Nos dez principais colégios eleitorais de Pernambuco, apenas em dois a governadora Raquel Lyra pode sair vitoriosa, segundo as pesquisas
Urna eletrônica (Foto: José Cruz/Arquivo/Agência Brasil)
Por Clóvis Manfrini, de Pernambuco (*) - A tradição na política pernambucana, desde os tempos do rosismo e do dantismo, é a de o governador em atividade, para fortalecer sua base eleitoral – no caso de sucessão ou reeleição (desde 1998) – “fazer”, nas eleições municipais, vários prefeitos em todo o Estado. Quanto mais mandatários eleitos sob o guarda-chuvas do governador (ou da governadora, como é atualmente), melhor para ampliar a base que será de suma importância na eleição estadual.
No próximo dia 6 de outubro, em Pernambuco, 7.152.871 eleitores estarão aptos para votar nas Eleições Municipais de 2024. O Estado é o sétimo maior colégio eleitoral do Brasil. O Recife tem o maior número de eleitores em Pernambuco, com 1.219.917, seguido de Jaboatão dos Guararapes, com 487.903 e Olinda, que tem 300.296. Caruaru, com 247.041 eleitores, Petrolina, com 238.587 eleitores, e Paulista, com 235.213 eleitores aptos a votar, juntas à capital e Olinda, são as únicas onde poderão ter 2º Turno. Outros importantes colégios eleitorais pernambucanos são: Cabo de Santo Agostinho, com 169.197 eleitores aptos, Camaragibe, com 125.398 aptos, Vitória de Santo Antão, que conta com 102.536 eleitores, e Garanhuns, com um eleitorado de 97.579 aptos a a confirmar o voto na urna.
Nestes Municípios, segundo pesquisas de institutos variados como Datafolha, Quaest, Data Trends, entre outros, o Recife é onde a reeleição do prefeito João Campos (PSB), que varia entre 70 a 80% em consultas realizadas até o último dia 28 de agosto, é garantida. Em outras cidades, como Caruaru, segundo dados do instituto Data Trends, de 26 de agosto último, a disputa está rigorosamente empatada (45% a 45%) entre o atual prefeito Rodrigo Pinheiro (PSDB), apoiado pela governadora Raquel Lyra (PSDB), e o ex-prefeito, eleito prefeito da Capital do Forró por quatro vezes, Zé Queiroz (PDT), apoiado pelo PT e pelo PSB.
Caruaru, por sinal, é central para o futuro político de Raquel, já que é de onde a governadora surgiu politicamente, após duas vitórias eleitorais no município (2016 e 2020) e com uma votação majoritária nos dois turnos (51,4% no 1º e 57,7% no 2º) ao Governo de Pernambuco, em 2022. Caso o seu candidato, Pinheiro (PSDB), não derrote o veterano Zé Queiroz (PDT), a candidatura do PSB ao Governo estadual em 2026, provavelmente com João Campos e apoiado pelo presidente Lula e pelo PT, ficará ainda mais viável e a governadora terá que se desdobrar nos dois anos de mandato à frente do Palácio do Campo das Princesas, se não quiser repetir o fracasso eleitoral do ex-governador Jarbas Vasconcelos (MDB) em 2010.
Em outras importantes cidades como Jaboatão dos Guararapes (onde há um empate técnico entre o atual prefeito, Mano Medeiros, do PL, ligado à família bolsonarista Ferreira, e o petista Elias Gomes), Olinda (ao qual o PT lidera a corrida com Vinícius Castelo), Petrolina (que tem ampla vantagem do candidato do União Brasil, Simão Durando, de confiança dos Coelho, hoje ligados ao PSB), Paulista (onde Júnior Matuto, do PSB, lidera), Cabo (Lula Cabral, do Solidariedade, próximo de Marília Arraes tá confortável para voltar ao Governo), Camaragibe (liderança de Jorge Alexandre, do Podemos) e Garanhuns (onde o PSB, do atual prefeito Sivaldo Albino, lidera a corrida pela reeleição com folga). Apenas em Vitória do Santo Antão, onde o prefeito Paulo Roberto, do MDB, tem ampla vantagem à reeleição é que Raquel tem algum palanque “vitorioso”.
Ou seja, nos dez principais colégios eleitorais de Pernambuco, apenas em dois a governadora Raquel Lyra, que amarga índices cada vez mais altos de impopularidade, pode sair vitoriosa, o que é muito pouco quando se trata de fortalecer bases para a sua reeleição em 2026. Por outro lado, na oposição, João Campos é o nome mais cotado e já conta com uma possível vitória esmagadora em Recife que poderá carimbar de vez sua candidatura ao Palácio onde o seu pai, Eduardo Campos, esteve por dois mandatos.
É esperar para ver.
(*) Jornalista