Governo de Javier Milei endureceu as regras e apertou o cerco contra bolsonaristas
Golpistas invadem e depredam prédios do governo em 8 de janeiro de 2023 | Javier Milei (Foto: Joedson Alves/Agencia Brasil | REUTERS/Agustin Marcarian)
A Justiça argentina emitiu mandados de prisão contra 61 bolsonaristas foragidos, condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, após pedidos de extradição do Brasil. O juiz Daniel Rafecas, da 3ª Vara Federal, determinou as capturas, com duas detenções já confirmadas, informou a Folha de São Paulo nesta sexta-feira (15).
A extradição será decidida em audiência, e os detidos podem recorrer à Suprema Corte. Apesar do pedido de refúgio de 185 brasileiros na Argentina, novas regras do governo do presidente Javier Milei estabelecem que crimes graves, como terrorismo ou violações de direitos humanos, não serão protegidos.
Em 8 de janeiro de 2023, extremistas depredaram o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional — sedes dos Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo. 741 acusados pela Procuradoria-Geral da República de crimes pelo 8/1 já foram responsabilizados penalmente.
Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo
Projeto social, que é fruto de parceria entre os grupos Ambipar e Klabin, fortalece trabalhadores de cooperativas de reciclagem
Trabalhadores de cooperativa de reciclagem no Paraná (Foto: Divulgação)
Em uma iniciativa pioneira, as cooperativas de reciclagem Acamarango, de Reserva, e ReciclaTB, de Telêmaco Borba, transformaram-se em franquias sociais, consolidando um modelo de gestão que eleva a renda de profissionais da reciclagem e fortalece a economia circular na região. O projeto, fruto da parceria entre a Klabin, a Ambipar Environment e as prefeituras locais, foi inaugurado nos dias 12 e 13 de novembro, marcando uma nova fase de desenvolvimento para os trabalhadores do setor.
Desde 2012, as cooperativas integravam o Programa de Resíduos Sólidos da Klabin, agora denominado Klabin Transforma Território Circular, que visa apoiar municípios na adaptação à Política Nacional de Resíduos Sólidos. Por meio de doações de equipamentos, assessoria técnica e capacitação, o programa tem impulsionado a profissionalização das cooperativas, garantindo operações sustentáveis e beneficiando toda a comunidade.
A transformação para o modelo de franquia social oferece autonomia às cooperativas e reforça a circularidade econômica. Leonir dos Santos, presidente da Acamarango, destacou a importância do novo espaço, que inclui refeitório, cozinha, banheiros acessíveis e um escritório, além de melhorar as condições de trabalho e a produtividade. “Com a ajuda da Klabin, conseguimos um preço maior para os resíduos e aumentamos nossa renda no fim do mês”, comemorou Santos.
A ReciclaTB, que também faz parte do programa desde 2021, experimentou um crescimento notável, com a renda média dos cooperados saltando de R$ 1.200 para R$ 4.000. A Ambipar, que contribuiu com expertise técnica e suporte, celebrou o impacto social e ambiental positivo da iniciativa, alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
Uilson Paiva, gerente de Responsabilidade Social da Klabin, afirmou que essa nova fase reafirma o compromisso da empresa com a sustentabilidade e o desenvolvimento socioeconômico dos Campos Gerais. “As cooperativas se tornam referências em gestão ambiental eficiente, beneficiando a comunidade e promovendo a conscientização sustentável”, concluiu.
A iniciativa é um exemplo inspirador de como parcerias estratégicas e inovação em gestão podem transformar realidades, promover trabalho decente e reduzir desigualdades, impulsionando a economia local e melhorando a qualidade de vida de seus trabalhadores.
Entenda o que é a economia circular e como ela pode aumentar a renda de pessoas mais vulneráveis
A economia circular é um modelo econômico que busca redefinir a forma como os recursos são utilizados, promovendo a reutilização, reciclagem e regeneração dos materiais em vez do descarte após um único uso. Ao contrário da economia linear, que segue a lógica de “extrair, produzir e descartar”, a economia circular foca em prolongar a vida útil dos produtos e maximizar o valor dos materiais, fechando o ciclo de uso e minimizando o desperdício.
Esse modelo baseia-se em princípios como a eliminação de resíduos e poluição, onde o design dos produtos considera todo o ciclo de vida para reduzir o impacto ambiental e permitir que os materiais retornem ao sistema de produção. Também promove a reutilização de materiais, por meio da reparação, renovação e reciclagem, mantendo a utilidade e o valor dos produtos, e incentiva práticas que regeneram os ecossistemas, como o uso de energia renovável e métodos agrícolas que preservam os recursos naturais.
A economia circular pode ser uma poderosa aliada na promoção de oportunidades econômicas para pessoas em situação de vulnerabilidade. A implementação de práticas de reciclagem e recuperação de materiais cria novos empregos em comunidades que antes dependiam de trabalho sazonal ou informal. Cooperativas de reciclagem, como as de Telêmaco Borba e Reserva, que se tornaram franquias sociais, são exemplos concretos de como esse modelo pode oferecer uma fonte estável de renda e melhores condições de trabalho para catadores e profissionais do setor.
Além disso, a economia circular inclui iniciativas de treinamento técnico e capacitação, preparando trabalhadores para lidar com novas tecnologias e processos de reciclagem e manufatura reversa. Essa qualificação melhora as chances de inserção no mercado de trabalho formal e amplia o potencial de ganhos. Outro aspecto relevante é a valorização dos produtos reciclados, pois o apoio de grandes empresas e políticas públicas focadas na economia circular pode garantir preços melhores para materiais recicláveis, aumentando a rentabilidade das cooperativas. A profissionalização e suporte técnico, como no caso da parceria entre a Klabin e a Ambipar com as cooperativas Acamarango e ReciclaTB, fizeram com que a renda dos trabalhadores dessas comunidades subisse significativamente.
Por fim, a economia circular também estimula o empreendedorismo local, promovendo um ambiente em que pequenos negócios podem prosperar. A criação de produtos reciclados, serviços de conserto e iniciativas comunitárias de gestão de resíduos são apenas algumas das formas pelas quais essa abordagem impulsiona a economia local, proporcionando mais oportunidades de geração de renda e melhorando a qualidade de vida das comunidades envolvidas.
Informações reveladas por equipamento israelense colocam colaboração de ex-ajudante de Bolsonaro em xeque
Mauro Cid (à esq.) e Jair Bolsonaro. Foto: Reuters
A Polícia Federal (PF) recuperou dados apagados dos computadores de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, utilizando tecnologia israelense de última geração. De acordo com reportagem do G1, as informações obtidas fortaleceram as investigações sobre a tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023 e permitiram cruzamentos com dispositivos de outros investigados. O material revela novas narrativas sobre planos para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, adiando a conclusão do relatório final do caso, que estava previsto para este mês.
Os dados recuperados levantaram dúvidas sobre o acordo de colaboração firmado entre Mauro Cid e as autoridades. Investigações apontam que ele pode ter omitido informações relevantes sobre os fatos apurados, o que comprometeria sua colaboração. “Não é facultado ao delator a possibilidade de omitir informações”, destacou uma fonte ligada à investigação. Caso as irregularidades sejam confirmadas, o acordo pode ser revisto, prejudicando as condições negociadas pelo ex-ajudante.
A defesa de Mauro Cid afirmou que ele está cooperando plenamente com as autoridades, mesmo após a divulgação de mensagens críticas à PF por meio da revista Veja. No entanto, os novos dados representam um avanço significativo na apuração de responsabilidades e podem implicar Bolsonaro e membros próximos de sua equipe no relatório final, que será decisivo para os próximos passos judiciais.
Presidente também destaca a necessidade de união diante dos desafios globais
Paulo Pimenta, Lula, Eduardo Paes e Mauro Vieira (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou, nesta sexta-feira (15), as instalações da Cúpula do G20 no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (RJ). Lula destacou as prioridades do Brasil como líder do fórum de cooperação econômica internacional e celebrou as transformações que permitiram ao país reverter os retrocessos herdados da gestão anterior.
Ele também ressaltou a importância da união entre as nações para enfrentar os principais desafios globais. "Fui conhecer as instalações onde será realizada a Cúpula do G20, que acontecerá nos dias 18 e 19 de novembro no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. O Brasil receberá delegações de todo o mundo para debater temas como o combate à fome, a transição energética e a construção de um mundo com mais cooperação e trabalho para enfrentar os desafios globais. Somos hoje um país bem diferente de alguns anos atrás, que volta a olhar para o seu futuro e para o futuro do planeta", escreveu Lula em postagem na plataforma social X.
O Brasil detém a presidência rotativa do G20 de 1º de dezembro de 2023 a 30 de novembro de 2024. A Cúpula de Líderes do G20 acontece nos dias 18 e 19 de novembro de 2024, no Rio de Janeiro, reunindo líderes dos 19 países membros, além da União Africana e da União Europeia.
Sentença inclui indenização à família, multa à SOS Racismo e liberdade condicional
(Foto: Reprodução)
A Justiça de Portugal condenou Adélia Barros por racismo contra Titi e Bless, filhos de Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso, em um episódio ocorrido em 2022. Durante o incidente, a mulher chamou as crianças de “pretos imundos” e pediu que deixassem o restaurante onde estavam na Costa da Caparica, além de ofender uma família de turistas angolanos. A sentença, proferida pelo Tribunal de Almada, determinou uma pena de oito meses de prisão, que será cumprida em liberdade condicional, desde que Adélia não repita o crime nos próximos quatro anos, destaca o G1.
Além da pena, Adélia foi condenada a pagar uma indenização de 14 mil euros (aproximadamente R$ 85 mil) por danos morais à família das crianças e 2.500 euros (cerca de R$ 15 mil) à associação SOS Racismo. A decisão judicial também exige que ela se submeta a tratamento contra o alcoolismo. Segundo o jornal Público, o valor estipulado é inferior ao pedido inicial de 35 mil euros pela defesa de Giovanna e Bruno.
O caso chamou atenção para a gravidade do racismo em Portugal e ganhou repercussão internacional. Este é o segundo episódio de racismo envolvendo Titi a ser julgado recentemente. Em agosto, a Justiça Federal do Brasil condenou a influenciadora Dayane Alcântara a 8 anos e 9 meses de prisão por injúrias raciais contra Titi, em 2017, quando a menina tinha apenas 4 anos.
Objeto foi encontrado em banheiro do aeroporto. Até o momento não há registro de suspensão de voos ou fechamento da unidade
(Foto: Reprodução/Infraero)
Na manhã desta sexta-feira (15), a administração do Aeroporto de Goiânia acionou as forças de segurança após a descoberta de um objeto suspeito em um dos sanitários na área pública do terminal. De acordo com reportagem do Metrópoles, foi informado em nota oficial que todos os protocolos de segurança foram seguidos imediatamente, incluindo o acionamento da Polícia Federal, que assumiu a investigação do caso.
Até o momento, as autoridades ainda apuram se o objeto se trata de um artefato explosivo. Equipes especializadas foram destacadas para inspecionar o terminal, que segue com medidas de segurança reforçadas.
Embora ainda não haja confirmação de que o item seja um artefato explosivo, a área foi isolada e equipes especializadas permanecem no local. Passageiros relataram apreensão diante do ocorrido, mas até o momento não há registro de suspensão de voos ou fechamento do aeroporto.
Atos foram convocados em diversas cidades, como São Paulo e Rio
Manifestantes realizaram atos nesta sexta-feira (15) em diversas cidades pelo fim da escala de seis dias de trabalho e um dia de folga. Foram convocados atos em São Paulo, Brasília, Manaus, Fortaleza, no Rio de Janeiro e no Recife.
O tema ganhou repercussãonesta semana em razão da proposta de emenda à Constituição Federal (PEC), de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSol-SP), que propõe jornada de trabalho de, no máximo, 36 horas semanais e quatro dias de trabalho por semana no Brasil.
Os atos foram convocados pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), que tem mobilizado as redes sociais a favor da PEC. Em petição online, o movimento já reuniu quase 3 milhões de assinaturas a favor da mudança.
A proposta de emenda constitucional foi elaborada na causa defendida pelo VAT, que a jornada de trabalho no Brasil, 6x1 é uma das principais causas de exaustão física e mental dos trabalhadores, além de impedir o convívio dos trabalhadores com a família e amigos e a prática de atividades físicas, de lazer ou estudo.
São Paulo
Em São Paulo, os manifestantes reuniram-se na Avenida Paulista.
De um carro de som, uma das líderes do ato, Priscila Araújo Kashimira, ressaltou que os jovens estão entre os mais afetados pela jornada de trabalho 6x1, pela dificuldade em conciliar os estudos para tentar entrar em uma instituição de ensino superior. Ela contou ainda que o convívio com a mãe, que estava também no carro de som, foi muito afetado em razão dessa escala de trabalho.
Priscila Kashimira apontou ainda que outros trabalhadores prejudicados pela atual jornada são funcionários de shoppings e telemarketing. Ela criticou as empresas de telemarketing por sujeitar os funcionários a intervalos curtos, "de menos de 20 minutos para almoço".
"Se fechar farmácia, mercado e shopping, esse país para", afirmou.
Um dos integrantes do VAT, Washington Soares, salientou que a mobilização pela petição online começou um ano atrás, incluindo panfletagens.
Para ele, a pluralização das manifestações e adesões favoráveis, como de partidos e parlamentares, se deve por ser uma pauta que independe de posições partidárias e ideologias. "É uma pauta para todo mundo", disse.
"Muita gente nem acreditava e, nessa semana, depois do sábado, começou. Todo mundo entrando em contato com os deputados. Não importa se é de direita, de esquerda, todo mundo trabalha. Nenhum político quer ficar queimado com a população, eles sabem o que vão ter que fazer. Querem fazer um ajuste e tal, ok, tudo bem. Vai ser muito difícil na CCJ [Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, da Câmara dos Deputados]. Essa foi nossa primeira vitória. Não vai ser fácil, mas nunca foi. Aqui no Brasil, nunca foi. A gente tem mesmo que arrancar nossas conquistas e está muito confiante", contou.
"Um deputado de direita disse que não é uma questão ideológica, que é uma questão do trabalhador, e é exatamente isso que a gente pensa", acrescentou.
Operadora de telemarketing há cinco anos, Viviane da Silva, de 38 anos, começou a graduação este ano e, por isso, divide o dia entre estudar pela manhã e trabalhar, a tarde. Ela já teve outros empregos e em um deles cumpria escala 6 por 1.
"Meses atrás, eu comecei a tomar medicação para depressão e ansiedade, por estar pesada a carga de trabalho com estudo e não ter a folga necessária para descanso e desempenhar as duas funções", relatou.
Em uma ocasião, contou a trabalhadora, uma chefe chamou sua atenção por ela ter marcado consultas médicas e odontológicas em horário de trabalho, duas vezes no mesmo mês.
"A gente não é tratada bem quando precisa sair mais cedo, entrar mais tarde. Por lei, eles precisam aceitar declaração de comparecimento a uma consulta médica, mas os superiores não aceitam bem."
Rio de Janeiro
O protesto levou uma multidão à Cinelândia, no Rio de Janeiro. Os manifestantes destacavam a necessidade do descanso e do lazer na vida do trabalhador e pediam a redução das horas trabalhadas sem perdas salariais.
Rio de Janeiro (RJ), 15/11/2024 - Manifestantes reúnem-se em protesto pelo fim da jornada de trabalho 6x1, na Cinelândia. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
O tema também foi debatido no G20 Social, que ocorre no Rio de Janeiro entre 14 e 16 de novembro.
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, argumentou que a mudança beneficiaria as mulheres, mas classificou que o debate precisa ser mais amadurecido.
Já o ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência da República, disse nesta semana que oassuntoainda não foi discutido no núcleo do governo.
Brasília
Na capital federal, o ato reuniu representantes de diferentes categorias e movimentos sociais na Rodoviária do Plano Piloto, na região central.
Para Abel Santos, motofretista e coordenador do VAT no Distrito Federal, os atos mostraram a a união dos trabalhadores "independentemente da categoria na luta por melhores condições de trabalho e vida". As manifestações realizadas no país aumentam a pressão para que os parlamentares aprovem a proposta pelo fim da atual escala de trabalho.
Na avaliação do antropólogo e integrante do Movimento Passe Livre, Paiques Duque Santarém, os movimentos precisam se articular a partir de agora para manter a mobilização em torno da pauta, com o objetivo de evitar um esfriamento institucional, e uma estratégia de argumentos para barrar as narrativas contrárias à proposta.
"O tempo até que será colocado em votação na CCJ, para que o relator apresente o parecer. Esse tempo de ser colocado em pauta, em votação na Câmara, em votação no Senado. Esse é um processo muito demorado, que contribui para esfriar o debate", disse.
Brasília (DF), 15/11/2024 - Ato em defesa do fim da jornada 6x1, na Rodoviária do Plano Piloto. Foto:Valter Campanato/Agência Brasil
São necessárias 171 assinaturas para a PEC começar a tramitar na Câmara. E para ser aprovada, precisa do voto de 308 dos 513 parlamentares, em dois turnos de votação.
Com a pressão social, cresceu, no intervalo de uma semana, de 60 para 134 o total de deputados que assinaram a proposta de emenda à Constituição (PEC) que estabelece a jornada de trabalho de, no máximo, 36 horas semanais e 4 dias de trabalho por semana no Brasil, acabando com a escalada de 6 por 1.
Ao menos outras duas PEC tratam da redução de jornada no Congresso Nacional, mas não acabam com a jornada 6 por 1, que é a principal demanda do VAT.
Fonte: Agência Brasil com colaboração redações do Rio de Janeiro e de Brasília
Coletiva com a deputada estadual Bruna Rodrigues (PCdoB) abordou prisão de suspeito de ameaças à parlamentar – Foto: Isabelle Rieger/Sul21
“Ver o rosto de uma pessoa por trás de algo tão cruel é, sem dúvida, algo que mexe muito comigo.” A frase é da deputada estadual Bruna Rodrigues (PCdoB), em entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira (14), na qual anunciou a prisão de um dos suspeitos por trás de ameaças de morte e estupro contra ela e sua filha, denunciadas há cerca de um mês. Ainda sem nome divulgado, o indivíduo, de 36 anos, foi detido em Jundiaí (SP), em operação realizada pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul.
Em outubro, Bruna relatou que os ataques, recebidos por e-mail, eram acompanhados de críticas ao seu mandato e atuação parlamentar, além de tentar minar sua presença política em defesa de grupos marginalizados. “Sua macaca esquerdista maldita, vou estuprar…”, dizia uma das mensagens. Segundo a deputada, “há pouco mais de um mês, recebi um e-mail dizendo que matariam a minha filha. O teor do e-mail é o mais cruel que eu já recebi, ao mesmo tempo que reflete a escalada da violência que vou sentindo ao longo dessa chegada ao Parlamento”. Logo após ler as ameaças, a deputada registrou um boletim de ocorrência.
Investigado pela Polícia Federal há cinco anos, o suspeito é acusado de cometer diversos crimes de ódio, incluindo ameaças de morte, violência sexual e a disseminação de mensagens racistas e extremistas. Conforme os agentes, o homem, integrante de um grupo de extrema-direita da deep web, utilizava um serviço de e-mail (se apropriando de dados de pessoas comuns) com sede baseada na Suíça, a qual não possui acordo de cooperação com as autoridades brasileiras.
Durante a ação, foram apreendidos um computador de mesa, um notebook, dois tablets, dois celulares, diversos pen drives e outros itens. Segundo a polícia, esse material será analisado para identificar possível envolvimento de terceiros nos delitos. Até o momento, foram encontradas ameaças de atentados com explosivos (bombas) direcionadas ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao Congresso Nacional e ao Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP).
Em um e-mail endereçado a Alexandre de Moraes, o hacker ameaçava realizar um ato terrorista. “Iremos explodir o STF com todos dentro. Este é o aviso de um grupo de brasileiros, patriotas, que não irão aceitar o golpe. Temos aproximadamente 20 kg de explosivo PETN e estamos prontos e instruídos a usar. Espero que vocês estejam preparados para recolher pedaços de corpos, principalmente negros, nordestinos e homossexuais”, escreveu.
Para Bruna, que se emocionou ao relembrar os ataques sofridos, o maior “gargalo” nestes casos é a integridade de sua filha. “Minha filha é ameaçada por conta da minha atividade parlamentar e só eu tenho a segurança da minha atividade parlamentar garantida, né”, pontuou. Segundo a deputada, se a proteção oferecida pelo Estado não abranger, além dela, seu mandato e sua família, ela se torna falha. A parlamentar ressaltou que essa situação é uma das razões pelas quais muitas mulheres desistem da política.
Coletiva com a deputada estadual Bruna Rodrigues (PCdoB) abordou prisão de suspeito de ameaças à parlamentar / Foto: Isabelle Rieger/Sul21
A deputada, que solicitou à Assembleia Legislativa uma medida de segurança, defendeu a criação de um protocolo mais eficaz e claro, que ofereça condições adequadas para que os parlamentares possam exercer suas funções. Conforme ela, atualmente não há orientações diretas sobre o que fazer caso recebam ameaças ou enfrentem situações de risco, o que torna a proteção insuficiente.
Ao falar sobre a explosão que ocorreu no STF ontem, Bruna afirmou que o episódio é um reflexo de uma onda de ódio crescente no Brasil. “É óbvio que seria leviano falar de correlações, mas é inegável que há uma escalada de violência no país e que, se essa escalada seguir sendo permitida, podemos vivenciar um cenário trágico”, disse, e complementou: “Ver um rosto, ver uma pessoa disposta a morrer por conta de uma política de ódio é assustador”.
Francisco Wanderley Luiz, o “Tiü França”, terrorista que morreu durante atentado na Praça dos Três Poderes na última quarta (13). Foto: Reprodução
A cuidadora Margarete Versino (57), ex-mulher de Francisco Wanderley Luiz, terrorista que se explodiu na Praça dos Três Poderes nesta quarta (13), afirmou que ele “enlouqueceu” após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. Eles foram casados por 17 anos e tiveram dois filhos.
“Tiü França”, como era conhecido o terrorista, nunca foi engajado em política e só passou a se interessar pelo tema após a vitória de Bolsonaro nas eleições de 2018, segundo Margarete. Ela se casou com o ex-marido no final da década de 1980.
“Nunca se envolveu com política. Era outra pessoa. Com o tempo, começou a mudar de atitude. E quando o Bolsonaro perdeu, ele enlouqueceu. Acho que foi ali que começou um problema mais forte, sabe?”, afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo.
A ex-mulher relata que o interesse pelo tema virou “fanatismo” e que tentou alertá-lo, mas que “ele estava indignado com a política”. Margarete diz que “ele expressava bastante indignação com as pessoas presas” pelo ataque golpista de 8 de janeiro de 2023, mas que não sabe se ele teve participação no episódio.
O homem-bomba estava morando na Ceilândia (DF), onde alugou uma casa, há poucos meses. A ex-mulher afirma que a mudança foi interpretada como uma tentativa de “fugir dos problemas”, já que ele passava por uma separação tumultuada com a segunda companheira, Daiane Dias.
Corpo de Francisco Wanderley Luiz após jogar bombas em frente ao STF.
Foto: Evaristo Sá /AFP
Apesar da separação, Margarete diz que sempre foi próxima do ex-marido e o descreve como “um ótimo pai”. Ele deixou dois filhos, uma missionária de 37 anos que vive na Tailândia e um engenheiro mecânico de 34 anos que mora em Itapema (SC), além de um enteado, filho de Daiane, que o ajudava no trabalho.
A mãe de “Tiü França”, que tem 89 anos, precisou ser internada duas vezes desde o atentado da última quarta, segundo a ex-mulher. A família também contratou um advogado para atuar em Brasília e ainda aguarda informações sobre a liberação do corpo para o sepultamento.
“É um choque para os filhos terem que aceitar isso, um fim tão trágico para o pai deles, e uma coisa que ele escolheu. A gente acaba se culpando por não ter visto que ele estava tão doente. A gente nunca esperava isso dele. Se você for em Rio do Sul inteiro, você só vai ouvir bem dele”, completou.
Mobilidade e integração regional ganham força com trem que deve atender 2 milhões de pessoas no Norte do Paraná
Foto: Assessoria de Imprensa
O Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) para a implementação do trem de passageiros “pé-vermelho”, que conectará Londrina a Maringá, está em fase inicial e deve ser concluído até julho do próximo ano. A informação foi confirmada pelo secretário nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, durante reunião com a deputada federal Luísa Canziani (PSD-PR), que lidera as discussões locais. O encontro contou ainda com Danaê Fernandes, secretária de Segurança Pública e Transportes de Cambé, e com técnicos da secretaria e responsáveis pelo projeto.
A empresa Volar Engenharia foi contratada pelo governo federal para conduzir o EVTEA, enquanto a Infra S.A. iniciou o diálogo com o governo do Paraná e prefeituras para alinhar projetos preexistentes. A ideia de compartilhar a malha ferroviária existente será avaliada tecnicamente, com um percurso previsto de Paiçandu a Ibiporã, abrangendo uma população de cerca de 2 milhões de pessoas.
A deputada Canziani destacou o impacto do projeto na mobilidade e segurança urbana para os trabalhadores da região. Já Danaê Fernandes apontou que o projeto inclui a ligação dos aeroportos de Londrina e Maringá, possibilitando transporte de cargas de alto valor agregado e a construção da primeira ciclovia regional do país, com mais de 100 quilômetros. Em outubro, o governo estadual concluiu o projeto funcional, com a proposta de uma malha ferroviária dedicada ao transporte de passageiros, evitando conflitos de horário e manutenção com os trens de carga. O G6, grupo de prefeitos de Londrina, Ibiporã, Cambé, Rolândia, Arapongas e Apucarana, discutiu a iniciativa como estratégia de integração regional. Uma nova reunião com o governo estadual está marcada para o final deste mês, buscando alinhamento entre projetos e viabilidade.
O puxa-saco Milei entre seus donos Musk (esq.) e Trump em Mar-a-Lago
Durante um jantar organizado na Flórida para comemorar o retorno de Donald Trump à Casa Branca, o presidente da Argentina, Javier Milei, não mediu esforços para puxar o saco do líder americano e de seu cupincha, o bilionário Elon Musk. Nem isso o salvou de um vexame ao final do discurso, quando foi tratado como cucaracha.
“Foi o maior retorno político da história, desafiando todo o ‘establishment’ político, inclusive arriscando a própria vida”, falou Milei. “Graças a isto, hoje o mundo é um mundo muito melhor. Hoje, sopram os ventos da liberdade, sopram com muito mais força”.
O evento foi organizado pelo ‘America First Policy Institute’ em Mar-a-Lago, a residência particular do magnata na Flórida. Milei fez questão de posar para fotos com Trump e Milei, como uma fã deslumbrada.
“Você sabe que pode contar com a Argentina para tornar os Estados Unidos grandes novamente”, postou o sabujo no Instagram e na rede X, misturando a arrogância platina com uma subjugação abjeta de vira-latas.
O excesso de bajulação de Milei acabou por cansar os presentes, e, ao final de sua falação, a mestre de cerimônias teve de intervir, pedindo que Milei se retirasse do palco. O palhaço balbuciou um “OK” e se calou, bovinamente, antes de puxar o carro.
Novo termo de serviço da X e preocupações com desinformação motivam migração para alternativas como Bluesky
Bluesky (Foto: Divulgação / Bluesky)
Reuters – A plataforma de mídia social Bluesky, considerada uma das principais alternativas à X (anteriormente conhecida como Twitter), registrou um aumento significativo de usuários após a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. De acordo com a Reuters, a Bluesky ganhou cerca de 2,5 milhões de novos usuários na última semana, elevando seu total para mais de 16 milhões.
O crescimento da plataforma ocorre em meio à crescente insatisfação com a X, adquirida por Elon Musk. Um dos fatores que impulsionaram essa migração foi uma iminente mudança nos termos de serviço da plataforma, que, segundo especialistas, pode complicar disputas legais futuras para os usuários. O Bluesky divulgou que está vendo "níveis recordes de atividade em todas as formas de engajamento: curtidas, seguidores, novas contas, etc., e estamos no caminho de adicionar 1 milhão de novos usuários em um único dia", afirmou em comunicado.
● Desinformação e preocupações legais
A X enfrentou duras críticas de especialistas em desinformação durante a eleição por ter facilitado a disseminação de informações falsas sobre os estados-chave da disputa eleitoral. Dados da SimilarWeb mostraram que, em 6 de novembro, o dia em que a vitória de Trump foi confirmada, a X registrou 46,5 milhões de visitas nos EUA, um recorde anual. No entanto, mais de 115 mil usuários desativaram suas contas na plataforma, marcando o maior êxodo desde que Musk assumiu o controle.Personalidades e organizações, incluindo o Center for Countering Digital Hate, o jornal britânico The Guardian e o ex-âncora da CNN Don Lemon, anunciaram sua saída da X devido a preocupações com o conteúdo e as mudanças nos termos de uso. O novo termo, que entra em vigor na sexta-feira, exige que todas as disputas legais sejam levadas exclusivamente aos tribunais do Distrito Norte do Texas ou aos tribunais estaduais no Condado de Tarrant, no Texas. Críticos argumentam que a mudança facilita que Musk enfrente processos em jurisdições favoráveis a ele.
● Concorrência e alternativas
O analista Abraham Yousef, da Sensor Tower, comentou que o crescimento de plataformas como Bluesky pode ter sido impulsionado por conteúdos polêmicos e problemas técnicos enfrentados pela X. "A saída de contas populares, personalidades da mídia ou organizações pode ter levado os consumidores a concluir que a X não é mais a plataforma preferida, alimentando o crescimento de alternativas como Bluesky e Threads", explicou.
No dia 6 de novembro, a Bluesky atraiu cerca de 1,2 milhão de visitantes em seu site, superando a Threads, da Meta, que atraiu cerca de 950 mil visitantes, embora a Threads ainda mantenha uma base de usuários maior, com aproximadamente 252 milhões de usuários ativos mensais em seu aplicativo móvel. A X, por sua vez, possui cerca de 317 milhões de usuários, de acordo com a Sensor Tower.
● Perspectivas e desafios
Gil Luria, analista da D.A. Davidson & Co, acredita que, apesar da concorrência, a X pode estar em uma posição mais forte devido ao apoio de Trump. "X parece estar em uma posição melhor do que há algum tempo, dada a capacidade de representar as visões do presidente eleito Trump", afirmou. Ele acrescentou que plataformas concorrentes podem enfrentar dificuldades para alcançar a X devido aos efeitos de rede significativos do microblogging.
Por outro lado, o Center for Countering Digital Hate alertou que as novas regras da X podem criar um ambiente jurídico que favorece Musk e prejudica aqueles que se opõem a ele. "Agora, o bilionário poderá mover ações em tribunais favoráveis contra quem discordar dele em sua plataforma", comentou a organização.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está preparando uma intensa agenda de reuniões bilaterais com importantes líderes globais
Lula e Joe Biden no G7 na Itália (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está preparando uma intensa agenda de reuniões bilaterais com importantes líderes globais durante a Cúpula do G20, que ocorrerá nos dias 18 e 19 de novembro no Rio de Janeiro. De acordo com informações do Palácio do Planalto, entre os encontros programados estão com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que se encontra na reta final de seu mandato, o presidente francês Emmanuel Macron, além dos primeiros-ministros do Reino Unido, Keir Starmer, e da Itália, Giorgia Meloni. As informações são do portal CNN Brasil.
Além destes, Lula também deverá se reunir com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, que participará do evento G20 Social, e com outros líderes, como os presidentes do Japão, Malásia, Egito, Emirados Árabes, além do secretário-geral da ONU, António Guterres, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
A agenda, ainda em fase de finalização, promete incluir uma série de conversas estratégicas para o Brasil no cenário internacional. Embora o calendário já contemple encontros importantes, fontes do governo alertam que o cronograma pode sofrer ajustes até o início da Cúpula, com mais reuniões sendo inseridas ou modificadas.
As reuniões com os líderes internacionais terão início já no sábado (16), com a chegada do presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, que acompanhará o presidente Lula no encerramento das atividades do G20 Social. O domingo (17) foi reservado para a realização da maior parte dos encontros reservados, em um momento crucial de preparação para a Cúpula de Líderes do G20.
Reuniões bilaterais previstas:
● Joe Biden – Presidente dos Estados Unidos
● Giorgia Meloni – Primeira-ministra da Itália
● Narendra Modi – Primeiro-ministro da Índia
● Emmanuel Macron – Presidente da França
● Keir Starmer – Primeiro-ministro do Reino Unido
● Abdel Fattah Al-Sisi – Presidente do Egito
● Anwar Ibrahim – Primeiro-ministro da Malásia
● Shigeru Ishiba – Primeiro-ministro do Japão
● Cyril Ramaphosa – Presidente da África do Sul
● Mohammed bin Zayed Al Nahyan – Primeiro-ministro dos Emirados Árabes
● António Guterres – Secretário-geral da ONU
● Ursula von der Leyen – Presidente da Comissão Europeia
A cúpula no Brasil reunirá 55 líderes de países e chefes de organizações internacionais, com um foco em debates sobre economia global, mudanças climáticas e outras questões de relevância mundial. O evento representa uma oportunidade estratégica para o Brasil reforçar seu papel na diplomacia internacional e avançar com suas propostas nas principais questões globais.
Pesquisa da Kaya Mind revela crescimento do uso terapêutico da cannabis e projeta expansão no número de médicos habilitados até 2025
(Foto: Shutterstock)
Uma pesquisa realizada pela Kaya Mind e divulgada em 13 de novembro durante a coletiva de imprensa da ExpoCannabis, maior feira de cannabis da América Latina, revelou que cerca de 600 mil brasileiros fazem uso de cannabis medicinal. A feira, que ocorrerá entre 15 e 17 de novembro no São Paulo Expo, destaca a relevância deste mercado em expansão e suas implicações para a saúde e a economia do país.
A cannabis medicinal, indicada para o tratamento de diversas patologias, é comercializada em diferentes formas, como gotas, óleos, pomadas e cremes. Este segmento tem se mostrado promissor, não apenas pela variedade de produtos disponíveis, mas pelo crescente número de profissionais da saúde habilitados a prescrever tais tratamentos. Atualmente, mais de 10 mil médicos estão capacitados para a prescrição de cannabis medicinal no Brasil, com a projeção de que esse número triplique até 2025. “O mercado está evoluindo, e os profissionais de saúde estão se conscientizando cada vez mais sobre os benefícios terapêuticos da cannabis”, comenta Maria Eugênia, CEO da Kaya Mind.
Apesar do crescimento, o setor ainda enfrenta desafios, especialmente relacionados à burocracia na importação de produtos à base de cannabis. No entanto, o mercado jurídico vem se adaptando para facilitar esses processos, contribuindo para que pacientes possam ter acesso mais ágil aos tratamentos.
Durante a ExpoCannabis, representantes de diversos setores da indústria participarão de painéis de discussão e apresentarão suas soluções. A feira oferece aos visitantes a oportunidade de receberem orientações sobre o uso medicinal da cannabis e de obterem gratuitamente uma carteirinha digital, ferramenta que auxilia nos trâmites necessários para o acesso aos tratamentos.
Objetivo é alcançar 500 milhões com programas de transferência de renda e garantir refeições escolares a 150 milhões de crianças até 2030
Lula, Mauro Vieira e Wellington Dias (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
RIO DE JANEIRO, 15 de novembro de 2024 – Em um movimento que demonstra a união global sem precedentes, governos, organizações multilaterais, bancos de desenvolvimento e entidades filantrópicas anunciaram hoje, durante a Cúpula de Líderes do G20 no Rio de Janeiro, a mais ampla iniciativa coletiva já vista para erradicar a fome e a pobreza extrema. A iniciativa, conhecida como “2030 Sprints”, marca o início das ações da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, que será oficialmente lançada em 18 de novembro.
A Aliança Global surge em um momento crítico, uma vez que projeções indicam que, sem mudanças significativas, 622 milhões de pessoas ainda viverão em extrema pobreza em 2030, um número muito superior ao desejado. Além disso, cerca de 582 milhões de pessoas enfrentarão a fome em 2030, um patamar semelhante ao de 2015, quando os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram adotados.
◉ Compromissos globais e apoio financeiro
Entre os compromissos anunciados, destacam-se a ampliação de programas de transferência de renda que visam alcançar 500 milhões de pessoas em países de baixa e média renda até 2030. Akihiko Nishio, vice-presidente de Finanças de Desenvolvimento do Banco Mundial, afirmou: “O Banco Mundial se compromete plenamente com a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, apoiando a ambição através da IDA 21 para estender a proteção social a 500 milhões de pessoas”.
Outro destaque foi o apoio à expansão de refeições escolares de qualidade para mais 150 milhões de crianças em regiões afetadas pela pobreza e fome endêmicas. Cindy McCain, diretora executiva do Programa Mundial de Alimentos (PMA), ressaltou: “Programas de refeições escolares são transformadores na luta contra a desigualdade e a fome. Eles abrem portas para a educação e fortalecem os sistemas alimentares locais”.
◉ Iniciativas de inclusão socioeconômica e desenvolvimento infantil
O Brasil, sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reafirmou seu compromisso em liderar esforços regionais e globais. “Enquanto houver famílias sem comida e jovens sem esperança, não haverá paz”, declarou Lula, destacando o sucesso de políticas públicas como o Bolsa Família. O país também anunciou a expansão de programas de visitas domiciliares na primeira infância para atingir mais 300 mil crianças e 25 mil gestantes.
A Aliança Global busca também apoiar 100 milhões de pessoas em programas de inclusão socioeconômica, com enfoque em mulheres, e fornecer assistência nutricional e de saúde a 200 milhões de mulheres e crianças de 0 a 6 anos. Shameran Abed, diretor executivo do BRAC, elogiou o papel do Brasil: “Estamos orgulhosos de trabalhar com governos para implementar abordagens comprovadas na redução da pobreza em grande escala”.
◉ Soluções para agricultores e acesso à água
Em apoio aos pequenos agricultores, responsáveis por até 70% dos alimentos consumidos em países de renda baixa e média, foram anunciadas parcerias entre o Brasil, a FAO, o FIDA e o PMA para conectar produtores familiares a programas de merenda escolar. Alvaro Lario, presidente do FIDA, enfatizou a necessidade de investimentos estratégicos: “Para acabar com a pobreza e a fome, precisamos fornecer aos pequenos agricultores acesso a ferramentas, tecnologia e financiamento”.
No que diz respeito ao acesso à água, a Bolívia e o Brasil se comprometeram com a expansão de sistemas de cisternas e soluções de irrigação para melhorar a segurança alimentar e hídrica. “A construção de cisternas é uma solução de baixo custo que transforma a vida das famílias pobres, garantindo acesso à água”, afirmou Álvaro Mollinedo, vice-ministro de Desenvolvimento Agrícola da Bolívia.
◉ Compromisso contínuo para alcançar os ODS
O ministro brasileiro Wellington Dias destacou a importância da colaboração internacional: “Como diz o presidente Lula, é uma questão de prioridade política, de incluir os pobres no orçamento”. Ele reforçou que a Aliança Global está apenas começando e convida outros países e parceiros a se unirem aos esforços para ampliar o impacto e cumprir a visão de um mundo sem fome e pobreza.