domingo, 5 de janeiro de 2025

Reforma trabalhista de Milei propõe jornada de 12 horas e pagamento parcial em cupons

Governo Milei ameaça direitos trabalhistas e propõe flexibilização de férias, renúncia a convenções coletivas e indenizações parceladas em até 12 vezes

O presidente da Argentina, Javier Milei, participa da Cúpula do Mercosul em Montevidéu, Uruguai - 06/12/2024 (Foto: Mariana Greif/Reuters)

O governo do presidente Javier Milei, da Argentina, prepara uma ampla reforma na Lei de Contrato de Trabalho, com alterações significativas nos direitos e benefícios laborais. Segundo informações do portal 11Noticias, o projeto, batizado de Lei de Promoção de Investimentos e Emprego, deve ser apresentado ainda no início do ano legislativo de 2025, em março.

A proposta, liderada por parlamentares como Romina Diez, José Luis Espert e Gabriel Bornoroni, combina benefícios fiscais para empresas com mudanças profundas na regulamentação trabalhista. Entre as medidas, estão a possibilidade de jornadas de trabalho de até 12 horas sem pagamento de horas extras, flexibilização das férias e a introdução de cupons como forma de pagamento parcial do salário — prática que remete aos anos 1990 e é amplamente criticada por não ser considerada remuneração oficial.

◉ Principais mudanças propostas - Entre as alterações mais polêmicas está a permissão para que parte do salário seja paga por meio de vales ou cupons, que só poderão ser utilizados em estabelecimentos específicos. Essa forma de pagamento não contará como remuneração oficial, o que significa que não será incluída no cálculo de bônus, 13º salário ou indenizações em casos de demissão.

Outro ponto controverso é a flexibilização no pagamento de indenizações, que poderá ser parcelado em até 12 vezes, medida que impacta principalmente pequenas e médias empresas (PMEs). Além disso, o projeto propõe o pagamento de salários por meio de contas não bancárias, como carteiras digitais, o que promete desburocratizar o processo, mas levanta preocupações sobre a segurança financeira dos trabalhadores.

◉ Férias e convenções coletivas sob ameaça - A proposta também afeta a concessão de férias, permitindo que sejam divididas em semanas individuais e distribuídas ao longo do ano, desde que haja acordo entre empregador e empregado. Outra modificação relevante é a possibilidade de os trabalhadores renunciarem a convenções coletivas, tornando-se responsáveis por negociar diretamente com as empresas. Essa medida é criticada por enfraquecer a proteção sindical e reduzir o poder de barganha dos empregados.

◉ Reações e próximos passos - A Confederação Geral do Trabalho (CGT), principal entidade sindical da Argentina, ainda avalia a proposta. Embora a CGT tenha demonstrado disposição para dialogar, líderes sindicais em diversas regiões do país já expressaram preocupação com o impacto dessas medidas nos direitos trabalhistas. Críticos apontam que a reforma enfraquece a proteção ao trabalhador em nome de uma agenda liberal, que foi uma das principais promessas de campanha de Milei.

Fonte: Brasil 247 com informações do portal 11Notícias

Rússia e China estão no centro das mudanças globais, diz José Dirceu

Na entrevista, José Dirceu ressaltou que os dois países representam um caminho alternativo ao neoliberalismo financeiro

(Foto: Lula Marques)

Em entrevista concedida ao jornalista Breno Altman, editor do Opera Mundi, o ex-ministro José Dirceu analisou a crescente influência de Moscou e Pequim no panorama internacional. O diálogo, registrado no canal de entrevistas Opera Mundi no YouTube, jogou luz sobre as transformações em curso e o impacto desses países no equilíbrio de forças globais. Para Dirceu, tanto a Rússia de Vladimir Putin quanto a liderança chinesa têm adotado estratégias de negociação e cooperação que se contrapõem ao modelo hegemônico norte-americano.

“Vamos lembrar que o Putin foi a Minsk, assinou os acordos que a Alemanha e os Estados Unidos acabaram rasgando depois, admitindo publicamente que o objetivo era ganhar tempo para armar a Ucrânia”, declarou o ex-ministro, referindo-se aos desdobramentos que levaram ao atual conflito no Leste Europeu. Em sua visão, existe um interesse em frear o crescimento russo, sobretudo no campo tecnológico, para evitar que Moscou atinja o patamar de poder já alcançado pela China.

◉ Caminhos alternativos ao capitalismo neoliberal

Na entrevista, José Dirceu ressaltou que tanto Rússia quanto China representam um caminho alternativo ao neoliberalismo financeiro capitaneado pelos EUA. “Mostram que há um caminho de desenvolvimento, combate à desigualdade, à pobreza e uma revolução tecnológica e cultural de bem-estar”, pontuou. Segundo ele, as duas nações exemplificam a busca por autonomia e soberania em áreas sensíveis, como tecnologia e finanças, afastando-se das regras impostas pelos grandes mercados internacionais.

Para Dirceu, a China tem dado provas dessa independência ao não se submeter plenamente às exigências de capitais estrangeiros. “Eles conseguiram se integrar ao mercado mundial sem se submeter do ponto de vista financeiro e tecnológico”, comparou, destacando as dificuldades enfrentadas pelo Brasil nesse mesmo processo.

◉ BRICS e a hegemonia do dólar

Outro tema abordado na conversa com Breno Altman foi o papel dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Dirceu vê possibilidade de o grupo oferecer alternativas ao sistema global ancorado no dólar. “Nós estamos assistindo a uma nova fonte de financiamento, uma nova aliança política e cambial”, enfatizou, lembrando que o atual modelo favorece as potências ocidentais e fragiliza economias emergentes. Ele também avaliou que os bancos de desenvolvimento, como o BNDES, podem ser fundamentais para financiamento e projetos estruturantes.

◉ Reforma tributária e dependência financeira

José Dirceu defendeu a necessidade urgente de uma reforma tributária no Brasil, argumentando que o país se encontra em uma “armadilha” de dependência financeira. Para ele, a falta de tributação de grandes fortunas e setores privilegiados — como o agronegócio e a mineração — perpetua a crise e reduz a capacidade de investimento público em áreas sociais e tecnológicas. “Nós vivemos essa agonia, resultado da correlação de forças na Câmara e no Senado”, observou, destacando que direitos históricos conquistados na Constituição de 1988 correm risco diante de ajustes orçamentários que afetam os mais pobres.

◉ Revolução social e consciência política

Durante a entrevista, Dirceu voltou a falar em “revolução social” como via para as profundas mudanças estruturais que o Brasil necessita. Ele destacou, ainda, a relevância de ampliar o debate público acerca de soberania e educação. “Nós precisamos fazer uma campanha nacional para explicar por que estamos nessa situação”, afirmou, sugerindo mobilizações políticas e sociais para frear o conservadorismo e o poder desproporcional do sistema financeiro no país. 
Assista:

Fonte: Brasil 247

Uso de telemedicina em UTIs do SUS reduz mortes e tempo de internação

Iniciativa é do InCor, em parceria com o Ministério da Saúde. Desigualdades regionais ainda são desafio

SUS - Sistema Único de Saúde (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Um projeto pioneiro liderado pelo Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas de São Paulo, em parceria com o Ministério da Saúde, está redefinindo os cuidados em unidades de terapia intensiva (UTIs) do Sistema Único de Saúde (SUS). A iniciativa, intitulada TeleUTI Conectada, utiliza tecnologia e capacitação para melhorar a eficiência do atendimento, com resultados que contradizem estudos recentes sobre o impacto da telemedicina em terapias intensivas, informa a Folha de S. Paulo.

Segundo informações divulgadas pelo projeto, houve uma redução de 40%, em média, na razão de mortalidade padronizada (SMR) das UTIs participantes em comparação à média nacional, além de uma diminuição no tempo de ventilação mecânica, fator crucial para liberar leitos e acelerar o atendimento em situações críticas.

Carlos Carvalho, diretor da divisão de pneumologia do InCor, destaca que a iniciativa foi desenvolvida para enfrentar o alto índice de mortalidade observado durante a pandemia de Covid-19, quando UTIs públicas sofreram colapsos. "Conseguimos conectar as bombas de infusão com os remédios que o paciente toma, o monitor multiparamétrico com todos os dados vitais, o ventilador mecânico etc. A gente foi conectando tudo isso e conseguiu colocar, no mesmo segundo, em um painel só. É como se a equipe [do InCor] entrasse no quarto do paciente aonde quer que ele estivesse", explica Carvalho.

◉ Capacitação contínua e integração tecnológica - O TeleUTI Conectada diferencia-se por oferecer suporte intensivo às equipes médicas. Além de treinamentos virtuais, o projeto promove reuniões clínicas semanais, discussões de casos complexos e visitas presenciais às UTIs participantes. "A gente viu que só montar vídeos e deixá-los para as equipes assistirem não é a melhor maneira. Não ter discussão de casos nos fins de semana também não é bom. O nosso funcionamento é sete dias por semana"", ressalta Carvalho.

O projeto também enfrentou desafios estruturais ao integrar dados de diferentes aparelhos médicos em um painel único, permitindo o acompanhamento remoto e em tempo real de sinais vitais, ventiladores mecânicos e bombas de infusão. Essa abordagem tem permitido intervenções mais ágeis e precisas, especialmente em regiões onde o acesso a especialistas é limitado.

◉ Impacto positivo mesmo em cenários adversos - Mesmo atendendo pacientes com maior gravidade — com índices de 62 pontos no Saps 3, enquanto a média nacional do SUS é de 46 —, as UTIs envolvidas na iniciativa alcançaram resultados expressivos. Durante a pandemia, o braço obstétrico do projeto reduziu em 47,6% a mortalidade materna nas instituições atendidas, reforçando o potencial de expansão da iniciativa para outros perfis de pacientes críticos.

Ainda assim, especialistas alertam para desafios estruturais no SUS. Para Ederlon Rezende, médico intensivista da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), o projeto é promissor, mas o Brasil ainda enfrenta desigualdades regionais significativas: "falta equidade, acesso para quem depende do SUS, principalmente no Norte e no Nordeste".

"Se você tem um projeto que vai usar a tecnologia para facilitar o trabalho da equipe, e se eu puder associar a isso conceitos de organização, de gestão, de coleta de dados, de uso de indicadores, de treinamento e qualificação das equipes, isso com certeza vai nos ajudar", afirma.

◉ Futuro da TeleUTI Conectada - Após os resultados preliminares, apresentados ao Ministério da Saúde, discute-se a ampliação do projeto para incluir 12 novas UTIs, cinco UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e 15 unidades voltadas para gestantes em estado grave. A expectativa é que a tecnologia e a capacitação continuem promovendo melhorias significativas na saúde pública brasileira.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

"Campos Neto traçou um roteiro de terror para Galípolo", diz Paulo Nogueira Batista Júnior

Economista critica a pressão para que Gabriel Galípolo mantenha a atual política monetária

(Foto: Brasil247 | Washington Costa / Ministério da Fazenda)

Em uma entrevista à TV 247, conduzida pela jornalista Denise Assis, o economista e escritor Paulo Nogueira Batista Júnior expressou críticas contundentes à gestão de Roberto Campos Neto, no Banco Central, e preocupações com as pressões que o mercado já exerce sobre seu sucessor Gabriel Galípolo, indicado para o cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Campos Neto traçou um roteiro de terror para Galípolo", disse ele.

Paulo Nogueira Batista Júnior lembrou que Campos Neto sinalizou novos aumentos das taxas de juros, que, na sua opinião, não seriam necessários diante do atual quadro de inflação controlada. Segundo o economista, Galípolo não está obrigado a seguir a mesma política de Campos Neto. Ele abordou as medidas adotadas nas últimas reuniões do Copom, mencionando que os aumentos das taxas de juros podem "desestabilizar as finanças públicas" e criar um ambiente de incerteza no mercado. Ele argumenta que tais decisões, embora visem controlar a inflação, podem ter efeitos colaterais negativos sobre o crescimento econômico e o investimento.

Um dos pontos mais relevantes da entrevista foi a discussão sobre a autonomia do Banco Central. Batista Júnior afirmou que "a autonomia virou carro chefe da política econômica quando deveria ser o contrário", sugerindo que "a política monetária deveria ser ditada pelo governo eleito". Além das críticas à gestão do Banco Central, Batista Júnior comentou sobre a política fiscal do governo e ressaltou a importância de tributar preferencialmente os mais ricos para equilibrar as contas públicas e reduzir a desigualdade econômica. 
Assista:

Fonte: Brasil 247

"Governo Lula começa agora", diz Requião

Ex-senador aponta para uma nova etapa da administração Lula diante da reformulação completa da diretoria do Banco Central

Roberto Requião e Lula (Foto: Ricardo Stuckert)

O ex-senador e ex-governador Roberto Requião avaliou, em uma postagem no X (antigo Twitter) neste domingo (5), que "o governo Lula começa agora". A mensagem faz alusão à posse de Gabriel Galipolo como novo presidente do Banco Central, marcando uma reformulação completa na diretoria da autoridade monetária com nomes indicados pelo atual governo. Para Requião, "se o Banco Central e os juros absurdos eram o maior problema do Brasil, o governo Lula começa agora. Começa com todos os membros do Banco Central nomeados pelo Lula, inclusive o presidente".

A nomeação de Galipolo ocorre em um momento de grande complexidade, tanto no cenário econômico global quanto no contexto interno. Com desafios como a possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos, volatilidade nas moedas emergentes e pressões inflacionárias, o novo presidente do Banco Central terá um papel crucial na condução de uma política monetária que equilibre rigor técnico e sensibilidade social.

◉ Um Banco Central em transformação - A gestão anterior, liderada por Roberto Campos Neto, foi alvo de críticas por sua política de juros elevados, que impuseram custos significativos à economia brasileira, dificultando o acesso ao crédito e comprometendo a recuperação econômica. Sob a nova liderança de Galipolo, espera-se que o Banco Central se alinhe mais diretamente às prioridades do governo Lula, buscando estimular o crescimento econômico sem abrir mão do controle inflacionário.

Gabriel Galipolo herda um cenário fiscal mais favorável. O déficit primário de 2024, estimado em R$ 10 a R$ 15 bilhões (0,1% do PIB), está abaixo do previsto no arcabouço fiscal, evidenciando uma gestão equilibrada do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). No entanto, o momento requer cautela, dada a instabilidade global e as pressões internas.

◉ Uma liderança estratégica - Galipolo é visto como um líder moderado, com habilidade para transitar entre o mercado financeiro e os setores políticos. Sua posse foi recebida com entusiasmo pelo presidente Lula, que confia em sua capacidade de equilibrar as exigências do mercado com as necessidades sociais.

A expectativa é de que o Banco Central, sob a nova direção, fortaleça sua credibilidade institucional e adote medidas que promovam inclusão e crescimento econômico.

Fonte: Brasil 247

Brasil volta à condição de país de classe média e Luiz Marinho exalta "melhoria da qualidade do emprego"

"Crescimento do PIB, aumento da renda do trabalho e a redução da desigualdade sustentam essa conquista", destaca o ministro

Lula e Luiz Marinho (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O Brasil voltou a ser considerado um país majoritariamente de classe média, resultado da combinação de crescimento econômico, aumento da renda do trabalho e redução da desigualdade. O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho (PT), destacou o papel da "melhoria da qualidade do emprego" nesse avanço, em publicação no X, antigo Twitter, neste domingo (5). Segundo Marinho, "o retorno do Brasil à condição de país de classe média se deve à melhoria da qualidade do emprego a partir de 2023".



Dados de um estudo da Tendências Consultoria, publicados pelo jornal O Globo, apontam que, em 2024, o número de domicílios nas classes C, B e A (renda acima de R$ 3,4 mil) atingiu 50,1%, superando pela primeira vez, desde 2015, a marca de metade das famílias. Esse marco reflete uma recuperação social e econômica impulsionada por políticas de valorização do salário mínimo e criação de empregos formais durante o terceiro mandato do presidente Lula (PT).

◉ Ascensão social e fortalecimento do mercado de trabalho - O Brasil tem experimentado uma migração significativa de famílias das classes D/E para a classe C, graças ao fortalecimento do mercado de trabalho. Segundo a economista Camila Saito, da Tendências, a retomada do emprego no período pós-pandemia foi determinante. "Desde 2023 houve uma migração importante de famílias, decorrente da melhora significativa do mercado de trabalho", afirmou.

A renda das classes C e B, que formam a base da classe média, teve crescimento expressivo. Em 2024, os rendimentos domiciliares da classe C (R$ 3,5 mil a R$ 8,1 mil) subiram 9,5%, enquanto na classe B (R$ 8,1 mil a R$ 25 mil) o aumento foi de 8,7%. Políticas de reajuste do salário mínimo acima da inflação contribuíram para elevar a massa salarial e impulsionar o avanço social.

◉ Menor taxa de desemprego da história - Outro fator crucial para o avanço social foi a queda do desemprego. Segundo o IBGE, a taxa caiu para 6,1% no trimestre encerrado em novembro de 2024, o menor índice já registrado. O nível de ocupação atingiu 58,8%, superando os números de 2019.

A geração de empregos formais também refletiu o aquecimento econômico, com 3,6 milhões de novos postos com carteira assinada entre janeiro de 2023 e setembro de 2024.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

Operação Overclean: esquema de corrupção tinha planilha de propinas e mesadas

Investigações revelam detalhes do funcionamento do esquema que envolvia empresários, políticos e servidores públicos

(Foto: Reuters/Sergio Moraes)

A Operação Overclean, conduzida pela Polícia Federal, desvendou um sofisticado esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos que se estendia por diversas regiões do Brasil. Documentos obtidos durante a operação trouxeram à tona tabelas detalhadas de propinas, mostrando a organização meticulosa de pagamentos ilícitos destinados a manter um ciclo contínuo de fraudes em contratos públicos, relata Mirelle Pinheiro, do Metrópoles.

Esses registros eram usados para distribuir pagamentos regulares, conhecidos como "mesadas", a servidores públicos, políticos e intermediários do esquema. As quantias garantiam o direcionamento de licitações fraudulentas e a lealdade de agentes envolvidos no esquema, assegurando o fluxo ininterrupto de recursos ilícitos.

◉ A lógica das mesadas - As investigações mostraram que os pagamentos seguiam um planejamento financeiro meticuloso, variando conforme a influência ou posição do beneficiário na estrutura criminosa. Planilhas informais de contabilidade registravam os valores pagos, datas de repasses e codinomes dos destinatários, com o objetivo de mascarar os verdadeiros envolvidos.

Entre as práticas identificadas, destacaram-se pagamentos regulares e variados, planilhas codificadas e diversificação de métodos de pagamento.

◉ Beneficiários do esquema - O grupo criminoso contava com uma rede extensa de beneficiários. Alguns dos principais nomes destacados nas investigações foram:

☉ Rogério Magno Almeida Medeiros: policial federal, recebia uma mesada fixa de R$ 6 mil para facilitar o direcionamento de contratos.
☉ Lucas Moreira Martins Dias: ligado ao município de Vitória da Conquista e à empresa Larclean Saúde Ambiental, acumulou R$ 271 mil em propinas.
☉ Lara Betânia Lélis Oliveira: registrou pagamentos entre R$ 10 mil e R$ 15 mil em diversas ocasiões em 2022.
☉ Carlos André de Brito Coelho: foi identificado como um dos maiores beneficiários, com pagamentos que totalizaram R$ 1,7 milhão.

◉ O papel das tabelas de propina - As tabelas funcionavam como verdadeiros instrumentos de gestão do esquema, garantindo que cada integrante recebesse sua parcela do montante desviado. Os registros detalhavam os valores e datas, com muitas transações coincidindo com repasses contratuais fraudulentos assinados por prefeituras e outros órgãos públicos.

Esse controle minucioso assegurava a continuidade dos esquemas e minimizava o risco de conflitos entre os envolvidos. Além disso, a proximidade dos pagamentos com a liberação de recursos públicos sugere uma coordenação precisa entre as diferentes etapas do esquema.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles

União Brasil pode expulsar 'Rei do Lixo' após revelações da Operação Overclean

Esquema de corrupção envolvendo José Marcos de Moura desgasta ainda mais a imagem do partido

Marcos Moura, o "Rei do Lixo" (Foto: Reprodução/Instagram)

A cúpula do União Brasil enfrenta uma crise interna que pode culminar na exclusão de José Marcos de Moura, conhecido como "Rei do Lixo", dos quadros diretivo e executivo da legenda, informa Lauro Jardim, do jornal O Globo. Ele é um dos envolvidos, segundo apurações, no esquema bilionário de fraudes investigado pela Operação Overclean, da Polícia Federal.

A investigação, em andamento desde 2023, revelou um sofisticado esquema de corrupção que já desviou mais de R$ 1,4 bilhão, sendo R$ 825 milhões apenas na Bahia em 2024. Moura, ao lado de outros envolvidos, utilizava sua influência política para alavancar contratos fraudulentos, superfaturados e, em muitos casos, inacabados. O escândalo afeta diretamente o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), órgão central nas irregularidades apontadas.

◉ A engrenagem do esquema - O esquema era dividido em três núcleos operacionais. Alex Rezende Parente, identificado como líder, articulava as fraudes e pagamentos ilícitos, enquanto Fábio Rezende Parente movimentava os recursos por meio de empresas de fachada. José Marcos de Moura ampliava a rede política, garantindo proteção e contratos, enquanto Lucas Maciel Lobão Vieira gerenciava obras superfaturadas pela Allpha Pavimentações.

Servidores públicos, cooptados pelo grupo, facilitavam licitações direcionadas e aprovavam contratos superfaturados. Os recursos eram lavados através de notas fiscais falsas emitidas por empresas fantasmas, enquanto planilhas inflacionadas justificavam os gastos exorbitantes. Relatórios fraudulentos e fotografias falsas eram utilizados para burlar fiscalizações.

◉ Impactos e desdobramentos - As investigações revelaram a extensão do esquema, com ligações que vão além do Dnocs e ameaçam expor mais nomes influentes da política nacional. A pressão sobre o União Brasil reflete a tentativa de evitar maiores desgastes à imagem do partido.

Com a intensificação das apurações, espera-se um "efeito dominó" que pode atingir outros políticos e servidores públicos envolvidos, aprofundando a crise ética em diversas instituições. A eventual expulsão de José Marcos de Moura pode ser um movimento estratégico do União Brasil para preservar sua credibilidade diante de um cenário cada vez mais delicado.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

Brasil manifesta repúdio aos bombardeios em Gaza e pede cessar-fogo imediato

Itamaraty reforça necessidade de garantir proteção a civis e entrada de ajuda humanitária

Brasil vai apoiar resolução na ONU contra envio de armas a Israel (Foto: Mauro Vieira, Lula e Gaza ao fundo (Foto: ABr | Ricardo Stuckert/PR | REUTERS/Mohammed Salem))

Em nota oficial divulgada nesta sexta-feira (3), o Ministério das Relações Exteriores manifestou a condenação do governo brasileiro aos bombardeios israelenses realizados na Faixa de Gaza durante a quinta-feira (2) e a própria sexta (3), que resultaram em mais de 110 mortes, incluindo mulheres e crianças. Segundo a Agência Gov, que divulgou o comunicado em parceria com o MRE, pelo menos 12 vítimas se encontravam em um acampamento para deslocados em Al-Mawasi, área considerada zona humanitária localizada no sul do território.

O texto ressalta que Israel tem obrigação, conforme o Direito Internacional Humanitário, de proteger a população civil nos territórios ocupados. O governo brasileiro reitera também seu apelo por um “cessar-fogo permanente e abrangente” que inclua a libertação de todos os reféns e a entrada irrestrita de ajuda humanitária em Gaza. Além disso, o Brasil reafirma o compromisso com a solução de dois Estados, defendendo um Estado palestino independente e viável, coexistindo em segurança ao lado de Israel, com base nas fronteiras de 1967 e Jerusalém Oriental como capital palestina.

A íntegra da nota pode ser acessada no portal do Ministério das Relações Exteriores. A reprodução da declaração é livre, desde que seja citada a fonte.

Fonte: Brasil 247 com Agência Gov

Biden concede Medalha Presidencial da Liberdade a Hillary Clinton, Michael J. Fox, Denzel Washington e outros

A Medalha Presidencial da Liberdade é a maior honraria civil dos Estados Unidos

Hillary Clinton e Joe Biden (Foto: Reuters/Ken Cedeno)

Reuters - O presidente Joe Biden concedeu a Medalha Presidencial da Liberdade, a maior honraria civil dos Estados Unidos, à ex-secretária de Estado Hillary Clinton, ao chef Jose Andres, ao ator Michael J. Fox e à conservacionista Jane Goodall no sábado, em um de seus últimos atos oficiais no cargo.

Biden, democrata que deixará a Casa Branca em 20 de janeiro, quando o presidente eleito Donald Trump será empossado, também entregou a honraria ao humanitário e vocalista da banda U2, Bono; ao estilista Ralph Lauren; ao apresentador e divulgador científico "Bill Nye, o Cara da Ciência"; ao ator Denzel Washington; à estrela do basquete Earvin "Magic" Johnson; e à editora-chefe da revista Vogue, Anna Wintour.

Outros homenageados na cerimônia na Casa Branca incluíram Tim Gill, ativista LGBT; David Rubenstein, filantropo e cofundador do grupo Carlyle; e George Stevens Jr., escritor e diretor fundador do Instituto Americano de Cinema (AFI).

O astro internacional do futebol Lionel Messi também foi agraciado com a medalha, mas não compareceu à cerimônia devido a um conflito de agenda, conforme informado por funcionários da Casa Branca. O investidor e filantropo George Soros também recebeu a medalha, mas não esteve presente; seu filho, Alex Soros, aceitou a honraria em seu lugar.

Biden ainda concedeu a Medalha da Liberdade postumamente a Fannie Lou Hamer, ativista dos direitos civis; Ash Carter, ex-secretário de Defesa; Robert F. Kennedy, ex-procurador-geral e senador dos Estados Unidos, além de irmão do presidente John F. Kennedy; e George Romney, empresário, ex-governador de Michigan e ex-secretário de Habitação e Desenvolvimento Urbano. O senador Mitt Romney, filho de George Romney, recebeu a medalha em nome de seu pai.

O presidente descreveu o grupo de agraciados como "pessoas verdadeiramente extraordinárias" que dedicaram seus esforços para moldar as causas e a cultura dos Estados Unidos. As escolhas refletiram algumas das paixões, aliados e heróis pessoais de Biden.

Hillary Clinton, que realizou sua própria e histórica (embora sem sucesso) candidatura à presidência em 2016, foi apoiadora de Biden, incluindo durante sua campanha à reeleição, até ele retirar sua candidatura em julho. A ex-senadora e ex-primeira-dama foi ovacionada de pé pelo público presente na Casa Branca.

Michael J. Fox, astro da franquia de filmes De Volta para o Futuro e das séries de TV Family Ties e Spin City, tem doença de Parkinson e chegou à cerimônia em uma cadeira de rodas, mas caminhou com assistência e ficou em pé enquanto Biden colocava a medalha em seu pescoço. Fox sorriu e aplaudiu durante toda a cerimônia.

Biden destacou que Robert F. Kennedy foi um de seus "verdadeiros heróis políticos." Kathleen Kennedy, filha do falecido senador, recebeu a medalha em nome do pai.

O chef Jose Andres, fundador da organização de caridade World Central Kitchen, que alimenta pessoas em zonas de conflito, incluindo em Gaza, onde alguns de seus colaboradores foram mortos no ano passado, lutou para conter as lágrimas ao receber a medalha.

Fonte: Brasil 247

Demétrio Magnoli diz não conhecer Gusttavo Lima e cantor reage

Cantor sertanejo anunciou intenção de disputar a Presidência da República em 2026

Gusttavo Lima (Foto: Reprodução/Redes sociais)

O cantor sertanejo Gusttavo Lima protagonizou um embate com o comentarista da GloboNews, Demétrio Magnoli, após declarações do jornalista sobre sua possível candidatura à Presidência da República.

Durante o programa da GloboNews, Magnoli ironizou a notícia da possível candidatura de Gusttavo Lima, afirmando desconhecer quem era o artista: “quem é Gusttavo Lima?”, segundo relato do Metrópoles. A fala gerou uma resposta do sertanejo, que utilizou suas redes sociais para revidar o comentário com sarcasmo. “Alguém conta para ele”, escreveu o cantor nos Stories do Instagram. Em seguida, completou: “Eu sou o povo, sou o cidadão, pagador de impostos, que sustenta toda essa máquina chamada Brasil”.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles

Edmundo González desafia Maduro e confirma ida à posse na Venezuela, mesmo sob risco de prisão

Opositor enfrenta mandado de prisão e recompensa de US$ 100 mil enquanto planeja retorno a Caracas para "tomar posse"

Edmundo Gonzalez em Madri, Espanha - 10/12/24 (Foto: REUTERS/Juan Medina)

Edmundo González, principal líder da oposição na Venezuela, reafirmou neste sábado (4) sua decisão de retornar ao país para tomar posse como presidente em 10 de janeiro. Mesmo com um mandado de prisão ativo e uma recompensa de US$ 100 mil oferecida pela polícia venezuelana por informações sobre seu paradeiro, González se mantém firme em seus planos. A declaração foi feita em Buenos Aires, durante um encontro com o presidente da Argentina, Javier Milei, segundo o Metrópoles.

“Minha intenção é ir à Venezuela simplesmente para tomar posse do mandato que os venezuelanos me deram quando me elegeram com 7 milhões de votos para servir como presidente”, afirmou González. No entanto, o opositor evitou detalhar como pretende entrar no território venezuelano sem ser detido, admitindo que “as circunstâncias hoje são muito complicadas”.

◉ Acusações e perseguição política - O governo de Nicolás Maduro acusa González de uma série de crimes, incluindo "cumplicidade no uso de atos violentos contra a república, usurpação de funções, falsificação de documentos, lavagem de dinheiro, desconhecimento das instituições do Estado, instigação à desobediência às leis e associação criminosa". Desde setembro de 2024, González vive exilado na Espanha, após deixar a Venezuela. Ele partiu logo após o Conselho Nacional Eleitoral declarar Maduro como vencedor das eleições gerais, resultado amplamente questionado por líderes mundiais e pela oposição.

Apesar das ameaças, o opositor mantém sua postura desafiadora, buscando consolidar apoio internacional. Sua agenda inclui encontros com líderes da América Latina. Após dialogar com Javier Milei, ele viajou ao Uruguai, onde se reuniu com o presidente Luis Lacalle Pou, e planeja visitar o Panamá e a República Dominicana.

◉ Contexto internacional - A tensão em torno da posse de González ocorre em um momento de crescente isolamento internacional do regime de Maduro. Governos latino-americanos e europeus têm expressado preocupação com as denúncias de irregularidades no processo eleitoral venezuelano e com a repressão aos opositores. Enquanto isso, a recompensa oferecida pela polícia venezuelana evidencia a determinação do governo em capturar González, intensificando ainda mais a crise política.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles

Centrão pressiona Lula por reforma ministerial

Cobiça do Centrão recai principalmente sobre os ministérios da Saúde, Relações Institucionais, Defesa e Justiça

Lula na reunião com ministros (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

Partidos do Centrão intensificaram as pressões sobre o presidente Lula (PT) para que promova uma reforma ministerial em 2025. Com foco em ampliar o controle sobre pastas estratégicas, as lideranças dessas siglas buscam fortalecer sua posição no governo, de olho na execução de políticas e no controle de orçamentos robustos, em troca de alianças para 2026, informa o g1.

Entre os ministérios mais cobiçados estão o da Saúde, atualmente liderado por Nísia Trindade, e o das Relações Institucionais (SRI), comandado por Alexandre Padilha (PT). Também entram na mira as pastas da Defesa, ocupada por José Múcio Monteiro, e da Justiça, sob a liderança de Ricardo Lewandowski. As mudanças, entretanto, esbarram no estilo característico de Lula, que resiste a pressões externas e costuma postergar decisões estratégicas.

◉ Saúde e Relações Institucionais como peças-chave - As movimentações mais intensas ocorrem em torno da Saúde, uma pasta com grande orçamento e impacto direto na população. Deputados do Centrão defendem que o ministério, atualmente ocupado por uma técnica de confiança do presidente, seja redistribuído para contemplar interesses políticos da base.

No caso da SRI, que articula a relação do governo com o Congresso, o Centrão avalia que Alexandre Padilha (PT), deputado licenciado e aliado de Lula, poderia ser substituído por um nome indicado por líderes parlamentares para facilitar negociações e garantir a fidelidade da base em votações importantes.

◉ Defesa e Justiça na balança - Nos últimos meses, especulações indicam que José Múcio Monteiro e Ricardo Lewandowski poderiam deixar os ministérios da Defesa e Justiça, respectivamente, devido a questões pessoais e familiares. Apesar disso, ambos são considerados peças importantes na estratégia de Lula: Múcio foi fundamental para distensionar a relação do governo com os militares, enquanto Lewandowski trouxe sua expertise jurídica para negociar a PEC da Segurança.

Entre os nomes cotados para assumir o Ministério da Justiça está o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que encerra seu mandato como presidente do Senado em fevereiro e poderia fortalecer o elo do governo com o PSD.

◉ Pressão política versus estilo Lula - Apesar das cobranças de aliados, Lula mantém sua postura de decidir no próprio tempo. O histórico do presidente é marcado por adiamentos estratégicos, como durante a transição, quando definiu os ministérios apenas dias antes de tomar posse.

Aliados acreditam que as mudanças podem ser definidas após o recesso parlamentar, em fevereiro, mas sem previsão concreta. A resistência do presidente em ceder a pressões externas reforça sua autoridade sobre o governo, mas gera ansiedade nos partidos que aguardam um redesenho ministerial para garantir maior influência.

Com uma base ampla, mas heterogênea, Lula busca equilibrar as demandas políticas com a execução de projetos estratégicos, enquanto articula alianças para consolidar o apoio necessário ao governo e preparar o terreno para 2026.

Fonte: Brasil 247 com informações do G1

Venezuela: a realidade se impõe à fantasia

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Maduro tomará posse como presidente reeleito da Venezuela no próximo dia 10

Nicolás Maduro (Foto: Reprodução / @PresidencialVen)

A oposição golpista vai chiar, mas Maduro tomará posse como presidente reeleito da Venezuela no próximo dia 10. Tentou-se criar um clima de instabilidade no país, com os boatos de que o derrotado Edmundo González Urrutia, “exilado” em Madri, voltaria triunfante e seria investido no lugar de Maduro.

“Eles estão mais fracos do que nunca”, gritou María Corina Machado, agente dos EUA, ao repetir sua eterna previsão de um colapso iminente do governo chavista. Mas eles mesmos sabem que, ao menos neste momento, não há nenhum clima para uma segunda fase da ofensiva golpista, após dias de intensa violência opositora no final de julho, em resposta à derrota nas urnas.

Urrutia, um fantoche de Corina, não sabe nem mesmo quem seriam os seus ministros, a poucos dias da sua posse de brincadeirinha. “Não pensei nisso ainda”, disse ele no final de dezembro à CNN.

Acreditava-se que se conseguiria repetir com Urrutia o que a direita, orientada pelos EUA, fez com Juan Guaidó poucos anos atrás. Naquela vez, a oposição criou uma Assembleia Nacional paralela e conseguiu desviar para ela o dinheiro do governo que havia sido roubado pelos Estados Unidos. Mas a oposição agora está extremamente enfraquecida.

Durante as últimas eleições, a oposição gastou muito dinheiro produzindo e disseminando propaganda barata contra o governo. Os recursos se esgotaram e não há mais nenhuma coesão entre as lideranças.

Ao menos por ora, o governo tem conseguido um sucesso maior do que no combate às desestabilizações anteriores. De fato, como era previsto, a hegemonia política e institucional e as alianças do chavismo neutralizaram o impacto mais agressivo vindo da direita e do governo dos Estados Unidos.

Agora os recursos energéticos da Venezuela poderão ser destinados a investimentos sociais (77,6%, conforme o orçamento de 2025) e não às matrizes das empresas petrolíferas estrangeiras. China, Rússia e o BRICS elevarão o nível das parcerias com o país, contribuindo para a diversificação da economia venezuelana.

Isso não é o que o imperialismo gostaria. Foi assim que a nova (e já velha) campanha de “fraude” foi montada. Passou o mesmo na maioria das 30 eleições (municipais, estaduais e nacionais) anteriores. O discurso de “fraude” só não se disseminou quando a direita venceu, porque obviamente não convinha.

Na Geórgia acontece o mesmo. O partido Sonho Georgiano – que sempre teve uma política favorável à União Europeia e aos EUA – se tornou mais pragmático e agora propõe uma neutralidade no conflito Ocidente vs. Rússia. Foi o suficiente para todo o aparato da propaganda imperialista rotulá-lo como “pró-russo” e que sua vitória nas eleições parlamentares teria sido fraudada. Uma revolução colorida foi tentada (aos moldes do Maidan ucraniano e das guarimbas venezuelanas), mas com pouca força.

Salomé Zurabishvili, presidenta da Geórgia de cidadania francesa, cumpriu o mesmo papel de María Corina. Não reconheceu a vitória dos seus rivais nas eleições parlamentares nem presidenciais e não quis deixar a presidência após o término de seu mandato. Saiu pela porta dos fundos do palácio presidencial, sem o apoio popular que pensou que teria.

A Romênia não teve a mesma sorte. Calin Georgescu, um candidato independente que também buscava uma neutralidade na relação Ocidente-Rússia, venceu o primeiro turno. Dizia-se que ele havia impulsionado sua campanha no Tik Tok de maneira suspeita, mas de repente a grande desculpa para anular sua vitória foi uma “interferência russa” a seu favor. Pura propaganda e nenhuma evidência. Resultado: não apenas a vitória de Georgescu foi anulada, como a eleição inteira. O então presidente, Marcel Ciolacu, foi então declarado o vencedor, mesmo sob os protestos dos outros candidatos.

Na posse, Ciolacu anunciou um novo arrocho fiscal: “neste mandato, não tenho a intenção de ser popular, mas sim extremamente eficiente.”

Claro que as autoridades eleitorais da Romênia foram aplaudidas pela União Europeia e os EUA, os mesmos que consideram Maduro um ditador ilegítimo.

Os venezuelanos, apesar de mais uma vitória, devem abrir o olho. O secretário de Estado de Donald Trump, Marco Rubio, é um antocomunista ferrenho e há anos vem trabalhando, desde quando era senador, pela derrubada do regime chavista. Agora terá mais poder do que nunca para concretizar os seus anseios – que são os mesmos de todo o aparato imperialista, e os do próprio Trump.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

Fonte: Brasil 247

No governo Lula 3, Brasil volta a ser um país majoritariamente de classe média

Aumento do emprego e da renda fez com que mais de 50% das famílias esteja nas classes A, B e C

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)

O Brasil volta a despontar como um país majoritariamente de classe média graças ao crescimento do emprego e aos ganhos de renda durante o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com um estudo da Tendências Consultoria, reportado pelo jornal O Globo, o número de domicílios nas classes C, B e A — rendimentos domiciliares acima de R$ 3,4 mil — atingiu 50,1% em 2024, superando pela primeira vez desde 2015 a marca de metade das famílias.

No último trimestre, o desemprego caiu a 6,1%, segundo dados do IBGE, configurando o menor patamar da série histórica. Esse cenário favorável tem sido determinante para promover o avanço social das famílias brasileiras. “Desde 2023 houve migração importante das famílias da classe D/E para a classe C, decorrente da melhora significativa do mercado de trabalho no pós-pandemia”, afirma a economista Camila Saito, da Tendências.

◉ Ascensão social sob o efeito do emprego e da renda

Tipicamente, as classes C e B são consideradas a base da classe média, com a renda do trabalho como principal fonte de sustento. Nos dois primeiros anos do governo Lula 3, o país viveu uma retomada econômica marcada por políticas de valorização do salário mínimo. Em 2023 e 2024, houve reajustes acima da inflação, o que ajudou a impulsionar a massa salarial: “Isso acarretou melhor desempenho dessas classes em relação às demais”, destaca Camila.

A massa de renda total, que inclui salários, benefícios sociais e outras fontes (como juros de investimentos), subiu em média 7% em 2024. Entre as famílias com rendimento de R$ 3,5 mil a R$ 8,1 mil (classe C), o avanço foi de 9,5%, enquanto a classe B (R$ 8,1 mil a R$ 25 mil) cresceu 8,7%. Para 2025, a Tendências prevê que a mobilidade social continue, mas em ritmo mais lento, devido a um cenário econômico mais moderado. “Nossas estimativas consideram uma tendência de lenta mobilidade social das famílias para classes de renda superiores. A mobilidade social das classes D e E deve ser reduzida nos próximos anos, acompanhando um fenômeno típico de países com alta desigualdade”, explica a economista.

Ela salienta ainda que a conquista de um emprego não basta para vencer a pobreza extrema, em função das “baixas remunerações, elevadas desigualdades entre grupos de população ocupada, altas taxas de informalidade e marcante heterogeneidade entre os setores produtivos.”

◉ Queda histórica do desemprego e redução da desigualdade

Além do incremento salarial, o Brasil viu o desemprego atingir o menor nível já registrado pelo IBGE, de 6,1% no trimestre encerrado em novembro de 2024. O nível de ocupação (total de pessoas com trabalho em relação à população total) chegou a 58,8%, superando a marca de 2019.

O economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, avalia que os resultados recentes são “bastante alvissareiros” e comparáveis ao melhor período de geração de empregos até então, em 2014, mas com um diferencial: no último ano, também houve queda na desigualdade. “Nos nossos estudos da nova classe média, três componentes estavam presentes: crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), como está havendo nos últimos dois anos; crescimento da renda do trabalho bem acima do PIB, que está acontecendo também; e agora, em 2024, a queda na desigualdade”, afirma.

Segundo Neri, até o terceiro trimestre de 2024, a renda média domiciliar per capita em 12 meses subiu 6,98%, mas entre os 50% mais pobres, o avanço foi de 10,2%. “A causa principal dessa alta maior veio da queda do desemprego, que respondeu por 40% do aumento da renda das famílias”, explica. Esse aquecimento também se reflete na criação de vagas formais: foram 3,6 milhões de novos postos com carteira assinada de janeiro de 2023 a setembro de 2024.

Fonte: Brasil 247