Segundo a denúncia, o grupo criminoso exigia valores exorbitantes de vendedores ambulantes
O movimento na Rua 25 de Março, maior centro de comércio popular de São Paulo (Foto: Aquiles Lins)
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) apresentou à Justiça uma denúncia contra 16 pessoas, incluindo policiais militares — ativos e reformados — e uma agente da Polícia Civil, por envolvimento em um esquema de formação de milícia privada, lavagem de dinheiro e extorsão de ambulantes estrangeiros no Brás, tradicional polo comercial no centro de São Paulo. As informações foram divulgadas pelo G1.
Segundo a denúncia, o grupo criminoso exigia valores exorbitantes de vendedores ambulantes, em sua maioria imigrantes sem acesso a crédito formal, para que pudessem continuar trabalhando na região. Uma das testemunhas relatou que era obrigada a pagar "R$ 15 mil por ano e mais R$ 300 por semana" para garantir sua permanência no local.
A investigação conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP revelou que, além dos PMs, uma escrivã da Polícia Civil também estava envolvida. A agente, que "é ou já foi companheira de um sargento da PM", teria sido flagrada extorquindo e intimidando os trabalhadores.
Os promotores deram início à operação após receberem da Corregedoria da Polícia Militar informações detalhadas sobre as atividades ilícitas do grupo. Conforme apurado, os ambulantes eram frequentemente obrigados a recorrer a agiotas para obter os valores exigidos. Esses agiotas, por sua vez, contavam com o apoio dos policiais envolvidos no esquema para cobrar, muitas vezes de forma violenta, os devedores.
A denúncia está agora sob análise da Justiça, que decidirá se aceita ou não a acusação. Caso aceita, os 16 acusados se tornarão réus no processo, podendo responder por crimes que incluem extorsão, formação de milícia e lavagem de dinheiro.
A ação reflete um esforço conjunto entre o MP-SP e a Corregedoria da PM para desarticular grupos criminosos que, sob o pretexto de oferecer segurança ou autorização, exploram economicamente trabalhadores vulneráveis. O caso também reforça a preocupação com a atuação de agentes públicos em atividades que deveriam coibir, e não fomentar, práticas ilegais.
A região do Brás, conhecida por atrair comerciantes e consumidores de todo o país, já enfrentou denúncias de irregularidades no passado. Desta vez, no entanto, o foco recai sobre agentes de segurança que deveriam proteger os direitos dos cidadãos, mas que, segundo o MP, usaram suas funções para enriquecimento ilícito.
Até o momento, a Justiça não se manifestou sobre a denúncia apresentada pelo MP. O caso segue em andamento, e novas revelações podem surgir à medida que o processo se desenvolve.
Fonte: Brasil 247 com informações do G1