quinta-feira, 11 de julho de 2024

Pela primeira vez na história, mulheres serão maioria em delegação brasileira nas Olimpíadas de Paris

 COB fecha números do Time Brasil e dos 277 atletas classificados, 153 serão mulheres

Agora é oficial: pela primeira vez na história, o Time Brasil será composto por mais mulheres do que homens em uma edição de Jogos Olímpicos. Com a divulgação da equipe do atletismo e a classificação do basquete masculino, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) fechou os números da delegação para Paris-2024 e os publicará na manhã desta quinta-feira. Serão 277 atletas, 153 mulheres e 124 homens. Nunca o total de brasileiras foi maior que o de brasileiros entre os enviados do país a uma Olimpíada.


Nesta edição, elas serão 55% do total de atletas brasileiros. Em Tóquio-2020, elas representaram 47%


— A verdade é que sempre fomos capazes de feitos incríveis. Quando nos deixam mostrar quem somos, não temos limite. E podemos ir muito além. Fico muito feliz de hoje fazer parte da maioria — diz Kahena Kunze, bicampeã olímpica na vela ao lado de Martine Grael. — Acompanho e torço pelo desempenho de várias atletas mulheres porque sabemos o quão difícil é chegar lá. E acho que uma se apoia na outra, se espelha na outra. Vivemos outros tempos.


O programa esportivo de Paris será o mais equilibrado em termos de gênero, com 28 dos 32 esportes em plena paridade. A distribuição de medalhas também será equivalente, com 152 provas femininas, 157 provas masculinas e 20 provas mistas. Paris-2024 será a edição de equidade de gênero em termos de quantidade de atletas, com 50% de participação para cada naipe: 5.250 homens e 5.250 mulheres.


— Isso é maravilhoso. Que honra fazer parte desta porcentagem — disse a ginasta Rebeca Andrade, medalhista de ouro e de prata em Tóquio-2020, e a maior estrela da delegação do Brasil, entre homens e mulheres.

Nos últimos 100 anos, a presença das mulheres na competição cresceu mais de 40 vezes. Em 1924, há 100 anos, também em Paris, apenas 135 mulheres entre 3.089 atletas puderam representar seus países.

Delegação do Brasil nos Jogos Olímpicos — Foto: Arte O Globo
Delegação do Brasil nos Jogos Olímpicos — Foto: Arte O Globo

Além de não haver mulheres brasileiras na delegação de Paris-1924, somente algumas modalidades dos Jogos incluíam a participação feminina como: saltos ornamentais, natação, esgrima, florete individual e tênis.


Além de ser maioria, elas agora também são o carro chefe do Brasil. Há mais favoritas ao pódio do que favoritos: além de Rebeca e Martine e Kahena, Rayssa Leal, Ana Marcela Cunha, Mayra Aguiar, Bia Ferreira, Ana Patrícia e Duda, entre outras, são destaques.

Time Brasil

Rebeca Andrade durante o Pan de 2023 — Foto: Miriam Jeske/COB
Rebeca Andrade durante o Pan de 2023 — Foto: Miriam Jeske/COB

O Time Brasil de Paris-2024 será menor do que as delegações das últimas duas Olimpíadas (Rio-2016 e Tóquio-2020) e empatará com a de Pequim-2008. Terá mais representantes no atletismo, modalidade que ainda enviará mais homens do que mulheres. No total, serão 43 atletas, sendo 19 no feminino e 24 no masculino. Em Tóquio-2020, a modalidade foi representada por 55 atletas (21 mulheres e 34 homens).


A Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) levou em consideração os dois critérios adotados pela World Athletics para fazer a convocação: atletas com índices (15 atletas no total) e aqueles qualificados pelo ranking de pontos (cotas). A entidade informou que ainda buscará, por meio de um recurso à Corte Arbitral do Esporte (CAS), a inclusão de mais três atletas na delegação que foram desclassificados (Lívia Avancini, do arremesso de peso, Max Batista, da marcha atlética, e Hygor Gabriel, do 4x100m). Eles não foram submetidos ao mínimo de exames antidoping antes da Olimpíada.


Já a ginástica artística, modalidade de destaque do Time Brasil, terá time essencialmente feminino. Em Tóquio-2020 foi o inverso. O masculino havia classificado a equipe e desta vez terá apenas dois atletas: Diogo Soares e Arthur Nory. O feminino, que em Tóquio teve duas atletas (Rebeca e Flavia Saraiva), vai com equipe completa (Rebeca, Flávia, Jade Barbosa, Júlia Soares e Lorrane Oliveira).


— Essa é uma luta de muitas meninas, muitas gerações. Desde a medalha no individual da Daniele Hypólito, a primeira em um Mundial (na Bélgica, em 2001) até a da Rebeca (a primeira medalha de uma ginasta em Jogos Olímpicos, em Tóquio-2020), conseguimos que o esporte mudasse. Existem ciclos e hoje, com o feminino conseguimos resultados inéditos, algo que o masculino já obteve em ciclos anteriores. Torço para que a gente consiga unir os ciclos do masculino e do feminino — comenta Francisco Porath, o Chico, treinador da seleção feminina de ginástica.

Duda e Ana Patrícia: líderes do ranking mundial — Foto: Wander Roberto/COB @wander_imagem
Duda e Ana Patrícia: líderes do ranking mundial — Foto: Wander Roberto/COB @wander_imagem

Pertencimento

Para o treinador de natação, Fernando Posseti, único do Brasil a ter uma medalha olímpica com Ana Marcela Cunha (águas abertas), essa virada pode ser atribuída ao trabalho, investimento e, principalmente, ao fato de que as mulheres passaram a acreditar mais em si mesmas e a exigir tratamento semelhante ao dos homens.


Em Paris-2024, ele orientará mais mulheres do que homens: seu time é formado por Maria Fernanda Costa, a Mafê, Gabrielle Roncatto, Beatriz Dizotti e Fernando Scheffer.


— É uma questão de crença mesmo. As mulheres passaram a acreditar que podem. Algo como: “Isso é para mim também. Sou capaz e merecedora. Tenho a mesma capacidade que o masculino, resultados, finais, medalhas… para mim também é algo atingível”. E quando começaram a enxergar isso, a acreditar nelas mesmas, deu-se o start — opina Posseti.


Ele acredita que a partir daí chegou-se à capacitação do trabalho “porque nada cai do céu”. E que o olhar para o feminino veio acompanhado de investimento.


— Treinadores e profissionais passaram a entender que é diferente, que se discute ciclo menstrual e que trabalhar com mulher é mais ouvir do que falar, é ser atento. Precisamos estar capacitados para explorar o que cada uma tem de melhor, olhando para as suas particularidades. Durante os treinos e na área da piscina, tenho sempre um banco ao meu lado para quem quiser sentar e conversar. Sei que elas virão. Prefiro trabalhar com mulheres porque o retorno é mais rico e mais rápido.


O judô, a modalidade que mais conquistou pódios olímpicos para o Brasil, teve esse “olhar atento” lá atrás e conta hoje com o time feminino mais forte do que o masculino. Ao lado de Mayra Aguiar (78kg), Rafaela Silva (57kg) e Beatriz Souza (+78kg) são fortes candidatas ao pódio.


Para tanto, precisou que uma mulher, Rosicléia Campos, abrisse o caminho. Em 2005, a então técnica da seleção feminina de judô iniciou uma revolução na categoria. Separou os treinos e o calendário dos dois naipes. O feminino passou a caminhar sozinho e a fazer escolhas priorizando o interesse das mulheres. Antes, as mulheres seguiam a programação dos homens.

Ana Marcela Cunha: ouro em Tóquio — Foto: Zero Dois Zoom
Ana Marcela Cunha: ouro em Tóquio — Foto: Zero Dois Zoom

— A mulher tem um potencial absurdo, o que sempre precisou foi de investimento. E quando eles são alocados no lugar certo, o resultado aparece. Mas é isso: a mulher precisa provar que é boa, e o homem já nasceu dono da situação — analisa a atual treinadora do Flamengo.— Quando vejo as mulheres sendo protagonistas, vejo o quão incrível isso é. Fico emocionada de poder viver essa era finalmente. A luta não foi em vão. Estou feliz, realizada e me sinto parte deste time.


Fora dos tatames e quadras, a realidade ainda é outra. Tem um longo caminho ainda a percorrer. Em Tóquio-2020, segundo o Comitê Olímpico Internacional (COI), o total de assistentes mulheres e treinadoras variou de 10% a 13%. Do Brasil, segundo o COB, foi 6,7%.


Mas, Letícia Pessoa, três vezes medalhista de prata em Jogos Olímpicos, técnica do vôlei de praia e que estará em Paris-2024 com Barbara Seixas e Carol Solberg, é otimista.


Ela foi técnica de Isabel Salgado (mãe de Carol) e Roseli, primeira dupla brasileira a vencer uma etapa do circuito mundial feminino, em Miami (EUA). Em Olimpíadas, conquistou medalhas com o feminino (duas com Adriana Behar e Shelda, em 2000 e 2004) e com o masculino (Alison e Emanuel, em 2012).


— Agora temos mais abertura, pessoas brigando por nós. E não só no esporte. A sociedade mudou. Uma delegada, uma presidente, uma CEO, outras aparecem — comenta, ao fazer análise sobre como sobreviveu. —Resisti por causa dos resultados, sou uma pessoa privilegiada nesse sentido. Lá atrás, muitas não obtiveram êxito e ficaram prejudicadas. Hoje, a tendência é termos cada vez mais mulheres no esporte, dentro e fora das competições. Esse é apenas o começo.


Fonte: Agenda do Poder com informações do GLOBO.

Investigação da PF aponta que Abin produzia fake news para abastecer “gabinete do ódio”

 Atividades do gabinete incluíam criação de perfis falsos e divulgação de informações sabidamente inverdadeiras, visando favorecer a extrema direita

A nova fase da Operação “Última Milha”, que investiga uma organização criminosa dedicada a monitorar ilegalmente autoridades públicas, aponta que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) produziu fake news para abastecer o “gabinete do ódio” do governo de Jair Bolsonaro, informa a coluna de Bela Megale, no jornal O GLOBO.


Os alvos desta ação são dois policiais cedidos à Abin que trabalhavam diretamente para o ex-diretor-geral da agência, Alexandre Ramagem, e integrantes do chamado gabinete do ódio no Palácio do Planalto. Deputado federal eleito em 2022 com apoio de Bolsonaro, Ramagem é pré-candidato do PL à prefeitura do Rio de Janeiro.


A Polícia Federal já prendeu Giancarlo Gomes Rodrigues; ⁠Matheus Sposito, que foi assessor da Secretaria de Comunicação Social (Secom) na gestão Bolsonaro; e Marcelo de Araújo Bormevet, policial federal e Richards Dyer Pozzer.


O que é o “gabinete do ódio”


“Gabinete do Ódio” foi o apelido dado a um grupo de assessores do ex-presidente Jair Bolsonaro que atuava no Palácio do Planalto sob sua coordenação e de seu filho, Carlos Bolsonaro.


As atividades do grupo incluíam a criação de perfis falsos e a divulgação de informações sabidamente inverdadeiras, visando favorecer a extrema direita.


Fonte: Agenda do Pode com informações da jornalista Bela Megale, do jornal O Globo

Justiça bloqueia R$ 478 mil das contas da esposa de Collor para pagar dívida trabalhista de emissora do senador

 Caroline foi incluída no processo por ser sócia da TV Mar, parte do mesmo grupo econômico das Organizações Arnon de Mello (OAM

A Justiça determinou o bloqueio de R$ 478 mil das contas bancárias de Caroline Serejo Medeiros Collor de Mello, esposa do ex-presidente Fernando Collor, para quitar um débito trabalhista com uma ex-funcionária da TV Gazeta, afiliada à Globo em Alagoas. A jornalista beneficiada, que enfrenta um câncer, recebeu o valor na última quinta-feira (4), cinco anos após sua demissão.


O bloqueio foi ordenado pela juíza substituta da 5ª Vara do Trabalho de Maceió, Natália Azevedo Sena, em setembro de 2023, e confirmado pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Alagoas após recurso. Caroline, casada com Collor há 19 anos, foi envolvida no processo devido ao não pagamento de valores devidos a ex-trabalhadores da TV Gazeta, empresa na qual Collor é sócio majoritário. A Justiça decidiu pela desconsideração da personalidade jurídica da empresa, permitindo que os débitos fossem cobrados diretamente dos proprietários.


Caroline foi incluída no processo por ser sócia da TV Mar, parte do mesmo grupo econômico das Organizações Arnon de Mello (OAM). A tentativa inicial de bloquear valores nas contas dos sócios da TV Gazeta não teve sucesso, levando a Justiça a expandir as buscas para outras empresas do grupo. Nas contas de Fernando Collor, foram encontrados apenas R$ 14,97, indicando uma possível retirada de valores para evitar a penhora.


“A medida cautelar foi justificada pelo esvaziamento patrimonial e blindagem patrimonial praticados pelo sócio Fernando Affonso Collor de Mello,” afirmou a juíza Natália Azevedo Sena em sua decisão.


Fonte: Agenda do Poder com informações do UOL

“Vamos ver se explodimos esse vagabundo”, disse militar preso pela PF sobre advogado monitorado ilegalmente pela Abin

 Nova operação sobre espionagem ilegal avança com base em diálogos de militar que servia à agência

A Polícia Federal voltou às ruas nesta quinta-feira (11) para uma nova fase da operação Última Milha, que investiga a espionagem ilegal de alvos do governo Bolsonaro pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Desta vez, porém, a apuração está robustecida por dados encontrados nos aparelhos celulares de ex-integrantes do órgão, que falam, inclusive, em usar monitoramento ilegal para “explodir” adversários.


As informações são do Blog da Daniela Lima, publicado no portal g1, que teve acesso a trechos da documentação que deu base à operação.


A PF confirmou, por exemplo, que o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, teve sua movimentação monitorada pelos ex-integrantes da Abin. Além dele, os diálogos revelam espionagem de escritórios de advocacia, deputados, senadores e adversários políticos de integrantes do governo que atuavam na Esplanada dos Ministérios.


Um dos alvos de mandado de prisão nesta quinta, o militar Giancarlos Gomes Rodrigues, que atuava na Abin, fala abertamente sobre o monitoramento de um advogado próximo a Maia ao seu superior: “Vou verificar aqui mas acho que foi no final do ano passado. Eu estava monitorando e o tel [SIC] dele dava várias vezes na área do Bertholdo”. Bertholdo é um advogado do Paraná, citado diversas vezes pelos alvos da investigação.


Ele era visto na Abin como alguém próximo a Maia e à ex-deputada Joice Hasselmann. “Excelente isto, Meu amigo. Vamos ver se conseguimos explodir esse vagabundo que está num DAS-5”, responde o chefe do militar na Abin, o policial federal Marcelo Bormevet, também preso na operação. DAS-5 é um cargo de confiança.


Os mandados de prisão estão sendo cumpridos em cinco estados e no Distrito Federal. Há também ordens de busca e apreensão.


Fonte:Agenda do Poder com informações da Daniela Lima, do G1

Pacheco admite mudanças ao texto e adia votação de projeto que trata da repactuação da dívida dos estados

 O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), decidiu adiar a votação do projeto de lei que trata da repactuação da dívida dos estados. O Rio de Janeiro deve cerca de R$ 160 bilhões ao governo federal

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), irá realizar mudanças ao texto do projeto de lei, apresentado esta semana, que prevê a repactuação da dívida dos estados com a União. A decisão foi tomada após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), no Palácio do Planalto.


Pacheco revelou que Lula cobrou um alinhamento entre o Legislativo e o Executivo sobre o tema. 


“O Ministério da Fazenda tem seu ponto de vista, os estados têm seu ponto de vista, e nós temos também. Então, é só buscar alinhar. Mas o cerne está mantido: a possibilidade de entrega de ativos, e a redução da alíquota do indexador de juros”, afirmou Pacheco.


O texto foi apresentado pelo presidente do Senado após um longo debate com governadores dos estados que possuem os maiores débitos com a União, incluindo o governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PL), que esteve na capital federal na semana passada. Ao final da reunião, Castro se mostrou satisfeito com a proposta e cobrou celeridade na votação.


O Rio de Janeiro deve cerca de R$ 160 bilhões à União, além de outros R$ 30 bilhões por empréstimos garantidos pelo governo federal. 


A previsão é a de que a repactuação da dívida seja votada na próxima terça-feira (16), quando será  realizada a última sessão no Plenário do Senado antes do recesso parlamentar.


Fonte: Agenda do Poder

Arthur Lira e Renan Calheiros foram espionados ilegalmente pela Abin, segundo a PF; veja lista de vítimas do esquema

 Desde 2023, operação investiga o uso ilegal de sistemas da Abin para monitorar desafetos políticos no governo de Jair Bolsonaro

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin), durante a gestão Bolsonaro, operou um esquema de espionagem ilegal que atingiu, entre outros, o atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL)), e o senador Renan Calheiros (MDB). A informação é de Daniela Lima, do g1.


Nesta quinta-feira (11), a Polícia Federal executa cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão em uma nova fase da operação Última Milha.


Desde 2023, essa operação investiga o uso ilegal de sistemas da Abin para espionar autoridades e desafetos políticos no governo de Jair Bolsonaro (PL).


A nova fase da investigação foi impulsionada por dados extraídos dos celulares de ex-integrantes da Abin, revelando um plano de monitoramento ilegal destinado a “explodir” adversários. Entre os alvos confirmados pela Polícia Federal está o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, cuja movimentação foi monitorada por ordem de Alexandre Ramagem, ex-chefe da Abin na gestão Bolsonaro. Maia classificou a espionagem como um “ato totalitário e criminoso”.


Os diálogos encontrados nos aparelhos também indicam a espionagem de escritórios de advocacia, deputados, senadores e outros adversários políticos. A lista de monitorados inclui membros do PP e MDB, partidos aliados ao governo Lula.


A investigação revelou ainda possíveis ações clandestinas contra membros do Judiciário, como Alexandre de Moraes e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Roberto Barroso, com o objetivo de questionar a credibilidade do sistema eleitoral.


Veja a lista de quem foi espionado:


Conforme as investigações da PF, foram monitorados autoridades, servidores e jornalistas. Entre eles estão:


Poder Judiciário: ministros do STF Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luis Roberto Barroso e Luiz Fux.


Poder Legislativo: o atual presidente da Câmara, Arthur Lira, o deputado Kim Kataguiri e os ex-deputados Rodrigo Maia, que foi presidente da Câmara, e Joice Hasselmann. E os senadores: Alessandro Vieira, Omar Aziz, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues, que integravam a CPI da Covid no Senado.


Poder executivo: João Doria, ex-governador de São Paulo e servidores do Ibama Hugo Ferreira Netto Loss e Roberto Cabral Borges, auditores da Receita Federal do Brasil Christiano José Paes Leme Botelho, Cleber Homen da Silva e José Pereira de Barros Neto.


Jornalistas: Monica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista.


Fonte: Agenda do Poder com informações da jornalista Daniela Lima, do G1

PGR deve apresentar nova denúncia por obstrução de justiça no caso Marielle

 Avaliação da cúpula do MPF é de que delação de Ronnie Lessa trouxe novos elementos para esclarecer circunstâncias do assassinato

A cúpula da Procuradoria-Geral da República (PGR) pretende apresentar ainda neste ano uma nova denúncia no âmbito das investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. Desta vez, a acusação formal está relacionada a uma outra frente de apuração em andamento, relacionada ao crime de obstrução de Justiça.


Segundo a coluna de Malu Gaspar, no jornal O GLOBO, a avaliação de interlocutores do procurador-geral da República, Paulo Gonet, é a de que a delação premiada do ex-PM Ronnie Lessa, assassino de Marielle e Anderson Gomes, tem dado elementos para os investigadores esmiuçarem as circunstâncias do crime, inclusive as tentativas dos réus em atrapalhar o esclarecimento do caso.


A delação de Lessa foi homologada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em março deste ano.


Em 18 de junho, a Primeira Turma do Supremo decidiu – por unanimidade – aceitar a denúncia da PGR contra o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio Domingos Brazão, o delegado da Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa e o ex-policial Ronald Paulo de Alves por homicídio qualificado de Marielle e Anderson, além da tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves.


Fernanda também estava no carro com Marielle e Anderson, mas sobreviveu ao atentado ocorrido em março de 2018, na região central do Rio.


Já naquela ocasião, Moraes apontou em seu voto “atos de obstrução das investigações” praticados por Chiquinho Brazão – apontado como um dos mandantes do homicídio da vereadora – “com a finalidade de impedir o avanço da investigação para garantir que os investigados permanecessem impunes”, bem como com “a finalidade de embaraçar a investigação instaurada para apurar o envolvimento de organização criminosa” instalada na Delegacia de Homicídios da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro.


Naquele mesmo dia, Moraes determinou a abertura do novo inquérito com foco na apuração do crime de obstrução de justiça. Os alvos do processo são os irmãos Brazão, o delegado Rivaldo Barbosa e os policiais civis Giniton Lages e Marco Antônio de Barros Pinto, que atuavam na Delegacia de Homicídios do Rio na época do crime.


Em um dos trechos de sua delação, Lessa relatou à PF ter sido tranquilizado por Domingos em relação à gravidade do crime planejado.


O assassino comentou que se trataria de um homicídio “impactante”, mas o conselheiro do TCE demonstrou não estar preocupado.


“A DH tá na mão”, afirmou Domingos. “O Rivaldo é nosso”, completou. Rivaldo chefiava a Delegacia de Homicídios do Rio e se tornou chefe da corporação na véspera do crime.


Para a Polícia Federal, havia um esquema criminoso funcionando dentro da DH, que estava em plena operação quando Marielle foi assassinada.


Esta não é a primeira vez que a PGR se debruça sobre a obstrução de Justiça no caso Marielle. Em seu último dia na chefia do órgão, a então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, apresentou, em setembro de 2019, uma denúncia no Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra cinco pessoas por interferência nas investigações do assassinato de Marielle e de Anderson.


Foram denunciados por Dodge o conselheiro Domingos Brazão; Gilberto Ferreira, que atuou no gabinete do conselheiro no TCE-RJ; o policial militar Rodrigo Jorge Ferreira, o Ferreirinha (que apontou falsamente o vereador Marcelo Siciliano e o miliciano Orlando Curicica como mentores do crime); a advogada dele, Camila Nogueira; e o delegado federal Hélio Khristian, que recebeu Ferreirinha nas dependências da PF.


“Domingos Brazão, valendo-se do cargo, da estrutura do seu gabinete no Tribunal Contas do estado do Rio, acionou um de seus servidores, agente da Polícia Federal aposentado, mas que exercia cargo nesse gabinete, para engendrar uma simulação que consistia em prestar informalmente depoimentos perante o delegado Hélio Kristian e, a partir daí, levar uma versão dos fatos à Polícia Civil do Rio de Janeiro, o que acabou paralisando a investigação ou conduzindo-a para um rumo desvirtuado por mais de um ano”, apontou Dodge.


Em 2023, a Justiça do Rio rejeitou a denúncia de Raquel Dodge, mas a equipe de Gonet vê agora espaço para formular uma nova acusação, à luz das novas informações colhidas na investigação com base na delação de Lessa.


Como resume um aliado de Gonet, o arquivamento daquela denúncia “não significa que não se pode reabrir o caso”.