quinta-feira, 18 de julho de 2024

Ex-vice da Venezuela diz que Maduro conseguiu reduzir a violência social e afirma que oposição aposta no caos há 25 anos

 

Elias Jaua foi vice de Hugo Chávez e diz que o governo conseguiu manter a 'independência' em meio aos ataques externos

Elias Jaua (esquerda) foi vice de Hugo Chávez (direita) de 2010 a 2012 - Arquivo pessoal

Manter a independência do país e reduzir a violência política e social. Para Elias Jaua, ex-vice-presidente da Venezuela, essas foram as maiores conquistas dos 12 anos de governo de Nicolás Maduro. Mas ele entende ser fundamental o fim das sanções impostas pelos Estados Unidos para o país retomar os investimentos e melhorar a estrutura do país. 

Em entrevista ao Brasil de Fato, Jaua afirmou que as eleições presidenciais de 28 de julho devem ser marcadas por uma posição já conhecida da oposição do país. De acordo com ele, um setor opositor apresenta, desde a eleição de Hugo Chávez em 1998, táticas de sabotagem ao governo. Para o pleito de 2024, o ex-vice acredita que o grupo ligado à extrema direita não vai respeitar o resultado, caso Maduro seja reeleito.

“Essa história não é nova, não começou com o presidente Nicolás Maduro. Não reconhecem que o ex-presidente Hugo Chávez com apenas 2 anos de seu governo, sofreu um golpe de Estado. Fizeram ele prisioneiro e ele recuperou o poder. Depois, teve a paralisação da indústria petroleira. Ficamos, no começo deste século, por vários meses sem a receita do petróleo. É como um padrão repetido com diferentes modalidades e diferentes chefes. Como conseguimos superar toda essa situação? Com os acordos internacionais que foram feitos naquele momento”, explicou. 

Jaua foi vice-presidente de Hugo Chávez de 2010 a 2012. O golpe a que ele se refere foi dado em uma articulação da oposição com empresários, setores militares e o reconhecimento imediato dos Estados Unidos e forçou a prisão de Hugo Chávez em 2002. Ele voltou ao poder depois de o povo ir às ruas e saiu do incidente fortalecido.

Elias Jaua também foi ministro das Relações Exteriores de 2012 a 2013 e deputado de 2014 a 2017 / Arquivo pessoal

Depois daquele episódio, a oposição voltou a ter uma postura violenta em 2014, com as chamadas guarimbas – atos de rua violentos– e, mais tarde, tentou aplicar outro golpe para colocar Juan Guaidó como presidente em 2019. Jaua diz que a postura não mudou durante esse período, mas que não deve haver uma nova onda de violência, já que a população não está disposta a isso.

“Eu acho que nenhum setor da população está disposto a acompanhar essa aventura. O custo é muito alto para as famílias que perderam seus entes queridos, convocados por dirigentes irresponsáveis que saíram do país e vivem uma vida boa. O dano econômico que isso promoveu ao país, a ansiedade que foi um dos detonadores da migração venezuelana, teve dois componentes: o medo da guerra civil em 2017 e 2018, e outro obviamente as condições econômicas que se criaram”, afirmou.

O ex-vice se afastou do governo nos últimos anos, mas se reaproximou em 2024 em meio à campanha eleitoral. Em comício ao lado de Maduro, ele disse que as diferenças “não podem tornar-se problemas pessoais”. Agora, ele evita fazer ponderações negativas sobre os últimos 12 anos do presidente e afirma que há acertos importantes. Os principais deles é manter a soberania nacional e reduzir a violência. 

Leia a entrevista completa:

Brasil de Fato: Como você avalia os governos Maduro?

Elias Jaua: O presidente Maduro foi um presidente que promoveu, nos dois mandatos, uma resistência e uma defesa do princípio básico do chavismo que é a independência nacional, por meio da defesa da vontade soberana, do povo venezuelano que o elegeu em 2013 e 2018. Tudo isso em meio a uma situação bem complexa e bem difícil.

Uma restrição absoluta sobre a receita nacional, produto das sanções contra a principal receita que é a produção petroleira. Isso teve consequências sociais muito pesadas para o povo venezuelano em questão de direitos que havíamos alcançado com o presidente Hugo Chávez. As decisões que tomou em questões políticas e econômicas são sempre discutíveis, mas eu prefiro ver por essa ótica. 

Mas você acredita então que seus dois mandatos foram guiados da mesma maneira?

Foram de defesa do chavismo. Mas para além do chavismo, o direito à independência da Venezuela, especialmente no segundo mandato quando a Casa Branca, por meio do presidente Donald Trump, reconheceu e quase nos impuseram um presidente que não havia sido escolhido por vontade popular, Juan Guaidó.

Estamos na véspera das eleições, é uma vitória da Venezuela como República independente poder em apenas 10 dias eleger um presidente. Há 5 anos nos impuseram um presidente. Isso é o que Maduro conseguiu fazer, defender o direito do povo venezuelano a dar sua própria forma de governo.

Há críticas em relação à condução econômica do governo Maduro, de que foram reduzidos os gastos e que ele poderia ter expandido o Estado. Você vê assim?

Sim, eu tenho uma posição crítica em relação à orientação político-econômica do governo. No entanto, já que não estou mais nele, não tenho informações financeiras, das receitas nacionais, neste momento.

O governo atuou com restrição quase absoluta de receitas. Chegou ao mínimo. Digo que, na economia, sempre há opções. Alguém teria apostado em opções mais reguladoras do mercado para proteger, sobretudo, os trabalhadores e as trabalhadoras que ficaram com o peso da retração econômica produzida pelas sanções. 

Você entende que o governo poderia ter aumentado os investimentos e a participação do Estado?

Mais que posições críticas, tenho ideia de que as coisas poderiam ter sido feitas de outra maneira. Há propostas neste sentido. Mas são os que decidem que têm a noção de quanta receita o país tem, qual é o dinheiro que entra na Venezuela.

Nós, como uma boa parte do chavismo, seguiremos apostando em uma política que garanta que os direitos fundamentais de trabalhadores e trabalhadoras, que ela seja expressada nos salários, poder aquisitivo, uma política de crédito mais ampla para os setores produtivos pequenos, médios e, inclusive, grandes setores produtivos, como elemento para amenizar essas medidas.

Quais seriam os desafios de Maduro para um eventual terceiro mandato, nos próximos 6 anos?

Não me atrevo a fazer previsões. Eu fui governo. É muito delicado dizer "deveria ser dessa, ou daquela forma", porque quando não se é governo, não se tem informações para tanto. Eu gostaria de fazer isso, mas não posso. 

Em todo caso, digo que a aspiração de alguns setores do chavismo é que a recuperação econômica seja equilibrada, que não caia nos ombros dos trabalhadores e trabalhadoras, em meio a situações complexas, já que as sanções continuam. A licença de exploração de petróleo é decidida fora do país.

Essa é parte da batalha que temos que recuperar, a nossa plena capacidade de decidir sobre o que fazer aqui. Se uma empresa asiática, africana quer negociar ou investir na Venezuela, ela não pode ir primeiro ao país, tem que ir aos Estados Unidos. O mundo não pode ser assim. Eles não podem dizer para o mundo quem compra e quem não compra.

Em relação a este bloqueio, como as eleições dos Estados Unidos podem mudar a política de Washington com Caracas? É possível uma abertura dos diálogos?

É o que deveria acontecer e o que aspiramos. Se aqui Maduro ganha, espero que os Estados Unidos abandonem essa política de desconhecimento do Estado venezuelano, das instituições e das empresas. E que acabem essas sanções ilegais.

Essa não é uma aposta só do chavismo, mas de toda a sociedade. Eu sei que há setores da oposição que compartilham essa indignação. Como venezuelanos e venezuelanas, temos que vender e investir os recursos petroleiros.

Há diferença entre Trump e Biden?

Para os EUA é muito fácil essa situação, administrar os recursos de um outro país. Por isso, o problema não é a democracia, mas com a Venezuela, o petróleo. Não é democracia, direitos humanos, isso não importa nada para os Estados Unidos.

Eles conseguiram seus objetivos com as sanções e um setor da oposição tem muita responsabilidade por isso. É incrível que a oposição fugiu da responsabilidade desse caos perante a comunidade internacional e à sociedade venezuelana. É verdade que cometemos erros, mas quem pediu as sanções, fez lobby para isso, foram setores da oposição organizados em torno da Plataforma Unitária.

Como a oposição está organizada hoje?

Primeiro, é uma oposição cujos déficits democráticos são muito relevantes, porque é uma força política que não participa das eleições quando sente que vai perder. E que só participa quando sente que vai ganhar.

Mas se perdem, não reconhecem os resultados. Se ganham, não reconhecem a institucionalidade, como em 2015, ao tentar destituir o presidente da República naquele momento, sem que tivesse competências constitucionais para isso, ou para impor um presidente interino que não tinha nenhum respaldo na Constituição. Essa é a oposição.

Há muito afã no mundo para ter um termômetro para medir a democracia do chavismo. Mas esse mesmo termômetro não se aplica à oposição venezuelana que está alinhada ao governo dos Estados Unidos. Lamento dizer que estou quase seguro de que eles não vão reconhecer o resultado de uma vitória de Nicolás Maduro. Eles só estão participando hoje porque sentem que o dano que causaram na economia e o mal-estar que isso gerou criaram condições que os levam a acreditar que possam ganhar. Se não, eles não participariam. 

Você acredita que, ao não reconhecer os resultados eleitorais, pode haver uma onda de violência, como já ocorreu com as guarimbas?

Eu acho que nenhum setor da população está disposto a acompanhar uma aventura dessa. O custo é muito alto para as famílias que perderam seus entes queridos, convocados por dirigentes irresponsáveis que saíram do país e lá vivem vidas boas.

Aqui ficaram pessoas que foram processadas por delitos cometidos durante as ações de violência, jovens mortos em diferentes circunstâncias. O dano econômico que isso promoveu ao país, a ansiedade que foi um dos detonadores da migração venezuelana, teve dois componentes: o medo da guerra civil em 2017 e 2018 e, obviamente, as condições econômicas que se criaram.

Os venezuelanos não têm ânimo para acompanhar aventuras violentas de dirigentes que o povo sabe que os vão deixar na mão.

Hoje a Venezuela tem uma inflação em queda, um câmbio estável. Mas você disse em entrevista recente que é preciso estabilizar ainda mais a economia e a política. O que você quis dizer e como fazer isso?

A estabilidade econômica passa principalmente pela possibilidade de que a Venezuela possa comercializar livremente seu principal produto e recuperar a receita nacional. Com isso, ela pode incidir na estabilidade econômica do país, a partir da recuperação do poder aquisitivo dos trabalhadores e trabalhadoras, de uma política de crédito que amplie a produção nacional dos bens necessários, e que permita uma “reinstitucionalização” do país, um funcionamento normal das instituições. 

Tivemos uma assembleia eleita em 2015 que encerrou seu mandato em 2021, mas que ainda é reconhecida pelos EUA, administra a petroleira venezuelana Citgo e outros ativos do Estado. Olha a gravidade do que foi feito. Nenhum país fez isso antes, ter um Estado paralelo que outorga a administração dos ativos do país, no estrangeiro. Ninguém nunca fez isso. É preciso aca a lógica amigo-inimigo dessa situação. 

Temos que tomar cuidado também para falar em estabilidade econômica. Ter estabilidade nos indicadores econômicos não significa estabilidade nas famílias. Teremos estabilidade econômica quando todas as famílias tiverem capacidade de comprar os bens que precisam para viver. Sem dúvida na macroeconomia temos uma estabilidade.

Mas além da questão das sanções, qual seria um caminho para resolver isso internamente?

Primeiro, com base no conhecimento. Nós temos uma experiência. Porque essa história não é nova, não começou com o presidente Nicolás Maduro. Não reconhecem que o ex-presidente Hugo Chávez, com apenas 2 anos de governo, sofreu um golpe de Estado, o fizeram prisioneiro, mas ele recuperou o poder. Depois teve a paralisação da indústria petroleira. Ficamos no começo deste século, por vários meses, sem a receita do petróleo. É como um padrão repetido de modos diferentes e  com diferentes chefes. Como conseguimos superar toda essa situação? 

Com acordos. Naquele momento lembro que foi facilitado pelo Centro Carter, OEA a partir do presidente César Gaviria da Colômbia, um acordo de reconhecimento de utilização dos mecanismos constitucionais que, naquele caso, foi o referendo revogatório. Não estou dizendo que é algo que aconteça aqui nesse momento, mas o que aconteceu foi que Chávez foi ratificado, mesmo que um setor da oposição não reconhecesse o resultado, apesar de o Centro Carter, a União Europeia e a OEA dissessem que Chávez havia sido eleito.

Mas se cconseguiu um longo período de estabilidade política até a morte de Chávez. Com refluxos, conflitos, como em toda sociedade, mas sem conflitos de destruição total. O que significou isso para Venezuela? Um crescimento econômico expressivo, um incremento à produção nacional, o consumo básico chegando a níveis inéditos.

A população pôde ter acesso, enfim, à alimentos, medicamentos e roupas. Uma ampliação de todos os direitos, educação, saúde pública gratuita, desenvolvimento industrial, tecnológico… Tudo isso foi resultado do acordo de reconhecimento.

A oposição sempre teve governadores que participaram. Chegaram a ter 10 governadores, frações parlamentares importantes… De maneira que há um caminho já percorrido de que sim, se pode conseguir o que chamamos naquele momento de administração democrática do conflito. O conflito entre nós e eles não vai desaparecer, mas precisa ter uma regulação desse conflito que não afete a sociedade venezuelana, o povo humilde trabalhador.

Sobre o apoio da base social, um ponto importante são as comunas. Desde que você foi vice até hoje, houve uma expansão das comunas. Qual deve ser o papel das comunas para os próximos anos? É possível chegar onde Chávez planejava?

Todas as organizações populares, comunas, conselhos comunais, comitês de terra, água, trabalho, movimentos sociais, foram a sustentação desses duros anos para manter a independência.

São homens e mulheres que fizeram de tudo: distribuíram comida, participaram das brigadas contra a pandemia. O controle bem sucedido que tivemos na pandemia se deve a eles. São os que garantem a paz na comunidade. São os que, em meio às dificuldades, mantêm os serviços mínimos. Sem um povo com esse nível de organização, não seria possível chegar nesse ponto a dias de uma eleição presidencial.

Chávez fez uma retificação do termo Estado comunal que foi pouco conhecida. Ele dizia que preferia falar em uma sociedade comunal.

Porque na Venezuela a Constituição estabelece o Estado Social de Direito e de Justiça e ele dizia que esse Estado deveria ser preservado porque garantia o desenvolvimento de uma sociedade comunal. Ou seja, um povo que fosse capaz de governar seu território, com autogestão, capacidade de gerir o público na sua comunidade e que isso só poderia ser feito se fosse amparado pelo Estado estabelecido na Constituição.

Isso é um processo longo, não vai acontecer no próximo mandato porque a concepção de Chávez sobre a comuna implica um grande esforço cultural, de transformação econômica na vida cotidiana, de transformação social, de novos valores. De convivência. Que não depende do governo, mas da vontade das pessoas, de construir um espaço em que se possa viver bem.

E o processo de construção do socialismo? Como é possível ter uma transição acelerada de um Estado capitalista para um Estado socialista?

Eu não diria que há um Estado capitalista. Há uma sociedade capitalista. Porque quando o Estado estava privado da sua receita, efetivamente o capital impôs seus próprios acordos. E hoje temos um mercado totalmente desregulado.

Lamentavelmente é o que eu tenho que dizer: o capital coloca as condições trabalhistas, de preços… o Estado conseguiu controlar valor da moeda, mas a dinâmica que se impôs na sociedade venezuelana depois do caos na economia foi a lógica liberal ou mais neoliberal que você possa imaginar.

Um Estado sem as suas receitas, não reconhecido internacionalmente por boa parte dos países, confrontando conspirações... Foi muito difícil voltar ao equilíbrio, controle e regulação que impeça a profunda desigualdade social que gera uma economia de mercado sem nenhum tipo de controle.

Mas você acredita que seja possível dar esse giro e que o Estado consiga controlar o mercado principalmente?

Na verdade nós nunca propusemos o controle do mercado. Nós acreditamos que o Estado tenha um papel no mercado, de equilíbrio, regulação, que garanta os direitos da maioria por cima só dos interesses do grande capital. Você me pergunta se é possível? Eu digo que é necessário.

Para que as pessoas vivam bem, porque em uma economia assim não vai ter igualdade, superação da pobreza. O mercado sem nenhum tipo de regulação é um produtor de miséria, de exclusão, desigualdade. 

O mercado é uma força política decisiva hoje?

O Estado tem a competência para isso, mas a economia não é um assunto de crédito ou de leis, mas de dinâmica e de realidade. O Estado, para conseguir ser efetivo nos mandatos constitucionais, tem que recuperar as receitas nacionais, a capacidade de suas instituições estabelecerem as regulações necessárias para evitar a desigualdade que se está produzindo no país neste momento.

Quais foram os erros e acertos de Maduro nos últimos 12 anos?

Não quero neste momento importante falar de erros. É claro que há decisões políticas e econômicas que poderiam ter outras alternativas. Mas os acertos de fato foram, além da independência nacional e política, a superação da violência política.

Há 6 anos estávamos à beira de uma guerra civil, de uma invasão dos Estados Unidos. Hoje isso felizmente está fora do mapa. A redução dos índices de criminalidade também acho que é uma grande conquista do governo.

E como o governo conseguiu reduzir a criminalidade? Costumo ouvir muitas explicações diferentes para isso…

Há políticas de segurança, inteligência e territorialização da atuação policial e um desmantelamento das principais facções. A Venezuela vinha em uma escalada de mega grupos que pretendiam controlar territórios e de certa forma conseguiram.

Com trabalho de inteligência, ações diretas com ampliação da presença policial, dos equipamentos policiais, se conseguiu efetivamente conter essas aspirações dos megagrupos. Hoje, o nível de criminalidade está como em qualquer parte do mundo, não há nenhuma facção que pretenda ou consiga controlar algum território.

Mas além da questão das facções, Caracas, por exemplo, tem uma sensação de segurança muito grande nas ruas. É algo que surpreende para quem vem pra cá. Como isso foi possível?

São coisas que vão desde questões pequenas, como iluminação das ruas, os quadrantes de paz --que tem uma atuação em que em cada quadra tem uma patrulha, um telefone que as pessoas podem chamar essas patrulhas. A ocupação, o desenvolvimento de programas noturnos de recreação.

Então as pessoas começaram a ocupar as ruas, fazer visitas turísticas, festas. As prefeituras desenvolveram uma série de medidas que geram um elemento que é real, que é a sensação de segurança. Tudo isso faz com que as pessoas se sintam mais seguras e mais tranquilas, ocupem os espaços, saiam de noite, caminhem.

Hoje as pessoas usam o celular na rua, é algo contagioso. Certamente há um alto componente de realidade e um alto componente de sensação. Hoje, a sensação é que é mais seguro estar nas ruas e a realidade é que conseguimos desmantelar uma série de grupos que tinha essa política de extorsão e sequestros. 

A desigualdade tem impacto nisso?

Não tem nada a ver. Durante Chávez tivemos um dos maiores índices de igualdade social que conseguimos na Venezuela, empatamos com o Uruguai nessa questão. E foi um momento de maior aumento nos índices de criminalidade. São fenômenos complexos e difíceis de desenvolver.

Nós os estudamos e há vários elementos. O crime é transnacional, então se um país tem um alto nível de consumo, muitas estruturas criminosas veem a Venezuela como potencial mercado para o consumo de drogas, sequestro –já que você tira dinheiro de uma classe média-alta e empresários– e isso teve uma incidência. O outro elemento é cultural.

Quando eu era vice, havia muitos jovens entrando no crime e nós interferimos, criamos programas sociais para evitar esse recrutamento. Me disseram uma vez: ‘Você é vice-presidente, é poderoso. Eu quero ser poderoso, relevante. Mesmo que minha vida seja curta’. Então há muitos desses elementos. Um país em igualdade social é um país com alto poder aquisitivo, com pessoas que tem recursos, ativos e isso vira um atrativo para obter recursos. 

Mas voltando ao ponto. Não podemos tirar o mérito da ação do Estado que foi planejada, executada.

E a questão da infraestrutura e serviços. Quais são os próximos passos para resolver avançar no abastecimento de água, energia…?

Esse é um desafio importante e um dos males que mais faz sofrer a população. A questão da eletricidade, combustível –que está associado à indústria petroleira– a questão da água, em menor medida.

As pessoas demandam respostas imediatas que, por sua vez, demandam grandes investimentos, recuperação da infraestrutura e de desenvolvimento de novas estruturas que garantam a quantidade de energia que a sociedade venezuelana precisa.

Essa seria uma próxima etapa para o governo? 

Claro, já começou. Nos últimos 2 anos, o governo fez investimentos importantes de telefonia pública, por exemplo, um dos setores que mais avançou. Abastecimento de água… A questão da eletricidade é mais complexa porque todo o nosso complexo elétrico está montado sobre tecnologia Siemens e há pouco tempo eles não podiam nos vender equipamentos de manutenção.

Nosso país tem 70% de energia hidrelétrica, e as mudanças climáticas fazem com que ela seja inconstante. Então precisamos  investir em fontes de energia, eolica, gas, solar… Recuperar a infraestrutura eletrica vai levar um tempo e importantes investimentos.

Como você vê a configuração da América do Sul e a possibilidade de volta ao Mercosul?

Com a atual configuração politica de Argentina e Uruguai, não vejo um retorno em curto prazo ao Mercosul. Podemos começar pensar na volta à comunidade de nações, formar um mercado comum nos Andes venezuelanos, ainda que a situação política seja diferente do Mercosul, com os governo de Equador e Peru.

Mas na verdade a Venezuela vai ter que batalhar sozinha nos mercados internacionais. Há uma correlação de forças para apostar na Celac. Com um governo solido do México, depois dessa contundente vitória eleitoral, com Lula no Brasil, com Petro na Colômbia, com Boric no Chile, que tem uma visão integracionista apesar das condições da sociedade chilena e como se desenvolvem eles.

Acho que poderia haver um lançamento importante da Comunidade dos Estados latino-americanos, e retomar sua necessária integração, que é a única forma que temos de nos desenvolver.

Edição: Rodrigo Durão Coelho

Fonte: Brasil de Fato

A 10 dias das eleições na Venezuela, pesquisadores falam em 'empate técnico'

 

Economista venezuelano faz cálculo de 'correção de base' e indica que Maduro e Edmundo teriam números parecidos

O Conselho Nacional Eleitoral anunciou em maio que 21,4 milhões de venezuelanos estão aptos a votar no dia 28 de julho - Federico PARRA / AFP

As eleições presidenciais venezuelanas estão marcadas para 28 de julho, mas faltando 10 dias para o pleito, os eleitores não têm um termômetro que ajude a saber que candidato tem mais chance de ganhar. Com resultados muito diferentes, especialistas entendem ser possível até um empate técnico neste momento, analisando as pesquisas eleitorais.

Os números não parecem confiáveis. Hoje, alguns institutos colocam o candidato da oposição e ex-embaixador, Edmundo González Urrutia, com até 30 pontos percentuais de vantagem sobre o presidente Nicolás Maduro. Já outras, indicam vitória do candidato à reeleição com a mesma folga de 30 pontos percentuais sobre o candidato da Plataforma Unitária. São os casos das pesquisas conduzidas pela Delphos e pela Hinterlaces. 

E as duas organizações são ainda as mais transparentes em relação à metodologia, tendo divulgado quantas pessoas entrevistaram. A Hinterlaces está mais ligada ao governo e mostra o recorte de idade e de classes sociais da amostragem. Já a Delphos indica a idade mínima das entrevistas (18 anos) e afirma que todas as pessoas que responderam estão registradas no Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE). 

De acordo com o levantamento da Hinterlaces divulgado em 30 de junho, Nicolás Maduro lidera as intenções de voto com 54,2%. Urrutia aparece com 21,1% enquanto o empresário e humorista Benjamín Rausseo tem 5,7%. Não sabem ou não responderam foram 7,3% e os outros 7 candidatos somam 11,7%.

Já a pesquisa Delphos publicada nesta quarta-feira (17) coloca o candidato da Plataforma Unitária com 59,1% das intenções de voto, enquanto Maduro tem 24,6%. Em nota, a empresa afirmou que, com esses indicadores, Urrutia teria 4,9 milhões de votos e o candidato do governo 2,9 milhões. A pesquisa, porém, não fala sobre os outros participantes.

Outros institutos usados pelo governo e oposição não divulgam as pesquisas de maneira pública, não apresentam metodologia e alguns sequer tem site próprio. 

Segundo o ex-vice-presidente do CNE Leonardo Morales, a tendência é que essas pesquisas não tragam uma boa fotografia da realidade porque são usadas pelas campanhas eleitorais das duas partes. “As pesquisas na Venezuela têm pouca credibilidade porque, em geral, são usadas para fazer campanha. Várias delas também são empresas fantasmas, são apenas nomes. Só algumas empresas têm mais tradição”, afirmou. 

Empate técnico? Com resultados tão diferentes, alguns pesquisadores começaram a fazer contas próprias para tentar entender qual o cenário mais próximo da realidade hoje. O economista Francisco Rodríguez faz parte da campanha de Antonio Ecarri, da Alianza Lápiz. Segundo ele, a média das pesquisas dos institutos com maior histórico no país mostram uma vantagem de 28,4 pontos percentuais para Edmundo. Ainda assim, ele explica que é errado fazer esse cálculo simples, já que as pesquisas têm um “enviesamento histórico”. 

Em seu perfil nas redes sociais, ele expôs uma conta que é usada por pesquisadores brasileiros para fazer uma “correção na base”. O método consiste em usar pesquisas para eleições anteriores e comparar com o resultado final. De acordo com o economista venezuelano, esses mesmos institutos superestimaram o voto da oposição, em média, em 27,8 por cento nos últimos 10 anos. Com esse ajuste, a vantagem de Edmundo cairia para 0,6 ponto percentual, o que representa um empate técnico, já que as empresas que apresentam metodologia colocam a margem de erro em 3 pontos percentuais. 

Segundo o sociólogo Marcos Coimbra, fundador do Instituto Vox Populi, esse tipo de conta faz sentido e já foi realizada nas últimas eleições no Brasil. De acordo com ele, o voto em Jair Bolsonaro (PL) em 2022, por exemplo, foi subestimado pelas pesquisas.

“Aqui, em 2022, fazia sentido fazer, pois o eleitor bolsonarista tendia a se recusar a conceder entrevistas, ou seja, sub-representamos o voto no Bolsonaro”, afirma ao Brasil de Fato. Naquela eleição, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu o pleito em segundo turno com 50,90% dos votos contra 49,10% do ex-presidente. 

Ele ainda pondera que, mesmo os institutos que têm maior histórico e tradição em todo o mundo, têm errado as projeções nos últimos tempos. Isso faz com que a credibilidade das pesquisas seja colocada em cheque pelos eleitores. 

“Não tenho opinião a respeito dos institutos da Venezuela e não conheço seu desempenho. Mas acho que é sempre bom olhar resultados de pesquisa com cautela, até em função da crise internacional na sua credibilidade. As pesquisas precisam se adaptar aos novos tempos e não estão conseguindo fazê-lo na velocidade e intensidade necessárias”, disse.

Maduro contra 9

O CNE anunciou em maio que 21,4 milhões de venezuelanos estão aptos a votar no dia 28 de julho. Cerca de 69 mil deles estão fora do país. O presidente Nicolás Maduro busca a reeleição contra outros 9 candidatos, sendo o principal deles Edmundo González Urrutia. Ele é apoiado pela ex-deputada ultraliberal María Corina Machado. Ela está inabilitada por 15 anos pela Justiça venezuelana por "inconsistência e ocultação" de ativos na declaração de bens que ela deveria ter apresentado à Controladoria-Geral da República (CGR) enquanto foi deputada na Assembleia Nacional (2011-2014). 

Em junho, oito dos 10 candidatos assinaram um acordo para respeitar o resultado das eleições. Edmundo se recusou a participar e não assinou o documento. Além dele, Enrique Márquez, do partido Centrados, não assinou.

Como funciona o sistema

A eleição para presidente na Venezuela tem apenas um turno. Ganha quem tiver o maior número de votos. O mandato para o presidente é de 6 anos. No país, não há limite de reeleição para presidente. O atual chefe do Executivo é Nicolás Maduro, que concorre à reeleição para o 3º mandato. Antes dele, Hugo Chávez também foi eleito 3 vezes, mas morreu logo no início de sua 3ª gestão. 

Para votar, é preciso ter ao menos 18 anos e o voto não é obrigatório no país. Assim como o Brasil, a Venezuela também usa a urna eletrônica, mas a diferença é que no sistema venezuelano o voto é também é impresso. O Conselho Nacional Eleitoral venezuelano contratou uma empresa em 2004 que desenvolveu e implementou mais de 500 mil máquinas e treinou 380 mil profissionais para operar as máquinas. 

O procedimento é simples. Os centros de votação são em escolas públicas. O eleitor entra na sala de votação, valida sua biometria e registra o voto na urna eletrônica. Ele recebe o comprovante do voto, confere se está correto e deposita em uma outra urna, onde ficam armazenados os votos impressos. Quando a votação é encerrada, o chefe da seção imprime o boletim de urna e faz a contagem dos votos impressos para conferir se estão de acordo.

Edição: Rodrigo Durão Coelho

Fonte: Brasil de Fato

Chefe da Receita fez reunião na casa de Flávio para relatar investigação solicitada por família Bolsonaro

 

O uso da máquina pública em benefício do "02" é parte de uma investigação da Polícia Federal sobre um esquema de monitoramento ilegal realizado pela Abin

Flávio Bolsonaro (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

A operação articulada durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) para tentar blindar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), investigado por um suposto esquema de “rachadinhas”, envolveu a ida do então secretário da Receita Federal, José Barroso Tostes Neto, à casa do filho “02” do ex-mandatário, em Brasília.

Na ocasião, Tostes teria apresentado os resultados de uma investigação solicitada pela defesa do senador, sobre supostos acessos ilegais por servidores da Receita a dados fiscais dele e de familiares. De acordo com informações da Folha de S. Paulo, Luciana Pires, uma das advogadas de Flávio, também participou da reunião.

O encontro ocorreu em setembro de 2020, semanas após uma reunião no Palácio do Planalto, onde Bolsonaro discutiu o uso de órgãos públicos em prol da defesa do "02". O áudio dessa reunião, realizada em 25 de agosto de 2020, veio a público nesta semana. Na gravação, conversam Bolsonaro, o general Augusto Heleno, Alexandre Ramagem, então chefe da Agência Brasileira de Inteligência, e duas advogadas de Flávio.

O uso da máquina pública em benefício de Flávio Bolsonaro é parte de uma investigação da Polícia Federal sobre o monitoramento ilegal de adversários políticos, jornalistas e magistrados realizado pela Abin durante a gestão Bolsonaro. A informação de que houve reuniões entre Tostes e a defesa de Flávio após o encontro no Planalto já era conhecida, mas não que uma dessas reuniões ocorreu na residência do senador.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

Relação com Bolsonaro não afetaria diálogo com Lula, diz possível secretário de Estado de Trump

 

Richard Grenell disse que Trump não vai "tentar fazer mudanças de regimes" em outros países

Richard Grenell (Foto: Reuters)

Cotado como possível secretário de Estado de Donald Trump, Richard Grenell falou à Folha de S. Paulo sobre as perspectivas para a relação Brasil-EUA em caso de uma vitória do republicano, aliado de Jair Bolsonaro, contra o democrata Joe Biden, aliado do presidente Lula. 

Grenell afirmou que Trump falará com "cada líder para entender como será essa relação", mas que vai apresentar as políticas que tornem Washington mais forte. Questionado sobre a relação de Trump com Bolsonaro, ele disse que o ex-presidente "vai lidar com o mundo como ele é" e não vai "tentar fazer mudanças de regimes" ao redor do mundo. 

O ex-embaixador disse ainda que "Trump vai lidar com quem quer que esteja no cargo, e vamos falar com eles". 

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

Governo mantém projeção de alta do PIB em 2024 em 2,5% e piora expectativa para 2025

 

Fazenda disse acreditar em uma compensação dos efeitos negativos provocados pelas chuvas no RS

Prédio do Ministério da Fazenda em Brasília 14/02/2023 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

(Reuters) - A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda manteve em 2,5% sua projeção para o crescimento econômico do Brasil em 2024 e piorou a expectativa para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) de 2025 de 2,8% para 2,6%, mostrou boletim divulgado nesta quinta-feira.

O documento também apontou uma deterioração na visão do governo para a inflação, com a projeção para o IPCA indo a 3,9% para 2024, ante previsão de 3,7% feita em maio, enquanto o índice para 2025 foi ajustado de 3,2% para 3,3%.

Em relação à atividade, a secretaria informou que revisou para baixo a expectativa de desempenho da agropecuária em 2024, ao passo que os números de indústria e serviços foram revistos para cima. A pasta ainda disse acreditar em uma compensação dos efeitos negativos provocados pelas chuvas no Rio Grande do Sul.

“Os impactos negativos das enchentes no Estado devem ser compensados por medidas de suporte às famílias, empresas e aos governos estadual e municipais”, disse a SPE no documento.

As projeções da SPE balizam a programação de receitas e despesas orçamentárias do governo. O novo relatório bimestral de avaliação fiscal, a ser divulgado na segunda-feira, é aguardado com ansiedade por agentes do mercado pela expectativa de que o governo anuncie um bloqueio ou contingenciamento de verbas para respeitar o arcabouço fiscal.

Fonte: Brasil 247 com Reuters

Exclusivo. TRE se mobiliza para acompanhar tour eleitoral de Bolsonaro no Rio; candidatos podem ter registro negados

 Os atos não podem ter características de corpo-a-corpo, tampouco o pré-candidato pode exercer protagonismo que denote a intenção de pedir votos.


RICARDO BRUNO


Equipes de fiscalização do TRE estão sendo mobilizadas na manhã desta quinta-feira, 18, para acompanhar a agende de Jair Bolsonaro no Rio. A intenção é verificar se os pré-candidatos que estarão ao lado do ex-presidente vão infringir a legislação eleitoral, que veda a possibilidade de pedido de voto neste período.


Denúncias anônimas encaminhadas ao TRE dão conta da realização de caminhadas em calçadões e ruas de grande fluxo do Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Niterói, Angra dos Reis e Itaguaí. Os atos não podem ter características de corpo-a-corpo, tampouco o pré-candidato pode exercer protagonismo que denote a intenção de pedir votos.


O presidente do TRE, desembargador Henrique Figueira, em contato com a Agenda do Poder, adverte que  se forem verificadas infrações, o pré-candidato pode ter o registro negado pela Justiça Eleitoral.


— Nossos canais de comunicação estão aberto à sociedade para o recebimento de informações denúncias. Estamos atentos e vão agir se houver qualquer transgressão — completou


Fonte: Agenda do Poder

Geração de energia no Brasil tem expansão recorde de 18,7%

 

Números do 1º semestre são da Aneel

Com 168 novas usinas de geração de energia em funcionamento, o Brasil fechou o primeiro semestre de 2024 com um incremento de 5,7 gigawatts (GW) de potência instalada na matriz elétrica. O número representa um aumento de 18,7% em relação ao primeiro semestre de 2023 e um recorde nos últimos 27 anos para o período.  

Apenas em junho deste ano, houve um incremento de 889,51 megawatts (MW) com a entrada em operação de 27 usinas, sendo 13 eólicas, 10 fotovoltaicas e quatro termelétricas.

A matriz elétrica é o conjunto de fontes disponíveis para a geração de energia elétrica em um país, como hidrelétricas, usinas eólicas, solares e termelétricas. 

Expansão

Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a previsão de crescimento da geração de energia elétrica do país para 2024 é de 10,1 GW, menor que a do ano passado, quando houve crescimento de 10,3 GW.

Atualmente, a capacidade instalada de energia elétrica do Brasil, ou seja, a quantidade máxima de produção de energia do país, soma 203,8 gigawatts. Desse total em operação, 84,62% das usinas são consideradas renováveis.

As quatro maiores fontes renováveis que compõem a matriz de energia elétrica brasileira são a hídrica (53,88%), eólica (15,22%), biomassa (8,31%) e solar (7,2%). Entre as fontes não renováveis, as maiores são gás natural (8,78%), petróleo (3,92%) e carvão mineral (1,7%).

Edição: Kleber Sampaio

Fonte: Agência Brasil

Flamengo e Palmeiras se enfrentarão nas oitavas da Copa do Brasil


Jogos de ida ocorrerão em 31 de julho e os de volta em 7 de agosto


O duelo Flamengo x Palmeiras, ambos com quatro títulos, foi o primeiro dos oito confrontos das oitavas de final da Copa do Brasil sorteados na tarde desta quinta-feira (18) na sede da CBF, no Rio de Janeiro. O atual campeão São Paulo enfrentará o Goiás, que busca um título inédito, assim como o Botafogo cujo adversário será o Bahia. Os jogos de ida ocorrerão na semana de 31 de julho e os de volta na semana seguinte.

Pentacampeão da Copa do Brasil, o Grêmio medirá forças com o Corinthians, tricampeão há 15 anos. Velhos conhecidos, o Athletico-PR pegará o Red Bull Bragantino: eles se enfrentaram na final da Copa Sul-Americana de 2021, quando o Furacão faturou o bicampeonato.

Juventude e CRB também buscam o primeiro título na Copa do Brasil. O time de Caxias do Sul (RS) avançou às oitavas no último sábado (13), após empate em casa, em 1 a 1, contra o Internacional (no jogo de ida, a equipe gaúcha já ganhara por 2 a 1). O Juventude enfrentará o Fluminense nas oitavas. O Tricolor soma apenas um título na competição, conquistado em 2007.

Já o CRB de Alagoas, que enfrentará o bicampeão Atlético-MG, tentará chegar pela primeira vez às quartas de final. O time nordestino avançou às oitavas após duas vitórias (ida e volta) por 1 a 0 sobre o Ceará.  

Os clubes que passarem às quartas de final da Copa do Brasil receberão prêmio de R$ 4,5 milhões, concedido pela CBF.

Edição: Cláudia Soares Rodrigues

Fonte: Agência Brasil

Dois celulares são roubados ou furtados por minuto no Brasil

Aparelhos são porta de entrada para outros crimes como golpes virtuais


No Brasil, quase dois celulares são roubados ou furtados por minuto. Quase um milhão de ocorrências foram registradas em delegacias de todo o país em 2023. Os dados são do 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (18), pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.  

Os dados mostram que, pela primeira vez, o número de furtos, ou seja, a subtração dos aparelhos sem o uso da violência, superou o de roubos de aparelhos, com 494.295 contra 442.999 casos, respectivamente, ao longo de 2023. No total, foram 937.294 ocorrências nas delegacias brasileiras.

Apesar de serem altos, em relação a 2022, os números de roubos e furtos de celulares, em termos globais, apresentaram redução de 4,7%. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o número de ocorrências mostra a centralidade que tais aparelhos ocupam na nova dinâmica dos crimes patrimoniais. Os celulares se consolidam como porta de entrada frequente para outras modalidades delituosas em ascensão, como estelionatos e golpes virtuais.

A marca mais visada pelos criminosos foi a Samsung, com 37,4% dos casos, seguida pela Apple, com 25%, e pela Motorola, com 23,1%. Embora respondam por apenas 10% do mercado nacional, os iPhones representam uma em cada quatro subtrações de aparelhos. O Fórum ressalta que quando se atenta a proporções, é possível dizer que os usuários da Apple correm mais riscos na comparação com aqueles que utilizam telefones de outras marcas.

Segundo a publicação, em 78% das ocorrências, os criminosos optaram por vias públicas. Os casos são mais frequentes em dias de semana, em especial entre segundas e sextas-feiras, com prevalência entre 5h e 7h da manhã e o período entre 18h e 22h – horários em que, geralmente, a população está em deslocamento nas grandes metrópoles, indo ao trabalho ou voltando para casa.

No caso dos furtos, as vias públicas responderam por 44% dos registros, seguidas dos estabelecimentos comerciais/financeiros e residências, com 14% e 13% das ocorrências, respectivamente. Ao contrário dos roubos, os furtos de celulares são mais comuns nos finais de semana, que concentram 35% dos casos. Nessa categoria, os criminosos escolhem horários com movimento reduzido nas cidades, principalmente entre 10h e 11h e a partir do meio da tarde, por volta das 15h, até 20h.

De acordo com o anuário, as cidades com as maiores taxas de roubo e furto de celulares são: Manaus, com 2.096,3 casos a cada 100 mil habitantes; Teresina, com 1.866; São Paulo, com 1781,6; Salvador, com 1.716,6; e Lauro de Freitas (BA), com 1.695,8. A taxa do Brasil é de 461,5 ocorrências registradas para cada 100 mil habitantes. Entre as 50 cidades com maiores taxas de roubo e de furto de celular, 15 estão localizadas no estado de São Paulo.

Um golpe a cada 16 segundos

A publicação mostra ainda que os roubos de rua cederam lugar a estelionatos quando se observa o quadro de preferências criminais contemporâneas. Houve um total de 1.965.353 registros de estelionatos no ano passado, ou seja, um golpe a cada 16 segundos. O crescimento, em relação a 2022, foi de 8,2%. Em relação a 2018 houve alta de 360%.

Por outro lado, houve queda, entre 2022 e 2023, em seis diferentes modalidades de roubos: a estabelecimentos comerciais (18,8%); a residências (17,3%); a transeuntes (13,8%); de cargas (13,2%); de veículos (12,4%); e de celulares (10,1%).

“A gente está tendo uma mudança de paradigma na criminalidade patrimonial no Brasil e isso tem, evidentemente, bastante relação com os celulares, que acabam sendo a porta de entrada para esse mundo híbrido que a gente vive, com a digitalização das finanças, com a utilização das redes sociais”, diz o coordenador de projetos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, David Marques.

“O celular tem o seu valor pelo aparelho, pelo seu valor de uso, mas também pelo que o celular dá acesso, que são as informações pessoais, são as informações bancárias, são as redes sociais das pessoas. Então, esse é um fenômeno que já vinha em curso, mas ele se aprofundou, se acelerou bastante a partir do contexto da pandemia e que segue aí chamando atenção enquanto uma mudança realmente de paradigma na dinâmica criminal dos crimes patrimoniais”.

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública é baseado em informações fornecidas pelos governos estaduais, pelo Tesouro Nacional, pelas polícias civil, militar e federal, entre outras fontes oficiais da Segurança Pública.

Edição: Denise Griesinger

Fonte: Agência Brasil