O Globo e Valor Econômico, jornais da família
Marinho, abriram duas páginas para o ministro Luís Roberto Barroso, do
STF, com o objetivo de salvar Sérgio Moro da vala de descrédito em que ele e a
Lava Jato se enfiaram e pressionar o Supremo para que não liberte Lula no
próximo dia 26; é uma situação curiosa na qual ministro da suprema corte
torna-se porta-voz de um juiz de primeira instância sob patrocínio do grande
oligopólio de comunicação do país
247 - Os jornais O
Globo e Valor Econômico da família Marinho abriram duas
páginas hoje (20) para o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, com o
objetivo de salvar Sérgio Moro da vala de descrédito em que ele e a Operação
Lava Jato se enfiaram e pressionar o Supremo para evitar que a Corte decida-se
por libertar Lula no próximo dia 26. É uma situação curiosa na qual ministro da
suprema corte torna-se porta-voz de um juiz de primeira instância sob
patrocínio do grande oligopólio de comunicação do país.
As
frases de Barroso destacadas pelos jornais dos Marinho são exemplares:
"Sobre a atuação do juiz Sergio Moro, acho que ele é um juiz competente,
técnico, sério e que serviu muito bem ao país. Já estive em mais de um evento
com ele e não acho que seja uma pessoa deslumbrada. Pelo contrário, acho que é
uma pessoa séria e discreta. Todos nós estamos sujeitos a erros, não estou
dizendo que ele acerte sempre, porque ninguém acerta sempre. Mas acho que ele,
sobretudo fora do Brasil, passou a desempenhar um pouco o papel simbólico do
enfrentamento da corrupção em um Estado em que ela havia se tornado sistêmica.
Acho que esse símbolo é relevante".
O texto
publicado em O
Globo e reproduzido no Valor Econômico é
todo escrito de maneira editorializada e busca caracterizar a Operação Lava
Jato aos moldes de um conto de fadas, onde Moro faz o papel de herói na luta
contra os "maus", o PT. Diz a reportagem: "Principalmente depois
de ter condenado o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Moro tornou-se
alvo de dirigentes do PT e militantes do partido".
As duas
páginas dedicadas a Barroso têm, no fim das contas, o objetivo de pressionar a
Segunda Turma do STF (da qual Barroso não faz parte) para que não tome uma
decisão pela liberdade de Lula no julgamento marcado para a próxima terça (26).
Presidido por Ricardo Lewandowski, o colegiado é composto também por Edson
Fachin (relator da Lava Jato no STF), Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Celso de
Mello. Barroso, na reportagem, faz uma dança cínica com os repórteres.
Primeiro diz que "não vou opinar sobre o mérito do julgamento de colegas
na próxima semana e, a seguir, entra no mérito (!). Leia:
"Barroso
evitou comentar o caso da condenação de Lula, mas reforçou que a sentença foi
confirmada por três desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região
(TRF-4), que analisaram o recurso apresentado pela defesa do ex-presidente. 'No
caso específico do presidente Lula, não vou opinar sobre o mérito, porque não
li e não opino sobre o mérito de decisões que não passaram sob a minha
jurisdição. Apenas lembraria que ela [decisão] foi revista em tribunal por três
juízes igualmente sérios e competentes. Não estou dizendo que ela está correta
ou não está correta, até porque erros acontecem na vida, inclusive erros no
Judiciário. Mas a decisão dele [Moro] foi confirmada pelo tribunal superior por
unanimidade', destacou."
Porta-voz
de Moro, Barroso não se furtou a criticar abertamente os ministros do STF, no
mesmo espírito "conto de fadas" da Globo: "A opinião positiva
sobre Moro, adverte, não se estende a todos os colegas de Corte: 'No Supremo
também existe uma divisão entre os que desejam empurrar a história, acreditando
que estamos criando um novo país, uma nova ordem, e os que têm pactos profundos
com a velha ordem. Portanto, todo processo de transformação vive resistências.
E essas pessoas da velha ordem têm aliados em toda parte.'"
Os
próximos dias serão de uma guerra aberta, com as Organizações Globo
pressionando e chantageando os ministros do STF para impedir que Lula seja
libertado. A campanha mobiliza todos os veículos e noticiários do grupo, a
começar pelo Jornal Nacional, e deve se radicalizar depois da derrota de Moro,
dos Marinho e do Barroso nos 5 a 0 que, na noite de ontem, inocentou a
presidente do PT, Gleisi Hoffmann, depois de dois anos de campanha aberta e
agressiva contra ela movida pelo consórcio Marinho/Moro.