Presidente afirmou que aprendeu a não gastar demais com sua mãe, mas frisou que manterá investimentos sociais
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a se comprometer com o controle de gastos em discurso durante evento em Osasco (SP). Após a tensão dos últimos dias, em que o dólar subiu após críticas do presidente às altas taxas de juros e ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, Lula tem dado declarações para não criar marolas com o mercado. Desta vez, afirmou que aprendeu responsabilidade fiscal desde cedo, com sua mãe, dona Lindu.
“Não adianta criar caso comigo. Não adianta falar em responsabilidade fiscal, porque se tem uma coisa que eu aprendi com a Dona Lindu foi a responsabilidade fiscal, cuidar do meu salário, da minha família, e hoje a minha família é o Brasil. São 213 milhões de filhos que nós temos que cuidar, e só vai dar certo se a economia estiver arrumada. Se a gente fizer como aquelas pessoas que jogam dinheiro fora, a economia vai quebrar, e no meu governo não vai quebrar, porque nós temos responsabilidade de cuidar desse país.
Lula participou da inauguração de novas instalações do edifício acadêmico e administrativo da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios do Campus Osasco da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ainda que tenha reafirmado seu compromisso com a responsabilidade fiscal, Lula deixou claro que sua administração não deixará de fazer os investimentos necessários, principalmente em educação.
“Nesse país, toda vez que se tenta fazer política social aparece alguém dizendo ‘gasta demais’. E eu fico me perguntando quanto custou a esse país não ter feito reforma agrária na década de 50? Quanto custou a esse país não ter feito universidade há 300 anos?”, questionou, antes de ressaltar a necessidade de combater as desigualdades sociais.
“Tem gente da elite brasileira que não gosta que eu fale isso. Tem gente que fala ‘nós somos todos iguais’. Não é verdade. Nós não somos todos iguais. Tem gente que come dez vezes por dia e gente que passa dez dias sem comer. Esse é o país que a gente quer consertar. E é por isso que educação é investimento. Podem não gostar, mas nós vamos investir na formação de meninos e meninas desse país. Nós queremos os mais pobres, a classe média e os mais ricos sendo tratados em igualdade de condições. Que vença o melhor, mas todo mundo partirá do mesmo lugar. Não tem privilégio. Tem oportunidade”.
Ele também enviou um recado aos que o criticam por suas declarações que supostamente fariam o mercado reagir elevando o dólar: “muita gente fala ‘esse Lula, em vez de estar enchendo o saco falando com esse povo, poderia estar conosco jogando golfe, num barco em alto mar’. Eles ficam incomodados que eu venho aqui. É só vocês verem os comentaristas políticos. Eles ficam incomodados: ‘o Lula fala demais’. Que bom que eu falo demais, porque houve um tempo em que eu não falava. Quando eu resolvi criar um partido político o nosso lema era o seguinte: eu quero criar um partido político para dar vez e voz aos trabalhadores brasileiros”.
Fonte: Agenda do Poder com informações de Brasil 247