Não foi por acaso que as ações da Eletrobrás dispararam;
segundo analistas de mercado, as usinas da empresa poderão vender energia no
mercado livre, com os preços saindo de R$ 61 para R$ 170 pelo megawatt; ou
seja, uma alta de 178%; em artigo publicado ontem, a presidente deposta Dilma
Rousseff previu a disparada dos preços, enquanto Michel Temer pretende
arrecadar R$ 20 bilhões, o que equivale a um mês de rombo fiscal cavado por sua
equipe
247 - A euforia do mercado diante da possível privatização da
Eletrobras tem explicação: o preço da energia pode disparar no Brasil.
"De acordo
com especialistas, a tendência é que o preço da conta de luz suba para o
consumidor. Isso vai acontecer porque, com a privatização, as 14 usinas geridas
pela Eletrobras sairão do chamado regime de cotas, criado em 2012 na medida
provisória (MP) 579 no governo da ex-presidente Dilma Rousseff. A medida forçou
uma redução no valor da tarifa. De acordo com esse sistema, a Eletrobras é
remunerada pela energia vendida a preços fixos, mas não absorve os riscos das
faltas de chuvas. Por exemplo. Nesse modelo, o preço do megawatt/hora sai em
torno de R$ 61."
Com a
privatização, esse valor deve disparar. No mercado, há quem fale de um salto R$
61de para R$ 170 pelo megawatt. Ou seja, uma alta de 178%.
As
informações são de reportagem publicada em O Globo.
Em
artigo publicado ontem, a presidente deposta Dilma Rousseff previu a disparada
dos preços.
Confira abaixo a íntegra do texto:
A
privatização da Eletrobras, um dos mais novos retrocessos anunciados pela
agenda golpista, será um crime contra a soberania nacional, contra a segurança
energética do país e contra o povo brasileiro, que terá uma conta de luz mais
alta. Um delito dos mais graves, que deveria ser tratado como uma traição aos interesses
da Nação.
Maior
empresa de produção e distribuição de energia elétrica da América Latina, a
Eletrobras garante o acesso à energia a um país de dimensões continentais, com
uma população de mais de 200 milhões de habitantes e com uma economia diversificada,
que está entre as mais complexas do mundo.
A sua
privatização, e provável entrega a grupos estrangeiros, acabará com a segurança
energética do Brasil. Submeterá o país a aumentos constantes e abusivos de
tarifas, à desestruturação do fornecimento de energia, a riscos na distribuição
e, inevitavelmente, à ameaça permanente de apagões e blecautes. Devemos todos
lembrar do ano de racionamento de energia no governo FHC.
O
governo tem dois motivos principais para privatizar uma grande empresa como a
Eletrobras: a aplicação da pauta neoliberal, rejeitada por quatro vezes nas
urnas, e que é compromisso do golpe implantar; e o desespero para fazer caixa e
tentar diminuir o impacto de um dos maiores rombos fiscais da nossa história
contemporânea, produzido por um governo que prometia resolver o déficit por
meio de um surto de confiança que não veio e um passe de mágica que não
produziu. Produziu, sim, a compra de votos por meio da distribuição de benesses
e emendas.
O meu
governo anunciou déficit de R$ 124 bi para 2016 e de R$ 58 bilhões para 2017,
que seriam cobertos com redução de desonerações, a recriação da CPMF e corte de
gastos não prioritários. O governo que assumiu por meio de um golpe parlamentar
inflou a previsão de déficit para R$ 170 bi, em 2016 e R$ 139 bi, em 2017.
Inventou uma folga para mostrar serviço à opinião pública, e nem isto conseguiu
fazer. Agora, quer ampliar o rombo para R$ 159 bi. Mas não vai ficar nisso.
Aumentará o déficit, no Congresso, para R$ 170 bi, para atender às emendas dos parlamentares
de que precisa para aprovar sua pauta regressiva. Para isto, precisa dilapidar
o estado e a soberania nacional. E forjar uma necessidade de vender a
Eletrobras é parte desta pauta.
Atribuir
uma suposta necessidade de privatização da Eletrobras ao meu governo, por ter
promovido uma redução das tarifas de energia, é um embuste dos usurpadores, que
a imprensa golpista difunde por pura má-fé. É a retórica mentirosa do golpismo.
As
tarifas de energia deveriam mesmo ter sido reduzidas, como foram durante o meu
governo,. Não porque nós entendêssemos que isto era bom para o povo – o que já
seria um motivo razoável – mas porque se tratava de uma questão que estava e
está prevista em todos os contratos que são firmados para a construção de
hidroelétricas. Depois da população pagar por 30 anos o investimento realizado
para construir as usinas, por meio de suas contas de luz, é uma questão não
apenas de contrato, mas de justiça e de honestidade diminuir as tarifas,
cobrando só por sua operação e manutenção. Manter as tarifas no mesmo nível em
que estavam seria um roubo. Por isso reduzimos e temos orgulho de tê-lo feito.
Com a privatização, será ainda um roubo.
Vou
repetir a explicação, porque a Globo faz de tudo para distorcer os fatos e
mentir sobre eles. Quando uma hidrelétrica é construída por uma empresa de
energia – pública ou privada – quem paga pela sua construção é o consumidor. A
amortização do custo da obra leva geralmente 30 anos e, durante este tempo,
quem paga a conta deste gasto vultoso é o usuário da energia elétrica, por meio
de suas contas de luz.
Quando
a hidrelétrica está pronta, o único custo da empresa de energia passa a ser a
operação e a manutenção. Daí, é justo que o povo deixe de continuar pagando por
uma obra que já foi feita e, depois de 30 anos, devidamente paga. É mais do que
justificado, portanto, que as tarifas que custearam a construção sejam
reduzidas.
Se as empresas de energia – públicas ou privadas – mantiverem as tarifas no
mesmo nível, e eventualmente até impuserem aumentos nas contas de luz, estarão
tirando com mão de gato um dinheiro que não é delas. É uma forma de
estelionato. Não se deve esperar que empresas unicamente privadas, cujo
objetivo é principalmente a lucratividade de sua atuação, entendam que uma
equação justa deveria impor modicidade tarifária quando os custos altos da
construção de uma usina hidrelétrica já não existem mais.
Apenas
o Estado – um estado democrático e socialmente justo – tem condições de
entender esta situação e autoridade para agir em defesa dos interesses dos
consumidores.
Entregar
a Eletrobras e suas usinas já amortizadas para algum grupo privado, talvez
estrangeiro, significa fazer o consumidor de energia pagar uma segunda vez pelo
que já pagou, além de abrir mão de qualquer conceito estratégico em relação à
produção, distribuição e fornecimento de energia com segurança e sem
interrupções e apagões.
Privatizar
a Eletrobras é um erro estratégico. Erro tão grave quanto está sendo a
privatização de segmentos da Petrobras. No passado, essas privatizações já
foram tentadas pelos mesmos integrantes do PSDB que hoje dividem o poder com os
golpistas. Naquela época, isso só não ocorreu porque os seus trabalhadores e o
povo brasileiro não permitiram. Mais uma vez devemos lutar para não permitir.