Brasil
acompanha fenômeno mundial e 1% da população terá nas mãos quase dois
terços da riqueza do mundo até 2030
Política
de austeridade total de Temer faz ricos lucrarem ainda mais e joga
muitos brasileiros para extrema pobreza/Reprodução/Contraf
A parcela 1% mais rica da população mundial concentra hoje 50,1% da riqueza das famílias de todo o mundo, de acordo com relatório do Credit Suisse do ano passado. A elite mundial atualmente possui cerca de 50% da riqueza do planeta, mas a tendência é que o percentual continue a aumentar, segundo o estudo a Biblioteca da Câmara dos Comuns britânica, encomendado pelo deputado trabalhista Liam Byrne.
Se
as tendências observadas desde a crise financeira de 2008 continuarem, observa
o relatório, o chamado 1% terá em suas mãos 64% da riqueza global daqui a
apenas 12 anos.
Estudo
da Oxfam, divulgado em janeiro deste ano, utilizando também dados do Credit
Suisse, apontou que cerca de 7 milhões de pessoas que compõem o grupo dos 1%
mais ricos do mundo ficaram com 82% de toda riqueza global gerada em
2017.
Rafael
Georges da Cruz, coordenador de campanhas da Oxfam Brasil, comenta a
concentração de renda entre os mais ricos. "As
últimas pesquisas da Oxfam tem revelado que as desigualdades de patrimônio no
mundo tem crescido, a concentração do patrimônio no topo, no 1% mais rico, nos
bilionários tem crescido", afirma.
Ele
explica que as desigualdades diminuíram entre os trabalhadores, muito por conta
de programas sociais como o Bolsa Família, que ocasionaram a redução de renda
da classe média e retirada de pessoas da extrema pobreza, mas a
hiperconcentração de renda segue intacta. "De certa forma é um círculo
vicioso do qual a gente só vai sair com políticas redistributivas muito fortes,
por exemplo, políticas tributárias internacionais, fim dos paraísos fiscais e
esses tipos de políticas", explica.
Quem segue concentrando
A
mudança na tributação aparece como alternativa no combate às desigualdades,
pela pesquisa Oxfam Brasil/Datafolha lançada em dezembro do ano passado, onde a
maior parte dos brasileiros se declara favorável ao aumento de impostos no país
desde que seja aplicado apenas aos “muito ricos”, para financiar melhorias nas
áreas de educação, saúde e moradia, segundo dados da pesquisa.
Além
disso, 72% apoiam a redução da carga indireta de impostos (aqueles cobrados
sobre o consumo) e aumento da carga direta (sobre renda) para as pessoas de
altíssima renda.
Jorge
Paulo Lemann (AB Inbev), Joseph Safra (Banco Safra), Marcel Hermmann Telles (AB
Inbev), Carlos Alberto Sicupira (AB Inbev), Eduardo Saverin (Facebook) e
Ermirio Pereira de Moraes (Grupo Votorantim) são as seis pessoas mais ricas do
Brasil. Eles concentram, juntos, a mesma riqueza que os 100 milhões mais pobres
do país, ou seja, a metade da população brasileira composta por 207,7 milhões
de pessoas.
Se
gastassem um milhão de reais por dia, juntos, esses seis milionários levariam
36 anos para esgotar o equivalente ao seu patrimônio. Foi o que revelou outro
estudo sobre desigualdade social realizado pela Oxfam.
A
fórmula de austeridade total e radicalização de algumas propostas como a PEC do
Teto dos Gastos e mudanças nas leis trabalhista trazidas pelo governo de Michel
Temer, segundo Georges, causa retração econômica, mas não impacta os muito
ricos.
Quem perde
A
coordenadora de pesquisas e tecnologia do Dieese, o Departamento Intersindical
de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos, Patrícia Pelatieri, aponta
sobre quem recai o peso das desigualdades. "Quem paga o preço dessa
concentração de renda vergonhosa que o Brasil vive, resultado dessas escolhas
políticas e econômicas feitas são os trabalhadores, mais especificamente as
mulheres, os negros e os jovens", sentencia.
A
pesquisadora relembra que em 2017 os bancos bateram recordes de
lucratividade, alcançando os R$ 6 trilhões, ao mesmo tempo que mais de 1,5
milhão de brasileiros foram atirados na extrema pobreza.
Segundo
os dados da PNAD, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, há 15 milhões de
brasileiros vivendo na pobreza extrema com até R$ 136 mensais.
Pela
Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (PNCBA), do Dieese, no primeiro
trimestre de 2018 o valor da cesta básica subiu em 18 das 20 capitais
pesquisadas. "Em abril o salário mínimo necessário seria de R$ 3.706,44 ou
seja quase 4 vezes superior ao salário mínimo brasileiro", conta.
Fonte: Brasil de
Fato