"Moro, na justiça ou na política, será sempre enigmático, frio e perigoso que não gosta de perder. Lula continuará sendo Lula, a Fênix que acaba sempre ressurgindo das cinzas de suas desventuras", escreve o colunista Juan Arias
(Foto: Reprodução | ABr)
247 - Segundo o colunista Juan Arias, do El País, a entrada do ex-juiz Sergio Moro no jogo eleitoral “desordena as cartas dos outros jogadores, que já tinham calculado suas apostas” e “cria uma confusão”.
No entanto, na opinião de Arias, “a única certeza é que em vez de reforçar a terceira via”, o que a candidatura Moro fez “foi confundir ainda mais as cartas do jogo de todos, embora talvez em menor medida as de seu inimigo judicial, Lula”.
Para ele, Moro pode dividir os votos de Jair Bolsonaro, pois “aqueles que estão desiludidos com o capitão reformado por sua incapacidade de governar e por seus extremismos e sonhos golpistas, os eleitores da direita liberal, das classes mais altas e do mundo das finanças que nunca votariam na esquerda poderiam encontrar no ex-juiz e em seu credo direitista liberal, mas sem as estridências do bolsonarismo, uma aposta confiável”.
Porém, segundo Arias, “paradoxalmente, quem pode sair ganhando com o terremoto de Moro é justamente Lula”, pois entre os eleitores do petista, “nenhum dará nem meio voto ao ex-juiz que esmagou o líder esquerdista com seus processos contra ele”. Por outro lado, a divisão dos votos da direita “indiretamente ajuda Lula ao enfraquecer seu maior adversário [Bolsonaro]”.
Ainda, segundo o colunista, Moro complica ainda mais a situação daqueles que querem se promover como candidatos da terceira via, pois a chegada do ex-juiz da Lava Jato, “essa via, acaba pulverizando-a ainda mais e, por estranho que pareça, a entrada do novo sócio vai lhes trazer mais confusão do que coesão”.
No embate entre Lula e Moro, que tornará numa “grande atração” os debates no rádio e na televisão, o ex-juiz “já chega derrotado diante de seu condenado, que conseguiu ressurgir das cinzas de suas sentenças”, destaca Arias. “Moro é de um estilo mais nórdico, Lula é mais tropical. O ex-juiz é gelo, o ex-presidente é todo fogo”, continua, lembrando que “Lula é considerado um dos políticos com maior carisma e capacidade de discurso”, enquanto Moro tem dificuldade para falar.
“Moro, na justiça ou na política, será sempre o Moro enigmático, frio e perigoso que não gosta de perder. Lula continuará sendo Lula, a Fênix que acaba sempre ressurgindo das cinzas de suas desventuras. O jogo está aberto. Faça suas apostas”, conclui.