Decisão inicial era a de não mandar servidores, mas posição mudou após Cármen Lúcia assumir presidência da Corte
O governo Lula, por meio do Itamaraty, pressionou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a enviar servidores para acompanhar as eleições presidenciais na Venezuela. Inicialmente, o TSE, sob a gestão de Alexandre de Moraes, havia decidido não enviar representantes, conforme nota divulgada em 30 de maio.
No entanto, com a ministra Cármen Lúcia assumindo a presidência do tribunal em 3 de junho, a posição mudou, e na semana passada foi anunciado o envio de representantes, poucos dias antes do pleito, informa Malu Gaspar, em O Globo.
Essa decisão, atribuída à pressão do Itamaraty, é vista como uma forma de dar legitimidade ao processo eleitoral venezuelano, especialmente após o acordo mediado pelo presidente Lula e seu assessor Celso Amorim em Barbados, que visava garantir a participação da oposição e a transparência na apuração dos resultados.
Maduro, porém, já violou partes do acordo, dificultando o registro da principal candidata de oposição, Maria Corina Machado, e revogando o convite aos observadores da União Europeia.
Maduro ameaçou com “banho de sangue”,em caso de derrota
A retórica de Maduro, incluindo ameaças de “banho de sangue” e “guerra civil” caso não seja reeleito, tem aumentado a tensão. Em resposta, Lula expressou preocupação e enviou Amorim para monitorar a situação. Além disso, os servidores do TSE, experientes e respeitados, foram confirmados para a missão. No entanto, eles terão limitações de movimentação, seguindo o cronograma estabelecido pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela.
A decisão de Cármen Lúcia gerou mal-estar no TSE, com temores de que a presença dos técnicos seja vista como um endosso ao pleito de Maduro, marcado por intimidações. Apesar disso, a participação de observadores do TSE em eleições sul-americanas é comum, como ocorreu em 2023 na Argentina e em 2013 na própria Venezuela.
Fonte: Agenda do Poder