domingo, 2 de fevereiro de 2025

Gilmar diz que Lula tem feito excelente governo, trazendo Brasil à normalidade, e chama Bolsonaro de “caricato”

 

Gilmar Mendes

O ministro Gilmar Mendes, decano do STF, deu entrevista ao site Público, de Portugal. “No geral, me parece que o governo Lula tem sido extremamente positivo, e o toque decisivo é a defesa da normalidade, da institucionalidade, das relações civilizadas entre os Poderes. O Brasil voltou a um quadro de normalidade, inclusive no cenário internacional”, diz.

Gilmar destaca ainda que os imigrantes, especialmente nas economias mais desenvolvidas, têm sido transformados em bodes expiatórios pelo populismo de direita. Ele defende a necessidade de maior controle sobre as big techs e as redes sociais. Além disso, reconhece que os crimes cometidos durante a ditadura militar no Brasil devem ser julgados, um tema que ganhou destaque com o filme “Ainda Estou Aqui”, que recebeu três indicações ao Oscar.

Alguns trechos:

Como o senhor viu essa questão dos brasileiros deportados dos Estados Unidos chegarem algemados, acorrentados, ao Brasil?


Tem um pouco desta fantasia americana, de justiça e ordem. Já faz algum tempo, um piloto de stock car, se não me engano brasileiro, foi acusado nos Estados Unidos de ter problema com o Fisco. E veio lá uma ordem e, em pouco tempo, ele estava algemado e acorrentado. No momento seguinte, descobriu-se que ele não tinha nada a dever e se retirou [Em 2009, Hélio Castroneves foi absolvido pelo júri de todas as acusações de sonegação fiscal, no Tribunal em Miami. O piloto, dono de uma mansão em Coral Gable, era acusado junto com sua irmã Katiucia e seu advogado americano Allan Miller de ter montado um esquema para fraudar o fisco em US$ 5,5 milhões (cerca de R$ 12 milhões) entre 1999 e 2004, quando competia pela Penske Team]. Isso não faz o menor sentido. Talvez algum cuidado se tivesse que ter, diante de tanta gente dentro de uma aeronave, mas não se tratava disto (ter criminosos). Então, me parece que acabam ocorrendo esses exageros, talvez para efeito de demonstração. Por isso, inclusive, o Governo brasileiro emitiu protestos em relação a isso. É claro que quem está ilegal num dado país, suporta a possibilidade de deportação. Em princípio, isto ocorre em todos os lugares. (…)

Como o senhor vê esse movimento da extrema-direita liderado por Trump? Qual o impacto que isso pode ter no Brasil?

Eu não atribuiria este movimento necessariamente ao Trump ou a sua liderança. É muito cedo para prognosticar como isso vai se desenvolver. Toda hora nós estamos a ver anúncios de medidas (nos Estados Unidos) e também a sua desautorização. Então, é preciso ter muito cuidado para que a gente separe o ruído do sinal. Mas, de qualquer forma, não podemos menosprezar toda a evolução que se tem tido nesse campo. O próprio movimento que ocorreu nos Estados Unidos, o 6 de janeiro (invasão do Capitólio), que foi um fato absolutamente inédito. Ninguém imaginava, com a tradição democrática americana, que aquilo pudesse ocorrer. Mas antes já tínhamos movimentos assemelhados na própria Europa do leste, com Hungria, Polônia, problemas sérios de desinstitucionalização, na Turquia também. Agora, na Itália, embora com um viés moderado, na Áustria. Há sinais de descontentamento que carrearam para este campo. A Alemanha, com a Alternativa para a Alemanha (AfD). São dados preocupantes, que mostram uma grande insatisfação. No caso alemão, é até uma curiosidade que o crescimento do populismo se deu fortemente no território da antiga Alemanha Oriental (que era comunista).

Para o Brasil, qual é o impacto do populismo de direita?


No geral, me parece que o Governo Lula tem sido extremamente positivo, e o toque decisivo é a defesa da normalidade, da institucionalidade, das relações civilizadas entre os Poderes. O Brasil voltou a um quadro de normalidade, inclusive no cenário internacional.

Nós tivemos uma situação meio caricatural disto com o governo Bolsonaro. O que me parece é que, ao longo dos anos de democracia, começados em 1985, depois consolidados em 1988, nós conseguimos ter governos de perfil centrista. Aqui, acolá, com um viés um pouco de centro-esquerda ou de centro-direita, mas dentro de um perfil moderado. Isto ocorreu com Fernando Henrique (Cardoso), que fez uma aliança à direita com os partidos representativos, PFL, MDB, pessoas de centro, liberais clássicos, mas ele também defendendo o Estado social que já está na Constituição. Esses dias, um professor de Manchester me falava que o Brasil é um país singular, porque buscou realizar um Estado social sem ter passado por nenhuma guerra. É diferente dos Estados europeus, em que o Estado social, de alguma forma, advém desta situação.

Mas veio o desgaste que tivemos com a sucessão de governos do PT. Diante dos problemas, das crises, pensou-se, talvez, que a resposta pudesse estar num certo populismo, que, inicialmente, se traduziu num populismo judicial, do Ministério Público que alimentou a ascensão de Bolsonaro ao poder, com a eliminação praticamente de todas as lideranças políticas mais expressivas, de alguma forma atingidas por todo o processo da Lava-Jato. É um pouco isto que permitiu a ascensão de Bolsonaro, que nós não saberíamos prever, um ano antes, que iria ocorrer. E isto vira um pouco também a caricatura desse movimento no mundo, é o antivax, é o negacionismo pelo negacionismo. Mas não acredito que, mesmo as forças políticas que o apoiaram, possam ser timbradas como de extrema-direita. A gente percebe hoje um movimento no sentido forte de pessoas que não comungam do chamado esquerdista ou esquerdizante, mas que também não subscrevem as pautas agressivas da extrema-direita. Então, a mim, parece que talvez hoje o próprio Congresso se traduza numa maioria conservadora, mas não de extrema-direita. Acho até que, na verdade, os personagens que possam ser no Congresso timbrados como tais, seriam em número reduzido.

O regime semipresidencialista seria o ideal para o Brasil? O Congresso ganhou muito poder sobre o Orçamento federal, deixando o Executivo a reboque.

Nós temos discutido isso, inclusive, vocês já acompanharam, no Fórum de Lisboa, esse debate. Algo teremos que fazer em termos de reforma do sistema de Governo, porque estamos vivendo uma anomalia. Isto tem a ver um pouco com a debilitação do poder do Executivo, acentuada a partir da administração de Dilma (Rousseff). O Congresso transformou as chamadas emendas propositivas em emendas orçamentárias impositivas. Isso virou lei. Além desse passo, as emendas foram crescendo, atingindo, no último ano, alguma coisa como R$ 50 bilhões. Portanto, daquilo que sobra para investimentos, uma boa parte é feita por meio das emendas parlamentares e, talvez, muito disto se perca em projetos locais, paroquiais, sem uma visão ou uma projeção estratégica. Isso se tornou um grave problema. O Congresso delibera sem qualquer responsabilidade.


Então, se caminhássemos para um modelo parlamentarista, em que a maioria congressual governaria, e teria responsabilidade governamental, certamente isso seria positivo. Mas é claro que envolveria outras reformas. Agora, temos de resolver esse dilema. Não podemos viver esta situação a que estamos nos acostumando, de uma série de confusões de atribuições. Precisamos organizar esse maracatu e buscar uma reforma que seja razoável. Ninguém é contra, considerando a complexidade política do Brasil, que o Congresso participe, inclusive com a indicação de emendas. A questão é saber qual é o valor adequado e que isso seja completamente transparente. Nós estamos falando de verba pública, de dinheiro público, que tem que ser destinado a finalidades públicas.

Não é razoável que uma questão de alta indagação política, e uma tarefa complexa, do ponto de vista político-administrativo, se transforme daqui a pouco num caso policial. Ninguém almeja isso.

O STF, inclusive, entrou nisso, por meio das decisões do ministro Flávio Dino.

Antes disso, o processo era da relatoria da ministra Rosa Weber. Veio para o ministro Dino por sucessão. E o que o Supremo está dizendo é mais ou menos óbvio: que as emendas parlamentares têm que ser rastreáveis, transparentes, que os autores sejam identificados e que haja fiscalização da aplicação dos recursos. Criou-se uma opacidade, uma névoa em torno disto, que, na verdade, é perigosa para o próprio Congresso Nacional. Não é razoável que uma questão de alta indagação política, e uma tarefa complexa, do ponto de vista político-administrativo, se transforme daqui a pouco num caso policial. Ninguém almeja isso. (…)

A popularidade do presidente Lula está em queda. O índice de desaprovação já supera o da aprovação. Como o senhor avalia o Governo hoje?


A popularidade vai e vem. Quando muito jovem, eu integrei o governo do Fernando Henrique Cardoso. Tenho muito orgulho disso, porque era uma equipe de pessoas muito qualificadas. Entre elas, tinha Pelé (risos). O Fernando Henrique dizia que a gente pode perder a popularidade, mas não pode perder a credibilidade. Então, acho que isso é fundamental. Muitas vezes, o Governo tem que tomar medidas que são à vista das pessoas, de imediato, impopulares. Por isso, pagará com o preço da impopularidade. Não me parece que isso seja decisivo, e me parece que a grande vantagem do Governo Lula é que ele devolveu ao Brasil um senso de normalidade. As instituições voltaram a dialogar e a funcionar. E é um governo difícil, talvez, seja até um governo de aprendizado, depois da inorganicidade, da desorganização perpetrada no Governo Bolsonaro, porque é praticamente a construção de um Governo de minoria.

Diante desse fenômeno das emendas parlamentares, um parlamentar da Câmara talvez disponha por ano, de emendas impositivas para destinar para o seu reduto, alguma coisa como R$ 50 milhões. Um senador, talvez, algo em torno de R$ 80 milhões. Isso pode variar de acordo com o ranking. Ao todo, estamos falando de R$ 50 bilhões. No modelo anterior, do chamado presidencialismo de coalizão, essas verbas eram distribuídas a partir de uma regra de fidelização, de quem apoiava ou não o Governo. Agora, não. Este é um outro modelo. Portanto, o Lula está governando sobre um outro estamento institucional e político, e precisa construir maioria nesse contexto. Também não basta distribuir ministérios. No modelo anterior era a fidelização via emendas propositivas, que eram liberadas ou não pelo Governo, discricionariamente, e a distribuição de ministérios para determinadas forças políticas. Hoje, muitos ministérios são extremamente débeis e dependem inclusive das emendas dos parlamentares.

Então, é um quadro muito singular. Não obstante, reformas importantes foram aprovadas, como a tributária. Tem-se construído soluções e, nesse sentido, eu avalio o Governo como positivo. É inevitável que, agora, com a retomada dos trabalhos do Congresso, certamente haverá uma nova formação ministerial. Mas, no geral, me parece que o Governo Lula tem sido extremamente positivo, e o toque decisivo é a defesa da normalidade, da institucionalidade, das relações civilizadas entre os Poderes. O Brasil voltou a um quadro de normalidade, inclusive no cenário internacional, como se pode avaliar.

Há uma queixa geral entre os parlamentares de que o Supremo legisla e tira poder do Congresso. O STF está extrapolando seus poderes?


Eu não vejo assim. É notório que o texto da Constituição de 1988 reforçou imensamente o poder do Supremo Tribunal Federal como corte constitucional, permitindo que um partido político, com um representante, leve ao Supremo a impugnação de leis votadas pelo Congresso Nacional. Mas isso foi uma opção do constituinte, considerando que, no passado, só o procurador-geral poderia fazê-lo. Entendeu que era necessário dar essa abrangência. Eu sempre digo que o Supremo não tem uma banca ali na frente pedindo que venham causas. As causas são provocadas, normalmente, pelo próprio sistema político, pelas suas dissidências. Por outro lado, o texto constitucional valorizou muito as situações de omissões inconstitucionais, casos em que a Constituição prevê um dever de legislar, que não foi satisfeito pelo Congresso Nacional. São casos em que o Supremo acaba por fazer a intervenção.

Se quisermos ficar num exemplo recente, vamos considerar a pandemia. Nós temos um sistema de saúde, o SUS, que é altamente complexo, porque exige a integração de União, estados e municípios. É claro que a cabeça do sistema é a União, inclusive provendo a maioria dos recursos. Com um Governo negacionista na pandemia, nós tivemos problemas seríssimos, porque era um Governo que, como os senhores sabem, recomendava a ivermectina ou a cloroquina para cuidar da Covid e avaliava que 3 mil pessoas ficariam doentes e haveria a imunidade de rebanho. E não era isto. Governadores e prefeitos de grandes cidades passaram a enfrentar o problema, porque eles administravam os hospitais, e foram ao Supremo pedindo para usar medidas que a OMS (Organização Mundial de Saúde) já recomendava: isolamento social, restrição de transporte, fechamento de atividades. E o Supremo, então, autorizou estados e municípios a tomarem essas medidas. Isso colocou o tribunal numa via de colisão com o Executivo federal.

Donald Trump e Elon Musk


Foi o Supremo que determinou que se iniciasse o processo de vacinação das pessoas. Portanto, num quadro de omissão, o tribunal supriu essa falta. É muito curioso que, tendo atuado desta forma e tendo sido tão decisivo, o tribunal seja visto como impopular, vilão. Eu tenho dito que talvez os nossos possíveis defensores, que devem existir, são bastante silenciosos e recatados, e os nossos adversários são muito vocais. Mas eu tenho certeza de que, entre esses nossos adversários, estão pessoas que tiveram seus pais, suas mães, seus filhos, seus netos, salvos pela ação do tribunal. Portanto, isto não é visto, nem é reconhecido.

O populismo tal como nós o conhecemos hoje, não se estabelece sem as redes sociais e sem a sua utilização com esse viés ou com essas distorções. Tanto é que eu reputo, e começamos inclusive esse julgamento, que estabeleçamos regras sobre essas questões.

Foi o Supremo que teve de fazer também o enfrentamento quando tivemos as graves ameaças à democracia, ao processo eleitoral. Aqui, o tribunal deu a cara e fez todo o enfrentamento para manutenção das liberdades. Eu poderia estar aqui contando para vocês a história de uma debacle, o fechamento do tribunal. Mas a gente está dizendo o contrário, o tribunal atuou de uma maneira altiva e impediu que houvesse esses exageros que vimos desenhados nesses documentos de golpes. Não me parece, então, que o tribunal tenha exorbitado. Acho que ele cumpriu bem a sua missão. É um case de sucesso da jurisdição constitucional no mundo.


Agora, é natural que nós busquemos um eventual bode expiatório. Se nós conversarmos com um suposto aliado de Bolsonaro e perguntarmos a ele por que o Governo não fez uma política pública de saúde durante a pandemia, ele vai nos responder que foi porque o Supremo impediu. Mas se nós perguntarmos qual era a política pública que o Governo faria, muito provavelmente era do Jim Jones (risos). Que política pública havia para alguém que apostava que só 3 mil pessoas seriam afetadas pela Covid e que tudo se resolveria? Veja, por exemplo, o que aconteceu em Manaus, em que, num dado momento, faltou oxigênio nos hospitais e pessoas morreram asfixiadas. Veja a negligência, a gravidade da situação. Por isso, vejo que o tribunal atravessou uma quadra extremamente difícil e, tangido por um pensamento de possibilidades e necessidades, deu as respostas adequadas.

Como vê os ataques ao Supremo por meio de fake news?

O populismo tal como nós o conhecemos hoje, não se estabelece sem as redes sociais e sem a sua utilização com esse viés ou com essas distorções. Tanto é que eu reputo, e começamos inclusive esse julgamento, que estabeleçamos regras sobre essas questões. Vejam vocês que a própria ideia de fraude nas urnas eletrônicas é notoriamente uma fake news. Mas, a rigor, ela tinha uma intencionalidade, que era justificar uma eventual intervenção na eventualidade de Bolsonaro perder as eleições. Quando a gente fala da família Bolsonaro, a gente fala de uma empresa eleitoral: Bolsonaro pai, Bolsonaro filhos, mulher ou ex-mulher, e todos albergados em cargos públicos, tendo êxito na eleição. Nesse caso, eles ganharam eleição e nunca houve fraude. Então por que fraude agora? O próprio pedido que o partido dele fez foi para anular as eleições do Executivo, mas não do Legislativo. Aqui já estava uma fake news, como também a fake news que alimentou aquela ocupação das pessoas dos quartéis.

O próprio episódio do 8 de janeiro tem a ver um pouco com isto. Eles anunciam que fariam um encontro, uma festa da Selma, e, por acaso, esse nome, não sei é coincidência ou não, é o da esposa daquele ex-comandante da Marinha, o (Almir) Garnier, que ficou a favor. Portanto, sem as redes, obviamente que isto não teria tido essa viralidade, esta intensidade. E, claro, apostava-se que numa crise de segurança pública, que levaria à GLO (Garantia de Lei e da Ordem) que poderia levar à intervenção militar. Então, temos que discutir essa questão, que é fundamental. Tem que ter controle sobre as redes sociais.

Como vê a decisão da Meta, dona do Instagram, do Facebook e do WhatsApp, de acabar com o sistema de checagem?

Acredito que a inteligência, o núcleo básico representativo do Congresso sabe da responsabilidade política e social com que o Supremo decide e confia na atuação do tribunal na aplicação da Constituição.

Certamente, a partir do julgamento que o Supremo emitirá na questão do marco civil da internet, haverá imposições e regras sobre isto. E, obviamente, as empresas que estiverem prestando serviços no Brasil observarão a legislação brasileira.

O Congresso está cada vez mais conservador e caminhando muito para a extrema-direita. Existe a possibilidade de se aprovar o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal?

Não vejo. Acho que isso faz parte mais de uma toada de oposição diante do papel que o tribunal vem desempenhando. Primeiro, não haveria motivo para isso. Aqui ou acolá, aponta-se um fato atribuído a um ministro, mas, normalmente, as decisões têm sido chanceladas colegiadamente. Então, não vejo essa possibilidade. E, ao contrário do que se diz, o tribunal goza de grande legitimidade no geral perante a sociedade e perante o próprio Congresso Nacional. Acredito que a inteligência, o núcleo básico representativo do Congresso sabe da responsabilidade política e social com que o Supremo decide e confia na atuação do tribunal na aplicação da Constituição.


Qual é a contribuição que o Judiciário pode dar para o ajuste fiscal diante dessa questão dos supersalários? Há juízes ganhando R$ 400 mil, R$ 1 milhão num mês.

Esta é uma questão que precisa ser discutida, e o Congresso vinha tentando resolver. Até era uma iniciativa do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, via a criação de um modelo de gratificação para o Judiciário. Você vai se lembrar que a reforma administrativa, lá atrás, ainda no governo Fernando Henrique, encerrou com a ideia dos salários mais gratificações, criando a ideia de subsídios. Em relação aos juízes, suprimiu-se a chamada ATS, gratificação por tempo de serviço. Hoje se diz que os salários ficaram defasados e aí começam aquilo que se chama de penduricalhos, o fenômeno mais estadual do que federal, e é preciso prestar atenção a essa questão.

No CNJ (Conselho Nacional de Justiça), me parece que, em algum momento, os presidentes que por lá passaram, avaliaram que era preciso buscar, esperar para reagir a isso com uma solução legislativa constitucional, que até agora não veio por conta da possibilidade de ser algo muito abrangente. Será para juízes e promotores. Mas por que não para delegados? Aí isto vira de novo uma crise fiscal embutida. É uma construção difícil, mas eu acho que é um tema que nós vamos ter que discutir. E, nos últimos tempos, acho que o próprio corregedor atual do CNJ, o ministro Mauro (Campbell), tem tomado medidas contra esses abusos.

São aprendizados institucionais que nós temos de levar em conta. No passado, pré-1988, o Judiciário não tinha autonomia administrativa e financeira. E, por isso, ficava muito dependente do Executivo. Veio a concepção da autonomia administrativa e financeira e, talvez, agora, estejamos vivendo um quadro de usos e abusos. Isso não ocorre em relação ao Supremo Tribunal Federal, normalmente, não ocorre em relação ao Judiciário federal, mas tem se materializado de forma muito forte no judiciário estadual. Aqui também a gente pode fazer uma leitura política, que é a relação que às vezes se desenvolve entre o Judiciário local e os poderes Executivo e Legislativo locais.


Este ano terá o julgamento do ex-presidente Bolsonaro?

Vamos aguardar. Estamos muito próximos de iniciar o semestre do judiciário. E dependemos da denúncia que vem da Procuradoria-Geral da República.

O filme Ainda Estou Aqui levantou a questão sobre crimes cometidos durante o regime militar, se são imprescritíveis ou não. Existe a possibilidade desses crimes serem julgados?

Tem um processo aberto no Supremo Tribunal Federal a propósito desse assunto, especialmente, no caso de pessoas que desapareceram. De fato, não há como falar segundo determinados argumentos em prescritibilidade. Esse assunto tem provocado até um foco de tensão, às vezes, entre o Brasil e a corte interamericana. Então, esse tema pode voltar a ser examinado. Acho que há alguns processos em aberto. Recentemente, salvo engano, vi um despacho do ministro Flávio Dino a propósito dessa temática.


Como vê movimento das big techs? Elas ficaram mais poderosas com Trump. Estamos vendo Elon Musk interferindo até nas eleições da Alemanha. Como controlar essas empresas?

Acho que isto é um grande desafio, porque a gente vive um modelo de monopólio ou de oligopólio, com imensas dificuldades de regulação, porque, com sedes, às vezes, no seu país de origem, elas prestam serviços mundo afora, portanto, com um poder extraterritorial enorme. O Estado como nós o conhecemos ou conhecíamos era baseado no poder territorial. Hoje, temos imensas dificuldades, mas há respostas que podem ser efetivas. Nós vimos um embate entre Elon Musk e o Supremo Tribunal Federal, em que, num dado momento, ele anunciou que não iria mais cumprir decisões do STF. E retirou os seus funcionários do Brasil. Não obstante, teve que cumprir a decisão, à medida que teve os serviços suspensos e a aplicação de multas. Então, me parece que temos que lidar com esse desafio. Infelizmente, no Brasil, em razão também de dificuldades políticas, nós não conseguimos aprovar uma lei de regulação. Houve um projeto no Senado, mas ele não logrou aprovação até agora na Câmara dos Deputados. Por isso, de novo, vamos ter algum tipo de pronunciamento do STF, talvez ainda no primeiro semestre.

Fonte: DCM com entrevista no site Público, de Portugal

Gentili detona Bolsonaro: “Você é um verme, um engodo, um covarde”

 

Jair Bolsonaro e Danilo Gentili: humorista atacou o ex-presidente nas redes sociais – Foto: Reprodução

No sábado (1º), Danilo Gentili usou seu perfil no X para criticar recentes declarações de Jair Bolsonaro (PL). Na ocasião, o humorista chamou o ex-mandatário de “verme”, “engodo” e “covarde”. As declarações foram feitas em resposta a um vídeo no qual o ex-presidente afirmou que, se tiver metade do apoio da Câmara dos Deputados e do Senado em um eventual segundo mandato, “moverá” o Brasil.

Gentili relembrou promessas não cumpridas do ex-presidente, como acabar com o “toma lá da cá” e com o Centrão, além de afirmar ter encerrado a Lava Jato e depois se aliar ao próprio Centrão.

“Você já disse também ‘eu vou acabar com o toma lá da cá’ e ‘eu vou acabar com o Centrão’. Pouco tempo depois, você disse ‘eu acabei com a Lava Jato’ e ‘eu sou do Centrão’. O que você fala não vale nada”, escreveu Gentili.

Bolsonaro, mesmo inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desde junho de 2023, tem manifestado interesse em concorrer à presidência em 2026.

Gentili, que já apoiou o ex-presidente no passado, tem se tornado um crítico frequente de Bolsonaro e é um nome especulado para lançar-se candidato, com possível apoio do MBL, na próxima sucessão presidencial.

Fonte: DCM

“Quem me conhece, sabe”: rival de Fernanda Torres pede desculpas por falas preconceituosas

 

Karla Sofía Gascón em “Emilia Pérez” – Foto: Reprodução
A atriz espanhola Karla Sofía Gascón se pronunciou após a repercussão de publicações antigas suas no Twitter, consideradas preconceituosas. Em trechos que viralizaram, ela ataca o islã, ironiza as políticas de diversidade do Oscar e questiona a morte de George Floyd, assassinado pela polícia nos EUA. Um comentário sobre a aparência da cantora Adele após emagrecer também gerou críticas.

Karla Sofía Gascón ataca muçulmanos: “Asco da humanidade” – Foto: Reprodução
Gascón ataca George Floyd, assassinado pela polícia: “Drogado vigarista” – Foto: Reprodução

Diante da polêmica, Gascón, protagonista de “Emilia Pérez”, usou o Instagram para pedir desculpas e reconhecer erros na forma como se expressa. “Tenho muito a aprender neste mundo, e a maneira como me comunico é meu principal defeito. A vida me ensinou que, se não usar as palavras corretas, sua mensagem pode ser interpretada de outra forma”, afirmou.

A atriz destacou que sua visibilidade cresceu rapidamente e que sua responsabilidade agora é maior. “Fui de uma vida normal para um auge profissional em apenas seis meses. Minha voz não pertence apenas a mim, mas a muitas pessoas que se sentem representadas e esperançosas comigo”, declarou.

Ela também afirmou que os comentários, segundo ela, “tirados de contexto”, prejudicaram sua imagem. “Não posso reparar meus erros do passado, mas não sou a mesma pessoa de dez ou 20 anos atrás. Qualquer um que me conheça sabe que não sou racista. Uma das pessoas mais importantes na minha vida hoje é muçulmana. Jamais apoiarei guerras, extremismo religioso ou a opressão de povos”, escreveu.

Após o ocorrido, Karla Sofía desativou sua conta no X, antigo Twitter, e disse que a decisão foi tomada para proteger sua família.

Fonte: DCM

VÍDEO: Anitta perde a paciência durante show e joga microfones no chão

 

Anitta jogando microfones. Foto: Divulgação

Anitta demonstrou irritação durante o ‘Ensaios da Anitta’ em Belo Horizonte (MG), neste sábado (1), por conta de falhas repetidas nos microfones. A cantora, famosa por sua energia no palco, tentava seguir com a performance, mas os microfones não funcionavam adequadamente, o que causou uma reação de frustração evidente.

Em um vídeo que circula nas redes sociais, Anitta aparece jogando ao chão pelo menos dois microfones que estavam falhando. A atitude foi registrada pelos fãs e rapidamente se espalhou pela internet, gerando discussões entre os seguidores sobre a situação.

Durante a apresentação, a artista tentou seguir sua performance, mas os problemas com os microfones não cessavam. Visivelmente irritada com a situação, Anitta arremessou os dispositivos no palco, não conseguindo mais esconder sua chateação. Apesar do incidente, a cantora continuou a se apresentar.

Confira o vídeo:

Fonte: DCM

Lula lamenta a morte de bispa da Assembleia de Deus Keila Ferreira

A bispa Keila Ferreira morreu no sábado, por volta das 12h

O bispo Samuel Ferreira e sua mulher Keila (Foto: Reprodução)

A bispa Keila Ferreira morreu no sábado (1º), após sofrer um “mal súbito” por volta das 12h. Apesar dos esforços médicos, seu falecimento foi confirmado no final da tarde. Ela era esposa do bispo Samuel Ferreira, líder da Igreja Evangélica Assembleia de Deus do Brás, ligada ao Ministério de Madureira, em São Paulo.

Em comunicado oficial, o presidente Lula lamentou sua morte:

"Com profundo pesar que recebi a notícia do falecimento da bispa Keila Ferreira, uma das principais lideranças da Assembleia de Deus do Brás. Esposa do bispo Samuel Ferreira, sua partida precoce é sentida não apenas pela família, mas por toda a comunidade, a que tanto se dedicou. Importante liderança das mulheres, a bispa Keila era uma referência de fé inabalável e amor genuíno ao próximo. Sua vida foi marcada pelo compromisso incansável em servir, inspirando muitos com seu exemplo e ensinamentos. Neste momento tão doloroso, elevo minhas orações a Deus, pedindo que Ele proporcione conforto, força e consolo à família Ferreira, à Igreja e a todos os amigos que estão sofrendo com essa perda inesperada. Que a memória da bispa Keila seja um exemplo vivo para todos".

Luiz Inácio Lula da Silva

Presidente da República Federativa do Brasil

Fonte: Brasil 247

“BYD venceu a guerra dos carros elétricos e as tarifas são ruins para os Estados Unidos”, diz Richard Wolff

Em análise no YouTube, economista detalha a queda acelerada do império americano

     BYD (Foto: Reuters)

Em uma análise contundente publicada em seu canal no YouTube, o economista Richard Wolff abordou o declínio acelerado dos Estados Unidos como potência global e criticou as políticas tarifárias do país, especialmente as que afetam a indústria de carros elétricos. Segundo Wolff, a empresa chinesa BYD venceu a competição global por veículos elétricos, mas os EUA, ao impor tarifas de 100% sobre esses produtos, estão prejudicando sua própria economia.

“A BYD venceu a guerra dos carros elétricos. Eles produzem os melhores veículos elétricos do mundo, com a melhor qualidade e os preços mais baixos. Mas os americanos não veem esses carros nas ruas porque o governo impôs uma tarifa de 100% sobre eles”, explicou Wolff. “Isso significa que, se um caminhão elétrico da BYD custa US$ 30 mil, um americano teria que pagar US$ 60 mil. Enquanto isso, empresas como Ford e General Motors vendem veículos elétricos inferiores por US$ 40 ou 50 mil.”

Wolff destacou que essa política protecionista beneficia apenas as montadoras americanas, mas prejudica outros setores da economia dos EUA. “Se você é um produtor de camisas, cadeiras ou software, precisa de veículos elétricos para transportar seus produtos. Enquanto seus concorrentes na Europa, Ásia ou América do Sul compram veículos da BYD por US$ 30 mil, você tem que pagar US$ 40 ou 50 mil para a Ford. Isso torna sua empresa menos competitiva, e você acaba demitindo trabalhadores”, afirmou.

⊛ O declínio do império americano

Wolff não se limitou a criticar as tarifas. Ele traçou um panorama amplo do que chamou de “declínio do império americano”. Segundo o economista, os EUA estão perdendo influência global para blocos como os BRICS, que reúnem países como China, Índia, Rússia e Brasil. “Os BRICS representam de 55% a 60% da população mundial e cerca de 35% da produção global. Enquanto isso, os EUA e seus aliados do G7 respondem por apenas 28% da produção mundial”, disse.

Ele também citou a recente adesão da Indonésia aos BRICS como um sinal dessa mudança. “A Indonésia tem 280 milhões de habitantes, quase o tamanho dos EUA, que têm 330 milhões. Quando um país desse tamanho se junta aos BRICS, é um sinal claro de que o mundo está se reorganizando, e os EUA não estão mais no centro.”

⊛ Guerras perdidas e dívidas crescentes

Wolff lembrou que os EUA têm uma história recente de derrotas militares e estratégicas. “Perdemos no Vietnã, no Afeganistão, no Iraque e estamos perdendo na Ucrânia. Enquanto isso, nossa dívida pública ultrapassa US$ 30 trilhões, e nossos maiores credores são Japão e China. Isso significa que parte dos impostos que os americanos pagam vai para a China, que usa esse dinheiro para fortalecer seu exército”, explicou.

O economista também criticou a política de sanções contra a Rússia, que, segundo ele, fracassou. “A ideia era reduzir o rublo a ‘escombros’, mas a economia russa cresceu mais do que a americana nos últimos dois anos. A Rússia simplesmente vendeu seu petróleo e gás para China e Índia, e as sanções não funcionaram.”

⊛ O papel da China e o futuro incerto

Wolff destacou o papel central da China na nova ordem global. “A China é a economia que mais cresce no mundo. Todas as grandes empresas de tecnologia dos EUA têm equivalentes na China. Eles estão construindo ferrovias na África, liderando a produção de carros elétricos e dominando setores estratégicos”, afirmou.

Ele também criticou a falta de preparo dos EUA para lidar com essa realidade. “Estamos em negação. Nossos líderes não conseguem admitir que o império está em declínio. Em vez de enfrentar os problemas, eles preferem culpar os outros e proteger os interesses das grandes corporações.”

⊛ O que vem pela frente?

Para Wolff, o futuro dos EUA dependerá de dois fatores principais: as ações de outros países, como China, Índia e Brasil, e a capacidade dos americanos de se organizarem para enfrentar os desafios. “A classe trabalhadora está sendo espremida há décadas, mas há sinais de que as pessoas estão acordando. Greves na Starbucks, na Amazon e em outras empresas mostram que o movimento trabalhista está renascendo”, disse.

Ele concluiu com uma mensagem de esperança: “Este é um momento histórico. O império está em declínio, mas isso pode ser uma oportunidade para construirmos algo melhor. Depende de nós.”

A análise de Richard Wolff, disponível em seu canal no YouTube, oferece uma visão crítica e detalhada dos desafios enfrentados pelos EUA em um mundo em transformação. Seu alerta sobre as tarifas e o declínio do império americano ressoa como um chamado para que o país enfrente sua realidade e busque soluções coletivas. 

Assista:
Fonte: Brasil 247

Morre aos 86 anos o ex-governador de Minas Gerais Newton Cardoso

Causa da morte foi uma múltipla falência de órgãos

Newton Cardoso (Foto: Arquivo pessoal)

O ex-governador de Minas Gerais Newton Cardoso (MDB) morreu na madrugada deste domingo (2), em Belo Horizonte, aos 86 anos.

Seu filho, o deputado federal Newton Cardoso Júnior (MDB), informou ao portal g1 que o ex-governador estava internado há alguns dias no Hospital Orizonti, no bairro Mangabeiras, Região Centro-Sul da capital mineira. A causa da morte foi uma múltipla falência de órgãos.

O velório será realizado nesta segunda-feira (3), às 10h, no Palácio da Liberdade, com honrarias em reconhecimento à trajetória política de Cardoso. Após a cerimônia, o corpo será cremado em uma cerimônia restrita à família.

Em uma rede social, Newton Cardoso Júnior lamentou a perda do pai: “Com profunda tristeza e uma imensa dor no coração, comunico o falecimento do meu querido Pai, Newton Cardoso, que nos deixou nesta madrugada do dia 02/02/2025, aos 86 anos. Fundador do MDB, foi Governador de Minas Gerais, Vice-Governador, Prefeito de sua querida Contagem por três mandatos, Deputado Federal por três mandatos.”

fonte: Brasil 247 com informações do G1

China condena tarifas dos EUA e promete retaliação na OMC

Medida dos Estados Unidos viola regras da OMC e pode prejudicar cooperação internacional no combate ao tráfico de drogas, alerta governo chinês

Donald Trump, dos Estados Unidos, e Xi Jiping, da China (Foto: REUTERS / KEVIN LAMARQUE)

O governo da China manifestou dura oposição à decisão dos Estados Unidos de impor tarifas adicionais sobre produtos chineses. Em declaração oficial divulgada no domingo, o Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que o país “condena firmemente” a medida e adotará contramedidas necessárias para defender seus direitos e interesses. As informações são do Global Times.

“A posição da China é firme e consistente. Guerras comerciais e tarifárias não têm vencedores. O aumento unilateral de tarifas pelos EUA viola gravemente as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), não resolve os problemas internos dos Estados Unidos e, mais importante, não beneficia nenhuma das partes, muito menos o mundo”, destacou o ministério.

Além das críticas à política tarifária, a China destacou o impacto negativo da decisão na cooperação internacional, especialmente no combate ao tráfico de drogas. O governo chinês ressaltou que possui uma das políticas mais rigorosas de controle de entorpecentes do mundo e que a crise do fentanil é um problema interno dos EUA.

“Em um espírito humanitário, a China apoiou os esforços dos EUA para enfrentar a crise do fentanil. A pedido dos Estados Unidos, fomos o primeiro país a listar oficialmente toda a classe de substâncias relacionadas ao fentanil em 2019. A cooperação antidrogas entre os dois países gerou resultados notáveis, amplamente reconhecidos internacionalmente”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores.

O ministério enfatizou que os Estados Unidos deveriam lidar com sua crise de fentanil de forma objetiva e racional, em vez de utilizar tarifas como forma de pressionar outras nações. Segundo o governo chinês, medidas tarifárias adicionais prejudicam a cooperação no combate às drogas e minam a confiança entre os dois países.

O presidente dos EUA, Donald Trump, assinou no sábado uma ordem executiva impondo uma tarifa de 10% sobre produtos importados da China, além de tarifas de 25% sobre bens provenientes do México e do Canadá.

Em resposta, o Ministério do Comércio da China (MOFCOM) anunciou que o país entrará com uma ação na OMC contra as práticas dos Estados Unidos e tomará contramedidas correspondentes para proteger seus direitos e interesses. “A China está profundamente insatisfeita e se opõe firmemente às tarifas impostas pelos EUA sobre produtos chineses”, declarou o MOFCOM.

O ministério destacou que a imposição unilateral de tarifas pelos Estados Unidos não contribui para a resolução de seus próprios problemas, além de prejudicar a cooperação econômica e comercial normal entre os dois países. “Esperamos que os EUA encarem e resolvam suas questões internas de forma objetiva e racional, em vez de usar tarifas como medida coercitiva contra outras nações”, acrescentou o MOFCOM.

O Conselho Chinês para a Promoção do Comércio Internacional (CCPIT) também manifestou “profundo pesar e forte oposição” à decisão dos EUA. Em comunicado divulgado no domingo à noite, a entidade afirmou que o aumento unilateral de tarifas viola gravemente as regras da OMC, transfere os custos para empresas e consumidores norte-americanos e compromete a estabilidade da cadeia global de suprimentos.

“Não há vencedores em guerras comerciais e tarifárias. Apelamos para que os Estados Unidos cessem suas ações equivocadas e colaborem com outras nações para promover a estabilidade econômica global e o crescimento, injetando energia positiva no desenvolvimento da economia mundial”, concluiu o CCPIT.

Fonte: Brasil 247 com informações do Global Times

Elon Musk obtém acesso ao sistema de pagamentos do Tesouro dos EUA

Decisão levanta preocupações sobre conflitos de interesse e segurança de dados

Elon Musk participa da cerimônia de posse de Trump 20/01/2025 (Foto: Chip Somodevilla/Pool via REUTERS)

Reuters – O bilionário Elon Musk e sua equipe do recém-criado Departamento de Eficiência Governamental receberam acesso ao sistema de pagamentos do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, informou o New York Times neste sábado (1º).

A medida põe fim a um impasse que durava dias e suscita críticas sobre os riscos de interferência política e conflitos de interesse, dado o envolvimento de Musk em empresas que mantêm contratos com o governo.

Musk, que também é CEO da SpaceX e presidente do Departamento de Eficiência Governamental — uma unidade criada por ordem do presidente Donald Trump e que opera a partir da Casa Branca —, foi incumbido de identificar fraudes e desperdícios nos gastos públicos.

Para cumprir essa tarefa, ele buscava acesso ao sistema que administra a distribuição de fundos federais, incluindo pagamentos da Seguridade Social, reembolsos de impostos e contratos governamentais.

O acesso havia sido inicialmente negado por David Lebryk, um veterano do Tesouro, que acabou sendo afastado do cargo e, posteriormente, aposentado.

A decisão final coube ao secretário do Tesouro, Scott Bessent, que autorizou o acesso da equipe de Musk na sexta-feira, segundo o New York Times.

O sistema gerencia mais de US$ 6 trilhões em pagamentos anuais e contém informações pessoais de milhões de cidadãos americanos.

A autorização para que o Departamento de Eficiência Governamental tenha acesso irrestrito aos dados gerou reações imediatas.

O senador democrata Ron Wyden, membro sênior da Comissão de Finanças do Senado, confirmou a concessão do acesso em uma publicação na rede social Bluesky:

“Fontes informaram ao meu gabinete que o secretário do Tesouro, Bessent, concedeu ao DOGE (Departamento de Eficiência Governamental) acesso total ao sistema. Benefícios da Seguridade Social e do Medicare, subsídios, pagamentos a contratantes do governo — incluindo aqueles que competem diretamente com as empresas de Musk. Tudo isso está agora ao alcance da equipe dele,” declarou Wyden.

Em carta enviada a Bessent na sexta-feira, Wyden expressou preocupação com o que classificou como “interferência política motivada”, alertando que isso poderia causar “danos severos ao país e à economia”.

Musk, por sua vez, fez uma postagem na rede X no sábado, alegando, sem apresentar provas, que autoridades do Tesouro haviam sido instruídas a aprovar pagamentos para “grupos fraudulentos ou terroristas conhecidos”.

A polêmica em torno da decisão envolve não apenas o potencial de uso político do sistema de pagamentos, mas também o risco de vazamento de dados sensíveis e o conflito de interesses, uma vez que Musk lidera empresas que mantêm contratos bilionários com o governo federal.

O Departamento de Eficiência Governamental, embora atue com prerrogativas de um órgão oficial, não é uma agência federal formal, o que agrava as preocupações sobre transparência e fiscalização.

Fonte: Brasil 247 com Reuters

China, Canadá e México anunciam retaliações a tarifas de Trump

Guerra comercial de Trump contra seus três principais parceiros comerciais promete se intensificar

Presidente dos EUA, Donald Trump - 30/01/2025 (Foto: REUTERS/Elizabeth Frantz)

Canadá, México e China anunciaram que adotarão medidas de retaliação em resposta às tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que assinou neste sábado (1) um decreto estabelecendo taxas de 25% sobre produtos de seus vizinhos e de 10% sobre todas as importações chinesas.

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, disse em coletiva de imprensa que Ottawa irá impor tarifas de importação de 25% sobre produtos dos EUA em resposta às ações de Washington.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse em postagem na rede social X que instruiu seu ministro da Economia a aplicar "medidas tarifárias e não tarifárias" para proteger os interesses do país.

A China entrará com uma ação na Organização Mundial do Comércio (OMC) em resposta às tarifas dos EUA e adotará contramedidas apropriadas, afirmou o Ministério do Comércio da China em comunicado.

A guerra comercial de Trump promete se intensificar. Isto porque o novo decreto inclui a opção de aumentar as tarifas caso algum país adote medidas de retaliação contra Washington, de acordo com a CNN.

Os três países são os três principais parceiros comerciais dos EUA. A Casa Branca havia descartado a possibilidade de uma guerra comercial, enquanto a medida vem gerando ampla oposição tanto no âmbito doméstico quanto internacional. 

Fonte: Brasil 247 com informações da Sputnik

Brasileiro deportado que chegou no Brasil algemado juntou R$ 170 mil e quase morreu para entrar nos EUA

O mineiro decidiu tentar a imigração ilegal após ver relatos de brasileiros que, segundo ele, estavam conseguindo prosperar nos EUA

Brasileiro deportado (Foto: Reprodução)

 Carlos Vinicius de Jesus, de 29 anos, viu seu sonho de uma vida melhor nos Estados Unidos se transformar em um pesadelo. O brasileiro, que trabalhava como frentista em Vespasiano (MG), vendeu a casa e a moto para financiar a travessia ilegal para o país norte-americano. A jornada terminou em prisão e deportação. A história foi relatada pelo UOL.

O mineiro decidiu tentar a imigração ilegal após ver relatos de brasileiros que, segundo ele, estavam conseguindo prosperar nos EUA. "Separei tudo que tinha juntado, vendi minha casa, minha moto e tudo o que eu tinha", contou. Com cerca de R$ 170 mil, iniciou o trajeto em maio de 2023. Do Brasil, seguiu para o Panamá e depois para a Guatemala, onde embarcou em um barco clandestino com mais 12 pessoas rumo ao México.

A travessia foi marcada pelo medo. "Eu não sei nadar, a maioria do meu dinheiro já tinha acabado, fiquei com medo do barco virar na água e morrer todo mundo", relembrou. Já em território mexicano, precisou fugir da polícia e passou dias escondido antes de seguir para Tijuana, na fronteira com os EUA.

Carlos conseguiu atravessar o muro que separa os dois países, mas foi capturado pouco depois. "A intenção era pegar um táxi e ir para outro local, mas um carro parou e disse que se a gente não fosse até o posto de imigração tomaríamos um tiro", relatou. Ele foi preso pela patrulha migratória e levado para uma instalação conhecida como "geleira", onde imigrantes são mantidos sob baixíssimas temperaturas. "Só me deram um plástico prateado, como se fosse uma manta térmica, burrito e água".

O brasileiro passou oito meses detido na Califórnia enquanto aguardava uma resposta sobre o pedido de asilo. Sem perspectiva de conseguir permanecer no país, optou pela deportação. "Eu já não aguentava mais ficar naquela prisão. Queria voltar para o meu país".

O voo de retorno foi mais uma experiência traumática. Algemado por três dias, Carlos relatou problemas técnicos na aeronave e maus-tratos durante o trajeto. "Desde que o avião decolou, a gente sabia que tinha algo errado. A turbina estava saindo fumaça, não tinha comida, só água. Eles não queriam deixar as pessoas usarem o banheiro e nem tomar as medicações com hora marcada. Os idosos começaram a passar mal e desmaiar".

Após um pouso de emergência em Manaus, o governo brasileiro enviou uma aeronave da FAB para concluir o trajeto até Belo Horizonte. No Brasil, Carlos tenta reconstruir a vida e faz um alerta a quem deseja tentar a mesma travessia. "Estou aceitando qualquer trabalho porque tenho que sustentar os meus dois filhos. Mas se tem algo que quero fazer é ajudar as pessoas a não fazerem o que fiz. Eu quase morri naquele país. Mas eu sou trabalhador, não sou criminoso, só queria dar uma vida melhor para os meus filhos. Como deu errado, a gente volta e recomeça aqui mesmo".

Fonte: Brasil 247 com informações do UOL

China critica tarifas de Trump e diz que 'fentanil é problema dos EUA'

Governo chinês denuncia nova tarifa de 10% sobre importações e promete recorrer à OMC

China e EUA podem ter uma relação madura e estável (Foto: Global Times )

Reuters – O governo da China condenou neste domingo a decisão da administração Trump de impor uma tarifa de 10% sobre produtos chineses, medida que entrará em vigor na próxima terça-feira. O Ministério das Finanças e o Ministério do Comércio da China anunciaram que irão contestar a tarifa junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) e adotar "contramedidas" ainda não especificadas.

O anúncio chinês ocorre após o presidente Donald Trump ordenar tarifas de 25% sobre importações do Canadá e do México e de 10% sobre mercadorias chinesas, justificando a medida como uma forma de pressionar Pequim a conter o fluxo de fentanil para os Estados Unidos.

Em resposta, o Ministério do Comércio da China afirmou que a decisão de Trump "viola gravemente as regras do comércio internacional" e pediu aos EUA que "engajem em um diálogo franco e fortaleçam a cooperação".

Embora tenha prometido ações na OMC, a postura chinesa foi menos agressiva do que em confrontos anteriores da guerra comercial com Trump.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, reiterou que "não há vencedores em uma guerra comercial", reforçando o tom diplomático adotado nas últimas semanas.

No entanto, o ponto mais contundente da resposta de Pequim foi a rejeição das acusações de Trump sobre o fentanil.

"O fentanil é um problema dos Estados Unidos", declarou o Ministério das Relações Exteriores da China. "O lado chinês tem realizado uma ampla cooperação antidrogas com os Estados Unidos e alcançado resultados notáveis."

O governo Biden também havia pressionado a China a coibir o envio de precursores químicos usados na produção do opioide sintético, mas Pequim argumenta que o problema é interno aos EUA.

O fentanil tem sido responsável por uma grave crise de overdose no país, com milhares de mortes anuais, especialmente entre jovens.

Especialistas avaliam que o impacto da nova tarifa será significativo para setores estratégicos da economia chinesa, mas Pequim parece disposta a manter o canal de diálogo aberto para evitar uma escalada no conflito comercial.

Fonte: Brasil 247 com informações da agência Reuters