sexta-feira, 30 de agosto de 2024
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Datena ameaça abandonar debate se houver desrespeito entre candidatos
Candidato à Prefeitura de São Paulo, Datena criticou marqueteiros, evitou spoilers sobre estratégia e ressaltou que não tolerará ataques pessoais
O candidato José Luiz Datena (PSDB), que disputa a Prefeitura de São Paulo, afirmou nesta sexta-feira (30), em visita ao bairro do Ipiranga, que não hesitará em deixar o debate na TV Gazeta, no domingo (1º), caso sinta que o confronto entre os candidatos extrapole os limites do respeito mútuo. "Se perceber que o princípio da democracia, que é respeito ao direito do contrário, não for observado, quem sai do debate sou eu", declarou o ex-apresentador de TV.“Os marqueteiros tentam me orientar, mas eu sou difícil de acatar coisa que, para mim, não seja verdade. É só falar a verdade, nada mais", afirmou o candidato ao Metrópoles. Ele evitou revelar detalhes sobre sua estratégia para o debate, mas foi enfático: "Acha que vou entregar estratégia para você e para os adversários? Estratégia é estratégia e a minha é falar a verdade".
Apesar de reconhecer que teve um desempenho abaixo do esperado no debate anterior, realizado pela TV Bandeirantes, Datena acredita em uma nova oportunidade de se apresentar aos eleitores. "Vem aí coisa nova pela frente e a gente tem que enfrentar", disse. Entretanto, o candidato fez questão de alfinetar adversários, citando Pablo Marçal (PRTB) e o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), que está sob suspeita de envolvimento em esquemas de corrupção relacionados a licitações de creches municipais. “Gente que esquece de tudo que tem contra ele e depois diz que eu sou gagá”, ironizou Datena.
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Eleitores da extrema-direita são infelizes e frustrados, diz novo estudo
Pesquisa alemã indica que retórica de partido populista de direita funciona como espiral negativa, prejudicando o bem-estar.
Especialistas afirmam que retórica negativa da AfD pode deixar seus eleitores ainda mais infelizes – Foto: Daniel Lakomski/IMAGO
Por Zulfikar Abbany, escritor e editor da DW
Se você se sente infeliz, temeroso ou ameaçado pelas mudanças em sua vida e ao seu redor – seu bairro, trabalho, supermercado –, seu primeiro instinto seria se juntar a um partido político que reforça esses sentimentos negativos? É possível que sim, se esse mesmo partido lhe convencer que é capaz, e somente ele, de consertar as coisas para você.
Essa é a conclusão de dois pesquisadores que analisaram eleitores da legenda ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD). O partido é classificado pelas autoridades como uma organização “suspeita” de extremismo de direita, acusada de utilizar um discurso propagandístico da era nazista. Mesmo assim, a sigla obteve um aumento significativo no apoio popular na última década com uma retórica anti-imigração e contra a elites.
Nas eleições gerais alemãs de 2017, a AfD se tornou o terceiro maior partido político do país, com 12,6% dos votos. Para as eleições regionais na Turíngia, Saxônia e Brandemburgo que ocorrem em setembro,as projeções em nível estadual indicam que a AfD estará mais forte do que nunca.
A ascensão do populismo de direita não é um fenômeno que ocorre apenas na Alemanha. Outros países europeus também passam por situações semelhantes. Nas eleições de 2024 no Reino Unido, após o Partido do Brexit de 2016 mudar seu nome para Reforma, a legenda aumentou de zero para cinco suas cadeiras no Parlamento, obtendo 14,3% do total de votos. Na França e na Itália, os populistas de direita também comemoram êxitos recentes.
“Espiral negativa”
Os pesquisadores Maja Adena e Steffen Huck, do Centro de Ciências de Berlim para Estudos Socias (WZB), analisaram a percepção de felicidade dos eleitores da AfD, ou aquilo que os psicólogos chamam de bem-estar subjetivo (BES), para descobrir o impacto emocional de apoiar um partido populista.
Logo da AfD – Foto: Reprodução
Suas conclusões foram bastante simples: os apoiadores da AfD estavam infelizes e se tornaram ainda mais infelizes. É como uma “espiral negativa”, observou Adena. “Há uma forte autosseleção de indivíduos infelizes ou insatisfeitos que aderem à AfD. Eles já estão infelizes. Contudo, a inovação de nosso estudo é mostrar que essa felicidade se deteriora, após serem expostos à retórica negativa da AfD”, acrescentou a pesquisadora.
Esse efeito parece ser maior em eleitores mais jovens, cujas identidades como apoiadores da AfD ainda não estariam completamente formadas. No estudo, publicado pela revista científica Plos One, Adena e Huck sugerem que “a decisão inicial de apoiar um partido extremista de direita […] tem um efeito negativo mais profundo sobre o bem-estar”.
No estudo, os pesquisadores dizem ter encontrado “provas causais” que sugerem que embora os novos apoiadores experimentem um efeito positivo por terem tomado uma posição, a retórica negativa de “culpar as elites” – um tema comum entre os partidos populistas – desgasta os indivíduos.
Há, no entanto, um lado bom. “Enquanto o bem-estar dos eleitores de longo prazo se estabiliza, aqueles que param de apoiar a AfD se recuperam parcialmente”, diz Adena. Ou seja, eles voltam a ser sentir um pouco mais felizes.
Como medir a felicidade dos eleitores
Adena e Huck colheram dados de pesquisas realizadas entre 2017 e 2021 que incluem amostras de cerca de 4.000 pessoas. Em cada um desses casos, os entrevistados foram convidados a medir suas percepções subjetivas de bem-estar pessoal e financeiro, mais especificamente, como se sentiram no ano passado e como se sentem em relação ao próximo ano.
É o que os psicólogos chamam de referências internas, na qual não há comparações com outros, apenas a percepção sobre si mesmo. Os pesquisadores afirmam que isso pode lhes fornecer dados mais precisos. Mas, segundo outros especialistas, é esse o ponto onde o estudo pode apresentar algumas vulnerabilidades.
“Essa parte do estudo é instável, para ser franco. Não acho que seja possível fazer qualquer tipo de avaliação sobre como alguém está sem fazer comparações sociais”, afirmou Fathali Moghaddam, professor de psicologia do Berkeley Center da Universidade de Georgetown, em Washington, que participou do estudo.
Em sua opinião, qualquer sensação de felicidade ou infelicidade deve ser discutida de maneira relacionada às ameaças que o indivíduo sente.
“Para entender os movimentos populistas, temos de levar em consideração o contexto mais amplo e global, a sensação de instabilidade subjetiva, o sentimento de que o mundo é instável”, diz Moghaddam. Ele diz que isso ocorre “particularmente, na Europa e nos Estados Unidos, onde os cristãos brancos sentem o mundo como instável, que eles estão sendo invadidos ou ameaçados”.
Isso, de fato, pode levar uma pessoa a aderir a movimentos populistas. Essa sensação de “tomar uma posição” pode gerar uma percepção positiva de bem-estar: “estou retomando o controle”.
Altos e baixos emocionais na política
Contudo, quem estiver verdadeiramente infeliz, ou até mesmo depressivo, pode estar menos apto a “tomar uma posição”. Essas emoções negativas combinadas com a retórica negativa populista podem ser completamente desmotivantes para alguns.
“Me surpreendi com o ângulo que esses autores adotaram, uma vez que sabemos que a felicidade não é o motor da ação política e a infelicidade ainda menos. Pessoas infelizes e deprimidas estão muito mais propensas a se afastarem da política”, afirmou Anna Kende, diretora do Departamento de Psicologia Social da Universidade Elte, em Budapeste.
Outros estudos sugerem que votar nos populistas aumenta o descontentamento. Kende, porém, alerta que descontentamento não é o mesmo que infelicidade. A observação sobre a retórica negativa, entretanto, soou bem para a especialista.
O primeiro-ministro populista húngaro, Viktor Orban, do partido ultradireitista Fidesz, está no poder há 14 anos, sem jamais abandonar a retórica negativa. “É um paradoxo, porque ele já deveria ter resolvido ‘nossos problemas’, mas isso não está entre seus interesses.”
Os populistas raramente realizam suas campanhas com base nos êxitos, mas sim, somente nas novas ameaças, avalia Kende. Isso pode afetar os eleitores e seu futuro comportamento eleitoral. “Os apoiadores verdadeiros e experientes não se importam com promessas não cumpridas. Já os mais novos, os menos convictos, podem pensar “ok, mas a AfD poderia me oferecer alguma”, diz Kende. “Para eles, esse repertório negativo pode ter um impacto mais forte; e eles estariam mais propensos a se afastarem quando fracassam por não estarem tão comprometidos [com o partido] desde o início.”
Esquerda não é diferente
Nada disso, no entanto, significa que os eleitores mais à esquerda sejam necessariamente mais felizes. Uma pesquisa de 2023 da Universidade Columbia de Nova York sugere que “americanos adultos que se identificam politicamente como liberais há muito relataram níveis mais baixos de felicidade e bem-estar psicológico do que os conservadores”.
O que causa esse efeito ainda não está claro para os pesquisadores, mas é possível que pessoas de qualquer posicionamento político se sintam infelizes caso suas visões não se reflitam nas instituições governamentais.
“Infelizmente, estamos longe de sermos precisos sobre esse mecanismo: se a deterioração observada do bem-estar se deve à retórica negativa da AfD ou ao sentimento de ser marginalizado e não pertencente à corrente dominante. Na verdade, apontamos as duas possibilidades, diz Adena.
Originalmente publicado em DW
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