Os pastores que se colocaram contra o fim da escala 6×1: Marco Feliciano, Silas Malafaia e Cezinha Madureira. Foto: reprodução
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa extinguir a jornada de trabalho 6×1, apresentada no Congresso pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP), gerou divisões entre líderes evangélicos. Enquanto alguns parlamentares defendem a ideia de dar mais tempo para o trabalhador se dedicar à família e à fé, outros levantam preocupações sobre os impactos econômicos e questionam a origem do projeto.
A bancada evangélica, oficialmente, não tomou posição. Silas Câmara (Republicanos-AM), presidente do bloco, declarou que a questão será tratada individualmente pelos partidos. Porém, de destaque no campo bolsonarista já expuseram suas opiniões, quase sempre contrárias ao projeto que prevê melhorias aos trabalhadores.
Entre os críticos, Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, questionou a viabilidade econômica da proposta e rechaçou sua origem no PSOL. “Pode se levar a sério alguma coisa que vem do PSOL?”, disparou, tentando descredibilizar o tema. Ele comparou a iniciativa ao isolamento social na pandemia, sugerindo que alterações trabalhistas também poderiam ser prejudiciais à economia.
Cezinha de Madureira (PSD-SP), representante do Ministério Madureira, chamou o tema de “complexo”. Apesar de não se posicionar contra, destacou que o projeto exige um amplo debate para avaliar os impactos sobre empresas e trabalhadores.
Nos bastidores, há receios entre pastores sobre os reflexos econômicos. Líderes evangélicos temem que a mudança gere desemprego, afetando a renda de fiéis e, consequentemente, os dízimos das igrejas.
Apesar disso, muitos membros da base evangélica veem com bons olhos a possibilidade de ter mais tempo livre na semana, o que coloca pastores e parlamentares em uma posição delicada entre as necessidades da comunidade e o pragmatismo econômico.
Aliado ao bolsonarismo, Marcelo Crivella apoia o fim da escala 6×1. Foto: reprodução
Na contramão do movimento liderado pelo núcleo duro da extrema-direita, como Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Marco Feliciano (PL-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG), Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), bispo licenciado da Igreja Universal, é um dos apoiadores.
“Espero que a PEC 6×1 permita que as pessoas tenham mais tempo para ir à igreja e se dedicar a causas sociais”, afirmou o ex-prefeito do Rio de Janeiro. Ele também acredita ser possível compensar a redução da jornada com aumento de produtividade.
Henrique Vieira (PSOL-RJ), pastor e colega de partido de Hilton, chamou a jornada atual de “exaustiva” e “degradante”. Para ele, a mudança é uma questão de justiça social, contradizendo críticas de líderes que se dizem defensores da família, mas se opõem à PEC.
Outro signatário do projeto é o pastor Sargento Isidório (Avante-BA), que frequentemente transita entre posições conservadoras e progressistas.
Otoni de Paula (MDB-RJ), que recentemente abandonou o bolsonarismo, tecendo críticas ao ex-presidente, considerou a proposta “meritória”, mas destacou a necessidade de um estudo claro dos impactos econômicos antes de qualquer aprovação.
Fonte: DCM