AGRICULTORES COBRAM MAIOR SEGURANÇA NO CAMPO
Encontro entre autoridades e proprietários rurais para debater
o problema aconteceu nesta terça-feira (14) na Câmara de
Vereadores de Apucarana
Os proprietários rurais de Apucarana
estão preocupados com o aumento de furtos e roubos registrados neste início do
ano. Segundo dados da Polícia Civil, somente nesses primeiros dias de 2017,
oito ocorrências foram registradas. Investigações apontam que os crimes estão
sendo praticados por uma quadrilha cujo líder seria um fugitivo da cadeia de
Arapongas. Três criminosos já foram presos e mais oito já estão identificados,
sendo que cinco mandados de prisão já foram expedidos.
O assunto foi pauta de uma audiência
realizada nesta terça-feira (14/02), nas dependências da Câmara de Vereadores,
que contou com a presença de agricultores, do comando das polícias Civil e
Militar e de representantes do Executivo e Legislativo Municipal. O prefeito
Beto Preto esteve representado pelo Secretário Chefe de Gabinete, Laércio de
Morais. Ele explicou que a ideia da reunião surgiu para estabelecer um diálogo
direto entre a comunidade rural e as autoridades locais na área de segurança
pública. “O Estado é o grande responsável pela segurança pública, mas o
Município de Apucarana através do prefeito Beto Preto, pensando na população,
está sempre atento exigindo uma atuação forte no combate ao crime. Foi um
encontro muito produtivo, pois a comunidade rural teve a oportunidade de expor
o problema e ouvir o posicionamento das autoridades de segurança, constatando
que as polícias estão atuando. Não tem nada abandonado”, declarou Morais.
O delegado-chefe da 17ª Subdivisão da
Polícia Civil do Paraná em Apucarana, Dr. José
Aparecido Jacovós, disse que o trabalho policial começou a ser feito tão logo
as ocorrências se acentuaram. “Em 2016 não tivemos tantas situações graves em
áreas rurais. Um caso aqui outro cá, mas nada que deixasse as pessoas com esta
situação de insegurança, mas neste início de ano está sendo diferente. Tivemos
oito roubos, sendo dois agora em fevereiro. Contudo, a quadrilha já foi
identificada. São oito identificados e três presos, sendo que cinco já temos
mandato de prisão e em breve estarão encarcerados”, informou Jacovós.
Ele considerou
importante a cobrança dos agricultores e lamentou as brechas da legislação
penal. “Se não tivéssemos nenhum roubo na zona rural seria primordial. O ideal
é que as pessoas possam fazer suas plantações, produzir riquezas sem ficarem
amedrontados que alguém vai chegar em sua propriedade e colocar uma arma na sua
cabeça, mas infelizmente nós estamos em um país onde a legislação é muito
branda com criminosos. Somente hoje, oito bandidos de alta periculosidade foram
levados para Londrina para ser colocadas tornozeleiras. Criminosos que
certamente vão voltar a delinqüir. E por que estão sendo colocadas
tornozeleiras? Porque temos uma cadeia com capacidade para 96 e hoje temos 330
presos. Todos esses fatores contribuem para que o juiz acabe soltando presos de
menor periculosidade, que posteriormente vão cometendo crimes maiores. As
questões vão virando uma bola de neve”, desabafou.
O comandante do
10º Batalhão da Polícia Militar do Paraná, em Apucarana, tenente-coronel José
Francisco Cardoso, também considerou legítimas as reivindicações dos
agricultores. “Temos um
controle estatístico diário e temos percebido um aumento das ocorrências não só
nas propriedades rurais, mas também na zona urbana tem sido bastante frequente
a ação dos marginais. Com as ações que a Polícia Militar tem feito na área
urbana, contudo, houve uma migração dos marginais para a zona rural, onde se
tem “teoricamente” mais facilidades”, avaliou. Ele anunciou a realização de um
cadastramento dos proprietários rurais, nos moldes de um modelo de prevenção ao
crime que vem tendo bastante sucesso na região de Jandaia do Sul. “É um
experimento de policiamento rural, onde as propriedades são cadastradas com
nomes e números telefônicos dos moradores. Sempre que tem uma movimentação
diferente os próprios agricultores acionam a Polícia Militar, ou após uma
ocorrência, e nós podemos saber o sentido que os marginais tem tomado. Um
modelo que tem tido bastante sucesso e vamos trazer para Apucarana, cadastrando
inicialmente os agricultores do Correia de Freitas e Pinhalzinho, região onde
vem ocorrendo o maior número de furtos e roubos”, comunicou o comandante do 10º
BPM. Paralelamente a isso, ele confirmou um trabalho em parceria entre as
equipes da P2 da PM e da Furtos e Roubos da PC, para prender os demais
integrantes da quadrilha que vem atuando em Apucarana.
Em nome da comunidade rural, o diácono do Distrito de Correia de Freitas, Vando Antônio Rola (Toninho Rola), sugeriu um trabalho de inteligência policial mais profundo. “Antes de chegar o veneno, o bandido já está na propriedade esperando o carro da firma chegar. Então, nós não sabemos onde está esta bola de cristal para o marginal saber a hora certa e local. Um trabalho mais profundo da polícia poderia descobrir quem são os mandantes, pois acredito que tem gente grande por traz disto daí”, opinou.