A deputada Bia Kicis (PSL-DF) enviou um áudio ao empresário Otávio Fakhoury para discutir a decisão do STF de punir gestores que deixassem de seguir recomendações da ciência na pandemia. Apurações sobre atos pró-golpe tiraram do ar contas ligadas ao clã presidencial. O bolsonarista defendeu “guerra institucional” contra a Corte. Apesar da evidências, a PGR informou ao STF que deseja arquivar as investigações
247 - Aliados de Jair Bolsonaro atacaram o Supremo Tribunal Federal e chegaram a falar em “guerra institucional”, após a Corte decidir que gestores públicos podem ser punidos caso deixem de seguir recomendações da ciência nesta pandemia. Foi o que apontou um relatório parcial da Polícia Federal sobre os atos antidemocráticos encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR). A informação foi publicada pelo programa Fantástico, da TV Globo.
Em 22 de maio do ano passado, um dia após a decisão do STF, a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) enviou um áudio ao empresário bolsonarista Otávio Fakhoury transcrito no relatório da PF no qual diz que: “o Barroso chegou a citar a hidroxicloroquina. Ou seja, estão querendo impedir né o Bolsonaro de... de recomendar né.”
O empresário respondeu: “Canalhas. Olha, vai ser muito difícil terminar esse governo sem entrar de cabeça numa guerra institucional contra eles, porque eles é que invadem o Executivo.”
Um despacho mostrou que o ministro do STF Alexandre de Moraes enviou o relatório parcial da PF para a PGR se manifestar no dia 4 de janeiro. A resposta da Procuradoria levou 5 meses e não foram feitas diligências.
A procuradoria também disse que a PF não teria aprofundado as investigações, não teria seguido, por exemplo, o rastro do dinheiro para organizar e financiar os atos pró-golpe, que pediam o fechamento do Supremo e do Congresso Nacional.
Na última sexta-feira (4), a PGR pediu o arquivamento das investigações sobre os parlamentares. Além de Bia Kicis, outros sete deputados do PSL foram beneficiados - Alê Silva (MG), Aline Sleutjes (PR), Carla Zambelli (SP), Caroline de Toni (SC), General Girão (RN), Guiga Peixoto (SP) e Junio Amaral (MG).