A lei que não foi aprovada pelo presidente ultradireitista previa reajuste salarial corrigido pela inflação para professores
Por InfoMoney - Estudantes universitários da Argentina decidiram ocupar os prédios de algumas faculdades, em meio à polêmica sobre o veto do presidente Javier Milei à lei de financiamento universitário aprovada pelo Congresso. A decisão foi tomada às vésperas da votação do veto pela Câmara dos Deputados, marcada para esta quarta-feira (9).
A lei previa aumento de recursos, além de reajuste salarial corrigido pela inflação para professores e não docentes.
Os estudantes da Faculdade de Filosofia e Letras e da Faculdade de Psicologia da Universidade de Buenos Aires se reuniram em assembleias na noite de segunda-feira (7) e, após intenso debate, resolveram ocupar a sede da universidade. A Faculdade de Medicina Veterinária também estará ocupada, enquanto as de Ciências Sociais e Ciências Exatas e Naturais optaram por um protesto de vigília a partir desta terça-feira.
Segundo declarações dos líderes do movimento, a ocupação terá garantia de proteção ao patrimônio da casa de estudos e “à proteção de professores, não docentes e alunos”. Além disso, também foi confirmado que as aulas públicas estarão abertas durante todo o dia.
Os estudantes pretendem marchar em direção ao Congresso na quarta-feira (9), repetindo uma manifestação que levou cerca de 1 milhão de pessoas às ruas na semana passada.
No resto do país, o debate sobre se devem avançar com ocupações, vigílias ou outras formas de protesto, está ocorrendo em diferentes unidades acadêmicas da Universidade Nacional de La Plata (UNLP), da Universidade Nacional de San Martín (UNSAM), da Universidade Nacional de Rosário (UNR) e da Universidade de Comahue, informam os jornais locais.
Mas a pressão sobre os parlamentares pode ter pouco efeito. Uma pesquisa feita pelo jornal La Nación mostrou que o governo Milei está muito próximo de uma vitória na Câmara amanhã, com a manutenção do veto.
Segundo cálculos do jornal, em consulta com legisladores de todos os blocos políticos, hoje o partido no poder tem garantidos 80 votos e está a 5 do número que protegeria o veto. Há 10 deputados ainda indecisos, mas a maioria responde a governadores que têm se mostrado próximos à Casa Rosada.
A oposição precisa de dois terços dos presentes para ganhar a votação. Isto implica que o número de ausentes tem uma grande influência. As abstenções funcionam a favor do Governo, porque reduzem a necessidade de atingir o quórum definido.
Na votação original, a 15 de agosto, a lei foi aprovada com 143 votos a favor, 77 contra, uma abstenção e 35 ausentes – um número considerado alto.
Segundo o site Noticias Argentinas, o ministro da Economia, Luis Caputo, apoiou a decisão de Milei e garantiu que, caso o Congresso insista na regra, o governo recorrerá à Justiça.
“Eu tenho que fazer o que a lei diz, mas seria bom que os deputados e senadores fizessem isso também. A lei da administração financeira diz que o Congresso não pode apresentar uma despesa sem uma contrapartida de financiamento que a justifique”, explicou em entrevista no final de semana.
Fonte: Brasil 247 com Infomoney