domingo, 1 de dezembro de 2024

PF revela a data em que os militares deflagrariam o golpe de Estado em 2022

Jair Bolsonaro. Foto: Divulgação

A investigação da Polícia Federal sobre a suposta trama golpista após as eleições presidenciais de 2022 aponta o dia 15 de dezembro daquele ano como o ponto crucial do planejamento para uma ruptura institucional.

Citada 90 vezes no relatório de 884 páginas, essa data marcou encontros decisivos, monitoramento de autoridades e o início de ações que, segundo a PF, visavam à assinatura de um decreto de golpe por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O ex-presidente nega as acusações.

O dia começou com a deflagração de uma megaoperação da Polícia Federal, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, contra suspeitos de organizar atos antidemocráticos. Mais de 100 mandados foram cumpridos em oito estados e no Distrito Federal, criando um clima de tensão nos acampamentos bolsonaristas em frente aos quartéis.

Paralelamente, no Palácio da Alvorada, Jair Bolsonaro mantinha uma agenda intensa de articulações. Entre os visitantes do dia, estavam o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o general Braga Netto, ex-ministro da Defesa, e Filipe Martins, assessor especial apontado como membro do núcleo jurídico do plano golpista. Ele permaneceu no local por 12 horas, enquanto outros assessores iam e vinham.

O ponto alto do dia foi a reunião entre Bolsonaro e o então comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes. Sob forte pressão de aliados do presidente e de setores militares, Freire Gomes foi ao Alvorada às 10h45, mas permaneceu por pouco mais de uma hora. Segundo o relatório, ele rejeitou qualquer apoio ao plano golpista, frustrando os articuladores.

Trocas de mensagens obtidas pela PF mostram a ansiedade em torno da reunião. Um áudio do então secretário-executivo da Presidência, general Mario Fernandes, enviado ao general Luiz Eduardo Ramos, indicava que o comandante poderia sinalizar apoio à ruptura: “Foi ao Alvorada para sinalizar ao presidente que ele podia dar ordem”.

Bolsonaro e Braga Netto. Foto: Divulgação

A negativa de Freire Gomes gerou reações imediatas. Mensagens obtidas mostram ataques ao general. O capitão reformado Ailton Gonçalves Moraes Barros afirmou: “Se FG [Freire Gomes] tiver fora mesmo, será devidamente implodido e conhecerá o inferno astral”.

Enquanto as articulações aconteciam no Alvorada, um grupo de militares e policiais monitorava o ministro Alexandre de Moraes. Segundo a PF, o ministro era visto como o “centro de gravidade” que deveria ser “controlado ou extinto”. O plano incluía o sequestro e possível assassinato de Moraes.

Militares do Comando de Operações Especiais saíram de Goiânia rumo a Brasília, onde ficaram posicionados próximos ao STF e à residência do ministro. Às 20h59, no entanto, a operação foi abortada após a ordem de “Alemanha” — codinome de um dos envolvidos — em um grupo de mensagens no Signal. A investigação aponta que a falta de adesão do Alto Comando do Exército ao plano golpista foi crucial para barrar a execução da missão.

Caso o decreto fosse assinado no dia 15, um Gabinete Institucional de Gestão da Crise seria criado no dia seguinte, sob o comando do general Braga Netto e do general Augusto Heleno. O objetivo incluía ações ainda mais graves, como o assassinato de Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin, presidente e vice-presidente eleitos, respectivamente.

Os documentos apreendidos pela PF revelam um plano maior, chamado “Punhal Verde e Amarelo”, que previa o envenenamento de Lula e Alckmin como parte de uma tentativa de invalidar a chapa eleita.

As revelações sobre o dia 15 de dezembro reforçam o papel do general Freire Gomes e do Alto Comando do Exército na contenção da tentativa de golpe. A PF segue com as investigações e já indiciou 37 pessoas, incluindo militares e aliados próximos de Bolsonaro, por participação no plano.

Fonte: DCM

Relato de locutor sobre seu filho e o Botafogo emociona a web: “Me sentia culpado”

Momento em que Jorge Iggor desabafa sobre conquista do Botafogo na Libertadores no sábado, 30 de novembro de 2024 – Foto: Reprodução

O narrador Jorge Iggor, da TNT Sports, desabafou sobre a conquista inédita do Botafogo na Libertadores e relembrou um drama pessoal com seu filho, Gustavo. Durante a cobertura pós-jogo, ele relatou o sofrimento do jovem com a derrocada do clube no Brasileirão do ano passado e confessou um sentimento de culpa por tê-lo incentivado a torcer pelo time da “Estrela Solitária”: “Meu filho sofreu a pior dor que um torcedor pode sofrer”, declarou.

Iggor revelou que a ligação com o Botafogo veio por influência familiar e que ele mesmo apresentou o time ao filho. “Eu dei a primeira camisa aos cinco anos e, naquele momento de derrota, doeu mais por ele do que por mim”, disse, emocionado. O título deste ano trouxe alívio ao narrador, que comemorou a oportunidade de celebrar ao lado de Gustavo, agora com 20 anos.

Neste sábado (30), data da conquista histórica e do aniversário de seu filho, Jorge Iggor destacou a importância do momento: “Hoje ele vai ter a maior alegria de torcedor na vida dele. Vou dar o abraço que sempre desejei numa noite de título de Libertadores. Estou feliz por ele, por meu avô e por cada pai alvinegro que viveu essa jornada.”

Fonte: DCM

Aniversário de Toffoli ajudou a desarticular golpe contra Lula em 2022; entenda

 

O ex-ministro Nelson Jobim, Dias Toffoli, Joaquim Barbosa, Kássio Nunes Marques e Alexandre de Moraes no Bar dos Arcos, em SP, durante comemoração do aniversário de 55 anos de Toffoli, no dia 20 de novembro de 2022 – Foto: Reprodução

No dia 20 de novembro de 2022, Dias Toffoli reuniu figuras importantes da política em seu aniversário de 55 anos, realizado no Bar dos Arcos, em São Paulo. O encontro contou com a presença de nomes como o ministro do STF Kássio Nunes Marques, o deputado Arlindo Chinaglia e o então ministro das Comunicações Fábio Faria. O evento, inicialmente descontraído, teve como o principal assunto informações sobre um suposto golpe em planejamento.

Durante a festa, o ministro ouviu relatos de movimentações militares e de um documento que planejava decretar estado de sítio e GLO (Garantia da Lei e da Ordem) para impedir a diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O livro “O Procurador,” de Luís Costa Pinto, detalha como essas informações chegaram ao ministro e como ele compartilhou tudo com Augusto Aras, então procurador-geral da República.

O ex-procurador-geral da República, Augusto Aras – Foto: Cristiano Mariz

Aras, que já estava ciente de ações suspeitas, confirmou os relatos a Toffoli. Juntos, decidiram agir para neutralizar o golpe, sugerindo que a diplomação de Lula fosse antecipada. A data original, 19 de dezembro, foi alterada para 12 de dezembro, após interlocutores do PT levarem a sugestão ao TSE. Essa mudança desarticulou parte do plano golpista.

Mesmo assim, o dia 12 de dezembro foi marcado por atos de vandalismo em Brasília, com bolsonaristas atacando a sede da Polícia Federal e promovendo destruição nas ruas. Segundo Costa Pinto, o plano original para o dia 19 previa algo ainda mais grave, o que reforçou a necessidade das ações nos bastidores.

Além disso, Toffoli teria confrontado diretamente Jair Bolsonaro em um jantar promovido por Fábio Faria no dia 19 de dezembro. Durante a conversa, o ministro questionou se os generais apoiariam um golpe liderado por um capitão, indicando que Bolsonaro não teria sucesso. Bolsonaro negou qualquer intenção golpista, mas a tensão permaneceu até a posse do atual chefe do Executivo.

O livro relata que Toffoli e Aras mantiveram contato constante até o dia 1º de janeiro de 2023, quando Lula assumiu oficialmente a presidência. Essa articulação foi considerada essencial para evitar uma ruptura institucional, mesmo com pressões intensas de grupos bolsonaristas.

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Toffoli reconheceu publicamente a importância de Aras em setembro de 2023, destacando que, sem a atuação do procurador-geral, a democracia poderia ter sido comprometida. A relação entre os dois, embora improvável, foi crucial nos momentos de maior tensão política.

Fonte: DCM

VÍDEO: Dino comemora título do Botafogo durante sua festa de casamento


O ministro Flávio Dino comemora conquista do Botafogo na Libertadores durante seu casamento com Daniela Lima, no sábado, 30 de novembro de 2024 – Foto: Reprodução

No sábado (30), o ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, celebrou o título inédito do Botafogo na Libertadores durante sua festa de casamento, realizada em São Luís, Maranhão. A final do campeonato coincidiu com a data especial, tornando a ocasião ainda mais marcante para o torcedor do Fogão.

Nas redes, um vídeo mostra Dino segurando uma camiseta do Botafogo enquanto entoa o hino do clube ao lado dos convidados. A noiva, Daniela Lima, também aparece nas imagens, participando do momento de celebração.

Botafoguense declarado, Dino já havia declarado anteriormente que torcer para o time é “uma emoção única”.

Fonte: DCM

Igreja de bispo bolsonarista dá “banho de fezes” e raspa cabeça de menina para “expulsar demônio”

 

Mãe mostra a filha com o cabelo raspado após participar de ritual na igreja Luz do Calvário (crédito: reprodução)

Pastores da igreja evangélica Luz do Calvário, de Porto Velho (RO), submeteram uma adolescente de 15 anos a um ritual forçado de “aceitação do Espírito Santo” em que a menina teve os cabelos totalmente raspados e recebeu um “banho” de fezes de cavalo. O motivo, segundo os membros da denominação, é que a menina estaria possuída pelo Demônio.

O caso foi revelado pela própria mãe da vítima, que divulgou a agressão, no início desta semana, em suas redes sociais. Ela publicou um vídeo que gravou aos prantos, mostrando a cabeça raspada da adolescente e contando o episódio: “Boa noite, pessoal. Estou mostrando para vocês como está minha filha. Ela foi a um encontro religioso e chegou em casa desse jeito (neste momento, ela mostra a cabeça raspada da menina).


Ela foi induzida a raspar a cabeça, ela disse que foi horrível, que aconteceu muita coisa, fizeram eles [os participantes do evento] tomarem banho de fezes de cavalo, fora outras coisas horríveis que ela falou que outras pessoas também passaram. Qual igreja, qual pastor que faz isso com a pessoa, de raspar a cabeça? Tomar banho de fezes de cavalo? Gente, eu estou sem condições!”

Conforme dito acima, a igreja que faz isso é a Luz do Calvário. E o pastor que faz isso é o fundador e chefe da agremiação, que se apresenta como Bispo Amadeu Hermes (veja mais abaixo).

Em conversa por áudio de Whatsapp, também publicada pela mãe da adolescente em suas redes, uma representante da igreja admite o “banho” de fezes e também que rasparam a cabeça da menina sem a autorização dos pais, mas afirma que a menor consentiu com tudo o que foi feito com ela. Diz também que, durante o ritual, a menina teria sido “possessa (querendo dizer possuída) várias vezes (pelo Diabo), mas que no final “ela foi liberta”. Leia abaixo a transcrição das mensagens:

“Boa noite, minha irmã, deixa eu te falar. Isso da menina ter chegado careca, isso é por causa de uma ministração que a gente tem lá no encontro, que a gente faz.

Mas não foi nada forçado, tá? Ela foi tocada pelo Espírito Santo e (aceitou) entregar o cabelo dela para o Senhor. Ela recebeu muito, ela foi liberta. Ela ficou possessa (possuída) várias vezes e foi liberta de vários demônios que aprisionava ela (sic).”

A representante da igreja disse ainda que gostaria de ir à casa da vítima, para explicar melhor o ocorrido. A mãe, então, negou a visita, e disse que “minha filha tem 15 anos e não tem Demônio”.

Posteriormente, na última quarta-feira (27), a Luz do Calvário publicou em suas redes uma nota oficial sobre o acontecido, afirmando que o corte fazia parte de uma “prática simbólica de renovação espiritual”.

O comunicado admite ainda que o ato ocorreu sem autorização dos pais da menor: “Lamentamos profundamente qualquer desconforto causado à jovem e sua família. Estamos revisando nossas práticas para evitar que situações semelhantes aconteçam novamente”. Sobre o “banho” de fezes de cavalo, nenhuma palavra.

Fundador da igreja é bolsonarista, presidente de estatal de Rondônia e fez oração particular para Bolsonaro

No dia 7 de novembro de 2019, o bispo Amadeu Hermes foi a Brasília para fazer uma oração para o então presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ).

Na ocasião, o religioso foi até a porta do Palácio do Alvorada para encontrar Bolsonaro e fazer sua oração diante de jornalistas e apoiadores do ex-presidente (veja o vídeo aqui), no local que ficou conhecido como “puxadinho”. Assim ele orou:

“Deus, Tu escolheu Bolsonaro para ser o presidente do Brasil. Não porque ele é perfeito, mas porque ele não quis ser ‘o cara’, e sim Te aceitou como ‘o cara’ da vida dele.

Por isso, por causa da sua humildade, Deus tem me revelado que você vai mudar a história desse país. Nós, todos os evangélicos, te apoiamos. Você é pessoa de bem.”

Bispo Amadeu Hermes faz oração para Bolsonaro: “Deus te escolheu” (crédito: reprodução)
Nove meses antes, em fevereiro de 2019, o mesmo bispo Hermes havia sido nomeado presidente da Sociedade de Portos e Hidrovias do Estado de Rondônia (SOPH), empresa pública estadual que atua como a Autoridade Portuária responsável pela gestão do porto público de Porto Velho. Quem o nomeou foi o governador de Rondônia, Coronel Marcos Rocha (União-RO), um dos mais fervorosos apoiadores de Jair Bolsonaro. Veja abaixo vídeo gravado com as autoridades do estado e o bispo no dia de sua nomeação.

Fonte: DCM

Botafogo ganha bolada pelo título da Libertadores; veja valor


O Botafogo conquistou seu primeiro título da Libertadores ao vencer o Atlético-MG por 3 a 1 na final, realizada no Monumental de Nuñez, em Buenos Aires, Argentina – Foto: Reprodução

O Botafogo conquistou o título inédito da Libertadores e garantiu uma premiação total de 23 milhões de dólares, equivalente a R$ 137,9 milhões.

A final contra o Atlético-MG, realizada no Monumental de Nuñez, em Buenos Aires, trouxe um desfecho histórico para o clube carioca, que já havia acumulado R$ 61,9 milhões ao longo da campanha, com vitórias e classificações nas fases anteriores.

Além da quantia da decisão, os valores detalhados incluem US$ 3 milhões por jogos em casa na fase de grupos, US$ 2,3 milhões pela classificação à semifinal e outras premiações que somaram milhões antes mesmo da final. O Atlético-MG, vice-campeão, recebeu US$ 7 milhões (R$ 41,9 milhões) pelo segundo lugar, além de valores acumulados durante a competição, que totalizaram R$ 51,1 milhões.

Fonte: DCM

"Estamos na melhor fase das relações entre Brasil e China", diz vice-presidente da Vale

Alexandre D’Ambrosio afirma que a parceria celebrada entre os presidentes Lula e Xi Jinping amplia as oportunidades econômicas para o Brasil

Alexandre D'Ambrosio (Foto: Marcelo.Tavares)

 O vice-presidente de Assuntos Institucionais da Vale, Alexandre D’Ambrosio, afirmou que as relações entre Brasil e China atravessam seu melhor momento histórico. Em entrevista ao Brasil 247, ele destacou que a recente visita de Estado do presidente chinês, Xi Jinping, ao Brasil, marcou um passo decisivo para o aprofundamento da parceria estratégica entre os dois países. "Por conta disso, a meu ver estamos na melhor fase histórica das relações entre Brasil e China. E a Vale, parceira da China há 51 anos, espera continuar a cooperação, vislumbrando mais '50 anos dourados' nessa relação bilateral", declarou.

O encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping, realizado em novembro no Palácio da Alvorada, resultou na assinatura de 37 acordos de cooperação em áreas como energia, agronegócio, tecnologia, saúde e infraestrutura. Esses acordos reforçam a posição da China como principal parceiro comercial do Brasil, com um intercâmbio comercial que já ultrapassou US$ 136 bilhões em 2024. "Essa nova fase é marcada por um compromisso de construir uma parceria forte e benéfica, com impactos positivos para o desenvolvimento regional e global", destacou D’Ambrosio.

◉ Avanços na mineração sustentável e descarbonização

D’Ambrosio ressaltou que, entre os acordos assinados, um memorando de entendimento sobre mineração sustentável menciona expressamente o "ferro verde", produzido pela Vale. "O ferro de alto teor e os produtos de valor agregado que a Vale desenvolve são essenciais para a descarbonização da siderurgia e alinhados às metas de sustentabilidade de Brasil e China", explicou. A Vale já fornece briquetes de minério de ferro capazes de reduzir em até 10% as emissões de carbono na produção de aço, um setor que responde por 8% das emissões globais de gases de efeito estufa.

A parceria com empresas chinesas também inclui projetos inovadores, como uma usina de concentração de minério de ferro em Omã e a produção de aço com hidrogênio verde, ambos focados na redução das emissões de carbono. "Hoje, Brasil e China são os maiores protagonistas da pauta ambiental e, juntos, poderão se destacar no cenário global", completou.

◉ Sinergias entre Brasil e China para a reindustrialização

D’Ambrosio vê com otimismo as sinergias entre a Iniciativa Cinturão e Rota (BRI), da China, e projetos estratégicos brasileiros, como o Nova Indústria Brasil (NIB) e o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). "A conexão entre essas iniciativas tem potencial significativo para impulsionar a neo-industrialização do Brasil, atraindo investimentos estrangeiros diretos para setores-chave, como energia, agronegócio e manufatura", afirmou.

A colaboração também reflete as prioridades compartilhadas por ambos os governos em áreas como economia digital, inteligência artificial e infraestrutura. "Essa relação ganha-ganha cria um ambiente propício para a modernização econômica, a geração de empregos e o alinhamento às metas ambientais", concluiu.

◉ Um olhar para o futuro

A Vale, que começou sua parceria com a China em 1973, se consolidou como uma das principais fornecedoras de minério de ferro do país asiático, que hoje representa mais de 50% das exportações da empresa. "Essa relação estratégica de longo prazo é marcada por crescimento, inovação tecnológica e compromisso com o desenvolvimento sustentável", destacou D’Ambrosio.

Com iniciativas como o parque solar Sol do Cerrado e outras tecnologias sustentáveis, a Vale já alcançou a meta de usar 100% de energia renovável no Brasil dois anos antes do previsto. "Nosso objetivo é continuar liderando a descarbonização, contribuindo para uma economia de baixo carbono e alinhada ao futuro sustentável que Brasil e China desejam construir", finalizou.

Leia a íntegra de sua entrevista ao Brasil 247:

247 – Como você enxerga a nova fase da relação Brasil-China?

Alexandre D’Ambrosio – No cinquentenário das relações entre os dois países, a visita do presidente Xi Jinping ao Brasil inaugura uma nova fase nas relações Brasil-China, com avanços promissores em várias áreas. Durante a visita, foram assinados 39 acordos, incluindo um que nos impacta diretamente, sobre mineração entre o Ministério de Minas e Energia do Brasil e a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China. Nesse MOU foi mencionado expressamente o "ferro verde", que é essencialmente o ferro de alto teor produzido pela Vale, além de produtos de valor agregado, produzidos pela Vale a partir do ferro de alto teor.

Essa nova fase das relações Brasil-China é marcada por um compromisso de construir uma parceria forte e benéfica, com impactos positivos para o desenvolvimento regional e global. Esperamos que dessa colaboração resultem mais interações de alto nível, promovendo confiança e alinhamento de políticas. Ao mesmo tempo, existem muitas oportunidades de cooperação em infraestrutura, energia e tecnologia, apoiando a modernização da economia brasileira. Em termos tecnológicos, os países vão trabalhar juntos em pesquisa científica, inteligência artificial e economia digital, incentivando a inovação. Culturalmente, haverá mais programas de intercâmbio, como exposições de arte e festivais, promovendo entendimento mútuo e turismo. Na área ambiental, a cooperação focará em energia renovável e combate às mudanças climáticas, com um acordo sobre mineração sustentável.
Por conta disso, a meu ver estamos na melhor fase histórica das relações entre Brasil e China. E a Vale, parceira da China há 51 anos, espera continuar a cooperação, vislumbrando mais "50 anos dourados" nessa relação bilateral.


247 – Como as sinergias entre projetos como a NIB e a rota da seda podem contribuir para a reindustrialização do Brasil?

Alexandre D’Ambrosio – Para a Vale, é extremamente positivo que Brasil e China tenham decidido aprofundar suas relações, assinando 39 acordos de cooperação durante a recente visita de Estado do presidente Xi ao Brasil. Entre esses acordos de cooperação, os dois países concordaram em avaliar sinergias estratégicas entre a Iniciativa Cinturão e Rota (BRI), proposta pela China, e as estratégias de desenvolvimento brasileiras, como o plano Nova Indústria Brasil (NIB), o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), o Plano de Transformação Ecológica e o Plano da Rota de Integração Sul-Americana. Acreditamos que as sinergias entre eles têm um potencial significativo para ajudar na chamada "neo-industrialização" do Brasil. A conexão de projetos e políticas brasileiros e chineses leva nossos países a uma cooperação ganha-ganha, na qual as prioridades de nossos governos orientarão as parcerias estratégicas para gerar investimentos, desenvolvimento de infraestrutura, modernização da indústria e criação de empregos.

Penso que a identificação de sinergias contribui para atrair investimentos estrangeiros diretos para setores-chave identificados na estratégia do NBI, como energia, agronegócio e manufatura. Esse investimento pode ampliar os setores locais e diversificar a economia. Além disso, como ambos os governos enfatizam o desenvolvimento sustentável, é certo que novos projetos industriais serão alinhados com as metas ambientais do Brasil. Aliás, uma das principais convergências entre Brasil e China se dá nessa visão de futuro, com foco na descarbonização.
Brasil e China são, hoje, os maiores protagonistas dessa pauta ambiental e, juntos, poderão se destacar no cenário global.


247 – Como a parceria com a China foi importante para a Vale nos últimos anos e quais são os projetos da Vale para os próximos anos relacionados à China?

Alexandre D’Ambrosio – O desenvolvimento da Vale está intrinsecamente ligado ao crescimento da China, com uma parceria que se iniciou em 1973, um ano antes do estabelecimento das relações diplomáticas Brasil-China. Inicialmente considerada uma transação de alto risco, a exportação de minério de ferro para a China transformou-se significativamente ao longo das décadas. De 0,1% das vendas em 1973-1974, a China tornou-se o maior mercado da Vale desde 2006, representando mais de 50% dos produtos de minério de ferro desde 2014. Além de cliente, a China também é o principal fornecedor de produtos e serviços em mineração, infraestrutura e logística.

Recentemente, a Vale anunciou importantes projetos em parceria com empresas chinesas. Um deles é uma joint venture com a Jinnan Iron & Steel Group para estabelecer uma usina de concentração de minério de ferro em Sohar, Omã. A instalação, com previsão de início em 2027, processará 18 milhões de toneladas de minério de ferro anualmente, produzindo 12,6 milhões de toneladas de concentrado de alta qualidade. Outro projeto promissor envolve a cooperação em Mega Hubs no Oriente Médio, focados na produção de hot-briquetted iron (HBI) usando rotas de redução direta. Esta abordagem pode reduzir substancialmente as emissões de carbono na cadeia de produção de aço, podendo chegar a zero com o uso de hidrogênio verde.
A parceria Vale-China representa uma trajetória de crescimento, inovação tecnológica e compromisso com desenvolvimento sustentável, consolidando-se como uma relação estratégica de longo prazo.

247 – Como a Vale vê os esforços do Brasil e da China para a descarbonização?

Alexandre D’Ambrosio – A Vale apoia os compromissos do Brasil e da China para a descarbonização. Nossas metas incluem reduzir em 33% as emissões de CO2 (Escopo 1 e 2) até 2030, reduzir em 15% as emissões líquidas de Escopo 3 até 2035 e zerar as emissões líquidas até 2050. O Brasil tem grande potencial para ser protagonista na economia de baixo carbono, por apresentar uma matriz elétrica altamente renovável e oferecer minério de ferro de alta qualidade, como aquele produzido em Carajás, que favorece a descarbonização da siderurgia. Já a China está acelerando uma nova industrialização, impulsionada pela inovação e também baseada na economia de baixo carbono, promovendo otimização e atualização das indústrias tradicionais. Importante lembrar que a siderurgia é responsável por cerca de 8% das emissões globais de gases de efeito estufa e é um dos setores mais difíceis de descarbonizar. A transformação do setor siderúrgico é essencial para que a China possa atingir suas metas de redução de emissões.


Hoje, a Vale fornece alguns dos melhores "mix" de produtos de alta qualidade do mercado de minério de ferro para ajudar a siderurgia a descarbonizar. Os briquetes de minério de ferro são um marco nesse sentido, com potencial de revolucionar o setor siderúrgico, reduzindo as emissões de CO2 em até 10%. Quando o hidrogênio verde estiver disponível, será possível a produção de aço com zero emissões no futuro.
A China é também uma grande fornecedora de equipamentos, materiais e serviços para as áreas de mineração, infraestrutura e logística das operações globais da Vale.

Exemplo disso é a presença de tecnologia chinesa em alguns de nossos projetos mais importantes de utilização de energias alternativas renováveis e mais ‘limpas’, como o Sol do Cerrado, um dos maiores parques de energia solar da América Latina. Este projeto, somado a outros que também estão sendo executados em nossa jornada de descarbonização, contribuíram para que a meta da Vale de utilizar 100% de energia renovável no Brasil até 2025 fosse alcançada já em 2023.

Fonte: Brasil 247

Jornal O Globo volta a usar 8 de janeiro para atacar a liberdade de expressão e o Marco Civil da internet

Em campanha contra o Artigo 19, veículo busca enfraquecer a liberdade de expressão enquanto tenta conter a concorrência digital

Atos golpistas de 8 de Janeiro de 2023 (Foto: Fellipe Sampaio /SCO/STF)

A cobertura do jornal O Globo sobre as investigações da Polícia Federal a respeito dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro evidencia uma campanha preocupante: usar um episódio de insurreição frustrada para atacar o principal pilar da liberdade de expressão na internet, o Artigo 19 do Marco Civil da Internet. Foi o que o jornal fez neste domingo, ao publicar a reportagem "Em meio a vácuo de regulação, redes sociais foram usadas para insuflar golpe, mostra inquérito da PF".

Ao atrelar a ausência de regulação das redes sociais à organização de atos golpistas, O Globo constrói uma narrativa que desvia o foco dos verdadeiros responsáveis e tenta justificar uma revisão legislativa que enfraqueceria os direitos de expressão garantidos na internet. Essa abordagem, no entanto, revela mais do que uma suposta preocupação com a democracia: escancara os interesses comerciais do jornal em atacar as plataformas digitais, que se consolidaram como concorrentes diretas ao seu domínio histórico na comunicação.

A insistência em atacar o Artigo 19 do Marco Civil, fundamental para proteger o direito de expressão dos cidadãos brasileiros, expõe a campanha do veículo contra a pluralidade de opiniões. O jornal pinta o ecossistema digital como um território sem leis – o que não corresponde à realidade. Essa narrativa favorece apenas grandes conglomerados como o Grupo Globo, que têm perdido espaço e influência na era digital.

Ao pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para considerar o Artigo 19 inconstitucional, O Globo não apenas defende uma posição que restringe a liberdade de expressão, mas também busca recuperar seu monopólio informativo, ameaçado por mídias independentes e novas vozes emergentes nas redes.

A cobertura enviesada do jornal, que atribui às plataformas digitais a responsabilidade pela organização dos atos de 8 de janeiro, ignora deliberadamente a complexidade do tema. Ao invés de propor políticas públicas e debates sobre educação midiática, O Globo escolhe atacar as bases da liberdade de expressão na internet, tentando silenciar a concorrência e restaurar sua hegemonia na comunicação.

"A falência da autorregulação das redes", termo amplamente repercutido pelo jornal, é apresentada de forma descontextualizada, omitindo as conquistas do Marco Civil, os benefícios da liberdade de expressão e os esforços no combate a abusos. Essa abordagem revela uma estratégia calculada para enfraquecer a internet como espaço de pluralidade e diversidade, colocando os interesses comerciais acima da defesa da democracia.

Fonte: Brasil 247

"Por um triz, evitamos o golpe, por um triz derrotamos o 8 de janeiro. Não podemos continuar vivendo no limite", diz Genoino

Genoino analisa os áudios vazados, a gravidade das articulações militares e a necessidade de reformas profundas nas Forças Armadas e na política brasileira

(Foto: ABR)

 José Genoino, ex-deputado federal e ex-presidente do PT, participou de uma entrevista na TV 247, conduzida por Dafne Ashton. O programa, intitulado Conversa de Política, trouxe uma análise aprofundada sobre os recentes áudios vazados que expõem planos golpistas ligados ao governo de Jair Bolsonaro. Genoino destacou que o Brasil passou por um risco iminente de mergulhar em uma ditadura militar, uma trama que, segundo ele, teve como base um projeto golpista articulado entre setores militares e civis.

Durante o programa, Genoino apontou a gravidade das revelações trazidas pelos áudios divulgados, que mostram uma tentativa estruturada de rompimento da ordem democrática. "Essa trama golpista faz parte de um projeto que tinha nas Forças Armadas sua principal sustentação", afirmou, ressaltando que havia uma clara divisão entre militares golpistas, omissos e aqueles que preferiram "pagar para ver". Ele reforçou que a transição política e democrática do Brasil deixou intocados os mecanismos de tutela militar, perpetuando um risco à estabilidade democrática.

Reforma e punição: os desafios internos

A questão militar foi o ponto central da entrevista. Genoino argumentou que o Brasil precisa enfrentar de forma decisiva a autonomia das Forças Armadas, que, desde a redemocratização, têm mantido uma posição de tutela sobre os demais poderes. "Se não discutirmos a reforma institucional e enfrentarmos a tutela militar, continuaremos vulneráveis a aventuras autoritárias", afirmou.

Ele citou episódios recentes, como os acampamentos em frente aos quartéis e o vandalismo dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, como exemplos da impunidade e da falta de controle sobre as forças militares. "As hidras golpistas estão germinando dentro de um ambiente favorável de omissão e conivência", alertou.

Genoino também criticou a atuação do governo e do ministro da Defesa, José Múcio, que minimizou as responsabilidades individuais e institucionais de militares envolvidos em atos golpistas. "Não dá para reduzir isso a CPFs e CNPJs. É preciso reformar a instituição e punir os envolvidos", reforçou.

O papel da sociedade civil e do judiciário

Outro ponto abordado foi a importância da mobilização popular para pressionar por justiça e mudanças estruturais. Ele relembrou o grito "Sem Anistia", entoado pela população durante a posse do presidente Lula, como um símbolo da luta contra a impunidade. "Devemos transformar esse grito em uma agenda de 2024 e 2025", disse.

Genoino elogiou o trabalho do ministro do STF Alexandre de Moraes, responsável por conduzir as investigações sobre os envolvidos na tentativa de golpe. Contudo, ele alertou para o risco de que forças conservadoras tentem enfraquecer ou deslegitimar as ações do Judiciário. "Há um movimento sutil para diminuir o alcance das punições e salvar figuras-chave do projeto golpista", afirmou.

"Por um triz": o impacto das revelações

A retirada do sigilo sobre documentos e áudios relacionados às tentativas de golpe trouxe novos elementos para a análise da crise política. Genoino destacou que o fracasso da intentona golpista deve servir como um alerta para o Brasil. "Por um triz, evitamos o golpe, por um triz ganhamos a eleição, por um triz derrotamos o 8 de janeiro. Não podemos continuar vivendo no limite", concluiu.

O ex-deputado enfatizou que, além das reformas institucionais, é fundamental aprofundar o debate sobre a democracia, mobilizar a sociedade e enfrentar a herança autoritária que persiste nas estruturas do Estado. "Não se trata apenas de entender o passado, mas de mudar o futuro", finalizou. 
Assista:

 

Fonte: Brasil 247

"A dívida pública brasileira é exponencial por causa da taxa de juros. Isso precisa ser resolvido", diz Mantega

Ex-ministro da Fazenda critica taxa de juros no Brasil e aponta a necessidade de intervenções para reduzir o impacto na economia nacional

(Foto: ABR)

Em entrevista ao programa Boa Noite 247, Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do BNDES, destacou o impacto negativo da taxa de juros no crescimento da dívida pública brasileira e no desempenho econômico do país. Segundo ele, a taxa de juros elevada é a principal causa do crescimento exponencial da dívida, que já ultrapassa 78% do Produto Interno Bruto (PIB).

◉ Taxa de juros e impacto na dívida

"Hoje, 70% da dívida pública brasileira é composta de juros. Isso não existe em lugar nenhum do mundo. Países como o Japão, com uma dívida equivalente a 240% do PIB, conseguem administrá-la com taxa de juros zero. Aqui, cada aumento de 1% na taxa de juros eleva a dívida em R$ 30 bilhões."

Mantega ressaltou que a política fiscal brasileira sempre foi rígida, mas a elevação constante dos juros compromete o equilíbrio das contas. "O maior problema hoje não é o déficit primário, mas a despesa financeira. Estamos falando de R$ 700 bilhões em juros, enquanto o déficit da Previdência, por exemplo, é de R$ 300 bilhões."

◉ Comparação internacional e críticas ao sistema

O ex-ministro comparou a situação do Brasil com a de outras economias. "Nos Estados Unidos, o Federal Reserve observa não apenas a inflação, mas também o desemprego. Recentemente, reduziram a taxa de juros para conter a alta no desemprego. Aqui, a lógica é inversa: a alta dos juros asfixia a economia e alimenta um círculo vicioso."

Ele também criticou a atuação do setor financeiro no debate econômico brasileiro. "O setor financeiro tem muita força política. Quando o arcabouço fiscal foi discutido, eles estavam lá, com seus representantes, influenciando as decisões."

◉ Sobre a gestão do Banco Central

Mantega demonstrou otimismo com a futura gestão de Gabriel Galípolo no Banco Central, mas alertou para as limitações impostas pela atual composição do Comitê de Política Monetária (Copom). "Hoje, quem comanda o Banco Central é Roberto Campos Neto, que tem maioria no Copom. A expectativa é que Galípolo adote uma postura técnica e use instrumentos como os swaps cambiais para estabilizar o câmbio."

◉ Consequências do câmbio desvalorizado

O ex-ministro também apontou o câmbio desvalorizado como um dos principais problemas atuais. "Um dólar a R$ 6 é um absurdo para a economia brasileira. Isso eleva os custos de importação, impacta a inflação e reduz os lucros das empresas com empréstimos em dólar. O Banco Central deveria intervir, como já fizemos no passado, para conter essa especulação."

◉ Perspectivas para o futuro

Guido Mantega concluiu que a redução da taxa de juros é essencial para retomar o crescimento econômico. "O Brasil tem a maior taxa de juros real do mundo, em torno de 7%. Reduzir para 5% ainda manteria o país atrativo para investidores e liberaria recursos para investimentos produtivos. Sem resolver essa questão, o país continuará preso a um ciclo de baixo crescimento e alto endividamento." Assista:

Fonte: Brasil 247

“Não cabe aos criminosos golpistas escolher quem os julgará”, escrevem juristas

Afastar Alexandre de Moraes da relatoria seria conceder aos investigados o poder de manipular a jurisdição, violando o princípio do juiz natural”

Alexandre de Moraes (Foto: Carlos Moura/SCO/STF)

Em artigo assinado neste domingo (1) na Folha de S.Paulo, Pedro Serrano, advogado, doutor em direito do Estado e professor de direito constitucional e de teoria do direito (PUC-SP) e Fernando Hideo Lacerda, doutor em direito e professor da Escola Paulista de Direito refutam a tese defendida pelo editorial do jornal intitulado "Suspeitas graves exigem tanto rigor como equilíbrio" de afastar o ministro Alexandre de Moraes da relatoria dos processos sobre a intentona golpista da extrema direita liderada por Jair Bolsonaro.

Os dois juristas afirmam que o editorial da Folha defende “uma compreensão equivocada do princípio do juiz natural em face da própria natureza dos crimes em apuração.”

“O atentado contra o ministro Moraes não foi um ataque à sua pessoa, mas à figura institucional que desempenhava papel central no funcionamento do Estado democrático de Direito enquanto presidente do Tribunal Superior Eleitoral durante as eleições e relator do inquérito das fake news no Supremo Tribunal Federal. Afastá-lo da relatoria seria conceder aos investigados o poder de manipular a jurisdição, violando o princípio constitucional do juiz natural”, escrevem.

“Admitir tal afastamento equivaleria a permitir que criminosos escolham seus julgadores. Essa possibilidade criaria um precedente que ameaça a independência do Judiciário e fragiliza a democracia. A questão é ainda mais relevante no contexto atual, em que se apura uma clara tentativa de ruptura institucional”, enfatizam.

“As investigações da Polícia Federal revelaram que o atentado contra o ministro Alexandre de Moraes foi uma etapa de um plano estruturado e coordenado, com múltiplos núcleos de atuação, para subverter a ordem democrática e dar um golpe de Estado, que tinha por objetivo final impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e manter Bolsonaro no poder.”

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

Botafogo supera expulsão relâmpago e conquista Libertadores inédita

Luiz Henrique desequilibra no 1º tempo e Glorioso vence Atlético-MG

Comemoração do gol de Luiz Henrique
© Vitor Silva/Botafogo

O futebol da América do Sul está oficialmente rendido ao Botafogo. Neste sábado (30), o Glorioso alcançou a maior conquista em 120 anos de história. Mesmo perdendo o volante Gregore expulso com menos de um minuto de jogo, a equipe carioca venceu o Atlético-MG por 3 a 1, no Estádio Monumental de Nuñez, em Buenos Aires, na Argentina, garantindo o título inédito da Libertadores.

A conquista marca o fim de um longo jejum de títulos para além do âmbito carioca ou regional. O último grande troféu erguido pelo Botafogo era a do Campeonato Brasileiro de 1995, liderado pelo artilheiro Túlio Maravilha. De lá para cá, o Alvinegro até venceu cinco Estaduais (1997, 2006, 2010, 2013 e 2018) e um Torneio Rio São-Paulo em 1998, mas acumulou três rebaixamentos à Série B em menos de 20 anos.

◉ A volta por cima

A Libertadores é o primeiro título desde que a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do clube foi comprada pelo empresário inglês John Textor. No ano passado, o Botafogo esteve perto de conquistar o Brasileirão, com 13 pontos de vantagem para o segundo colocado ao final do primeiro turno, mas teve grande queda de produção na metade final da competição. Após 11 jogos sem vencer e viradas inacreditáveis sofridas contra Palmeiras e Grêmio, a equipe terminou o campeonato em quinto lugar.

A derrocada obrigou o Botafogo a disputar a fase preliminar da Libertadores deste ano, passando por Aurora, da Bolívia, e Red Bull Bragantino para chegarem à fase de grupos. Apesar do início ruim, com derrotas para Junior Barranquilla, da Colômbia, e LDU, do Equador, o Glorioso emplacou três vitórias seguidas e se classificou ao mata-mata onde bateu Palmeiras, São Paulo (ambos de forma dramática) e Penãrol, do Uruguai, este último com direito a goleada por 5 a 0 no Estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro.

A volta por cima pós-2023 está coroada, mas pode ficar ainda mais gloriosa. O Botafogo lidera o Brasileirão com 73 pontos, três a mais que o Palmeiras, restando duas rodadas para o fim da competição - Internacional e Fortaleza, com 65 pontos e três jogos pela frente, ainda podem alcançar o Alvinegro.

◉ Partiu, Mundial

De quebra, o Botafogo se credenciou a duas competições da Federação Internacional de Futebol (Fifa). A primeira é a Copa Intercontinental, que substitui, no calendário, o Mundial de Clubes. No dia 11 de dezembro, em Doha, no Catar, o Glorioso encara o Pachuca, do México, vencedor da Concacaf (entidade responsável pela modalidade no Caribe e nas Américas do Norte e Central). Quem passar, pega na semifinal o Al-Ahly, do Egito, campeão africano. A final será contra o Real Madrid, da Espanha, ganhador da Liga dos Campeões da Europa.

Já entre 15 de junho e 13 de julho, o desafio será o novo Mundial da Fifa, nos Estados Unidos. O torneio reunirá 32 clubes, sendo seis da América do Sul. Quatro deles são os brasileiros campeões das últimas edições da Libertadores. Além do Botafogo, estarão Palmeiras (2021), Flamengo (2022) e Fluminense (2023). Os argentinos Boca Juniors e River Plate completam os representantes sul-americanos.

◉ E agora, Galo?

O Atlético-MG, por sua vez, voltou a ser derrotado em uma final de 2024, após perder a Copa do Brasil para o Flamengo. Sem vencer há 11 partidas, sendo sete pelo Brasileirão, o Galo caiu na tabela do campeonato nacional e aparece na décima posição, com 44 pontos, a três do Bahia, oitavo colocado e que, com o título do Botafogo, passou a herdar uma vaga na fase preliminar da próxima Libertadores. Resta aos mineiros correr atrás de uma nova chance para tentar o bi em 2025.

◉ Um a menos, dois a mais

Trinta e três segundos. Disputa de bola no círculo central entre Gregore, do Botafogo, e Fausto Vera, do Atlético-MG. O volante do Glorioso atinge a cabeça do argentino, que sangra. O árbitro Facundo Tello não tem dúvidas: cartão vermelho. Com menos de um minuto de jogo, os cariocas já estavam com um homem a menos na partida mais esperada da temporada.

A expectativa era tanto de pressão atleticana, fazendo valer a superioridade numérica em campo, como de alguma mudança por parte do Botafogo, para conter os ataques do adversário, reforçando o sistema de meio-campo ou defensivo com a saída de um atacante. Nem uma coisa, nem outra. O Galo se postou no campo ofensivo, mas assustou somente em chutes da entrada da área do atacante Hulk, defendidos pelo goleiro John.

Com apenas 22% de posse de bola, 79 passes trocados e um jogador a menos, o Botafogo foi letal. Aos 34 minutos, aventurou-se pela primeira vez no ataque. Na base da troca de passes, o meia Thiago Almada abriu para o atacante Luiz Henrique, que escapou da marcação pela esquerda ao invadir a área e rolou para o volante Marlon Freitas chutar. A batida explodiu no zagueiro Júnior Alonso e sobrou para Luiz Henrique, que mandou para as redes.

O Botafogo soube aproveitar a instabilidade do Atlético-MG. Aos 41, na segunda investida dos cariocas, Everson e Guilherme Arana não se entenderam na marcação e Luiz Henrique se antecipou ao lateral do Galo. O goleiro, então, derrubou o atacante do Glorioso na entrada da área. Com ajuda do árbitro de vídeo (VAR), Facundo Tello deu pênalti, que o lateral Alex Telles bateu e converteu.

◉ Fogão se segura e comemora

Para a etapa final, Gabriel Milito promoveu logo três mudanças, com as entradas do lateral Mariano, do meia Bernard e do atacante Eduardo Vargas nas vagas do zagueiro Lyanco e dos meias Gustavo Scarpa e Fausto Vera. Com um minuto, as trocas já deram resultado. No primeiro ataque do Galo, escanteio. Hulk cobrou na área e Vargas, livre, sem precisar saltar, mandou de cabeça, no ângulo de John, descontando para o Atlético-MG. Aos oito, os mineiros reclamaram de um pênalti de Marlon Freitas em Deyverson, que não teria sido marcado.

Os gritos de "Eu acredito!", entoados pela torcida atleticana na campanha do título da Libertadores de 2013, tomaram o Monumental. Percebendo o crescimento do adversário, Arthur Jorge respondeu às trocas de Milito, mandando a campo o volante Danilo Barbosa na vaga do meia Jefferson Savarino e o lateral Marçal no lugar de Alex Telles - que já tinha amarelo.

Com Hulk e Mariano ditando o ritmo, o Atlético-MG não saía do campo ofensivo, obrigando os jogadores de frente do Botafogo, como Luiz Henrique e Almada, a reforçarem o sistema defensivo, com dificuldades para contra-atacar. Arthur Jorge, então, trocou a dupla por Júnior Santos e Matheus Martins. Em resposta, Milito deu novo gás ao comando de ataque, com Alan Kardec substituindo Deyverson.

O Galo intensificou a pressão nos instantes finais. Aos 41, Mariano lançou Vargas, que se antecipou à marcação pelo meio e desviou por cima do travessão, com muito perigo. O chileno teve outra grande chance no lance seguinte, em recuo de bola ruim do zagueiro Adryelson que o deixou na frente de John, mas errou na tentativa de encobrir o goleiro.

As oportunidades perdidas fizeram falta. Aos 52 minutos, Júnior Santos fez bela jogada pela direita e tentou cruzar rasteiro para Matheus Martins. O volante Alan Franco até fez o corte, mas o próprio Júnior Santos conferiu para as redes, anotando o décimo gol dele na Libertadores, encerrando a competição como artilheiro. O gol do título.

Fonte: Agência Brasil