Em março de 2020, a OMS declarou a pandemia de Covid-19, mas enquanto países tomavam medidas rigorosas, o Brasil seguia pelo negacionismo
Bolsonaro e enterro durante a pandemia da COVID-19 (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino | REUTERS/Bruno Kelly)
Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou oficialmente a pandemia da Covid-19. No mesmo dia, enquanto a Europa já tomava medidas drásticas para conter o avanço do coronavírus, no Brasil, o estádio do Maracanã recebia cerca de 60 mil torcedores para assistir a uma partida da Libertadores. A diferença de posturas entre os países evidenciava os diferentes estágios do vírus no mundo e as estratégias políticas adotadas para enfrentá-lo.
As informações originais foram publicadas pela Folha de S. Paulo e ajudam a reconstruir os primeiros momentos da pandemia no Brasil. Na época, o país contabilizava apenas 69 casos confirmados e a primeira morte ocorreria no dia seguinte, em São Paulo. Enquanto isso, a Itália já vivia uma crise sanitária sem precedentes, com hospitais sobrecarregados e um número crescente de óbitos.
A resposta do governo brasileiro foi marcada pela retórica negacionista do então presidente Jair Bolsonaro (PL), que minimizou a gravidade da doença desde os primeiros momentos. "Rapidamente foi perceptível que a postura brasileira seria o negacionismo", afirmou Deisy Ventura, professora da Faculdade de Saúde Pública da USP. No dia 9 de março, Bolsonaro discursou em um evento esvaziado em Miami, nos Estados Unidos, alegando que o coronavírus estava sendo superdimensionado pela mídia.