar nos eixos?


Mais? Na reunião de segunda-feira uma das falas do presidente (Lula) foi que o governo não perdeu nada no Congresso. Se afinar mais ainda eu me preocupo, porque já está afinado. O governo tem tido importantes vitórias. Mas claro que numa democracia os governos tendem a discutir seus assuntos dentro das esferas de poder. Não vejo dificuldade do governo com o Congresso Nacional.


Na pauta econômica os projetos estão sendo aprovados. Mas outros assuntos, como marco temporal, representaram derrotas para o governo.


Isso não é pauta do governo, é pauta de costume, ideológica. O governo não se mantém por pauta de costume e ideológica.


O presidente Arthur Lira tem reclamado da articulação do governo.


Talvez o presidente Lula não tenha com o presidente Arthur uma relação tão próxima como tem com a primeira-dama; nem o presidente Lira tem com presidente Lula uma relação tão próxima como tem com a Ângela, que é a mulher dele, mas eles têm conversado muito, e a agenda do Brasil tem se sobressaído.


O conflito pela presidência do União entre Antônio Rueda e Luciano Bivar não afeta a imagem do partido?


Eu vejo partidos que têm problemas bem mais duradouros e mais graves do que o União Brasil. Partidos que têm cinco, seis grupos diferentes dentro de um mesmo partido, que às vezes parlamentares de grupo diferentes nem se cumprimentam, que só faltam se matar por conta de espaço e de prestígio. Tem partido que tinha feito a indicação de um ministro para o presidente Lula e, na véspera da posse, outro grupo dentro do partido conseguiu impor a sua vontade e indicar um nome diferente. É natural da democracia.


Como o Turismo vai atuar para ajudar na recuperação do Rio Grande do Sul?


Liberamos R$ 100 milhões do Fungetur, que fornece crédito para micro e pequenos empreendedores do turismo de até R$ 15 milhões, com juros que vão até 6% ao ano. Todos os recursos estão em dia e liquidamos todas as emendas parlamentares. Iniciamos uma campanha para aqueles que tenham pacote de turismo para o estado não cancelem. Estamos em parceria com o município do Rio de Janeiro para realizar no início de junho um grande evento artístico, com shows de artistas famosos, para o ingresso ser revertido à causa do Rio Grande do Sul e com doações on-line.


Em relação à COP 30, como estão os preparativos diante da carência de infraestrutura em Belém?


É lógico que, dentro da Amazônia, você não vai encontrar ainda condições de hospedagem similares às de uma cidade como Dubai. Estamos programando que reuniões aconteçam inclusive dentro da floresta. Partindo desse princípio, também não podemos dizer que os chefes de Estado vão ter que dormir em qualquer lugar, numa rede pendurada. O governo federal está investindo fortemente na infraestrutura da cidade de Belém.


A estrutura vai estar adequada para o evento?


Para a COP da floresta. Não vai ser COP de Dubai nem de Nova York, vai ser COP da Amazônia. Vai ter hospedagem para todo mundo que for, só não vai ter hotel de seis estrelas.


Fonte: Agenda do Poder com informações de O Globo.