Camila Jara cobrou seriedade dos parlamentares para não fazer da CPI um "circo"
A deputada Camila Jara (PT), a mais jovem eleita pelo Mato Grosso do Sul à Câmara, fez um forte discurso durante a sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nesta terça-feira (23). Em sua fala, cobrou seriedade dos parlamentares para não fazer da CPI um "circo" e para que trabalhem com foco em resolver os problemas sérios de distribuição de terras e alimentos no Brasil.
"Senhores, eu sou neta de assentados, de um assentamento de mais de vinte anos, que até hoje não tem acesso a água para produzir. Nós estamos falando de um país com 33 milhões de pessoas que passam fome e de um agronegócio pujante, que serve sim pra exportação, mas que não dá conta de alimentar o próprio povo. É sobre estas questões que a gente deveria estar debatendo. É sobre dizer que assim a gente mata sonhos", disse Camila.
A deputada foi a mesma que entregou ao relator da CPI, o bolsonarista Ricardo Salles (PL-SP), uma garrafa de suco orgânico produzido pelo MST, a fim de dar um exemplo concreto do trabalho honesto realizado pelo movimento, que não se resume à "bandidagem e invasão de terras", tal qual a narrativa da direita tenta emplacar. "Mas é mais fácil cada um aqui usar jargões de bandido, de violento, do que se colocar a pensar políticas públicas que vão oferecer futuro pra esses jovens, que vão oferecer uma saída pros conflitos agrários que estão presente no nosso campo, pra oferecer uma saída pras questões que tanto atormentam o nosso povo", acrescentou a deputada petista.
"Senhores, vocês me desculpem, mas eu me elegi pra mudar vidas, pra transformar realidades, pra discutir problemas sérios, que precisam de pessoas que estejam comprometidas pra mudar essa realidade, não pra fazer um circo dessa CPI. E eu espero que aqui a gente possa sim saber como a gente vai financiar a reforma agrária e cumprir a Constituição Brasileira, que pra quem não entende de análise política, é uma Constituição social-democrata e coloca na responsabilidade do Estado a construção de um país mais justo e menos desigual", concluiu.