quarta-feira, 26 de junho de 2024

Mais de 42 mil pessoas estão presas no Brasil por porte de até 25g de maconha, aponta estudo

 

O STF formou maioria na terça-feira para descriminalizar o porte de maconha para uso pessoal e define nesta quarta-feira a quantidade que vai diferenciar usuário e traficante

(Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)

 Dados do Atlas da Violência 2024, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apontam que se até 25 gramas de maconha fossem consideradas quantidade para uso pessoal, como defendem alguns ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), mais de 42 mil pessoas não estariam presas no Brasil.

Segundo o UOL, o estudo aponta que 42.631 detentos não fariam parte do sistema prisional brasileiro se até 25 gramas de maconha e 10 gramas de cocaína fossem consideradas quantidades para uso pessoal e não tráfico. A libertação dessas pessoas poderia resultar em uma economia de R$ 1,3 bilhão por ano para o Estado. Os números aumentam se o limite for estendido para até 100 gramas de maconha e 15 gramas de cocaína, beneficiando 67.583 pessoas e economizando cerca de R$ 2,1 bilhões por ano. "Trata-se de recursos desperdiçados, que poderiam ter uma destinação muito mais nobre e eficaz para melhorar as condições de segurança", afirmam os pesquisadores no relatório.

Os cenários testados pela pesquisa foram apontados como "compatíveis com padrão de uso", segundo especialistas. "O estabelecimento de critérios objetivos —quantidades de referência para os aplicadores da lei penal de drogas — favoreceria maior racionalidade, justiça e equidade nessa distinção [entre usuários e traficantes]", diz o texto.

O STF decidiu nesta terça-feira (25) que não é crime portar maconha para uso pessoal. Em um julgamento que já dura nove anos, oito dos 11 ministros votaram a favor de tratar o porte de maconha apenas como ato ilícito, sem natureza penal. A partir desta quarta-feira (26), os ministros começam a votar qual será a quantidade que diferencia usuário de traficante.

Ainda conforme a reportagem, a proposta com maior apoio até o momento é a do ministro Alexandre de Moraes, que sugeriu que são usuários aqueles que portam de 25 a 60 gramas de maconha ou seis plantas fêmeas. Ao votar, Moraes explicou que chegou a esse número a partir de um levantamento sobre a quantidade média de drogas apreendidas no estado de São Paulo entre 2006 e 2017. O entendimento de Moraes foi seguido pelos ministros Gilmar Mendes, Cármen Lúcia e Rosa Weber, hoje aposentada e substituída pelo ministro Flávio Dino.

A Lei de Drogas em vigor no país, aprovada em 2006 durante o primeiro governo Lula, criminaliza a compra, posse, transporte e cultivo de drogas para uso pessoal, mas não prevê pena de prisão. Os infratores são punidos com advertência, serviço comunitário ou medidas educativas. No entanto, a lei não define uma quantidade específica que separa o usuário do traficante, deixando essa interpretação a critério da polícia e dos tribunais.

Isso resulta em situações em que pessoas portando pequenas quantidades de droga podem ser acusadas de tráfico, crime que pode levar a até 15 anos de prisão. Especialistas afirmam que essa lei contribuiu para o aumento da população carcerária no país. De menos de 300 mil presos em 2005, ano anterior à aprovação da lei, o Brasil conta hoje com 832 mil detentos, conforme dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado no ano passado.

Uma pesquisa do Núcleo de Estudos Raciais do Insper revela que 31 mil negros foram enquadrados como traficantes enquanto brancos foram classificados como usuários em situações semelhantes no estado de São Paulo.

O processo em julgamento no STF foi iniciado em 2011. Trata-se de um homem flagrado com três gramas de maconha e condenado a dois meses de serviços comunitários. A Defensoria Pública de São Paulo recorreu em nome dele, e o caso chegou ao Supremo. A ação é de repercussão geral, ou seja, a decisão valerá para todos os casos semelhantes.

Fonte: Brasil 247 com informações do UOL

 

PF apura manipulação de resultado em campeonato brasileiro de futebol da série D

 

A partida suspeita foi realizada no início do mês de junho

(Foto: Divulgação/PF)

Nota da Polícia Federal - A Polícia Federal deflagrou, nesta quarta-feira (26/6), a Operação Jogo Limpo, para apurar possível manipulação de resultado de partida de futebol, realizada no interior de São Paulo/SP, e válida pelo campeonato brasileiro da série D.

Policiais federais cumprem 11 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Justiça do Estado de São Paulo/SP, nas cidades de Patrocínio/MG, São José do Rio Preto/SP, São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ, Tanguá/RJ e Nova Friburgo/RJ.

A investigação teve início através de ofício da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), encaminhando relatório da Sportradar, o qual reportou que a movimentação das casas de apostas indicou que os apostadores detinham conhecimento prévio de que determinada equipe viria a perder o primeiro tempo da partida por ao menos dois gols. De acordo com a empresa, 99% da tentativa da rotatividade no mercado de “totais de gols do primeiro tempo” nesta partida foi para tal resultado.

Durante a partida, verificou-se que a equipe visitante sofreu três gols ainda no primeiro tempo, sendo um deles contra. São alvos da operação integrantes e ex-integrantes de uma das equ

Segundo o apurado, determinada empresa teria firmado parceria com um dos clubes e vários jogadores por ela agenciados foram contratados. A investigação visa apurar a influência de tais pessoas no resultado da partida.

Trata-se, em tese, dos crimes contra a incerteza do resultado esportivo, que encontram as condutas tipificadas na Lei Geral do Esporte, com penas de dois a seis anos de reclusão.

A PF atua no caso, mediante autorização expressa do Ministro da Justiça e Segurança Pública, tendo em vista a repercussão nacional do caso, que exige repressão uniforme.

Parceria Sportradar e Polícia Federal

A Sportradar é uma companhia privada no ramo de criação e emprego de soluções tecnológicas para serviços de integridade e detecção de fraudes relacionadas a apostas e identificação de manipulação de resultados esportivo, com sede na Suíça. Desde 2005, a empresa desenvolve serviços para ajudar federações esportivas, autoridades estaduais e agências de aplicação da lei em todo o mundo a combater a corrupção no Esporte.

A Polícia Federal e Sportradar firmaram memorando de entendimento para intercâmbio de informações relevantes ao combate à corrupção no esporte. O acordo de cooperação possibilita que a PF tenha acesso a análises relacionadas à integridade esportiva nos mercados de apostas e indicativos de manipulação de eventos esportivos para auxiliá-la nas investigações de práticas ilícitas suspeitas de vinculação a combinação de resultados.

Fonte: Brasil 247 com Nota da Polícia Federal

 

Gilberto Gil completa 82 anos: celebrando a bela trajetória de um dos maiores ícones da MPB

 

Gilberto Gil, um dos maiores ícones da Música Popular Brasileira (MPB), completa 82 anos nesta quarta-feira (26)

Cantor e compositor Gilberto Gil
Cantor e compositor Gilberto Gil (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

 Gilberto Gil, um dos maiores ícones da Música Popular Brasileira (MPB), completa 82 anos nesta quarta-feira (26). Com uma carreira que atravessa mais de seis décadas, Gilberto Gil não é apenas um cantor e compositor excepcional, mas também um inovador cultural, ativista social, membro da ABL e ex-ministro da Cultura. Sua trajetória é um testemunho de talento, resistência e uma contribuição inestimável à cultura brasileira e mundial.

Sobre a data em questão, Gil disse ao jornalista Ancelmo Gois, no O Globo: "Viver com a quase quietude cotidiana da minha mente e do meu corpo já é um esforço cada vez maior. Com o envelhecimento, com a idade, essas coisas ficam mais difíceis, por isso que falei também da coragem. Não tenho mais coragem de ficar enfrentando todos esses redemoinhos que vêm junto com essas experiências. Ficar quieto já é muito difícil (risos)".

Início de Carreira e Ascensão

Nascido em 26 de junho de 1942, em Salvador, Bahia, Gilberto Passos Gil Moreira cresceu imerso na rica tradição musical do nordeste brasileiro. Começou a tocar acordeão ainda criança, inspirado pelo mestre do forró, Luiz Gonzaga. Sua paixão pela música o levou a aprender violão e, posteriormente, a se aprofundar no samba, bossa nova e outros gêneros musicais.

A década de 1960 marcou o início da ascensão de Gil no cenário musical brasileiro. Junto com Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa e outros, ele foi um dos fundadores do movimento Tropicalista, que revolucionou a MPB ao incorporar elementos do rock, psicodelia e outros estilos musicais internacionais. O álbum "Tropicália ou Panis et Circencis" (1968), que contou com a participação de vários artistas do movimento, é considerado um marco na história da música brasileira.

Anos de Exílio e Retorno Triunfante

O engajamento político de Gil e seu papel no Tropicalismo o colocaram em rota de colisão com a ditadura militar brasileira. Em 1969, ele e Caetano Veloso foram presos e, posteriormente, exilados na Inglaterra. Durante esse período, Gilberto Gil absorveu influências do rock e do reggae, que mais tarde incorporaria em sua música.

Após seu retorno ao Brasil em 1972, Gil continuou a inovar e diversificar seu trabalho. Álbuns como "Expresso 2222" (1972) e "Refazenda" (1975) são exemplos de sua habilidade de fundir gêneros e criar sons únicos. Ele também se destacou como um defensor dos direitos humanos e da justiça social, utilizando sua música como plataforma para promover mudanças sociais.

Reconhecimento Internacional e Legado

Gilberto Gil recebeu reconhecimento internacional por sua música e ativismo. Ganhou vários prêmios, incluindo Grammys e Latin Grammys, e realizou colaborações com artistas renomados de todo o mundo. Sua atuação como ministro da Cultura, de 2003 a 2008, sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, foi marcada por iniciativas para democratizar o acesso à cultura no Brasil.

Além de suas realizações musicais, Gil é conhecido por seu carisma e espírito generoso. Sua capacidade de se reinventar e se manter relevante em diferentes épocas e contextos é um testemunho de sua genialidade artística.

Academia Brasileira de Letras (ABL)

Em 2021, Gil foi eleito por maioria absoluta à cadeira de número 20 da Academia Brasileira de Letras (ABL). "Eu acho que é o que já tenho em mãos, o que represento, o que sou, o grau de articulação que eu consegui ter na vida em relação à questão da vida cultural brasileira. Tenho uma passagem pelo mundo institucional da cultura, como secretário de cultura de Salvador, ministro da Cultura do país. Uma obra que tem lá seus méritos, seus valores, e um certo dinamismo, uma capacidade empreendedora mínima", disse Gilberto Gil naquela ocasião.

Celebração de um Ícone

Aos 82 anos, Gilberto Gil continua ativo, lançando novas músicas, realizando shows e inspirando novas gerações de músicos e fãs. Sua influência na MPB e na cultura brasileira é imensurável, e seu legado perdurará por muitas gerações.

Hoje, o Brasil celebra não apenas o aniversário de um grande artista, mas também a vida de um homem que dedicou sua existência à música, à cultura e à luta por um mundo melhor. Parabéns, Gilberto Gil! Que venham muitos mais anos de vida e música.

Relembre alguns de seus sucessos:


Fonte: Brasil 247

Marcio Pochmann cita a Argentina e critica o neoliberalismo: "produz decrescimento econômico, pobreza e desigualdade"

 

"O PIB da Argentina desabou, acusando queda de 5,1% no primeiro trimestre de 2024. É tão alarmante que já permite ser comparada com a pandemia", destaca o presidente do IBGE

Marcio Pochmann
Marcio Pochmann (Foto: Pedro França/Agência Senado)

 Presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o professor e pesquisador Marcio Pochmann criticou o neoliberalismo ao analisar os dados econômicos da Argentina, governada pelo ultradireitista Javier Milei. Segundo Pochmann, o "aprofundamento do receituário neoliberal produz decrescimento econômico, pobreza e desigualdade".

"Não deu outra. O PIB da Argentina desabou com os cortes de gastos públicos, acusando queda de 5,1% no primeiro trimestre de 2024 em referência ao mesmo período do ano passado. Só a produção industrial na Argentina caiu 21,2% em março de 2024 na relação com o mesmo mês de 2023. A gravidade do choque neoliberal é tão alarmante que já permite ser comparada com a pandemia da Covid de 4 anos atrás", afirmou Pochmann, acrescentando: "para o Indec, o setor de máquinas e equipamentos encolheu 37,9%, ao passo que a produção mineral não metálica diminuiu 35,8%, as indústrias metálicas básicas em 34,0%, a produção têxtil e de calçados em 22,3% e a indústria de alimentos e bebidas em 14,2%".

Fonte: Brasil 247

 

Brasil gasta quase R$ 600 milhões ao ano com presos condenados por portar até 100 gramas de maconha

 

STF descriminalizou porte da droga e determina nesta quarta-feira (26) quantidade máxima para alguém ser considerado usuário

(Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

 Após ter o entendimento formado por maioria dos ministros de que o porte para uso pessoal não é classificado como  crime, o STF (Supremo Tribunal Federal) volta a julgar nesta quarta-feira (26) a ação que trata da descriminalização do porte de maconha para uso pessoal. Desta vez, o debate será a respeito da definição da quantia deverá ser utilizada para diferenciar usuário de traficante.

A pauta é de extrema valia quando é colocada uma lupa sobre o sistema carcerário brasileiro: O Brasil gasta R$ 591,6 milhões ao ano para manter na prisão pessoas condenadas por portar até 100 gramas de maconha e são 19.348 pessoas condenadas e que estão presas nessa situação em todo país, com custo individual de R$ 30.580 ao ano, de acordo com estimativa divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a pedido do portal G1.

A atual lei, aprovada pelo Congresso na Lei de Drogas de 2006, não determina um critério concreto para diferenciar usuário e traficante. Cabe ao juiz analisar caso a caso.

Saiba mais - A reação no Congresso após a maioria formada no STF foi instantânea. Arthur Lira (PP-AL) criou uma comissão especial para analisar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45 de 2023, que visa criminalizar a posse e o porte de qualquer quantidade de droga ilícita.

Já o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que a Corte está "invadindo a competência" do Congresso com a decisão.

“Há uma lógica política, jurídica e racional em relação a isso que, na minha opinião, não pode ser quebrada por uma decisão judicial que destaque uma determinada substância entorpecente, invadindo a competência técnica da Anvisa e invadindo a competência legislativa que é própria do Congresso Nacional”, declarou a jornalistas.

Fonte: Brasil 247 com informações do G1

 

Grupo de Trabalho Eleitoral do PT se reúne nesta quarta para definir candidaturas municipais

 

O partido deverá lançar candidatos próprios em 11 capitais, com possibilidade de chegar a 15. Nas demais localidades, o partido buscará alianças com nomes fortes de outras siglas

(Foto: Divulgação)

 O PT está em fase final de definições para as eleições municipais de 2024. Em reunião marcada para esta quarta-feira (26), segundo Andréia Sadi, do g1, o Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) do partido busca consolidar suas candidaturas em diversas capitais do país. O plano inicial é lançar candidatos próprios em 11 capitais, com possibilidade de expansão para até 15, refletindo uma estratégia mais seletiva e focada em vitórias concretas.

Nas últimas eleições municipais de 2020, o PT adotou uma abordagem diferente, lançando um número elevado de candidaturas como parte da campanha "Lula Livre". O objetivo era amplificar a oposição à prisão injusta do hoje presidente Lula (PT). A tática resultou em um desempenho insatisfatório, sem a conquista de nenhuma capital. Agora, o partido aposta em concentrar recursos e esforços em localidades onde as chances de vitória são mais promissoras.

O presidente Lula também segue essa lógica ao priorizar palanques com maior potencial de sucesso. Esta estratégia visa, além de garantir vitórias, evitar atritos com partidos aliados na esfera federal, que podem ser concorrentes no âmbito municipal.

Internamente, as projeções do PT apontam para um cenário mais favorável em Teresina e Fortaleza. A recente visita de Lula a essas capitais sinaliza a importância que o partido dá a esses municípios. Em ambas as cidades, os prefeitos Dr. Pessoa (Republicanos) e José Sarto (PDT) enfrentam avaliações mais baixas em comparação aos governadores petistas de seus estados, Rafael Fonteles e Elmano Freitas.

Outras capitais também estão no radar do partido. Em Vitória, a candidatura de João Coser está sendo preparada como prioridade. Em Porto Alegre, o PT vê uma oportunidade com a deputada federal Maria do Rosário, especialmente após o governo federal ter ganhado visibilidade na gestão das enchentes que atingiram a região. Em Goiânia, a Delegada Adriana, com um perfil conservador, tem se destacado nas pesquisas internas.

Em certas cidades, o PT decidiu por uma abordagem colaborativa, optando por apoiar candidatos aliados. Isso faz parte de uma estratégia para fortalecer a oposição ao bolsonarismo em algumas regiões. No Norte, por exemplo, o PT vai apoiar Marcus Alexandre (MDB) contra o atual prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom (PL). Em Salvador, Lula demonstrou apoio a Geraldo Júnior (MDB) na disputa contra o atual prefeito, Bruno Reis (União Brasil). A Bahia é vista como uma região crucial, não só pelo tamanho do colégio eleitoral, mas também pelos 16 anos consecutivos de governadores petistas no estado.

Por outro lado, o PT enfrenta dificuldades em outras grandes cidades. No Rio de Janeiro e em Recife, a falta de nomes fortes impede o partido de estabelecer candidaturas robustas, e até mesmo a escolha de um vice tem se mostrado desafiadora.

Com as convenções partidárias começando em 20 de julho, o PT segue ajustando suas estratégias e alianças para maximizar suas chances de sucesso nas urnas.

Fonte: Brasil 247

Lula deve sancionar na quinta o Mover e a "taxação das blusinhas"

 

Sanção deverá ser antecipada para ocorrer durante a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, conhecido como "Conselhão"

Luiz Inácio Lula da Silva
Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

 O presidente Lula (PT) deverá sancionar na quinta-feira (27) a sanção do projeto de lei que estabelece o programa automotivo "Mover" e reinstitui a taxação de compras internacionais online abaixo de US$ 50, informa Igor Gadelha, do Metrópoles. A decisão foi tomada em reunião com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), realizada nesta terça-feira (25).

Inicialmente, Alckmin havia anunciado que a sanção aconteceria no dia 2 de julho. No entanto, a antecipação permite que o anúncio ocorra durante a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, conhecido como "Conselhão". Esse movimento estratégico visa aproveitar o encontro do Conselho, composto por representantes de diversos setores da sociedade, para dar mais visibilidade ao novo programa e às mudanças fiscais.

O "Mover" é o mais recente esforço do governo federal para modernizar e tornar a indústria automotiva brasileira mais sustentável. Substituindo o programa "Rota 2030", o "Mover" impõe novas exigências de sustentabilidade e incentiva a produção de tecnologias avançadas em mobilidade.

Um dos principais objetivos do "Mover" é a promoção da descarbonização da frota automotiva brasileira. O programa incentivará o desenvolvimento e a utilização de combustíveis alternativos, visando reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Esta iniciativa é alinhada com as metas ambientais do país e com os esforços globais para combater as mudanças climáticas.

Espera-se que Lula vete alguns pontos do texto aprovado pelo Congresso relacionados ao "Mover". Contudo, os detalhes específicos sobre quais trechos podem ser vetados ainda não foram divulgados.

Além do "Mover", a sanção também retoma a taxação sobre compras internacionais online de até US$ 50, frequentemente apelidada de "taxação das blusinhas". Lula deve seguir o acordo firmado com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), sancionando o texto conforme aprovado pelo Congresso. A reintrodução desta taxa visa nivelar o campo de jogo para os comerciantes locais, que muitas vezes são prejudicados pela competição desleal de produtos importados sem tributação adequada.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles

 

Novo Ensino Médio mudará rotina da comunidade escolar

 

Especialistas avaliam texto atualizado pelo Senado

A aprovação da reforma do ensino médio pela Comissão da Educação do Senado representa mais um passo para mudanças bastante significativas não apenas na rotina de profissionais da educação e de alunos, mas também para as famílias desses estudantes e para as comunidades. Para que seja de fato implementado e garanta a qualidade e equidade na educação, será necessário o empenho e articulação dos entes federados, assim como da comunidade escolar e de universidades, visando a formação de professores para o novo currículo.

Como o texto aprovado do PL 5.230/23 na comissão é um substitutivo, ele terá de retornar à Câmara dos Deputados, caso se confirme a aprovação no plenário do Senado. O texto aprovado prevê a ampliação da carga horária mínima total destinada à formação geral básica (FGB), das atuais 1,8 mil horas para 2,4 mil. A carga horária mínima anual do ensino médio passa de 800 para 1 mil horas distribuídas em 200 dias letivos.

Há a possibilidade de essa carga ser ampliada progressivamente para 1,4 mil horas, desde que levando em conta prazos e metas estabelecidos no Plano Nacional de Educação (PNE), respeitando uma distribuição que seja de 70% para formação geral básica e 30% para os itinerários formativos – disciplinas, projetos, oficinas e núcleos de estudo a serem escolhidos pelos estudantes nos três anos da etapa final da educação básica.

Segundo o substitutivo aprovado, da relatora do PL no Senado, Dorinha Seabra (União-TO), a partir de 2029, as cargas horárias totais de cursos de ensino médio com ênfase em formação técnica e profissional serão ampliadas, de 3 mil horas para 3,2 mil; 3,4 mil; e 3,6 mil quando se ofertarem, respectivamente, cursos técnicos com carga específica de 800 horas, 1 mil  horas e 1,2 mil horas.

Língua espanhola

Entre os destaques apresentados pela parlamentar no relatório figura a inclusão da língua espanhola como componente curricular obrigatório, além do inglês. Outros idiomas poderão ser ofertados em localidades com influências de países cujas línguas oficiais sejam outras, de acordo com a comunidade escolar (professores, técnicos administrativos, estudantes e pais ou responsáveis).

A ampliação da carga horária e a inclusão da língua espanhola entre as disciplinas a serem ministradas são pontos positivos da reforma, segundo a professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) Catarina de Almeida Santos. Ela chama atenção para alguns problemas que podem decorrer da forma como serão implementadas.

“O texto aprovado pela comissão do Senado apresenta alguns avanços, ainda que insuficientes, na comparação com o texto enviado pela Câmara”, disse a educadora à Agência Brasil. “Trazer o espanhol de volta é algo positivo, se levarmos em consideração nossa identidade continental. Mas é preciso estabelecermos uma divisão clara das cargas horárias, uma vez que horas dedicadas a espanhol são horas a menos para outros conteúdos”, disse ela ao destacar ser necessário, também, que haja clareza, no novo ensino médio, com relação não apenas à carga horária de cada disciplina, mas também aos conteúdos que serão apresentados.

Segundo a educadora, o substitutivo manteve brechas especialmente relativas à educação profissional, uma vez que não ficou claro quais seriam as disciplinas que vão compor tais áreas. “É preciso dizer as áreas do conhecimento e, dentro delas, definir disciplinas e carga horária. A nova legislação precisa apresentar e detalhar isso; pegar as áreas de conhecimento e dizer o que vai compor em termos de disciplinas".

Diretor de Políticas Públicas da ONG Todos Pela Educação, Gabriel Corrêa diz que a obrigatoriedade da língua espanhola no ensino médio será provavelmente um ponto de discordância, quando a matéria retornar à Câmara.

“É possível que a Câmara não acate todas mudanças feitas pela senadora Dorinha no texto. Antevejo discordância de alguns com relação à obrigatoriedade do espanhol no ensino médio. O problema, talvez, seja colocá-lo na parte comum, como mais uma disciplina obrigatória, porque implicaria na diminuição da carga horária de outras disciplinas importantes”, disse.

A solução, segundo ele, seria a de colocar o espanhol como disciplina opcional, em vez de obrigatória. “Se as escolas já funcionassem em tempo integral, não haveria esse problema, porque a carga horária seria maior”, complementou ao lembrar que essa obrigatoriedade foi publicamente criticada pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação – o que certamente será usado como argumento pelos contrários.

Itinerários formativos

Criados com o objetivo de aprofundar áreas de conhecimento ou de formação técnica profissional – levando em conta a importância desses conteúdos para o contexto local e as possibilidades do sistema de ensino –, os itinerários formativos terão carga horária mínima de 800 horas nos três anos de ensino médio.

Na avaliação de Catarina de Almeida, da UnB, o aumento da carga horária do técnico profissionalizante acabaria por resultar na diminuição da formação básica, o que, segundo ela, não seria bom.

“Levando em consideração o atual quadro de professores e a infraestrutura limitada das escolas, o correto seria não fazer essa divisão [entre áreas de conhecimento e técnico profissionalizante], e sim focar exclusivamente em uma formação básica, comum a todos. Isso, na verdade, significa os dois tipos para todos. Ao separar o processo, teremos estudantes com menos informação do básico”, argumentou.

Se for para implementar com essa divisão, que seja, na avaliação dela, aumentando a carga horária total. Nesse caso, ela sugere que se postergue a implementação das novas regras. “A pressa pode atrapalhar a perfeição. Se o Brasil está atrasado nessa reformulação, ficará ainda mais com a necessidade de, depois, ter de fazer mais uma reforma. Isso prejudicaria mais gerações. O melhor é centrar esforços em uma reforma robusta que possa ficar por muito tempo”.

Com relação aos itinerários formativos, a grande preocupação manifestada por parlamentares durante a tramitação do texto foi a de resultarem em conteúdos e atividades de pouca relevância para a formação do estudante. Foi inclusive citado o caso de uma aula dedicada a ensinar estudantes a prepararem brigadeiro gourmet.

A ideia proposta prevê que os itinerários têm de estar articulados com as quatro áreas de conhecimento previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC): linguagens e suas tecnologias, integrada pela língua portuguesa e suas literaturas, língua inglesa, artes e educação física; matemática e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias, integrada pela biologia, física e química; e ciências humanas e sociais aplicadas, integrada pela filosofia, geografia, história e sociologia.

As diretrizes nacionais que aprofundarão cada uma das áreas do conhecimento ficarão a cargo do Ministério da Educação (MEC), em parceria com os sistemas estaduais e distrital de ensino.

Tempo integral

O projeto em tramitação no Senado aponta para a importância do tempo integral, e isso certamente constará na lei, segundo Gabriel Corrêa, da ONG Todos pela Educação. Enquanto isso não acontece, o Senado propôs a ampliação da carga diária atual, de 5 horas, no caso dos estudantes que optarem por curso técnico. Já a Câmara defende cargas horárias iguais para os dois grupos – técnico profissionalizante e áreas de conhecimento.

“Há alguns problemas com relação ao tempo integral. Um deles é que as redes [de ensino] das secretarias de educação terão de ofertar estrutura para alunos ficarem mais tempo na escola, o que resulta em mais trabalho, recursos e contratações de professores. Outro ponto está relacionado ao risco de os estudantes optarem por uma frente, apenas pelo fato de ficarem menos tempo em sala de aula. Em outras palavras, desestimularia a escolha pelos cursos técnicos, caso a carga horária diária deles seja maior”, argumentou o diretor.

A ONG Todos pela Educação defende que não haja essa distinção entre as duas frentes, até porque mais carga atrapalha a oferta do poder público para a expansão da rede. “O ideal é que todos tenham a mesma carga horária, independentemente do caminho a ser escolhido. Com isso, a escolha é em função da vocação e dos interesses, e não da preguiça de fazer menos aulas. Por fim, isso pode confundir os estudantes, levando-os a acreditar que uma maior carga horária indicaria maior relevância”.

Notório saber

Um outro ponto polêmico do texto substitutivo aprovado na comissão do Senado é o que trata da possibilidade de algumas aulas serem ministradas por pessoas sem diploma de licenciatura específico para a disciplina, mas que tenham notório saber e experiência comprovada no campo da formação técnica e profissional. Algo similar já ocorre, por exemplo, quando engenheiros dão aula de matemática.

Segundo a relatora Dorinha Seabra, a atuação desses profissionais de notório saber será “em caráter excepcional, mediante justificativa do sistema de ensino e regulamentação do Conselho Nacional de Educação (CNE)."

Essa possibilidade preocupa a educadora Catarina de Almeida Santos, da UnB. Segundo ela, esse tipo de situação implica risco de, ao autorizar aulas ministradas por pessoas de notório saber, a nova legislação coloca à frente das salas de aula pessoas leigas, em vez de profissionais habilitados da área. “A meu ver, notório saber não tem relação com saber prático”.

Essa possibilidade foi também criticada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). “Um ponto considerado negativo foi a permanência do notório saber, embora o texto aponte para a normatização nacional e excepcional da contratação desses profissionais para atuarem no itinerário da formação técnico-profissional”, ponderou a entidade.

Esforço conjunto

A relatora Dorinha Seabra disse à Agência Brasil que, para ser implementada de forma adequada, a nova proposta vai requerer esforço do estado e do governo federal, para melhorar a estrutura das escolas. Em especial, as estruturas de laboratórios e bibliotecas.

“Será necessário um aprofundamento em relação às disciplinas básicas. Quando se trata da educação profissional, requer uma estrutura ainda maior de investimento em laboratórios e livros; em atividades extras. Temos um grande desafio, a exemplo dos profissionais e de funcionamento das escolas”, disse.

Dorinha acrescentou que o aumento de carga horária vai requerer mais dedicação também de alunos e professores. “O tempo integral fica no foco de todo conjunto, [passando por] ampliação da carga horária e permanência na escola”.

Ainda segundo a senadora, o olhar do novo do ensino médio tem que estar cada dia mais inserido no seu espaço; na sua localidade. “Requer a participação da comunidade nesses espaços coletivos de formação e leituras em relação ao meio em que está inserido, bem como aos espaços no mundo do trabalho.”

A ONG Todos pela Educação alerta que “sem o apoio do governo federal ao estado, e dos estados às escolas, o abismo entre escolas públicas e privadas permanecerá mesmo com o país tendo sua legislação melhorada.”

A aprovação pelo Legislativo, segundo Corrêa, é apenas um primeiro passo para novos desafios. “Na sequência teremos outros desafios, até que consigamos, de forma gradual, fazer as mudanças que melhorarão o ensino médio do país. Será uma fase complexa e não rápida, tomando pelo menos os anos de 2025 e 2026”, afirmou.

Segundo ele, os desafios para a implementação das novas regras passam pela preparação de infraestruturas, profissionais, materiais e pelas avaliações que são necessárias para identificar o que pode ser melhorado.

“Além disso, será necessário estabelecer uma nova comunicação [das autoridades] com estudantes e famílias sobre as mudanças que virão. Apoiar os estudantes inclusive para que eles apoiem a escola. Não adianta o poder público se preparar e as comunidades não se apropriarem desse modelo”, complementou.

Além de campanhas midiáticas, será necessária muita atuação no ambiente escolar, no sentido de preparar professores e diretores. “Serão momentos de debates sobre projetos de vida e opções disponibilizadas pelo ensino médio. Não é apenas o governo chegar e expor suas intenções. Será necessário ouvir, dialogar e envolver o jovem nesse processo de escolha. Não será algo fácil. Por isso precisaremos de uma coordenação muito boa entre MEC e secretarias estaduais/distrital de educação”.

Aulas noturnas

Outra sugestão apresentada no relatório da parlamentar é a obrigatoriedade de os estados manterem pelo menos uma escola com ensino médio regular noturno em cada município, caso haja demanda comprovada.

O relatório prevê, ainda, formação continuada de professores, de forma a garantir que eles estejam preparados para as novas diretrizes e metodologias, “com foco em orientações didáticas e reflexões metodológicas, assegurando o sucesso das transformações propostas para o ensino médio.”

Ministro

ministro da Educação, Camilo Santana, comemorou pelas redes sociais a aprovação do substitutivo na comissão do Senado. Em tom de agradecimento aos parlamentares, ele destacou, entre os avanços, a manutenção das 2,4 mil horas, conforme proposto pelo governo federal, para a formação geral básica e fortalecimento da formação técnica de nível médio.

Segundo ele, esta foi uma vitória para a educação e para a juventude do Brasil. "Prevalece o interesse maior, que é comum aos que trabalham por um país de mais oportunidades: a construção de um ensino médio capaz de contribuir para tornar a escola pública mais atrativa, gratuita e de qualidade para todas e todos”, disse.

Fonte: Agência Brasil