(Foto: Filipe Araújo) |
O Instituto Datafolha divulgou o dado que faltava para confirmar a força eleitoral que terá o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no pleito do ano que vem: com 35% de preferência, ele terá também uma enorme capacidade de transferir votos para outro candidato, caso venha a ser impedido de concorrer por uma condenação em segunda instância. Segundo a pesquisa da semana passada, ele poderia transferir, hoje, quase 60% de seus votos a outro candidato: 59% deles afirmam que votariam "com certeza" no nome apoiado por Lula e outros 24% "talvez" fizessem o mesmo. Esta transferência levaria o apoiado a obter 21% dos votos, fração suficiente para levá-lo ao segundo turno.
Esta situação agrava o dilema enfrentado pela
direita e pelos setores da elite que interromperam o ciclo dos governos
petistas com o golpe do impeachment contra Dilma Rousseff e apostam na
condenação judicial para evitar o retorno do lulismo. Se mesmo condenado
Lula for capaz de determinar o resultado da eleição, o golpe terá sido um
retumbante fracasso, apesar de todos os sacrifícios que impôs ao país.
Será melhor uma pactuação pelo retorno do próprio Lula, o presidente
melhor avaliado da História, responsável pelo virtuoso ciclo de crescimento com
inclusão que mudou a face do Brasil.
O
PT evita discussão pública sobre o lançamento de candidato alternativo, o plano
B, em caso de impedimento de Lula. Mas os dados do Datafolha mostram que, com
sua enorme capacidade de transferência, Lula seria o “grande eleitor” da
disputa. E isso configura o dilema: se ele disputa, ganha. Se é impedido, elege
seu candidato.
A
eventual transferência de votos ocorreria principalmente entre os mais pobres e
os de menor instrução, setores que foram grandemente beneficiados pelas
políticas da Era Lula. Eles são a maioria do eleitorado. Entre os
eleitores que possuem até o ensino fundamental, 41% responderam que votariam
"com certeza" no candidato indicado por Lula. Outros 14% admitiram
que "talvez" fizessem isso. Entre os que ganham até 2 salários
mínimos (quase a metade do eleitorado), 35% votariam no candidato de Lula, e
17% “talvez” o fizessem.
Na pesquisa de
junho passado, Lula, como candidato, chegava a 39% das intenções de voto entre
eleitores com ensino fundamental completo. Agora, atinge 49%. Entre eleitores
de baixa renda (até 2 salários mínimos por mês), Lula também chegava a 39% de
preferência em junho, obtendo agora até 46%. Os índices variam segundo a
composição da cartela.
Fonte: Teresa
Cruvinel colunista do Brasil 247