sábado, 4 de janeiro de 2025

“É preciso disciplinar a relação dos militares com a política”, diz Gilmar Mendes

O ministro decano Gilmar Mendes, do STF. Foto: reprodução

Dois anos após os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, o Brasil segue enfrentando o desafio de lidar com a politização das Forças Armadas. Para o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a presença de militares na política e a ausência de legislação específica para restringir sua atuação em cargos públicos são fatores centrais para os eventos que abalaram a democracia brasileira.

“A presença de militares na política continua sem resposta”, afirmou o ministro em entrevista ao Uol. Ele destacou que a falta de reação contundente às causas estruturais do problema contribui para o cenário atual.

“Foi essa gente que permitiu manifestação em frente de quartel e em hospital. Se o MST [Movimento dos Sem Terra] tivesse se instalado na frente de quartéis, o que eles fariam?”, questionou.

Uma das iniciativas para lidar com o problema é a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) apresentada pelo governo Lula (PT) no início de 2023, que propõe restringir a participação de militares da ativa na política.

O texto, atualmente parado no Senado, exige que militares deixem a carreira e entrem para a reserva caso desejem disputar cargos públicos. Além disso, a PEC proíbe que militares em serviço ativo ocupem cargos de ministro, como ocorreu na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Bolsonaro levou mais de 2,3 mil militares para o governo. Foto: reprodução

Outro ponto levantado pelo ministro é a necessidade de mudanças na formação dos militares, com uma revisão do que é ensinado nas escolas militares. Ele criticou a disseminação da ideia de que as Forças Armadas teriam o papel de “poder moderador” da democracia, um conceito rechaçado pelo STF em abril deste ano, quando a Corte julgou que o artigo 142 da Constituição não autoriza qualquer tipo de intervenção militar nos Três Poderes.

O decano no STF mencionou o exemplo do general Villas Bôas, ex-comandante do Exército, que defendeu publicamente a interpretação errônea do artigo constitucional.

Para o ministro, é fundamental que o governo e o Congresso avancem não apenas na aprovação da PEC, mas também em outras medidas que assegurem a subordinação das Forças Armadas aos princípios democráticos.

Fonte: DCM com informações do UOL

Exército ignora CGU e esconde responsável por impedir PM de prender responsáveis do 8/1

Soldados do Exército brasileiro. Foto: reprodução

As investigações sobre a trama golpista para manter recolocar o ex-presidente Jair Bolsonaro na Presidência, culminando nos atos de vandalismo de 8 de janeiro de 2023, permanecem sem esclarecimento de quem deu a ordem para posicionar blindados em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília. A medida impediu a entrada de policiais no setor militar na noite dos ataques, dificultando a prisão imediata dos envolvidos.

O Exército tem evitado revelar a identidade do responsável, mesmo após determinação da Controladoria-Geral da União (CGU), que reconheceu a obrigatoriedade de prestar a informação, prevista na Lei de Acesso à Informação (LAI). Segundo a instituição militar, o episódio envolveu uma decisão conjunta de autoridades de alto escalão, incluindo ministros e comandantes militares, para evitar “danos colaterais” à integridade física de pessoas presentes no local.

Desde janeiro de 2023, jornalistas e organizações tentaram obter informações sobre a ordem para uso dos blindados, sem sucesso. Em fevereiro do mesmo ano, o jornalista Mateus Vargas acionou a CGU, que, nove meses depois, decidiu que o Exército deveria cumprir a LAI.

Exército usa blindados para impedir a entrada da PM em área de acampamento bolsonarista. Foto: reprodução

Contudo, a resposta fornecida em novembro de 2023 pelo Comando do Exército alegou que os dados estavam sob sigilo, indicando que os depoimentos e documentos correlatos haviam sido enviados ao Supremo Tribunal Federal (STF). Na fase de recurso, a CGU considerou as respostas do Exército insuficientes, apontando falhas na versão apresentada sobre os eventos de 8 de janeiro.

Os militares alegaram que os tanques foram usados para “transporte de pessoal” e para cercar a área, mas não para proteger o acampamento ou impedir a entrada da PM do Distrito Federal. O Exército também se recusou a fornecer documentos relacionados à ordem de isolamento.

Apesar da decisão da CGU, o Exército manteve o sigilo, o que levou a Controladoria a reavaliar o caso em dezembro de 2023. No entanto, após uma suposta “apuração sumária”, a instituição militar arquivou o caso, alegando que os trâmites foram realizados conforme a lei.

Em 26 de dezembro de 2024, apenas duas horas após receber a resposta do Exército, a CGU também arquivou o processo, citando limitações para abrir sindicâncias em instituições militares. A informação sobre quem ordenou o uso de blindados nunca foi divulgada.

Fonte: DCM

Vereadora trans de Araraquara enfrenta transfobia durante posse (vídeo)

Filipa Brunelli (PT) teve discurso interrompido por ofensas enquanto se posicionava como oposição ao novo governo

Filipa Brunelli (Foto: Reprodução/YouTube/TV Câmara de Araraquara)

A cerimônia de posse da nova legislatura em Araraquara, no interior de São Paulo, no dia 1º de janeiro, foi marcada por um lamentável episódio de transfobia. Durante seu discurso, a vereadora Filipa Brunelli (PT), que se identifica como uma mulher trans, foi alvo de ofensas transfóbicas por parte de pessoas na plateia, relata o Metrópoles.

Enquanto discursava contra o novo prefeito, Dr. Lapena (PL), e se declarava oposição à gestão municipal, Brunelli teve sua fala interrompida por gritos ofensivos. Palavras como “traveco” e ordens para que ela saísse “daí” foram ouvidas em meio ao público. As manifestações ocorreram no momento em que a vereadora criticava a orientação conservadora da nova administração, apontando-a como contrária aos direitos humanos.

“Deixo claro desde já que serei oposição ao governo municipal que se elegeu sustentado por uma ideologia conservadora alinhada ao retrocesso e à defesa de figuras políticas violadoras de direitos humanos”, afirmou Brunelli antes de ser interrompida. Para conseguir prosseguir, ela precisou da intervenção do presidente da Câmara, Rafael de Angeli (Republicanos), que assumiu o microfone e pediu respeito à vereadora.

Após a interrupção, Filipa Brunelli retomou seu discurso, encerrando com um apelo por respeito ao mandato conferido por seus eleitores. Ela agradeceu aos 1.747 votos que garantiram sua reeleição e reforçou o compromisso com a defesa dos direitos da população.

Eleita pela primeira vez em 2020, Filipa Brunelli foi a primeira pessoa trans a ocupar uma cadeira na Câmara Municipal de Araraquara, tornando-se um marco na política da cidade. Sua reeleição em 2024 consolida sua posição como liderança no município, apesar de enfrentar uma composição majoritariamente conservadora na Câmara, onde apenas cinco das dezoito cadeiras pertencem a partidos de esquerda.

O PT, ao qual Brunelli é filiada, elegeu quatro vereadores, incluindo a parlamentar, enquanto o PCdoB ocupa uma cadeira, formando a minoria progressista na Casa.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles

Esposa de ex-jogador do Bragantino é alvo de xenofobia e agressão em Portugal


Adriana Müller, esposa de Lincoln, ex-RB Bragantino, sofreu agressão em Portugal. — Foto: Reprodução

A influenciadora Adriana Müller, esposa do jogador de futebol Lincoln Henrique, que jogou pelo Red Bull Bragantino na última temporada, foi vítima de xenofobia e agressão física em Portugal na última quinta-feira (3), enquanto estava com os filhos, de 3 e 7 anos.

O incidente ocorreu durante as férias da família, quando tentavam estacionar o carro próximo a um ginásio onde os filhos praticariam natação. Adriana relatou no Instagram que, ao tentar estacionar, virou na contramão para acessar uma vaga.

“Uma mulher que estava na frente fez um barraco, eu fui pedir desculpa para ela, que estávamos só estacionando, que estava com meus filhos e aí ela saiu do carro gritando, sendo xenofóbica, falando para eu voltar para o meu país, que ‘tinha que ser brasileira para estar fazendo asneira'”, contou Adriana.

Mesmo pedindo desculpas, a influenciadora disse que os insultos continuaram. “Ela se revoltou e quando falou para eu voltar para o meu país, disse que viemos para fazer bagunça”, disse.

Adriana e sua nora tentaram gravar a confusão para registrar a agressão sofrida, mas a mulher ameaçou quebrar o celular. O jogador Lincoln, meio-campista do Fenerbahçe, da Turquia, que estava emprestado ao Red Bull Bragantino, tentou intervir na situação, mas sua esposa pediu que ele não se envolvesse.

“Quando ele (Lincoln) viu que ela partiu para cima de mim, veio correndo para nos separar. E eu pedi para ele se retirar por ser homem e deixasse que eu iria conseguir resolver a situação sozinha. Meu medo era ele vir separar e a mulher dizer que ele tocou nela, ainda mais que em Portugal, onde todo mundo conhece Lincoln. Ela poderia querer usar isso”, relatou ao Globo.

Esposa de ex-Bragantino e Grêmio é agredida em Portugal
Adriana Müller ao lado do marido Lincoln, ex-RB Bragantino. Foto: reprodução

Pelas redes sociais, Adriana mostrou marcas da agressão e desabafou: “A mulher bateu em mim. Tô com o pescoço todo pegado. Tem quem cria fake para dizer que sou barraqueira, mas isso que é barraco.”

Após o ocorrido, ela informou que registrou um Boletim de Ocorrência contra a agressora e fará um exame de corpo de delito no Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses do Porto. Adriana também afirmou que levará o caso à Justiça, exigindo reparação por danos morais e psicológicos causados à sua família.
Boletim de Ocorrência registrado pela Adriana — Foto: Reprodução
Boletim de Ocorrência registrado pela Adriana — Foto: Reprodução

Fonte: DCM

VÍDEO – Vini Jr. é expulso e sofre racismo de torcida do Valencia: “Macaco”


Vinícius Júnior em campo pelo Real Madrid, de perfil, falando e gesticulando
Vinícius Júnior em campo pelo Real Madrid – Reprodução/Redes Sociais
O Real Madrid conquistou a liderança do Campeonato Espanhol ao vencer o Valencia por 2 a 1 nesta sexta-feira (3). Porém, o triunfo merengue ficou marcado por um episódio lamentável de racismo contra o brasileiro Vinícius Júnior, que foi expulso após se envolver em uma confusão com o goleiro do outro clube. Na saída de campo, o atacante foi alvo de insultos racistas, sendo chamado de “mono” (macaco) por parte da torcida adversária.

A expulsão ocorreu aos 32 minutos do segundo tempo, quando o craque se desentendeu com o goleiro Dimitrievski e acabou o agredindo. Após a análise do VAR, o árbitro decidiu expulsar o camisa 7, que deixou o gramado visivelmente inconformado. Durante sua saída, ele foi novamente hostilizado pela torcida adversária, o que gerou forte repercussão nas redes sociais.

Apesar do episódio, o Real Madrid conseguiu virar a partida com gols de Luka Modric e Jude Bellingham, alcançando 43 pontos e assumindo a liderança isolada do campeonato. Após o jogo, Vinícius Júnior usou suas redes sociais para pedir desculpas aos companheiros e à torcida pelo ocorrido.


Fonte: DCM

VÍDEO: Mulher se revolta após comissárias negarem bebida alcoólica em voo e surta

 

Montagem de duas fotos de confusão em voo
Registros de confusão durante voo – Reprodução/Instagram
Um voo da companhia aérea FlySafair, que fazia o trajeto entre Durban, na província de KwaZulu-Natal, e a Cidade do Cabo, no Cabo Ocidental, África do Sul, foi palco de um incidente polêmico envolvendo Nobuntu Mkhize, gerente de uma corporação de radiodifusão sul-africana, que foi flagrada por outros passageiros exigindo bebidas alcoólicas de forma insistente.

Em vídeos que circulam na internet, é possível notar sinais de embriaguez enquanto ela direcionava ofensas às comissárias de bordo. A situação escalou quando a mulher se levantou de seu assento e passou a proferir insultos racistas e comentários depreciativos: “Você é uma mestiça de Mitchells Plain, todos esses anéis de ouro, mas nenhum diploma. Agora mesmo, quando pousarmos, vou pegar um Uber para casa. Você nem tem carteira de motorista. Você nem tem carro”.

O ápice do confronto ocorreu quando a mulher arrancou sua própria peruca durante a discussão e um homem que estava próximo tentou intervir, pedindo calma aos presentes e alertando para que ninguém a tocasse. Após o pouso em solo na Cidade do Cabo, Mkhize foi detida por comportamento perturbador e agressivo a bordo. A passageira foi entregue à polícia local para responder por suas ações.

Fonte: DCM

Com Lula, 8/1 terá cerimônia no Planalto e ato da militância na praça dos 3 Poderes

presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falando em microfone e sorrindo, olhando para o lado
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – Divulgação

O Palácio do Planalto será palco, no próximo dia 8 de janeiro, da cerimônia em memória dos dois anos dos ataques às sedes dos três Poderes ocorridos em 2023. O evento, que contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de outras autoridades, inclui também um ato simbólico na Praça dos Três Poderes organizado pela militância de esquerda.

Conforme divulgado pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Lula participará da apresentação de obras de arte que foram restauradas após serem depredadas durante os ataques. Entre os destaques, está o relógio trazido ao Brasil por Dom João VI, em 1808, que foi consertado na Suíça sem custos ao país. Além disso, será apresentada a obra “As Mulatas”, de Di Cavalcanti.

O evento contará com a presença de governadores e dos presidentes dos três Poderes, embora a participação de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, ainda não esteja confirmada.

Após a cerimônia no Planalto, Lula descerá a rampa acompanhado de autoridades para um ato organizado pela Frente Brasil Popular. O evento incluirá um abraço simbólico à Praça dos Três Poderes, com expectativa de reunir cerca de mil pessoas.

Entre os organizadores do ato estão partidos como PT, PCdoB e PV, além de entidades como CUT (Central Única dos Trabalhadores), OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).

Lula aproveitou sua última reunião ministerial, em dezembro, para reforçar a importância do evento como um marco em defesa da democracia. O presidente destacou a prisão do general Walter Braga Netto, ex-vice de Jair Bolsonaro (PL), como um passo crucial contra a impunidade.

Braga Netto é o primeiro general quatro estrelas preso no contexto das investigações sobre os ataques e supostos planos golpistas, incluindo um alegado complô para assassinar Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do STF.

O ministro da Defesa, José Múcio, e os comandantes das três Forças Armadas estão confirmados no evento. Em 2024, Múcio afirmou que a presença dos militares simbolizava o compromisso das Forças Armadas com a democracia, apesar de pressões internas.

Lula, por sua vez, ressaltou que “perdão soaria como impunidade” e celebrou o evento como uma vitória da democracia sobre o autoritarismo. Durante a cerimônia do ano passado, o presidente mencionou a importância da união entre parlamentares, governadores, ministros e militares legalistas na defesa do estado democrático.

Fonte: DCM

Avanços no Brasil esbarram em desafios estruturais para produção de vacinas

Falta de infraestrutura e integração entre governo e empresas limita a independência na área

(Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/Ag. Brasil)

Apesar de avanços científicos notáveis, o Brasil enfrenta barreiras significativas para desenvolver e produzir vacinas de forma independente, destacou uma reportagem da Folha de S. Paulo. Embora conte com uma comunidade científica qualificada e instituições capazes de avaliar a eficácia de imunizantes, o país ainda falha nas etapas intermediárias do processo, o que dificulta a realização de ensaios clínicos em larga escala.

Especialistas enfatizam a desconexão entre o potencial científico do país e a falta de estrutura para transformar descobertas em produtos viáveis. "Existe uma desconexão no Brasil, tanto por parte dos empresários que transformariam a vacina em produto quanto do governo, em relação ao potencial científico do país", afirma Cristina Bonorino, imunologista da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.

● Infraestrutura insuficiente - A ausência de um parque de testagem de toxicidade no Brasil é uma das principais barreiras apontadas. Segundo Flávio da Fonseca, virologista da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sem esses testes é impossível avançar para avaliações clínicas. Ele também destaca a falta de estudos em primatas não humanos, essenciais para embasar decisões regulatórias.

Além disso, há uma carência de instalações especializadas na produção de lotes clínicos em pequena escala. "Você não consegue chegar numa empresa que tem o seu ciclo de produção totalmente ocupado e dizer: ‘preciso que você pare a sua produção para fabricar mil doses da minha vacina seguindo o padrão de boas práticas’", exemplifica Fonseca, ao comentar as dificuldades enfrentadas pela vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela UFMG, que tem seus lotes clínicos produzidos no exterior.

● Complexidade do processo - Esper Kallás, infectologista e diretor do Instituto Butantan, ressalta que o desenvolvimento de vacinas é mais demorado e complexo do que outros fármacos. "Poucos lugares do mundo têm o domínio completo de toda essa cadeia, e é comum uma participação forte de instituições públicas", pontua.

Uma solução apontada por Kallás seria concentrar esforços em vacinas para doenças cujos "correlatos de proteção" já são conhecidos, o que poderia simplificar etapas de desenvolvimento. Por outro lado, ele acredita que a tecnologia de vacinas de mRNA, que teve sucesso contra a Covid-19, ainda enfrenta desafios como a baixa duração da imunidade e altos custos.

● Cultura e colaboração - Para superar os gargalos, Bonorino defende a criação de uma estrutura mais descentralizada e ágil, baseada na colaboração entre governos e empresas. Ela critica a cultura predominante nas farmacêuticas brasileiras, que preferem apostar em genéricos com baixo risco financeiro. "É uma cultura que precisa mudar", concorda Fonseca.

Os especialistas reforçam que a autonomia na produção de vacinas é estratégica, como ficou evidente durante a pandemia de Covid-19. Sem investimentos em infraestrutura, parcerias público-privadas e uma mudança na mentalidade empresarial, o Brasil continuará dependente de insumos e tecnologias estrangeiras, o que compromete sua capacidade de resposta em situações críticas de saúde pública.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

Overclean: esquema bilionário tinha "fábrica de CPFs" para lavagem de dinheiro

Quadrilha usava contas de laranjas, empresas de fachada e transferências via PIX para movimentar R$ 1,4 bilhão

Dinheiro

A Operação Overclean revelou um dos esquemas de corrupção mais sofisticados do país, envolvendo fraude em contratos públicos e uma extensa rede de lavagem de dinheiro. A organização criminosa, liderada pelos irmãos Alex e Fábio Rezende Parente, utilizava uma engenhosa estratégia que incluía “fábricas de CPFs” para ocultar a origem de recursos ilícitos, segundo Mirelle Pinheiro, do Metrópoles.

A “fábrica de CPFs” consistia em redes de contas bancárias, empresas de fachada e laranjas que movimentavam os recursos desviados, dificultando o rastreamento pelas autoridades. Entre 2022 e 2024, o grupo criminoso movimentou cerca de R$ 1,4 bilhão, sendo R$ 825 milhões apenas no último ano. Esses valores eram provenientes de contratos superfaturados em obras de infraestrutura e serviços públicos, frequentemente mal executados ou nunca realizados.

● O papel dos laranjas e empresas de fachada - Os laranjas eram peças centrais no esquema. Pessoas físicas e jurídicas, muitas vezes em situação de vulnerabilidade, emprestavam ou vendiam seus dados para a quadrilha, geralmente em troca de pequenas comissões. Em alguns casos, os dados eram usados sem o consentimento das vítimas, incluindo pessoas falecidas ou estrangeiros que jamais estiveram no Brasil. Essas contas eram utilizadas para pulverizar os recursos e dificultar o rastreamento.

Empresas de fachada complementavam o esquema, simulando prestação de serviços por meio da emissão de notas fiscais falsas. Estabelecimentos como a FAP Participações e a BRA Teles figuravam como exemplos, sendo registradas em endereços residenciais ou comerciais fictícios. A BRA Teles, por exemplo, servia exclusivamente como intermediária para distribuição dos recursos ilícitos.

● Transferências via PIX e dinheiro vivo - A quadrilha também inovou no uso de transferências instantâneas via PIX para dispersar os valores em múltiplas contas. Essa estratégia, além de rápida, impedia que grandes transações chamassem a atenção dos sistemas de monitoramento bancário. Em paralelo, parte dos recursos era convertida em dinheiro vivo, com empresas especializadas facilitando essas operações mediante pagamento de comissões.

Negócios improváveis, como a peixaria Corno do Camarão, em Salvador, foram utilizados para movimentar milhões de reais sem levantar suspeitas. Esses estabelecimentos ajudavam a criar uma cortina de fumaça em torno da origem dos valores.

● Impacto e desdobramentos - O esquema financiava um estilo de vida luxuoso para os líderes da quadrilha, incluindo a compra de aeronaves particulares, imóveis de alto padrão e veículos de luxo. Esses bens, avaliados em dezenas de milhões de reais, foram sequestrados pela Justiça.

Além disso, o desvio de recursos comprometeu serviços essenciais, como pavimentação e saneamento básico, deixando rastros de prejuízo em diversas cidades brasileiras. A complexidade do esquema tornou as investigações um verdadeiro desafio. Redes de contas bancárias e empresas de fachada operavam como um labirinto, exigindo a integração de diferentes métodos investigativos, como interceptações telefônicas, escutas ambientais e cooperação internacional.

● A queda do esquema - A colaboração entre a Polícia Federal e a agência americana Homeland Security Investigations (HSI) foi crucial para desarticular a organização. Diálogos interceptados entre os líderes Alex e Fábio Parente revelaram detalhes sobre a escolha dos laranjas e o uso de transferências via PIX para "espalhar o dinheiro" rapidamente. A análise de dados fiscais também permitiu identificar empresas incompatíveis com as movimentações financeiras.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles

“Depois de Bolsonaro, qualquer asno pode ser presidente do Brasil", diz Latuff

Cartunista afirma que a candidatura de Gusttavo Lima deve ser encarada com naturalidade

Carlos Latuff (Foto: Felipe Gonçalves / Brasil 247)

A possibilidade de o cantor sertanejo Gusttavo Lima concorrer à Presidência da República em 2026 provocou uma série de reações no meio político e cultural. Em entrevista ao Bom Dia 247, o cartunista Latuff avaliou que, após a eleição de Jair Bolsonaro (PL) em 2018, a “régua da política baixou muito”. Segundo Latuff, a candidatura do artista deve ser vista com naturalidade, pois, em suas palavras, “depois que Bolsonaro foi eleito presidente, o pensamento parece ser o seguinte: qualquer um pode, até uma porta, uma cadeira, qualquer um pode”.

Em tom crítico, Latuff declarou: “Se um asno como aquele chegou à presidência do Brasil, qualquer idiota pode. É nesse contexto que, por exemplo, Pablo Marçal se lançou candidato. E a plataforma dele? Quer dizer, ‘plataforma’, entre muitas aspas. O que vimos nos debates foi mais uma postura de ‘hater’, um ‘provocador barato de internet’.” Para ele, “a régua da política baixou muito” desde 2018, o que também se manifesta em outros países. “Veja o caso da Argentina: um sujeito cujo símbolo é uma motosserra. Como levar algo assim a sério? A régua baixou. É por isso que surgem candidaturas como a do Gusttavo Lima.”

O cantor, que apoiou Jair Bolsonaro na campanha anterior, fez declarações ao portal Metrópoles confirmando seu interesse em disputar o cargo de presidente. “Conheço muita gente e, embora eu nunca tenha ocupado nenhum posto político, eu sou um empreendedor. Montei muitas empresas e sei como fazer para a roda girar. A gente tem que desburocratizar para o país funcionar melhor. Os pobres estão sem poder de compra, e o setor do agronegócio não aguenta mais pagar impostos e não ter benfeitorias para investir em seus próprios negócios”, afirmou.

Gusttavo Lima também falou sobre suas origens humildes, enfatizando o desejo de construir propostas que atendam as camadas mais vulneráveis da população. “Eu mesmo enfrentei muitas dificuldades na vida, mas aproveitei as oportunidades que recebi. Vim de uma condição bastante humilde, cheguei a perder três dentes, mas, claro, tive condições de me tratar, condição que muita gente não tem”, ressaltou o cantor, sugerindo que seu passado o motiva a pensar em “políticas públicas que beneficiem a população em situação de vulnerabilidade”.

Em relação a apoios políticos, o sertanejo mantém cautela: “Chega dessa história de direita e de esquerda. Não é sobre isso, é sobre fazer um gesto para o país, no sentido de colocar o meu conhecimento em benefício de um projeto para unir a população”. Ainda assim, Gusttavo Lima reconhece ter proximidade com o agronegócio, setor que foi decisivo para a eleição de Bolsonaro em 2018. Ele afirma que está aberto a negociações com partidos que tenham alinhamento com suas propostas, mas não descarta a possibilidade de desistir da corrida eleitoral caso perceba que seus planos não tenham adesão suficiente.

O cantor, que foi alvo de investigações por suspeita de envolvimento em atividades irregulares com empresas de apostas on-line, teve o caso arquivado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) por falta de provas. Segundo o órgão, não houve indícios que pudessem resultar em ação penal contra o sertanejo ou seus sócios.

Para Latuff, nada disso surpreende: “É claro que, em uma democracia, qualquer pessoa tem o direito de se candidatar a um cargo eletivo. Isso não é um problema em si. O problema começa quando vemos pessoas claramente desqualificadas, sem a menor capacidade para ocupar cargos de tamanha responsabilidade”. Na visão do cartunista, a provável candidatura de Gusttavo Lima seria apenas mais um reflexo de um cenário em que “qualquer um pode” se lançar na política, ainda que não haja uma plataforma detalhada ou experiência prévia para o exercício de funções públicas.
Assista:

Fonte: Brasil 247

Nikolas Ferreira é o “projeto da extrema-direita” para 2030, diz João Cezar de Castro Rocha

Professor a aponta a união entre olavistas e evangélicos em torno do parlamentar

(Foto: Divulgação )

A possível ascensão de novos nomes da direita brasileira tem sido alvo de debates cada vez mais intensos. Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o professor João Cezar de Castro Rocha afirmou que “Nikolas Ferreira é o projeto da extrema-direita para 2030”. Em suas palavras, o parlamentar eleva a discussão sobre o que denomina “extrema-direita 24/7”, em referência ao caráter contínuo de campanha política desempenhado por certos grupos.

Durante a conversa no Boa Noite 247, o professor ressaltou a força de lideranças que, em sua maioria, nasceram na década de 1990. “Isso é bem importante. Eu acho que é uma questão demográfica e essa questão demográfica será decisiva em 2026. Você sabe em que ano nasceu Nikolas Ferreira? 1995. André Fernandes e Bruno Engler nasceram em 1996, Lucas Pavanato em 1997. Há uma questão demográfica”, destacou. Segundo ele, a extrema-direita “triunfa porque viver em campanha é o próprio da extrema-direita. Eles não fazem campanha nos dois ou três meses anteriores a uma eleição majoritária, eles fazem campanha vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, trezentos e sessenta e cinco dias por ano”.

Outro ponto de reflexão foi a atuação das igrejas evangélicas, especialmente na comunicação em Libras (Língua Brasileira de Sinais). O professor lembrou que, na posse do então presidente Jair Bolsonaro, Michelle Bolsonaro “inovou de duas formas. Ela fez discurso e ela fez discurso em libras”. Essa iniciativa, segundo ele, evidencia uma estratégia de mobilização religiosa que vem sendo praticada há pelo menos duas décadas no Brasil: “As igrejas evangélicas no Brasil, de todas as denominações, há pelo menos duas décadas, preparam fiéis que aprendem a falar libras”.

O tema do futuro de Jair Bolsonaro também foi abordado. “Eu acho muito difícil que o Bolsonaro se torne elegível uma vez mais, e mais difícil ainda que ele consiga escapar da prisão”, afirmou João Cezar de Castro Rocha, referindo-se a processos que tramitam contra o ex-presidente. Segundo o professor, entretanto, a provável ausência de Bolsonaro no cenário eleitoral não deve enfraquecer a extrema-direita, que já estaria “projetando o cenário” com outros nomes e estratégias.

Ele também chamou a atenção para o contexto internacional. “A extrema direita brasileira estará profundamente reenergizada […] a partir do dia 20 de janeiro, com a posse de Donald Trump e com o papel importantíssimo que Elon Musk desempenhará”, afirmou. Para ele, Musk teria o objetivo de desmontar barreiras institucionais, abrindo caminho para projetos autoritários nos Estados Unidos e, por consequência, influenciando outros países, como o Brasil. “É muito claro o projeto agora. Neste instante, enquanto estamos falando, Elon Musk está tentando influenciar a eleição na Inglaterra e na Alemanha. […] Imagine o que acontecerá no Brasil em 2026.”

O professor sublinha que a esquerda deve entender as dinâmicas da extrema-direita se quiser reagir de forma eficiente. “Porque a esquerda perdeu a sua capacidade de militância desse jeito permanente, de estar nas comunidades, de fazer trabalho nas bases…”, disse. No contexto brasileiro, esse fator — somado ao universo digital — indica uma tendência de crescimento de lideranças jovens, como Nikolas Ferreira, André Fernandes, Bruno Engler e Lucas Pavanato.

Para João Cezar de Castro Rocha, a estratégia bolsonarista consiste em manter a “chama acesa” enquanto se busca um espaço de barganha política. Entretanto, ele avalia que o núcleo duro do bolsonarismo, “embora não vá dizê-lo”, já trabalha com a hipótese de Bolsonaro não participar do pleito de 2026. Nesse cenário, novos nomes ganham força como alternativas para a condução do projeto conservador. 
Assista:

Fonte: Brasil 247

Governo projeta déficit abaixo de 0,1% do PIB em 2024

Fazenda destaca esforço fiscal para reduzir déficit de mais de R$ 200 bilhões em 2023 para um patamar próximo de zero em 2024

Da esq. para a dir.: Geraldo Alckmin, Lula e Fernando Haddad (Foto: RICARDO STUCKERT / PR)

O governo federal estima que o déficit primário de 2024 ficará entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões, ou cerca de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB), conforme apurou o jornal O Globo. O valor é significativamente menor que a previsão anterior de R$ 28,7 bilhões (0,25% do PIB), consolidando o esforço da equipe econômica liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), em buscar o equilíbrio fiscal. A nova estimativa desconsidera gastos extraordinários decorrentes de decisões judiciais ou legislativas, como os destinados ao combate às enchentes no Rio Grande do Sul e às queimadas pelo país.

Ainda que o resultado final das contas públicas só seja divulgado em fevereiro de 2025, os dados preliminares indicam que o governo se aproximou da meta de déficit zero, graças ao aumento expressivo da arrecadação e ao controle rigoroso das despesas. Nos bastidores do Ministério da Fazenda, destaca-se o esforço fiscal para reduzir o rombo de mais de R$ 200 bilhões em 2023 para um patamar próximo de zero em 2024.

● Avanços na arrecadação e ajuste de despesas - A arrecadação surpreendeu ao crescer 10% acima da inflação, impulsionada por medidas de recomposição tributária aprovadas no ano anterior. Entre elas, estão o combate a benefícios fiscais considerados injustos, como a subvenção do ICMS, e a tributação de fundos exclusivos e offshores, que impactaram positivamente a base de receitas.

Por outro lado, o novo arcabouço fiscal começou a demonstrar resultados práticos, limitando o crescimento das despesas a 2,5% acima da inflação. O bloqueio de R$ 17,6 bilhões no orçamento de 2024 foi essencial para manter as contas sob controle, mesmo diante de pressões como gastos acima do previsto com a Previdência. Adicionalmente, ações de pente-fino em benefícios sociais e previdenciários contribuíram para o ajuste das despesas obrigatórias.

● Judiciário e controle político impulsionam meta - A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, de bloquear R$ 6,9 bilhões em emendas parlamentares por falta de transparência, também influenciou positivamente o balanço das contas públicas. Além disso, recursos empoçados — valores autorizados para pagamento mas não executados — ajudaram a amortecer o impacto fiscal. Esses fatores, somados a um rigoroso controle de gastos, garantiram que o déficit ficasse aquém do esperado.

● Desafios para 2025 e busca pela meta zero - Apesar do progresso, 2025 trará novos desafios. Para alcançar o equilíbrio fiscal, o governo precisará de receitas adicionais de pelo menos R$ 18 bilhões. O Congresso não aprovou o aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) nem a tributação sobre dividendos via Juros sobre Capital Próprio (JCP), que compensariam a renúncia fiscal da reoneração gradual da folha de pagamento.

Uma alternativa em negociação é o projeto sobre créditos tributários de bancos, que pode render R$ 16 bilhões, mas o governo insiste que essa receita não substitui as medidas rejeitadas. Enquanto isso, o pacote de contenção de gastos aprovado no fim de 2024 prevê uma economia de R$ 69,8 bilhões nos próximos dois anos, reforçando a confiança na política fiscal.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

Saiba idade mínima e tempo de contribuição para aposentadoria em 2025

Faixa etária vai aumentando seis meses a cada ano

Fila do INSS (Foto: Antônio Cruz/ABr)

Por Luiz Claudio Ferreira, repórter da Agência Brasil - Para saber quando será o momento de se aposentar, o trabalhador precisa estar atento às regras estipuladas pela Reforma da Previdência aprovada em 2019. Para a aposentadoria por tempo de contribuição, a idade mínima foi elevada em seis meses. Neste ano de 2025, a mulher precisaria ter 59 anos e 30 anos de tempo de contribuição, e, para o homem, 64 anos e 35 anos de tempo de contribuição.

As idades vão aumentando seis meses a cada ano. No caso da mulher, a idade chegará a 62 anos em 2031, enquanto que, para o homem, aos 65 anos, a partir de 2027. A possibilidade de se aposentar pelo sistema dos pontos (somatória da idade com o tempo de contribuição) também tem alterações neste ano. Para mulheres, são necessários 92 pontos (com pelo menos 30 anos de contribuição). Para os homens, 102 pontos (com 35 anos no sistema do INSS).

Uma situação diferente é para professores, que precisam ter tempo de contribuição mínimo no magistério (25 anos para mulher e 30 anos para homens). Em 2025, as professoras precisam somar 87 pontos e os professores, 97. A pontuação será acrescida de um ponto a cada ano até atingir o limite de 100 pontos para a mulher e 105 pontos para o homem.

Pedágio - Existem ainda as regras de transição de “pedágio” voltadas às pessoas próximas de se aposentar. O pedágio de 50% prevê que o trabalhador cumpra um período adicional correspondente à metade do tempo faltante na data da reforma (2019). Já o pedágio de 100% exige idade mínima, tempo de contribuição e o cumprimento de um período adicional igual ao tempo faltante. Esse método pode proporcionar um benefício mais alto.

No pedágio de 50%, as pessoas precisariam trabalhar por mais metade do tempo que faltava para chegar ao tempo previsto de contribuição (30 anos para mulheres e 35 anos para homens). No caso de pedágio de 100%, homens necessitariam ter 60 anos de idade, e mulheres, 57. Faltando dois anos para se aposentar, por exemplo, os trabalhadores teriam que ficar mais quatro anos no serviço.

O Instituto Nacional do Seguro Social disponibiliza ferramenta para que os trabalhadores possam simular o tempo necessário para pedir o benefício, no aplicativo do INSS. Todas as regras podem ser conferidas no site do instituto.

Fonte: Brasil 247