Autoridades palestinas disseram que não foi dado tempo à população para sair antes do início dos ataques israelenses
Acampamento na área de Al-Mawasi em Khan Younis, Gaza, após ataque israelense (Foto: Mohammed Salem / Reuters)
Bombardeios de tanques e ataques aéreos israelenses mataram pelo menos 37 palestinos perto de Khan Younis, disseram médicos de Gaza nesta segunda-feira (22), depois que Israel emitiu novas ordens de retirada para alguns bairros, informou a Reuters.
Os palestinos foram mortos por disparos de tanques na cidade de Bani Suhaila e em outras localidades a leste da cidade de Khan Younis, no sul do enclave, e a área também foi bombardeada por ar, disseram eles.
O Ministério da Saúde de Gaza afirmou que entre os mortos havia várias mulheres e crianças e que dezenas de outras pessoas ficaram feridas pelo fogo israelense. O ministério de Gaza não faz distinção entre militantes e civis em seus registros de mortes.
Cerca de 400.000 pessoas vivem nas áreas visadas e dezenas de famílias começaram a deixar suas casas, disseram autoridades palestinas, acrescentando que não lhes foi dado tempo para sair antes do início dos ataques israelenses.
Algumas famílias fugiram em carroças de burro, outras a pé, carregando colchões e outros pertences.
No Hospital Nasser, algumas pessoas ficaram do lado de fora do necrotério para se despedir de parentes mortos antes dos enterros.
"Estamos cansados, estamos cansados em Gaza, todos os dias nossos filhos são martirizados, todos os dias, a todo momento. Esse é o sangue de nossos filhos, ainda não secou", declarou Ahmed Sammour, que perdeu vários parentes nos bombardeios israelenses no leste de Khan Younis.
"Ninguém nos disse para sair. Eles derrubaram quatro andares sobre os civis... e os corpos que conseguiram alcançar, eles levaram para a geladeira (necrotério)", acrescentou Sammour.
Não houve comentário israelense imediato sobre os ataques a leste de Khan Younis.
ORDENS DE RETIRADA - Mais cedo, uma declaração militar israelense informou que as novas ordens de retirada foram dadas devido a novos ataques de militantes palestinos, incluindo foguetes lançados das áreas visadas no leste de Khan Younis. As ordens não incluíam instituições de saúde, disseram os palestinos.
Os militares disseram que estavam ajustando os limites de uma zona humanitária em Al-Mawasi - a oeste de Khan Younis - para manter a população civil longe das áreas de combate com militantes palestinos liderados pelo Hamas.
Os palestinos, as Nações Unidas e as agências internacionais de ajuda humanitária disseram que não há mais nenhum lugar seguro em Gaza. No início de julho, dezenas de palestinos foram mortos em ataques israelenses separados na área de Al-Mawasi, designada para fins humanitários.
Israel afirmou que esses ataques tinham como alvo militantes armados, incluindo alguns dos principais comandantes militares do Hamas. Autoridades palestinas chamaram essas alegações de falsas e disseram que elas foram usadas para justificar os ataques.
Mais tarde na segunda-feira, as autoridades de saúde do Hospital Nasser, em Khan Younis, pediram aos moradores que doassem sangue devido ao grande número de vítimas que estavam sendo levadas às pressas para o centro médico.
"Uma família, incluindo crianças, foi toda despedaçada enquanto dormia", disse um homem que chegou ao hospital em uma ambulância com os corpos.
Israel prometeu erradicar o Hamas depois que os militantes mataram 1.200 pessoas e fizeram mais de 250 reféns em um ataque transfronteiriço em 7 de outubro de 2023, de acordo com os registros israelenses.
O número de mortos entre os palestinos desde então chegou a pelo menos 39.006 na segunda-feira, disseram as autoridades de saúde de Gaza.
fonte: Brasil 247