A máquina jurídico-midiática de
moralismo passou a ser, agora, um problema sério para a direita brasileira.
Se ser acusado é o mesmo que ser
condenado – e só a condenação é admissível, independente de prova – a “lista de
Janot” compromete toda a política, porque “todos são iguais”.
E se todos são iguais”, quem sobra? O
Ministério Público? Moro? Deltan Dallagnol?
Os que detém autoridade – e cada vez
maior – dispensados do voto popular?
A máquina posta em movimento para
derrubar um governo passa a moer a própria usurpação do governo.
Michel Temer está “fora” da lista por
uma mera formalidade constitucional: a de que o Presidente não pode ser julgado
por atos anteriores ao exercício do seu mandato.
Ou não estaria, não fosse assim?
Os remédios que, agora, correm a
aplicar – ou a tentar, porque a histeria midiática e o caldeirão de ódio que
ela construiu com a negação da política (e do voto) como a ferramenta legítima
de organização da sociedade têm francas chances de impedir – são aqueles que
negavam e achavam absurdo quando queriam demolir o poder eleitoralmente
construído..
O voto em listas partidárias, por
exemplo, a redução do número de partidos, tudo isso não era inaceitável,
quando proposto em 2013? O “presidencialismo de coalizão” que se aponta como
pai de todas as desgraças políticas é quase um santo, perto do mecanismo de
cooptação do Governo Temer para alcançar o quorum para as “reformas” que
pretende.
E onde vai parar a independência e
harmonia entre os poderes, quando o presidente da Câmara se torna um descarado
agente do presidente na casa e o presidente do TSE, Gilmar Mendes, dá-se a
convescotes e a formação de “comitês de salvação nacional”, articulando uma
inédita – para usar a tese suicida do Dr. Janot – a “caixa 2 do bem” e a “caixa
2 do mal”?
Não dá, porque foi a tese que se
injetou na classe média, desde o chamado mensalão, foi o contrário disto,
embora fosse – e sabiam todos – a regra do sistema político brasileiro.
A “igualdade” que se criou para a
destruição da política, a insânia do moralismo udenista que se quis transformar
na lei única da disputa política e a opressiva unanimidade em que se pretendeu
condenar como “defesa da corrupção” todos aqueles que apontavam
o arbítrio, deram nisso aí.
Contra quem os “coxinhas de pato”
protestarão no dia 26? Cadeia para todos? “Pixuleco” do Temer, “não vou pagar o
pato” para o Henrique Meirelles que vai aumentar os impostos?
Já se evidencia, exceto para os que
sofrem de idiotia política, que a subtração da democracia ao povo
brasileiro depende de uma de duas condições, o que é algo que já afirmei há
mais de um ano.
A primeira, inviável nestes tempos, é
nos tirarem o voto.
A segunda, única em que se agarram
agora, é retirar do voto a opção por um candidato: Lula.
O “mar de lama” que procuraram criar
com a aventura judicial saiu do leito que pretendiam e os tragou, também.
O que está em jogo em Curitiba é uma
coisa só. Não é a condenação de Lula, mas a sua cassação.
E isso vai se tornando evidente, apesar
de todo o massacre da mídia.
Porque a realidade – ah, esta teimosa –
teima em se impor e mostrar que é impossível, senão por algum tempo, impor ao
Brasil um projeto autoritário e excludente, que o transforme, na colônia que já
não pode mais ser.
Fonte: Tijolaço