Jornalista aponta mudança no tom das críticas e destaca impacto das medidas fiscais no mercado e na classe C
(Foto: RICARDO STUCKERT | Felipe L. Gonçalves/Brasil247)
A jornalista Helena Chagas usou suas redes sociais para comentar as repercussões das medidas econômicas anunciadas pelo governo federal, incluindo o ajuste fiscal e a reforma do Imposto de Renda (IR). Após os primeiros dias de turbulência, Chagas observa uma mudança no tom das análises econômicas e políticas, com colunistas e especialistas reconhecendo os méritos das medidas.
"Baixada a poeira dos primeiros dias em que o mundo caiu na cabeça do governo com o anúncio do ajuste fiscal junto com a reforma do IR, as coisas parecem amainar", escreveu a jornalista. Ela destacou que, embora os cortes e ajustes possam demandar complementações futuras, o consenso começa a se formar em torno do fato de que as medidas seguem uma direção acertada, como também admitiu o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
◉ Impacto do IR e o "ano eleitoral"
Chagas ressaltou ainda que as mudanças no Imposto de Renda, que beneficiam principalmente a classe C, terão repercussões significativas, mas que só serão sentidas plenamente em 2026 – ano de eleições presidenciais. "Não por acaso o ano eleitoral", apontou, sugerindo uma estratégia política na implementação das medidas.
◉ O mercado e o governo Lula
Para a jornalista, a reação inicial do mercado financeiro foi marcada mais pela frustração do que pelas próprias medidas em si. "A impressão que tenho é que a ‘surpresa’ do mercado deveu-se mais à constatação de que não conseguiu, como esperava, botar o cabresto no governo Lula", afirmou.
Embora tenha havido uma forte especulação que levou à alta do dólar, Chagas acredita que o cenário deve se estabilizar nos próximos dias. "A vida segue e o equilíbrio fiscal não foi para o espaço. A especulação jogou o dólar nas alturas, mas os ventos apontam para uma acalmada esta semana", concluiu.
As declarações de Helena Chagas refletem uma visão mais ponderada do momento econômico e político, ressaltando tanto os desafios enfrentados pelo governo quanto os sinais de que as políticas estão começando a ser melhor compreendidas e assimiladas.
O grupo de advogados Prerrogativas realizará na próxima sexta-feira (6) um jantar de confraternização de fim de ano em São Paulo, que terá como destaque uma homenagem à primeira-dama, Janja Lula da Silva, por sua atuação na Aliança Global contra a Fome e sua defesa de um sistema de Justiça mais inclusivo no Brasil. Janja já confirmou presença, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também deve comparecer.
O evento acontecerá na Casa Natura Musical e contará com shows de Maria Rita e Ivo Meirelles, além da expectativa de uma apresentação especial do advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. A festa está programada para começar às 20h e seguirá até as 3h do dia seguinte.
Os ingressos esgotaram em apenas quatro dias, deixando uma fila de espera de 300 pessoas. Esta será a quarta edição do tradicional jantar promovido pelo Prerrogativas.
Antes de comparecer ao jantar, Lula estará em Montevidéu na quinta-feira (5) para participar da 65ª Cúpula do Mercosul e deve viajar diretamente para São Paulo após o compromisso. O evento reunirá advogados, professores, defensores públicos, desembargadores, ministros de Tribunais Superiores, além de políticos e autoridades do governo.
Entre os nomes confirmados estão Fernando Haddad, ministro da Fazenda; Jorge Messias, ministro da Advocacia-Geral da União; Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário; Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial; Vinícius de Carvalho, ministro da Controladoria-Geral da União; Daniela Teixeira, ministra do STJ; Bruno Dantas, ministro do Tribunal de Contas da União; Antônio Fabrício de Matos Gonçalves, ministro do TST; Edilene Lôbo e Vera Araújo, ministras do TSE; além das desembargadoras Cláudia Franco e Gabriela Araújo. A ministra Margareth Menezes também é esperada.
Deputados federais como Guilherme Boulos (Psol-SP), Rui Falcão (PT-SP), Fernanda Melchionna (Psol-RS) e Orlando Silva (PCdoB-SP) também estarão presentes. O favorito à Presidência da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), o deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, foram convidados, mas ainda não confirmaram participação.
O Itamaraty informou neste domingo (1º) que ao menos 12 brasileiros morreram em combate na Guerra da Ucrânia desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022. O número, porém, não inclui o caso de Tiago Nunes, de 19 anos, voluntário no conflito, cuja morte foi anunciada na última quinta-feira (28) pela Prefeitura de Rurópolis (PA), sua cidade natal, mas ainda não foi oficialmente confirmada pelo governo.
A pasta afirma estar ciente do desaparecimento de Nunes e mantém contato com a família. Entre os casos já confirmados, destaca-se Antônio Hashitani, de 25 anos, que abandonou seus estudos na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) para se juntar como voluntário a um grupo paramilitar na região de Bakhmut.
A área, considerada um dos epicentros mais violentos da guerra, foi onde Hashitani perdeu a vida no ano passado. Em 2022, outras duas mortes de brasileiros foram oficialmente divulgadas. André Hack Bahi, de 43 anos, atuava como socorrista na Legião Internacional de Defesa da Ucrânia.
Ele morreu em combate na região leste do país. Douglas Búrigo, de 40 anos, ex-militar do Exército Brasileiro, também perdeu a vida em Kharkiv, uma das áreas mais afetadas pelos ataques russos.
Desde o início da guerra, diversos estrangeiros têm se unido como voluntários à Legião Internacional de Defesa da Ucrânia, uma força militar que acolhe combatentes de outros países. Brasileiros, em menor número, também integram essa legião, muitas vezes motivados por convicções
Ministro Barroso canta “Aquarela Brasileira” durante casamento de Flávio Dino no sábado, 30 de novembro de 2024 – Foto: Reprodução
No casamento do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), realizado neste sábado (30) em Raposa, no Maranhão, a festa ganhou destaque com uma performance inesperada de Luís Roberto Barroso. O presidente do STF subiu ao palco e surpreendeu os convidados ao cantar “Aquarela Brasileira”, clássico da música nacional.
A apresentação do magistrado foi recebida com entusiasmo pelos presentes, que aplaudiram calorosamente o momento descontraído.
Apesar da animação, Dino planejou uma cerimônia discreta, reservada para amigos e familiares próximos, com a presença de colegas como Alexandre de Moraes e Edson Fachin
As raizes sombrias da tentativa de golpe e assassinato dos militares bolsonaristas
O Exército proibiu o acesso público à monografia escrita pelo general da reserva Mario Fernandes, invesigado e preso na investigação contra a tentativa de golpe de estado feita pela Polícia Federal. O DCM teve acesso ao documento com ajuda do pesquisador Ananias Oliveira, da UFCG, e o perfil de redes sociais Camarote da República.
Fernandes chefiou o 1º Batalhão de Forças Especiais em 2011, recém-promovido a coronel, e permaneceu com os “kids pretos” durante seus cinco anos de coronelato.
Considerado exímio atirador e paraquedista por seus colegas, ele foi apadrinhado por generais relevantes na estrutura do Exército antes de ganhar as duas estrelas características do posto de general de brigada. Mas as boas relações não foram suficientes para ele ganhar a terceira, e Mario Fernandes foi para a reserva do Exército em 2020.
Os generais quatro estrelas esperavam uma mudança de comportamento dele após chefiar os “kids pretos”. O trabalho de conclusão de curso da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme) é uma “análise crítica” do Comando de Forças Especiais. Mario Fernandes era major de infantaria e seu orientador era o então major de cavalaria Frederico José Diniz.
O texto, de 2002, é uma tese sobre o uso dos “kids pretos”, apelido dentro das Forças Armadas para as Forças Especiais e táticas que utilizam um característico gorro preto.
Operações de GLO contra “guerrilha urbana ou rural” e “terrorismo”
O documento tem um total de 182 páginas. Na página 32, o militar aborda as possibilidades e as limitações do uso de Forças Especiais do Exército Brasileiro. Ele descreve o seguinte: “As características dessas forças em operarem em áreas longínquas e ambientes hostis, com um mínimo de direção e controle, lhes conferem inúmeras possibilidades, dentre as quais se destacam: Proporcionar assessoramento ou instrução a outras forças nas operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), num quadro de Seg Int [segurança interna]”.
Na página 53, no emprego “básico” dessas forças”, Fernandes traça um histórico das forças especiais, citando exemplo da Alemanha Nazista, além de forças táticas na Guerra do Golfo, do Afeganistão e do Iraque.
Faz referência à Batalha da Fortaleza Eben-Emael, que ocorreu de 10 a 11 de maio de 1940, no contexto da invasão da Bélgica, dos Países Baixos e da França durante a Segunda Guerra Mundial. As forças belgas enfrentaram os paraquedistas alemães da Luftwaffe, conhecidos como Fallschirmjäger. Os alemães utilizaram uma técnica inovadora, empregando cerca de 500 paraquedistas transportados por planadores para atacar diretamente a fortaleza. Este assalto resultou na captura rápida da fortaleza e na prisão dos soldados belgas que lá estavam.
Também menciona a ação de 12 de setembro de 1943, quando homens da SS nazista, comandados por Otto Skorzeny e a mando de Adolf Hitler, libertaram Benito Mussolini, prisioneiro desde julho em Abruzzo, região no norte da Itália.
“O 1º BFEsp [Batalhão de Forças Especiais] é a Unidade da Força Terrestre que congrega os potenciais das tropas de Forças Especiais e de Comandos. Portanto, é a organização militar especializada, orientada e adestrada para a condução da Guerra Irregular (GI), das Operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), inclusive nas ações de Contra terrorismo e nas Atividades de Inteligência, do Combate Não-Convencional e de outras ações em proveito de um Teatro de Operações Terrestre (TOT), seja por meio de Reconhecimentos Estratégicos de Área, seja por meio de Incursões na retaguarda profunda das forças inimigas”, escreve.
Em um grupo de WhatsApp dos kids pretos, um militar sugere a criação de campos de concentração e menciona Auschwitz.
“Alguém tem algum planejamento ou viu em algum momento a condução de um cpg sem aparelhos? Caso sim, chamar no privado”, diz a mensagem. A sigla CPG, segundo a PF, significa “Campo de Prisioneiros de Guerra”. O militar que fez a pergunta não está entre os 37 indiciados pela polícia. Como resposta, o tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira, que foi um dos indiciados, escreveu: “Auschwitz!!”.
Voltando para a monografia. Na página 63, sendo sintético na gestão de Forças Especiais em situação de “Guerra Irregular”, o general Fernandes defende o uso de “kids pretos” no contraterrorismo, contra ações de guerrilha e novamente cita a instauração de um GLO para seu uso.
“Missões, Possibilidades e Limitações do BFEsp
Pelas características e peculiaridades citadas anteriormente, o BFEsp deve ser empregado, prioritariamente, com finalidades estratégicas e para isso, possui destacada aptidão para o cumprimento das seguintes missões:
– planejar, conduzir e/ou executar operações de guerra irregular;
– planejar, conduzir e/ou executar operações de ação direta;- planejar, conduzir e/ou executar operações de reconhecimento estratégico;
– planejar, conduzir e/ou executar operações de interdição de alvos táticos e estratégicos;- planejar, conduzir e/ou executar operações de inteligência;
– planejar, conduzir e/ou executar operações de contraterrorismo;
– planejar, conduzir e/ou executar operações de contraguerrilha;- planejar, conduzir e/ou executar operações de GLO;
– planejar, conduzir e/ou executar operações de busca, salvamento e resgate;
– planejar, conduzir e/ou executar operações de assistência humanitária e assuntos civis; e
– integrar as Forças de Ação Rápida (FAR) e as Reservas Estratégicas da F Ter”.
Na investigação de 884 páginas da Polícia Federal, as autoridades trazem a seguinte informação:
“O então Comandante do Exército, General FREIRE GOMES, em termo de depoimento, na condição de testemunha, também confirmou que em reuniões no Palácio do Alvorada, após o 2° turno das eleições, o então presidente JAIR BOLSONARO apresentou a hipótese de utilização de institutos jurídicos, como GLO, decretação do Estado de Defesa e Estado de Sítio, em relação ao processo eleitoral. O depoente, assim como BAPTISTA JUNIOR, afirmou que sempre deixou evidenciado a JAIR BOLSONARO que o Exército não participaria na implementação desses institutos jurídicos, visando reverter o processo eleitoral”.
E conclui:
“A ação operacional foi desenvolvida sob o codinome Copa 2022 e o ápice ocorreu na data de 15 de dezembro de 2022 com a participação de pelo menos 06 (seis) pessoas, possivelmente, todos militares de Forças Especiais (Kids Pretos) [no plano de assassinato de Alexandre de Moraes e possível envenenamento do presidente Lula e de seu vice, Geraldo Alckmin]. No entanto, por circunstâncias alheias à vontade dos investigados, a operação Copa 2022 teve que ser abortada enquanto já estava em andamento.
MARIO FERNANDES atuou como o elo entre os líderes dos manifestantes golpistas instalados principalmente no QG do Exército em Brasília/DF e a Presidência da República, coordenando o planejamento e a execução de atos antidemocráticos, conforme o interesse da organização criminosa.
Apesar da frustração na tentativa de consumação do golpe de Estado no dia 15 de dezembro de 2022, MARIO FERNANDES e os demais investigados continuaram a nutrir esperanças em uma reviravolta. Assim, na data de 19 de dezembro de 2022, o General MARIO FERNANDES ainda orientava as lideranças das manifestações antidemocráticas, solicitando que aguardassem e que mantivessem as mesmas ações, a mesma vontade e o mesmo ímpeto.
Outro ponto importante, é que as análises identificaram que MARIO FERNANDES também foi o responsável pela elaboração de outro documento relevante, que evidencia o dia seguinte, acaso o golpe de Estado se consumasse. Trata-se de uma minuta de instituição de um ‘Gabinete Institucional de Gestão da Crise’, com o escopo de assessorar o então presidente da República JAIR BOLSONARO na administração dos fatos decorrentes da abolição do Estado Democrático de Direito”.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi vaiado por alguns passageiros durante um voo da Gol que partiu de Brasília para o aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, na última quinta-feira (28). Apenas uma senhora se levantou para cumprimentar e elogiar o ex-chefe de Estado brasileiro.
Segundo o colunista Ancelmo Gois, do Globo, essa foi uma das poucas manifestações de apoio recebidas por Bolsonaro no voo. O episódio chamou atenção pela ausência de reações calorosas que costumavam marcar encontros com apoiadores em situações similares.
A viagem ao Rio de Janeiro teve como objetivo encontros com lideranças do Partido Liberal (PL) e de outras siglas de direita no estado.
Bolsonaro enfrenta acusações no relatório da Polícia Federal (PF), que aponta seu envolvimento em um plano golpista. O documento, entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), inclui acusações de conspiração contra o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.
Além do ex-chefe do Executivo, outros 36 nomes foram citados no relatório, como o general Braga Netto e Valdemar Costa Neto, presidente do PL. O ex-presidente nega as acusações e afirma ser alvo de perseguição política. Ele também tem defendido publicamente a anistia para envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.
Carlos Bolsonaro e o deputado federal Otoni de Paula, alvo de ataques do vereador – Foto: Reprodução
Carlos Bolsonaro atacou o deputado federal ex-bolsonarista Otoni de Paula (MDB-RJ), insinuando que o parlamentar seria homossexual. “Esse aí, quando senta, faz voz grossa há muito tempo”, escreveu o vereador em postagem sobre a fala recente de Otoni, que afirmou que “a direita é maior do que o bolsonarismo”.
Otoni, que já foi um aliado próximo de Jair Bolsonaro, tem adotado uma postura crítica ao ex-presidente. Recentemente, ele declarou que “não podemos seguir um caminho só porque Bolsonaro apontou para lá”, reforçando a necessidade de independência dentro da direita brasileira. As falas de Otoni foram elogiadas por Ronaldo Caiado, governador de Goiás. Carluxo, em seu ataque, não se conteve e decidiu ofender o deputado.
Os juristas Pedro Serrano e Fernando Hideo publicaram um artigo na Folha de S. Paulo no qual rebatem editorial do jornal que sugeria que o ministro Alexandre de Moraes se declarasse impedido de julgar os casos nos quais ele figurasse também como vítima. Confira trechos:
No editorial “Suspeitas graves exigem tanto rigor como equilíbrio” (20/11), esta Folha sugere a existência de “casos em que Alexandre de Moraes figura simultaneamente como supervisor e vítima em potencial”, o que dá margem a argumentos recorrentes no sentido de que ele deveria se declarar impedido de exercer a jurisdição no inquérito que apura os atentados contra o Estado democrático de Direito e a tentativa de golpe no Brasil, por ter sido alvo de atos do plano golpista para manter Jair Bolsonaro no poder.
Embora a preocupação com a imparcialidade seja legítima, esse argumento revela uma compreensão equivocada do princípio do juiz natural em face da própria natureza dos crimes em apuração.
O atentado contra o ministro Moraes não foi um ataque à sua pessoa, mas à figura institucional que desempenhava papel central no funcionamento do Estado democrático de Direito enquanto presidente do Tribunal Superior Eleitoral durante as eleições e relator do inquérito das fake news no Supremo Tribunal Federal. Afastá-lo da relatoria seria conceder aos investigados o poder de manipular a jurisdição, violando o princípio constitucional do juiz natural. (…)
Diferentemente do episódio ocorrido no aeroporto de Roma, no qual Moraes e familiares foram agredidos, o atentado aqui não se deu em face do indivíduo, mas contra a figura institucional que desempenhava um papel decisivo no equilíbrio democrático durante as eleições e na responsabilização dos ataques golpistas.(…)
As investigações da Polícia Federal revelaram que o atentado contra o ministro Alexandre de Moraes foi uma etapa de um plano estruturado e coordenado, com múltiplos núcleos de atuação, para subverter a ordem democrática e dar um golpe de Estado, que tinha por objetivo final impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e manter Bolsonaro no poder. (…)
Além de individualizar condutas e responsabilizar os envolvidos, este caso é uma oportunidade de reafirmar a força das instituições democráticas. Afastar o ministro Alexandre de Moraes seria enfraquecer o Poder Judiciário, subverter a legislação processual penal e abrir caminho para que criminosos golpistas escolham quem os julgará —cenário inconcebível em um Estado democrático de Direito.
Investigações da Polícia Federal (PF) revelaram mensagens de militares bolsonaristas que acusam o general Valério Stumpf Trindade, ex-comandante militar do Sul, de ser um “informante” do ministro Alexandre de Moraes, apelidado de “ovo” nas conversas. As mensagens foram trocadas entre Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e um interlocutor chamado Rivas.
Rivas afirmou que Stumpf teria repassado informações de reuniões envolvendo Bolsonaro, enquanto Mauro Cid descreveu isso como “vergonha eterna”. Os militares sugeriram que o general negociava cargos para parentes, além de alegarem que o vice-presidente à época, Hamilton Mourão, também teria se reunido com outros generais para discutir a saída de Bolsonaro.
A PF identificou ataques orquestrados contra militares que rejeitaram o suposto plano golpista, incluindo Stumpf e outros generais do Alto Comando do Exército. No dia 15 de novembro de 2022, o coronel Corrêa Netto enviou fotos de generais contrários ao esquema, incluindo Richard Nunes, Tomás Paiva e Valério Stumpf.
Os ataques também atingiram o general André Luís Novaes Miranda, que pediu aos militares para não participarem dos atos de 7 de Setembro, e o general Guido Amin Naves, que liderava o Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército. Ambos foram alvos nas redes sociais por se posicionarem contra o suposto golpe.
Segundo o relatório, os diálogos mencionam um possível “Decreto de Golpe de Estado” elaborado por Bolsonaro, mas rejeitado por alguns militares. Rivas disse que o ato de rasgar o documento foi “traição à pátria”, e Mauro Cid lamentou o que chamou de “decepção sem tamanho” com os generais.
Stumpf, antes de liderar o Comando Militar do Sul, foi secretário-executivo do Gabinete de Segurança Institucional no fim do governo Michel Temer. Ele é descrito no relatório como um dos principais alvos de bolsonaristas por não aderir ao movimento.
A PF também identificou que o almirante Almir Garnier, ao contrário de outros militares citados, estaria alinhado ao grupo que apoiava o plano de ruptura institucional. Garnier é mencionado como tendo tanques prontos no arsenal.
O número de investigações sobre casos de terrorismo no Brasil atingiu um recorde em 2023, com 51 inquéritos instaurados, marcando um aumento de mais de 500% em comparação com 2022, quando apenas 10 investigações foram abertas.
Esses dados foram obtidos pela reportagem do Metrópoles por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) e revelam uma tendência crescente de casos investigados desde a criação da Lei Antiterrorismo em 2016.
Segundo o relatório da Polícia Federal (PF), o número de investigações sobre terrorismo no Brasil aumentou de forma significativa, alcançando um total de 117 inquéritos abertos entre 2016 e novembro de 2024. Além de 51 investigações em 2023, foram registrados outros aumentos ao longo dos anos, com 19 inquéritos instaurados até novembro de 2024.
Os números indicam que o Brasil está intensificando sua vigilância sobre atos terroristas, especialmente em tempos de crescente insegurança global. Entre os anos, o número de investigações variou, com 5 inquéritos abertos em 2016, 1 em 2018, 10 em 2019, 12 em 2020, 7 em 2021 e 10 em 2022.
Em 2023, o aumento de 500% foi notável, indicando uma resposta mais assertiva às ameaças terroristas. Aprovada em 2016, a Lei Antiterrorismo (Lei 13.260/2016) ampliou o conceito de terrorismo no Brasil, tornando mais abrangente a definição de crimes terroristas.
De acordo com a legislação, atos terroristas não se limitam a ataques diretos, mas incluem também atividades preparatórias, como recrutamento, organização e treinamento de indivíduos para ações terroristas. A lei também contempla a utilização de explosivos, armas químicas, biológicas ou nucleares para promover destruição em massa.
De acordo com a PF, a legislação também considera como terrorismo atos que envolvem sabotagem ou a apropriação de infraestrutura essencial, como hospitais, escolas, instalações públicas, transportes e sistemas de energia, além de atos que provoquem terror social e ameacem a paz pública e a segurança.
Em 2023, o aumento das investigações por terrorismo reflete uma vigilância mais rigorosa e ações de prevenção mais eficazes contra potenciais ameaças terroristas no país. A inclusão de atos preparatórios no âmbito da Lei Antiterrorismo tem permitido à Polícia Federal agir mais rapidamente para evitar que ataques se concretizem.
Com o avanço das investigações, espera-se um controle maior sobre essas ameaças, que podem ser direcionadas tanto a instituições públicas como a ações de sabotagem e destruição.
O crescente número de inquéritos no Brasil ilustra a necessidade de uma resposta mais robusta às ameaças globais de terrorismo e a importância de manter a segurança interna em nível elevado, especialmente diante de um cenário internacional de crescente extremismo e radicalização.
A investigação da Polícia Federal sobre a suposta trama golpista após as eleições presidenciais de 2022 aponta o dia 15 de dezembro daquele ano como o ponto crucial do planejamento para uma ruptura institucional.
Citada 90 vezes no relatório de 884 páginas, essa data marcou encontros decisivos, monitoramento de autoridades e o início de ações que, segundo a PF, visavam à assinatura de um decreto de golpe por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O ex-presidente nega as acusações.
O dia começou com a deflagração de uma megaoperação da Polícia Federal, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, contra suspeitos de organizar atos antidemocráticos. Mais de 100 mandados foram cumpridos em oito estados e no Distrito Federal, criando um clima de tensão nos acampamentos bolsonaristas em frente aos quartéis.
Paralelamente, no Palácio da Alvorada, Jair Bolsonaro mantinha uma agenda intensa de articulações. Entre os visitantes do dia, estavam o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o general Braga Netto, ex-ministro da Defesa, e Filipe Martins, assessor especial apontado como membro do núcleo jurídico do plano golpista. Ele permaneceu no local por 12 horas, enquanto outros assessores iam e vinham.
O ponto alto do dia foi a reunião entre Bolsonaro e o então comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes. Sob forte pressão de aliados do presidente e de setores militares, Freire Gomes foi ao Alvorada às 10h45, mas permaneceu por pouco mais de uma hora. Segundo o relatório, ele rejeitou qualquer apoio ao plano golpista, frustrando os articuladores.
Trocas de mensagens obtidas pela PF mostram a ansiedade em torno da reunião. Um áudio do então secretário-executivo da Presidência, general Mario Fernandes, enviado ao general Luiz Eduardo Ramos, indicava que o comandante poderia sinalizar apoio à ruptura: “Foi ao Alvorada para sinalizar ao presidente que ele podia dar ordem”.
A negativa de Freire Gomes gerou reações imediatas. Mensagens obtidas mostram ataques ao general. O capitão reformado Ailton Gonçalves Moraes Barros afirmou: “Se FG [Freire Gomes] tiver fora mesmo, será devidamente implodido e conhecerá o inferno astral”.
Enquanto as articulações aconteciam no Alvorada, um grupo de militares e policiais monitorava o ministro Alexandre de Moraes. Segundo a PF, o ministro era visto como o “centro de gravidade” que deveria ser “controlado ou extinto”. O plano incluía o sequestro e possível assassinato de Moraes.
Militares do Comando de Operações Especiais saíram de Goiânia rumo a Brasília, onde ficaram posicionados próximos ao STF e à residência do ministro. Às 20h59, no entanto, a operação foi abortada após a ordem de “Alemanha” — codinome de um dos envolvidos — em um grupo de mensagens no Signal. A investigação aponta que a falta de adesão do Alto Comando do Exército ao plano golpista foi crucial para barrar a execução da missão.
Caso o decreto fosse assinado no dia 15, um Gabinete Institucional de Gestão da Crise seria criado no dia seguinte, sob o comando do general Braga Netto e do general Augusto Heleno. O objetivo incluía ações ainda mais graves, como o assassinato de Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin, presidente e vice-presidente eleitos, respectivamente.
Os documentos apreendidos pela PF revelam um plano maior, chamado “Punhal Verde e Amarelo”, que previa o envenenamento de Lula e Alckmin como parte de uma tentativa de invalidar a chapa eleita.
As revelações sobre o dia 15 de dezembro reforçam o papel do general Freire Gomes e do Alto Comando do Exército na contenção da tentativa de golpe. A PF segue com as investigações e já indiciou 37 pessoas, incluindo militares e aliados próximos de Bolsonaro, por participação no plano.
Momento em que Jorge Iggor desabafa sobre conquista do Botafogo na Libertadores no sábado, 30 de novembro de 2024 – Foto: Reprodução
O narrador Jorge Iggor, da TNT Sports, desabafou sobre a conquista inédita do Botafogo na Libertadores e relembrou um drama pessoal com seu filho, Gustavo. Durante a cobertura pós-jogo, ele relatou o sofrimento do jovem com a derrocada do clube no Brasileirão do ano passado e confessou um sentimento de culpa por tê-lo incentivado a torcer pelo time da “Estrela Solitária”: “Meu filho sofreu a pior dor que um torcedor pode sofrer”, declarou.
Iggor revelou que a ligação com o Botafogo veio por influência familiar e que ele mesmo apresentou o time ao filho. “Eu dei a primeira camisa aos cinco anos e, naquele momento de derrota, doeu mais por ele do que por mim”, disse, emocionado. O título deste ano trouxe alívio ao narrador, que comemorou a oportunidade de celebrar ao lado de Gustavo, agora com 20 anos.
Neste sábado (30), data da conquista histórica e do aniversário de seu filho, Jorge Iggor destacou a importância do momento: “Hoje ele vai ter a maior alegria de torcedor na vida dele. Vou dar o abraço que sempre desejei numa noite de título de Libertadores. Estou feliz por ele, por meu avô e por cada pai alvinegro que viveu essa jornada.”
No dia 20 de novembro de 2022, Dias Toffoli reuniu figuras importantes da política em seu aniversário de 55 anos, realizado no Bar dos Arcos, em São Paulo. O encontro contou com a presença de nomes como o ministro do STF Kássio Nunes Marques, o deputado Arlindo Chinaglia e o então ministro das Comunicações Fábio Faria. O evento, inicialmente descontraído, teve como o principal assunto informações sobre um suposto golpe em planejamento.
Durante a festa, o ministro ouviu relatos de movimentações militares e de um documento que planejava decretar estado de sítio e GLO (Garantia da Lei e da Ordem) para impedir a diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O livro “O Procurador,” de Luís Costa Pinto, detalha como essas informações chegaram ao ministro e como ele compartilhou tudo com Augusto Aras, então procurador-geral da República.
Aras, que já estava ciente de ações suspeitas, confirmou os relatos a Toffoli. Juntos, decidiram agir para neutralizar o golpe, sugerindo que a diplomação de Lula fosse antecipada. A data original, 19 de dezembro, foi alterada para 12 de dezembro, após interlocutores do PT levarem a sugestão ao TSE. Essa mudança desarticulou parte do plano golpista.
Mesmo assim, o dia 12 de dezembro foi marcado por atos de vandalismo em Brasília, com bolsonaristas atacando a sede da Polícia Federal e promovendo destruição nas ruas. Segundo Costa Pinto, o plano original para o dia 19 previa algo ainda mais grave, o que reforçou a necessidade das ações nos bastidores.
Além disso, Toffoli teria confrontado diretamente Jair Bolsonaro em um jantar promovido por Fábio Faria no dia 19 de dezembro. Durante a conversa, o ministro questionou se os generais apoiariam um golpe liderado por um capitão, indicando que Bolsonaro não teria sucesso. Bolsonaro negou qualquer intenção golpista, mas a tensão permaneceu até a posse do atual chefe do Executivo.
O livro relata que Toffoli e Aras mantiveram contato constante até o dia 1º de janeiro de 2023, quando Lula assumiu oficialmente a presidência. Essa articulação foi considerada essencial para evitar uma ruptura institucional, mesmo com pressões intensas de grupos bolsonaristas.
Toffoli reconheceu publicamente a importância de Aras em setembro de 2023, destacando que, sem a atuação do procurador-geral, a democracia poderia ter sido comprometida. A relação entre os dois, embora improvável, foi crucial nos momentos de maior tensão política.