Presidente argentino pode cair depois de fazer com que seus seguidores fossem enganados num esquema de criptmoedas
Milei durante entrevista à TV argentina (Foto: Reprodução)
247, com informações da C5N – Cada vez mais pressionado por ter levado seus seguidores a perder muito dinheiro em um esquema de criptomoedas, o presidente da Argentina, Javier Milei, concedeu uma entrevista à emissora TN tentando minimizar o escândalo envolvendo a fraude com a criptomoeda $Libra, promovida por ele em suas redes sociais. O mandatário alegou que seu objetivo era apenas ajudar um empreendimento privado e que "saiu mal". Durante a entrevista, responsabilizou os investidores pela decisão de participar da iniciativa e admitiu que não tem conhecimento sobre o setor. "Isso foi um tapa na cara", reconheceu.
Milei afirmou que não tem nada a esconder e que, ao contrário de outros políticos, não se esconde em momentos de crise. "Entendo que, em outro momento, a política preferiu se esconder, mas eu não tenho nada a ocultar. Se você não dá a cara, é porque está sujo", declarou. Ele também acusou a oposição de explorar o caso para atacá-lo. "Mais cedo ou mais tarde, a espuma vai baixar, e a população vai perceber o quão rasteira e miserável é a política tradicional, que está nervosa porque as pesquisas indicam que eles estão em baixa", afirmou.
◉ Explicação sobre o escândalo
O presidente explicou que foi o empresário Mauricio Novelli, dono da escola de traders NW Professionals, quem o apresentou a Hayden Davis, criador da criptomoeda $Libra. Segundo Milei, o projeto teria o objetivo de financiar empreendedores sem acesso ao mercado formal. "Estamos comprometidos em impulsionar a tecnologia, a inteligência artificial e a vanguarda tecnológica. Achei que essa era uma ferramenta interessante para financiar pessoas que, de outra forma, não teriam acesso a crédito", disse.
O presidente também explicou o motivo de ter apagado o post no qual promovia a criptomoeda. "Assim que postei o tuíte, começaram a surgir pessoas dizendo que minha conta tinha sido hackeada, o que é falso. Fixei o tuíte para mostrar que era eu quem havia publicado. Quando os comentários negativos aumentaram, apaguei o post. Como eu nunca apago tuítes, foi uma decisão atípica, mas tomada diante do barulho que a situação gerou", justificou.
◉ Culpa dos investidores
Milei minimizou o impacto da crise, alegando que o número de pessoas afetadas é muito menor do que os 40 mil investidores mencionados em algumas informações. "Havia muitos bots (robôs) envolvidos. No melhor dos casos, a cifra real é de 5 mil pessoas, e a chance de que entre elas haja argentinos é remota", afirmou. Ele também responsabilizou os investidores por terem assumido o risco. "Quem entrou nisso fez isso de forma voluntária e sabia muito bem no que estava se metendo. É como ir a um cassino e perder dinheiro. Qual é o argumento se você já sabia das regras do jogo?", declarou.
Milei rejeitou que tenha promovido diretamente a criptomoeda e afirmou que apenas a divulgou. "Sou um entusiasta da tecnologia e quero que a Argentina se torne um polo de inovação. Essa proposta parecia uma alternativa para financiamento de startups. É como quando você vai à inauguração de uma fábrica. Isso significa que você é responsável pela operação da fábrica?", questionou.
◉ Erros e aprendizados
Apesar de insistir que "não cometeu erro algum porque agiu de boa fé", Milei admitiu que a polêmica trouxe uma lição. "Assumi a presidência e continuei sendo o mesmo Javier Milei de sempre. Qualquer um que me conhecia sabia que era fácil falar comigo. Isso precisa mudar. Vou erguer barreiras para que não seja tão fácil me acessar", afirmou.
O presidente também lamentou ter se envolvido na polêmica. "Por querer ajudar os argentinos, tomei um tapa na cara. O Estado não perdeu nada, e não creio que mais de cinco argentinos tenham perdido dinheiro. A maioria das vítimas são norte-americanos ou chineses", disse.
◉ Credibilidade e acusações contra a oposição
Milei negou que o escândalo afete sua credibilidade e reiterou que deseja ser investigado. "Podem me investigar o quanto quiserem. O próprio Hayden Davis disse que não recebi e não receberia nada. Criamos uma unidade de investigação que está dispondo todas as informações à Justiça. As investigações dirão o que aconteceu", declarou.
Ao ser questionado sobre o pedido de impeachment feito pela coalizão opositora União pela Pátria, Milei ironizou e atacou o kirchnerismo. "Os kirchneristas, quando saíram e Macri assumiu, tinham deixado um rombo de US$ 25 bilhões com o dólar futuro", acusou. Ele ainda atacou a ex-presidente Cristina Kirchner, chamando-a de "duas vezes condenada" e insinuando enriquecimento ilícito. "Ela nunca trabalhou, sempre foi política e tem uma fortuna enorme. Por que não explica como a filha dela tinha US$ 5 milhões em um cofre no Banco Galicia?", disparou.
Por fim, Milei criticou a política monetária do país, chamando o peso argentino de "o maior esquema Ponzi da história". "A casta política transformou um dólar em 1.200 pesos. Isso, sim, é um Ponzi", concluiu.
Fonte: Brasil 247 com informações da C5N