segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Crescida num assentamento do MST, Valdileia Martins, finalista no atletismo, emociona o Brasil e o mundo

 

Valdileia é filha de assentados na comunidade Pontal do Tigre

Valdileia Martins (Foto: Reuters)

Brasil de Fato - Nascida e, sobretudo, crescida e formada em um assentamento do MST, a atleta Valdileia Martins, finalista do salto em altura nas Olimpíadas de Paris, comoveu o Brasil e o mundo ao revelar sua identidade e trajetória desde a infância e juventude no interior do movimento. Mesmo em uma realidade dura, não faltaram preocupações e condições para que a atleta se formasse.

Valdileia chegou à final do salto em altura, mas teve que abandonar a última etapa da competição no Stade de France devido a uma lesão. De acordo com o Globo, Valdileia se classificou para a final ao superar a barra em 1,92 m, igualando o recorde brasileiro de 1989 de Orlane Maria dos Santos, conquistado em Bogotá, na Colômbia. Apesar da lesão, o MST e diversas lideranças sociais saudaram a conquista de Valdileia:

“Hoje tivemos a alegria e a honra de ver uma filha de camponeses chegar a uma final olímpica. Apesar de lesionada, Valdileia Martins tentou até o último instante participar da prova final e mostrou garra e determinação, tanto como atleta quanto como ser humano,” afirma uma nota do MST.

Valdileia é filha de assentados na comunidade Pontal do Tigre, um dos dez assentamentos formados em Querência do Norte, na região noroeste do Paraná. Foi nesse contexto rural que a Leia, como é carinhosamente chamada pela família, deu seus primeiros saltos. A vara de pescar e os sacos de milho com palha de arroz foram seus primeiros equipamentos caseiros, inventados pela criatividade de seu pai, Seu Israel.

Na condição de criança “Sem Terrinha”, para quem o movimento oferece políticas e condições de estudo como prioridade, a futura atleta estudou no Colégio Estadual do Campo do Centrão. Na juventude, passou alguns meses morando na Escola Milton Santos de Agroecologia, o centro de formação do MST localizado em Maringá, onde teve acesso à estrutura adequada para treinar o atletismo.

Ao todo, foram mais de 20 anos de dedicação e esforço para chegar a ser uma das finalistas da competição mundial mais importante para essa categoria esportiva. O movimento ressalta ainda que Leia teve que ser ainda mais forte ao enfrentar a dor da perda de seu pai e grande incentivador, Seu Israel, no último dia 29.

“A trajetória de Valdileia é um reflexo da luta de tantas brasileiras e brasileiros camponeses, por terra para viver, respeito, oportunidades e uma vida digna. Por isso, a vitória é celebrada por nós, pelas mulheres, pelas pessoas negras e por toda a classe trabalhadora que se vê representada nesta história tão valiosa. É tão valiosa que, para nós, é ouro,” afirma a nota do movimento.

Fonte: Brasil 247 com Brasil de Fato

"Nossa maior medalhista olímpica", exalta Lula após ouro de Rebeca Andrade

 

A ginasta Rebeca Andrade garantiu medalha de ouro na final do solo nas Olimpíadas de Paris nesta segunda-feira

Rebeca Andrade e Lula (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Em postagem no X, antigo Twitter, nesta segunda-feira (5), o presidente Lula (PT) parabenizou a ginasta brasileira Rebeca Andrade, que garantiu medalha de ouro na final do solo nas Olimpíadas de Paris. "Estou no Chile e acabo de saber do ouro para Rebeca Andrade no solo, sua quarta medalha em Paris. Parabéns para nossa maior medalhista olímpica da história!", publicou o presidente. 

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A ginasta brasileira Rebeca Andrade brilhou nas Olimpíadas de Paris e marcou seu nome na história do esporte. A atleta conquistou um total de quatro medalhas, incluindo um ouro emocionante no solo nesta segunda-feira (5), ao som das músicas "Movimento da Sanfoninha", de Anitta, e "Baile de Favela".

Rebeca começou sua jornada olímpica com um bronze na final por equipes, relata a revista Exame. Em seguida, levou a prata na final individual geral e no salto, onde obteve a maior nota de execução da prova. Contudo, foi na prova do solo que Rebeca realmente se destacou, obtendo uma nota de 14.166, superando a americana Simone Biles, que marcou 14.133, e garantindo o ouro. O pódio foi completado por Jordan Chiles, que levou o bronze.

Essa vitória no solo foi particularmente significativa para Rebeca. Após três cirurgias no joelho, a atleta já mencionou em entrevistas que talvez essa tenha sido sua última participação nesse aparelho, devido às demandas físicas intensas.

Nesta edição dos Jogos Olímpicos, o Brasil acumulou um total de quatro medalhas na ginástica artística: bronze por equipes, prata no individual geral, prata no salto e ouro no solo, consolidando uma performance histórica para a equipe brasileira e para Rebeca Andrade.

"Rainha da ginástica brasileira", diz Janja sobre Rebeca Andrade

 

"Quanto orgulho de você, Rebeca", publicou a primeira-dama após a ginasta conquistar medalha de ouro nas Olimpíadas de Paris

Rebeca Andrade (Foto: Reuters)

Em postagem no X, antigo Twitter, nesta segunda-feira (5), a primeira-dama, Janja, parabenizou a ginasta brasileira Rebeca Andrade, que garantiu medalha de ouro na final do solo nas Olimpíadas de Paris. Rebeca Andrade é ouro e a maior medalhista olímpica da história do Brasil. Quanto orgulho de você, Rebeca! Você é 'giganteeee', seu talento e carisma são inspiradores. O Brasil inteiro comemora essas conquistas históricas junto contigo. Parabéns, nossa rainha da ginástica brasileira!", publicou.


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A ginasta brasileira Rebeca Andrade brilhou nas Olimpíadas de Paris e marcou seu nome na história do esporte. A atleta conquistou um total de quatro medalhas, incluindo um ouro emocionante no solo nesta segunda-feira (5), ao som das músicas "Movimento da Sanfoninha", de Anitta, e "Baile de Favela".

Rebeca começou sua jornada olímpica com um bronze na final por equipes, relata a revista Exame. Em seguida, levou a prata na final individual geral e no salto, onde obteve a maior nota de execução da prova. Contudo, foi na prova do solo que Rebeca realmente se destacou, obtendo uma nota de 14.166, superando a americana Simone Biles, que marcou 14.133, e garantindo o ouro. O pódio foi completado por Jordan Chiles, que levou o bronze.

Essa vitória no solo foi particularmente significativa para Rebeca. Após três cirurgias no joelho, a atleta já mencionou em entrevistas que talvez essa tenha sido sua última participação nesse aparelho, devido às demandas físicas intensas.

Nesta edição dos Jogos Olímpicos, o Brasil acumulou um total de quatro medalhas na ginástica artística: bronze por equipes, prata no individual geral, prata no salto e ouro no solo, consolidando uma performance histórica para a equipe brasileira e para Rebeca Andrade.

Saiba por que Rebeca ficou fora do pódio mesmo com a queda de Biles


A brasileira Rebeca Andrade. Foto: reprodução

Na final da trave dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, a brasileira Rebeca Andrade tinha grandes expectativas de conquistar uma medalha de ouro após o erro de Simone Biles. Apesar de uma apresentação sólida e uma nota de 13.933, Rebeca terminou em 4º lugar, ficando a apenas 0,067 ponto do bronze.

Durante a transmissão na TV Globo, o comentarista Diego Hypólito analisou o desempenho de Rebeca, apontando que a ginasta apresentou uma série mais cautelosa, com momentos em que parecia se esforçar para evitar quedas, o que impactou sua nota final.

“O problema da serie da Rebeca é que foi mais pausada, você via que ela estava se segurando para não cair e isso comprometeu a nota final”, pontuou.

Além disso, a nota de partida de Rebeca foi a mais baixa entre as medalhistas. Na fase classificatória, sua série tinha uma dificuldade maior. A ex-ginasta e comentarista Daiane dos Santos explicou que a nota de dificuldade de Rebeca caiu de 6.100 para 5.700 na final, o que pode ter influenciado seu resultado.

“Antes ela tinha partido de 6.100, hoje a nota de dificuldade da série dela foi de 5.700, e isso pode ter pesado”, afirmou a ex-ginasta.

Se Rebeca tivesse repetido a série da fase classificatória, onde obteve uma nota de 14.400, ela poderia ter conquistado a medalha de ouro. A nota na ginástica artística é composta por dificuldade e execução. Apesar de melhorar sua execução de 8.033 para 8.233, essa mudança não foi suficiente para elevar sua nota final.

Vale destacar que a trave não é a especialidade de Rebeca. Em Tóquio 2020, a brasileira não avançou para a final da trave, com uma nota de 13.733 na fase classificatória. Em Paris 2024, ela ficou atrás apenas de Simone Biles na fase classificatória.

As ginastas medalhistas tiveram notas de dificuldade mais altas que a de Rebeca. Manila Esposito, da Itália, que ganhou o bronze, partiu de uma nota de dificuldade de 5.800 e teve uma execução de 8.200, totalizando 14.000 pontos.

A chinesa Yaquin Zhou, que ficou com a prata, teve uma dificuldade de 6.600 e uma execução de 7.500, resultando em 14.100 pontos. Alice D’Amato, da Itália, campeã olímpica, registrou uma dificuldade de 5.800 e uma execução de 8.566, alcançando a nota final de 14.366, a mais alta da competição.

Fonte: DCM

Rebeca vence Biles, mas fica fora do pódio na trave na Olímpiada de Paris

 

Simone Biles e Rebeca Andrade. Foto: reprodução

Rebeca Andrade e Simone Biles protagonizaram nesta segunda-feira (5) mais uma final de ginástica artística nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. No entanto, ambas ficaram fora do pódio. A brasileira terminou em quarto lugar, enquanto a americana ficou em quinto.

Após competirem na final do individual geral na quinta-feira passada e no salto no sábado, as duas ginastas se enfrentaram novamente nesta segunda-feira na final da trave. Além delas, a brasileira Júlia Soares também participou da competição.

A italiana Alice D’Amato obteve a maior nota, 14,366, e conquistou a medalha de ouro. A chinesa Zhou Yaqin, apesar de uma queda, recebeu a nota 14,100 e garantiu a prata. A outra italiana, Manila Esposito, conseguiu a nota 14,000 e levou o bronze.

Por que a nota de Rebeca foi tão baixa?

Rebeca Andrade obteve uma nota de 13,933 e terminou em quarto lugar. A nota provavelmente foi inferior às suas últimas pontuações na trave devido à redução da dificuldade da série. A jovem atleta simplificou os movimentos para esta final, e isso parece ter sido um fator decisivo para o resultado.

As apresentações

Na final da trave de equilíbrio, a chinesa Yaqin Zhou, que havia terminado a fase de classificação em primeiro lugar com uma nota de 14,866, iniciou a competição com uma série sólida. No entanto, durante sua execução, Zhou perdeu o equilíbrio e teve que tocar o aparelho para evitar uma queda completa, resultando em uma penalização de 0,5 pontos. Sua nota final foi 14,100, o que prejudicou sua posição na competição.

As duas ginastas seguintes também enfrentaram dificuldades significativas. Sunisa Lee, uma das favoritas ao pódio, desequilibrou-se e caiu durante sua apresentação, obtendo uma nota de 13,100, sem sofrer lesões.

Julia Soares, de Curitiba, que já havia enfrentado problemas no aparelho durante a competição por equipes, sofreu uma nova queda na final. Com uma nota final de 12,333, a brasileira terminou na última posição parcial. Soares havia terminado a fase classificatória em oitavo lugar.

A italiana começou bem, executando quatro exercícios seguidos e realizando uma série de cortes. Após o layout, ela desequilibrou e conseguiu se manter com apenas um pé no aparelho. Em seguida, fez duas piruetas e meia e finalizou com uma saída perfeita na trave. Alice comemorou bastante.

Alice D'Amato: A Rising Star in Artistic GymnasticsA italiana Alice D’Amato. Foto: reprodução

A grande surpresa da final veio com Simone Biles, que, apesar de não ser especialista na trave, também sofreu uma queda durante sua execução, complicando suas chances na competição.

Com o erro de Simone Biles, a expectativa sobre Rebeca Andrade cresceu consideravelmente. Com a principal rival fora da competição, muitos viam a chance de Rebeca conquistar sua primeira medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 como garantida.

Contudo, a brasileira não conseguiu a vitória. Apresentando uma série com dificuldade 5,7, Rebeca recebeu uma nota de 13,933 e acabou na quarta colocação.

Fonte: DCM

Rebeca é ouro no solo e vira maior medalhista olímpica do Brasil

 

Ginasta se torna maior atleta olímpica do país com 6 pódios em Jogos


A despedida de Rebeca Andrade da Olimpíada de Paris não poderia ser melhor. Nesta segunda-feira (5), a paulista conquistou a medalha de ouro na prova de solo, alcançando seu quarto pódio na capital francesa. Foi a sexta medalha olímpica dela, que se isolou como atleta brasileira mais laureada na história do evento, superando os velejadores Robert Scheidt e Torben Grael, com quem a ginasta estava empatada.

Rebeca obteve 14.166 de nota em sua exibição, superando a favorita Simone Biles. A estadunidense - que, mais cedo, ficou fora do pódio da trave, assim como a brasileira - alcançou 14.133, sofrendo duas penalidades por pisar fora do tablado de competição. Mesmo assim, conseguiu a medalha de prata. O pódio foi completado por Jordan Chiles, também dos Estados Unidos, com 13.766.

A brasileira foi a segunda a se apresentar, ao som de uma combinação das músicas "End of Time", de Beyonce, e "Movimento da Sanfoninha", de Anitta. Ela recebeu 8.266 pela execução da série e mais 5.900 da nota de dificuldade das acrobacias. A comissão técnica pediu revisão desta última nota, sem sucesso. A pontuação total (14.166) de Rebeca foi melhor que as do individual geral (14.033) e da classificatória (13.900), mas inferior ao que atingiu na disputa por equipes (14.200).

As atenções, então, voltaram-se para Biles. Ela realizou a série mais complexa da final, com 6.900 de nota de dificuldade. No entanto, em duas acrobacias, pisou com os dois pés fora do tablado, o que diminuiu a nota de execução (7.833) e causou uma penalidade de 0.6. Rebeca ainda teve de aguardar as apresentações da romena Sabrina Maneca-Voinea e de Jordan Chiles para comemorar, emocionada, a vitória no solo.

Este foi o primeiro ouro de Rebeca em Paris. Ela já havia conquistado a prata no individual geral e no salto, além do bronze por equipes. Das finais que disputou, a brasileira não foi ao pódio somente na trave, ficando na quarta posição.

Edição: Cláudia Soares Rodrigues

Fonte: Agência Brasil

Brasileiro é preso em Portugal por dar o golpe do celular perdido ʽAlô, pai?, Alô mãe’ pelo Whatsapp

 Crime comum no Brasil chegou a cidades portuguesas

Um brasileiro de 29 anos, cujo nome não foi divulgado, foi preso em Portugal sob a suspeita de ter enganado 11 pessoas com o golpe “Alô, pai, alô mãe?”.


O suspeito teria lucrado cerca de € 11 mil (R$ 67 mil) e vai responder por golpe qualificado, falsidade informática e lavagem de dinheiro.


A investigação começou em março deste ano sob a responsabilidade da Polícia Judiciária (PJ).


Conhecido no Brasil como “Alô, pai, Alô mãe”, o crime de enganar os pais com o golpe do celular perdido ou roubado consiste em mensagens pelo Whatsapp pedindo dinheiro e chegou forte a Portugal nos últimos meses, tendo outras pessoas sido detidas em Leiria e uma rede desmantelada em Lisboa.


De um apartamento no Porto, o brasileiro enviava mensagens desesperadas a pais de outras cidades portuguesas e pedia € 1 mil (R$ 6,1 mil) a cada pai enganado.


Apesar de a PJ comprovar 11 casos, a investigação poderá encontrar mais vítimas, O brasileiro tinha € 30 mil (R$ 183 mil) em uma conta bancária, mas não teria rendimentos comprovados.


A polícia também investiga a participação de outras pessoas no golpe, sendo o brasileiro o coordenador da operação.


Fonte: Agenda do Poder com informações da coluna Portugal Giro em O Globo

Senado volta aos trabalhos virtualmente e Câmara dá mais uma semana de folga a deputados

 A maioria dos temas a serem tratados no segundo semestre devem ser resolvidos remotamente


O Congresso retoma parcialmente os seus trabalhos nesta segunda-feira. No Senado, as comissões voltam a se reunir nesta semana e as votações ocorrerão de maneira remota. Uma reunião de líderes definirá os temas apreciados nos próximos dias, mas já é certo que nenhum projeto considerado polêmico será pautado. Apenas na próxima segunda a Casa deve retomar as votações presenciais, após o recesso iniciado em julho.


O chamado “esforço concentrado” visa compensar a ausência dos senadores ausentes no segundo semestre para as eleições municipais. Sabatinas e indicações de autoridades, por exemplo, são atividades que precisam ser feitas de forma presencial no Senado, mas a maioria dos temas deve ser resolvida de maneira virtual no segundo semestre, dizem os parlamentares.


Já a Câmara só retomará as suas sessões na próxima semana. Por acordo, os deputados não voltarão nesta segunda e ganharão mais alguns dias de folga. Até outubro, a Casa só deve funcionar em alguns dias, no esquema de esforço concentrado, que é quando são definidas datas específicas para que os parlamentares compareçam.


A previsão é de que os deputados intensifiquem os seus trabalhos entre os dias 12 e 14 e de 26 a 28 de agosto. Em setembro, a Casa trabalhará entre os dias 9 e 11.


Alguns temas importantes seguem pendentes nas duas Casas. Na pauta do Congresso, por exemplo, ainda não foi feita a análise de 15 vetos presidenciais que aguardam uma definição. O presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ainda não definiu data para esta sessão. O Senado também precisará votar o chamado PL que regulariza os jogos de azar no Brasil, além de definir de onde sairão os recursos para a desoneração da folha.


Na Câmara, a prioridade é finalizar a regulamentação da Reforma Tributária. Mas, alguns projetos de lei, como o estabelece as novas regras para os planos de saúde.


Fonte: Agenda do Poder com informações de O Globo

TCU retoma processo para decidir se Lula deve devolver relógio de R$ 60 mil que recebeu de presente em 2005

 Na época, não havia ainda a regra que diz que o presidente da República só pode levar para casa após o final do mandato peças de uso pessoal e baixo valor

O Tribunal de Contas da União (TCU) retomará na próxima quarta-feira um processo para decidir se o presidente Lula terá de devolver um relógio de R$ 60 mil presenteado pela grife francesa Cartier em 2005, no seu primeiro mandato, informa a colunista Malu Gaspar, do jornal O GLOBO. O destino da peça já divide o plenário antes mesmo do julgamento, apesar de um parecer da área técnica defender que o presente permaneça com o petista.


A discussão ocorre pouco mais de um mês após a Polícia Federal (PF) indiciar o ex-presidente Jair Bolsonaro no inquérito das joias por peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. O esquema, segundo a PF, se deu pelo desvio de presentes recebidos por Bolsonaro que deveriam permanecer com a União para vendê-los no exterior. Para a PF, tudo foi orquestrado sob ordens do ex-presidente.


O relógio de Lula, um Cartier Santos Dumont, foi dado de presente pelo próprio fabricante durante uma visita oficial a Paris, para as celebrações do Ano do Brasil na França, iniciativa dos dois governos para promover relações bilaterais. A peça é feita de ouro branco 16 quilates e prata de 750.


A questão chegou ao Tribunal de Contas da União por uma representação do deputado federal bolsonarista Sanderson (PL-RS).


De acordo com o parecer dos técnicos da corte de contas, Lula não deve ser obrigado a devolver a peça porque, na época em que o presente foi recebido, não havia ainda a regra que diz que o presidente da República só pode levar para casa após o final do mandato os chamados “itens personalíssimos” — peças de uso pessoal e baixo valor.


O relator, Antonio Anastasia, vai apresentar seu voto na quarta-feira.


A questão que divide o colegiado neste caso diz respeito à repercussão que a posição do TCU pode ter no processo que corre no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre as joias sauditas recebidas por Bolsonaro. Isso porque, ao final, a avaliação que for feita no julgamento do caso de Lula pode valer também para Bolsonaro.


A Procuradoria-Geral da República (PGR) ainda não se pronunciou sobre o indiciamento pela Polícia Federal e o caso ainda está longe de ser julgado.


De um lado, os ministros temem que uma decisão liberando Lula para ficar com o relógio possa vir a ser usada pela defesa de Bolsonaro no Supremo. De outro, mandar Lula devolver a peça pode render acusações de uso político e criar conflito com o Palácio do Planalto.


Como publicamos no blog na última sexta-feira (2), a defesa de Bolsonaro solicitou à PGR o arquivamento do caso das joias usando relógios de Lula como exemplo. Na petição, os advogados pedem que seja dado ao ex-presidente o mesmo tratamento do petista, além de reclamar que o Supremo deveria ter esperado o TCU se posicionar também a respeito das joias de Bolsonaro para tomar sua própria decisão.


Nos bastidores, os ministros da corte de contas avaliam que é muito difícil e improvável que o STF, em especial o relator do processo, Alexandre de Moraes, seja influenciado por uma decisão do TCU, qualquer que seja.


No âmbito judicial, o ministro do STF Alexandre de Moraes arquivou uma representação de outro parlamentar bolsonarista, Rodrigo Valadares (União-SE), que pedia a abertura de uma investigação contra Lula por não constar no patrimônio da União o registro de um relógio Piaget, estimado em R$ 80 mil, dado de presente em 2005 pelo então presidente da França, Jacques Chirac, na mesma viagem em que o petista recebeu o Cartier de presente.


Moraes acatou o parecer do subprocurador Carlos Frederico Santos, que viu no pedido de Valadares um “viés político”.


O TCU decidiu no ano passado que presentes de alto valor, mesmo os que se enquadrem na classificação de “natureza personalíssima”, não podem fazer parte do acervo pessoal de presidentes e devem ser mantidos no patrimônio da União, o que forçou Bolsonaro a devolver itens que já haviam sido vendidos nos Estados Unidos. Mas o entendimento dos técnicos do TCU é de que essa jurisprudência não deve retroagir no caso de Lula.


Por esse motivo, um dos ministros do TCU afirmou, sob reserva, que o plenário se vê “entre a cruz e a espada”. Caso os ministros acatem o parecer, o bolsonarismo acusará o tribunal de não tratar o tema dos presentes de alto valor com isonomia. Se a corte determinar que Lula devolva o relógio, os magistrados assumirão o ônus de uma decisão política que ignora uma manifestação técnica.


O Piaget dado por Chirac já esteve na mira de bolsonaristas nas eleições de 2022, quando uma foto de Lula acenando para o público de um evento político em Niterói (RJ) acabou destacando o item de luxo. Na ocasião, o então candidato se disse surpreso com o valor do relógio e ironizou ao dizer que o bem “pagaria metade” de sua campanha presidencial.


Após o caso das joias sauditas vir à tona, os relógios que Lula ganhou de presente voltaram a ser explorados pela militância, mas dessa vez para defender o direito do ex-presidente de incluir os itens de luxo em seu patrimônio pessoal. Agora, o argumento integra formalmente a defesa do presidente na Justiça, reforçando a pressão sobre o TCU.


Em 2016, no contexto do impeachment de Dilma Rousseff, a corte instaurou um procedimento para investigar presentes dados à petista e a Lula ao longo de seus quatro mandatos e que não foram incorporados à União.


Na mesma época, o TCU regulamentou regras já previstas em diferentes leis e decretos para a definição dos objetos elegíveis para o acervo pessoal de ex-presidentes e daqueles que devem ser incorporados ao patrimônio brasileiro por meio de um acórdão que proibiu explicitamente a classificação de joias como itens “personalíssimos”, ou seja, que podem integrar o acervo pessoal de ex-presidentes.


Uma portaria de 2018 publicada pela Secretaria-Geral da Presidência no governo Michel Temer passou a incluir “joias, semijoias e bijuterias” entre os “bens de natureza personalíssima”. Mas a portaria foi revogada pelo próprio governo Jair Bolsonaro, em 2021, em linha com o acórdão do TCU de 2016.


Ainda assim, os advogados do ex-presidente sustentam que “a interpretação histórica” do texto de Temer merece ser levada em conta por fornecer “valioso insight sobre as diretrizes seguidas à época para garantir a integridade e a transparência na gestão de bens públicos”.


Como se vê, não é a situação de Bolsonaro – já indiciado pela PF e imerso em contradições – que constrange o TCU, mas sim o dilema de convencer a opinião pública de que Lula não receberá tratamento diferenciado pela Justiça.


Fonte: Agenda do Poder com informações do jornal O Globo