Entenda as etapas, a troca de reféns e prisioneiros, além do papel dos mediadores internacionais no processo
Israelenses cobravam a libertação dos reféns (Foto: Reuters)
Reuters – Uma trégua de seis semanas entrou em vigor em Gaza, após 15 meses de um conflito que deixou dezenas de milhares de palestinos mortos e acirrou ainda mais as tensões no Oriente Médio. O acordo prevê, entre outros pontos, a liberação de reféns e o retorno de pessoas deslocadas, bem como a retirada gradual das tropas israelenses de áreas-chave do território palestino.
O início do cessar-fogo enfrentou um atraso de quase três horas devido ao pedido do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, para que o Hamas apresentasse uma lista dos reféns a serem soltos no dia. Segundo uma autoridade israelense, posteriormente a lista foi entregue.
Pontos principais do acordo de cessar-fogo
- Fase inicial de seis semanasO acordo prevê uma trégua de seis semanas, período em que as tropas israelenses farão uma retirada progressiva das áreas centrais de Gaza. Paralelamente, palestinos que haviam deixado suas casas poderão retornar ao norte da Faixa.
- Entrada de ajuda humanitáriaDurante o cessar-fogo, 600 caminhões de ajuda humanitária deverão entrar diariamente em Gaza, sendo 50 especificamente destinados a transportar combustível. Desses, 300 caminhões devem se dirigir ao norte do território, onde a situação civil é mais crítica.
- Liberação de reféns e prisioneirosO Hamas se comprometeu a libertar 33 reféns israelenses, incluindo todas as mulheres (tanto militares quanto civis), crianças e homens acima de 50 anos. A liberação acontecerá gradualmente, começando com as mulheres e menores de 19 anos, seguidos pelos homens mais velhos. Em contrapartida, Israel deverá soltar 30 prisioneiros palestinos para cada refém civil israelense e 50 para cada refém mulher militar israelense.
- Papel do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV)O Hamas informará ao CICV o ponto de encontro dentro de Gaza, onde os reféns serão entregues. Caberá à organização conduzir a operação de coleta e transporte das pessoas libertadas.
- Liberação de mulheres e crianças palestinasPelo acordo, Israel se compromete a soltar todas as mulheres palestinas e menores de 19 anos que tenham sido detidos desde 7 de outubro de 2023 ao final da primeira fase. Dependendo do número de reféns israelenses soltos, o total de prisioneiros palestinos liberados pode variar entre 990 e 1.650 pessoas, incluindo homens, mulheres e crianças.
- Calendário de libertaçõesAs libertações de reféns por parte do Hamas ocorrerão ao longo de seis semanas, com pelo menos três indivíduos soltos a cada semana. Todos os reféns vivos devem ser liberados inicialmente, seguidos pelos corpos de eventuais mortos.
- Garantia internacionalCatar, Egito e Estados Unidos atuam como garantidores do processo de implementação do acordo, acompanhando e mediando eventuais disputas ou descumprimentos.
- Próximas fasesUma segunda etapa das negociações deve começar a partir do 16º dia da primeira fase, com o objetivo de libertar todos os demais reféns, incluindo os soldados israelenses do gênero masculino, além de buscar um cessar-fogo permanente e a retirada completa de tropas de Israel. Já a terceira fase do entendimento prevê a devolução de corpos restantes e o início da reconstrução de Gaza, supervisionada por Egito, Catar e Organização das Nações Unidas (ONU).
Enquanto o processo avança, a atenção internacional permanece voltada para a efetiva aplicação dos termos do acordo e para o alívio das condições humanitárias na região. Especialistas também acompanham o desenrolar político das negociações e a possibilidade de um desfecho que leve a soluções de paz mais duradouras no Oriente Médio.
Fonte: Brasil 247