A vice-presidente da Venezuela afirmou que a extrema direita tentou impor atas “repletas de fraudes e inconsistências”
Delcy Rodríguez e Iván Gil (Foto: Correo del Orinoco )
A vice-presidente executiva da Venezuela, Delcy Rodríguez, e o chanceler Yván Gil se reuniram nesta quinta-feira (8) com o corpo diplomático acreditado em Caracas sobre as eleições presidenciais de 28 de junho, nas quais o presidente Nicolás Maduro foi reeleito com cerca de 52% dos votos.
Rodríguez comentou que Nicolás Maduro realizou uma campanha eleitoral muito alegre, apesar de o país estar sob agressão imperialista, com mais de 930 medidas de sanções unilaterais que impactaram todas as esferas da vida do país.
Ela esclareceu que no evento eleitoral participaram dez candidatos, representando 38 partidos políticos e lembrou que, embora tenha participado da eleição, o candidato da extrema direita, Edmundo González Urrutia, não assinou o Acordo de Reconhecimento de Resultados da Eleição Presidencial, que foi subscrito por oito candidatos perante o Poder Eleitoral no dia 20 de junho passado.
Ela acrescentou que, dez dias antes do evento eleitoral, essa força política declarou que não reconheceria o resultado que seria emitido pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), mas sim suas próprias atas, uma espécie de antecipação do que fariam posteriormente com as atas fraudulentas que apresentaram.
Delcy detalhou que, em 27 de julho, os partidos da extrema direita registraram uma página de internet no Reino Unido para publicar seus próprios resultados. Ela considerou que tentaram substituir o CNE, ato que desrespeita as leis e a Constituição venezuelana.
A vice-presidente chamou a atenção para o fato de que, em 28 de junho, González Urrutia questionou se o CNE publicaria os resultados, pois já sabia do iminente e maciço ataque cibernético que começou horas depois contra as instituições do Estado venezuelano, urdido pelos EUA e pelo magnata Elon Musk. Seu plano era impedir a transmissão dos resultados para impor suas supostas atas fraudulentas, afirmou.
Ela denunciou que a publicação das supostas atas pela ultradireita foi outro assunto vergonhoso, com inúmeras inconsistências: mortos votando, atas sem assinaturas de testemunhas eleitorais e membros da mesa, assinaturas falsas, atas sem assinatura do operador da máquina eleitoral, atas com resultado zero, padrões de votação similares em todos os estados...
De acordo com Delcy Rodríguez, esses supostos resultados foram publicados na referida página, não na do CNE e convidou a mídia internacional a publicar a verdade do que está acontecendo na Venezuela.
A partir dessas irregularidades, nesta quarta-feira (8), o Ministério Público venezuelano abriu uma investigação sobre essa página, com a qual esse setor da oposição pretendia substituir o CNE e através da qual divulgou informações falsas, para gerar pânico na população.
Ela denunciou que os representantes da ultradireita convocaram atos violentos nos dias 29 e 30 de julho, protagonizados por pessoas que receberam instruções dos EUA, Colômbia e Peru. Lembrou que incendiaram e vandalizaram escolas, instituições de saúde, terminais de transporte, centros de armazenamento de alimentos, monumentos, sedes de governos locais e do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), entre muitos outros centros que prestam serviços vitais ao povo, além de terem deixado um saldo de dois militares mortos, mais de 140 agentes de segurança feridos e pessoas que tiveram suas propriedades destruídas.
Diante dessa situação, o presidente Nicolás Maduro recorreu ao Tribunal Supremo de Justiça, perante cuja Sala Eleitoral apresentou um recurso contencioso para preservar a paz e realizar uma perícia no evento eleitoral, explicou Delcy, enfatizando que, depois que a Sala Eleitoral admitiu o recurso apresentado por Maduro, González Urrutia não compareceu perante o TSJ para se comprometer a apresentar seus documentos sobre o evento eleitoral.
Ela acrescentou que ele também não compareceu nesta quarta-feira (7), quando deveria cumprir a obrigação legal de apresentar as informações em seu poder sobre as eleições. Paralelamente, representantes de partidos políticos que apoiam González Urrutia também não apresentaram atas nem provas que confirmassem sua suposta vitória.
A vice-presidente executiva venezuelana avaliou que os golpistas usaram a ditadura das redes sociais, dos algoritmos, da concentração de capital dos gigantes da tecnologia, para promover mensagens de ódio e ataques fascistas contra um Estado soberano.
Ela instou os governos de outros Estados soberanos a repensarem o que fazer diante desse cenário em que as redes sociais se transformaram em instrumentos de agressão para gerar angústia, terror, morte e violência.
Fonte: Brasil 247