Jair Bolsonaro. Foto: Divulgação
O ex-presidente Jair Bolsonaro comentou, neste sábado (23), o inquérito da Polícia Federal que apura uma tentativa de golpe após a vitória de Lula. Durante uma live no perfil de seu ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, o ex-mandatário ironizou as investigações, classificando-as como uma “piada”, e defendeu os militares presos no caso, acusando a prisão dos envolvidos de ser injusta.
Bolsonaro, que está em São Miguel dos Milagres (AL), disse que a história do golpe era “absurda”, questionando como seria possível tentar um golpe com um “general da reserva e quatro oficiais superiores”. Ele ainda fez ironias sobre as investigações, afirmando que “golpe agora não se dá mais com tanque, se dá com táxi”, insinuando que a ação da Polícia Federal não teria saído como o planejado por falta de transporte.
O ex-presidente foi indiciado, junto com outras 36 pessoas, por crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de direito e organização criminosa.
Entre os indiciados, estavam militares, como o general da reserva Mário Fernandes e os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo, todos presos na última terça-feira (19). A prisão dos quatro oficiais foi criticada por Bolsonaro, que afirmou que a prisão preventiva não tinha respaldo legal.
Ele também criticou as investigações que envolvem o plano golpista. De acordo com a Polícia Federal, o plano tinha como objetivo manter Bolsonaro no poder, com a ameaça de assassinato de figuras como o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
A investigação aponta que o militar Mário Fernandes, preso e indiciado, esteve envolvido no planejamento dos assassinatos e na produção de documentos relacionados ao golpe. Em dezembro de 2022, ele teria impresso um documento com o título “Punhal verde amarelo”, que descrevia as ações de assassinato e o plano para manter Bolsonaro no poder.
Esse plano foi compartilhado entre os envolvidos, incluindo os militares conhecidos como “kids pretos”, que eram membros das Forças Especiais do Exército. Segundo as investigações, os militares utilizavam conhecimentos técnicos e táticos para coordenar ações ilícitas que visavam a desestabilização do governo de Lula.
A prisão dos “kids pretos” gerou polêmica e divisão de opiniões, com Bolsonaro defendendo-os como sendo vítimas de uma prisão injusta. Em sua primeira manifestação após o indiciamento, Bolsonaro afirmou que “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito”.
O ex-presidente também criticou o ministro Alexandre de Moraes, que tem liderado as investigações, e sugeriu que discussões sobre medidas extremas, como um possível estado de sítio, não configuram crime.
Fonte: DCM