Bolsonaristas esperavam que ministro do STF revogasse proibição ainda em junho deste ano, mas as notícias trazidas por interlocutores não foram nada animadoras
O pessimismo voltou a tomar conta de bolsonaristas que esperavam que o ministro do STF Alexandre de Moraes autorizaria em breve Jair Bolsonaro a voltar a falar com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, informa o colunista Igor Gadelha, do portal Metrópoles.
Aliados do ex-presidente dizem ter recebido, de interlocutores próximos de Moraes, novas sinalizações de que o ministro não deve revogar agora a proibição para Bolsonaro e Valdemar manterem contato direto.
Até então, aliados e auxiliares do ex-presidente da República esperavam que Moraes revogaria a proibição ainda em junho deste ano, permitindo que Bolsonaro e Valdemar voltassem a se falar diretamente.
“Espero resolver isso nesse mês. Estou com saudades de conversar com o Bolsonaro”, afirmou Valdemar em conversa com jornalistas no último dia 12 de junho, no Senado.
A decisão de Moraes
Bolsonaro e Valdemar estão proibidos de se falar desde 8 de fevereiro por ordem de Moraes. A decisão foi dada no âmbito do inquérito que investiga suposta tentativa de “golpe de Estado” para manter Bolsonaro no poder.
Desde então, a OAB e a defesa do ex-presidente e já pediram a Moraes para revogar a proibição, mas o ministro do Supremo não cedeu. Novos pedidos foram feitos depois e ainda aguardam decisão do magistrado.
O principal argumento da defesa de Bolsonaro é de que a proibição de contato entre ele e Valdemar compromete o dia-a-dia partidário e pode prejudicar as articulações do PL para as eleições municipais de outubro.
Fonte: Agenda do Poder com informações da coluna do jornalista Igor Gadelha, no Metrópoles
Presidente considera que seus adversários são “negacionistas”, e essa ideologia não pode prosperar
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em viagem por estados do Nordeste no fim da semana, deixou claros alguns pilares de sua estratégia para as eleições municipais: viajar pelo país e apoiar candidatos de partidos aliados onde o PT não for competitivo.
Para Lula, os adversários são “negacionistas”. Nessa lógica, uma das prioridades do presidente será conter aqueles que, para ele, são políticos radicais de direita. Vale até mesmo o PT abrir mão de sua tendência histórica de lançar candidatos nas principais cidades. Se um aliado for mais forte em determinadas regiões, o PT topará compor a parceria sem o protagonismo.
“Onde não tiver candidato, vou apoiar candidato aliado. Não quero que os adversários ganhem, porque os adversários são negacionistas”, afirmou Lula em entrevista à Rádio Meio, de Teresina, durante viagem à capital piauiense.
Em outra entrevista no Nordeste, dessa vez no Ceará, o presidente abordou o mesmo tema. E disse que, nas alianças, deverá tomar cuidado para não desagradar os partidos que lhe dão base no Congresso.
Mas ressaltou que, contra “adversário ideológico”, não pensará duas vezes.
“Eu tenho que levar em conta se, nas cidades, esses partidos que me apoiam estão disputando. Eu tenho que levar em conta quem são os adversários. E, aí, naquele que o adversário for adversário ideológico, adversário negacionista, você pode ter certeza que eu vou fazer campanha”, declarou à Rádio Verdinha.
Alguns exemplos de cidades importantes onde o PT vai apoiar aliados são:
Rio de Janeiro: Eduardo Paes (PSD)
São Paulo: Guilherme Boulos (PSOL)
Recife: João Campos (PSB)
Viagens
Nos últimos dias, Lula esteve no Rio de Janeiro e fez um giro pelo Nordeste. Passou por Fortaleza, Teresina e São Luís. Inaugurou obras, participou de eventos com políticos locais, ministros e aliados e entregou casas do Minha Casa Minha Vida.
Lula fez discursos e deu entrevistas a diversas rádios locais. Se, no primeiro ano do mandato. o presidente focou em viagens internacionais, a ideia agora é intensificar as viagens internas.
“É o seguinte, as coisas estão acontecendo, as coisas vão acontecer e é por isso que eu vim aqui [Teresina]. Eu vou viajar o Brasil inteiro e acho que as coisas vão acontecer. Eu não me conformo, acho importante dizer, eu não me conformo com o retrocesso que houve no país”, anunciou o presidente.
Disse também que, para todos os lugares que for, vai dar entrevistas às rádios locais, numa estratégia para alcançar eleitores. “A partir de agora, em todas as cidades que eu visitar, meu primeiro compromisso é entrevista à radio local”, disse o presidente.
Na sequência das viagens, Lula deve ir ao Mato Grosso — um dos pólos do agronegócio nacional — para lançar o Plano Safra (programa de financiamento do governo ao agro).
Estimativa do IPCA para este ano passou de 3,96% para 3,98% e a previsão para a inflação de 2025 avançou de 3,80% para 3,85%; projeção para o PIB cresceu de 2,08% para 2,09%
As projeções dos analistas para a inflação em 2024 e 2025 voltaram a subir nesta semana, enquanto a estimativa da evolução do PIB para este ano também avançou, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (24) pelo Relatório Focus do Banco Central.
Inflação
A estimativa do IPCA para este ano passou de 3,96% para 3,98%, enquanto a previsão para a inflação de 2025 avançou de 3,80% para 3,85%. A projeção para 2026 foi mantida em 3,60%. Para 2027, a projeção continua em 3,50% há 51 semanas.
As expectativas para a variação dos preços administrado dentro do IPCA caíram de 3,95% para 3,94% em uma semana, enquanto as projeções para 2025 avançaram de 3,84% para 3,85% na mesma comparação. Para 2026, as estimativa se mantém 3,50% há 19 semanas e as de 2026 permanecem em 3,50% há 38 semanas.
Para o IGP-M, no entanto, as projeções subiram em todo o universo da pesquisa. A estimava para 2024 avançou de 3,10% para 3,22% e a projeção para 2025 passou de 3,80% para 3,81%. Para 2026, a projeção de inflação subiu de 3,75% para 3,83% e a de 2027 cresceu de 3,65% para 3,70%.
PIB
Para o produto interno bruto (PIB), a mediana das projeções de 2024 passou de 2,08% para 2,09%. A previsão para 2025 está em 2,0% há 28 semanas seguidas e a de 2026 continua nos mesmos 2,0% há 46 semanas. A estimativa também está em 2,0% para 2027, há 48 semanas.
Selic
A projeção para a taxa básica de juros (Selic) se manteve em 10,50% em 2024, enquanto a estimativa para 2025 continuou em 9,50%. Para 2026, está mantida nos mesmos 9,0%, enquanto a taxa esperada para 2027 também permaneceu em 9,0%.
Câmbio
A mediana das projeções para o dólar subiu em todo o horizonte da pesquisa mais uma vez, passado de R$ 5,13 para R$ 5,15 em 2024 e de R$ 5,10 para R$ 5,15 em 2025. A de 2026 avançou de R$ 5,12 para R$ 5,15 e a de 2027 passou de R$ 5,15 para R$ 5,18.
Resultado primário
A projeção para o resultado primário em 2024 teve uma ligeira melhora, passando de um déficit de -0,71 do PIB para -0,70% do PIB. A estimativa para 2025 se manteve em -0,60% do PIB. Para 2026, a estimativa se manteve em -0,50% do PIB, ficando no mesmo patamar há 16 semanas. Já para 2027, a previsão diminuiu de um déficit de -0,50% do PIB para -0,45% do PIB.
Dívida pública
Para a dívida líquida do setor público, a projeção para 2024 se manteve em 63,68% do PIB. E também permaneceu estacionada nos mesmos 66,50% do PIB em 2025. Para 2026, caiu de 68,45% do PIB para 68,35% do PIB, enquanto a dívida prevista para 2027 recuou de 71,14% do PIB para 70,39% do PIB.
Balança comercial
As projeções para a balança comercial brasileira voltaram a cair em toda a pesquisa. A estimativa para 2024 passou de um superávit de US$ 82,0 bilhões para US$ 81,78 bilhões, enquanto o saldo positivo estimado para 2025 passou de US$ 76,30 bilhões para US$ 76,01 bilhões na semana. Para 2026, a projeção recuou de US$ 78,0 bilhões para US$ 77,64 bilhões, enquanto em 2027 caiu de US$ 80,89 bilhões para US$ 77,0 bilhões.
Pedro Lupion (PP-PR) avalia que são grandes as chances de o projeto ser aprovado
O líder da bancada ruralista no Congresso, deputado Pedro Lupion (PP-PR), defende a aprovação de um projeto de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para que ele possa concorrer às eleições de 2026, informa a colunista Andreza Matais, do portal UOL. Lupion avalia que são grandes as chances de o projeto ser aprovado, e que o presidente Lula “dá motivos todos os dias para a direita voltar ao poder”.
“Vamos trabalhar para isso. Eu não sei como os partidos do centrão vão reagir, mas os parlamentares sobre os quais eu tenho influência, vou trabalhar para que ele possa ser aprovado”, afirmou em entrevista à colunista.
À frente de uma bancada com 350 deputados (de um total de 513) e 50 senadores (de 81), Lupion disse que só esteve duas vezes em um ano e meio com o ministro Alexandre Padilha, que faz a articulação política do governo. Mas que não vê necessidade de diálogo frequente porque, na sua avaliação, é Arthur Lira (PP-AL), a quem ele chama de “primeiro-ministro”, que comanda a pauta do país e o orçamento.
Sobre a polêmica do leilão do arroz importado, que teve a primeira tentativa cancelada pelo governo por motivo de “falcatrua”, como definiu Lula, Lupion afirma que insistir no certame só tem uma explicação: “Eu acho que tem algum interesse escuso por trás disso, só pode ser. Não vejo justificativa nenhuma para isso.”
A seguir, a entrevista:
Qual a chance de sair uma CPI para apurar o leilão do arroz importado pelo governo Lula?
Existe uma resistência de vários deputados em assinar com o argumento de que o leilão foi cancelado. Acham que a CPI teria perdido o objeto. Eu discordo. O cancelamento do leilão e as demissões que ocorreram apontam que houve algum malfeito e justifica uma CPI. É um período complicado, de recesso, eleições, a gente precisaria de uma articulação política bem grande para ser instalada. Vamos ver.
Mas o senhor enxerga a necessidade de CPI?
A gente precisa descobrir o que ocorreu. Não é a demissão de um secretário do Ministério da Agricultura [refere-se ao ex-deputado Neri Geller, colega de partido de Lupion] que vai cessar o problema. A Conab nem do Ministério da Agricultura é. Não ouvi ainda uma fala do ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário, a quem a Conab é vinculada) sobre isso.
Precisa entender como funciona o esquema, por que a corretagem desse jeito, por que o arroz desse jeito. Já está comprovado pela Conab que não há necessidade da compra do arroz, não há desabastecimento, não há sobrepreço. Nos parece uma intenção estritamente financeira ou política para botar o selo do governo num pacote de arroz. E, o pior de tudo, usando o dinheiro sob a justificativa da calamidade do Rio Grande do Sul para furar o teto em R$ 7 bilhões por um arroz que não é comprado do produtor gaúcho e, muito menos, distribuído exclusivamente para o RS; vai para o Brasil inteiro. Precisa investigar, sim.
Qual sua percepção sobre o motivo de o governo insistir em fazer um segundo leilão?
Eu acho que tem algum interesse escuso por trás disso, só pode ser. Não vejo justificativa nenhuma para isso.
O senhor diz que os dados não indicam sobrepreço ou desabastecimento. O presidente Lula está desinformado pelos seus assessores e ministros?
Acho que não tem nenhum bobo ali.
Se o governo fizer um segundo leilão, como a frente parlamentar do agro reagirá?
Estamos alertando. Dissemos ao ministro [Carlos] Fávaro que não deveria ser feito. Para fazer um novo leilão depois de todo o problema que teve esse, é porque tem um interesse muito grande por trás disso. Não posso enxergar outra coisa. Precisamos entender de onde vem todo esse interesse, qual a sanha para comprar esse arroz. Uma CPI pode investigar se é dinheiro para campanha.
Passado um ano e meio, já é possível avaliar se a Conab ter saído do guarda-chuva da Agricultura foi um erro?
Foi um erro. A gente sempre defendeu que o Ministério da Agricultura deveria ser forte. O Ministério do Desenvolvimento Agrário [a quem a Conab ficou subordinada] só trabalha para o MST.
O ministro da Agricultura é fraco?
O ministério está fraco por esse modelo que o governo criou de centralização de poder. Qualquer que fosse o ministro seria assim. Já tivemos ministros mais fortes. Hoje estamos discutindo corrupção na venda de arroz com tantos problemas que temos no setor.
Quantas vezes o senhor esteve com o ministro Alexandre Padilha, responsável pela articulação política, desde o início do governo?
Duas.
A falta de diálogo do Planalto com a bancada é normal?
É menor a necessidade de diálogo. Quando você vê essa questão orçamentária, mudou completamente a dinâmica. Há alguns anos, o deputado precisava ir toda semana em ministério, no Palácio, pedir pelo amor de Deus para liberar emenda, pagar o prefeito. Hoje não acontece isso. O orçamento é controlado basicamente por Lira. Ele fica bravo comigo, mas eu o chamo de primeiro-ministro, porque ele efetivamente tem sido o cara que comanda toda a pauta e tem conduzido as pautas mais importantes do país. Aca diminuindo a necessidade de a gente ter proximidade com o Executivo.
Mas a falta de diálogo gera derrotas para o governo…
Não há uma gestão centralizada de governo para fazer com que as pautas sejam convergentes com o momento em que a gente vive dentro do Congresso. O ministro Fernando Haddad mandar uma MP sem falar com ninguém, eu não consigo entender que eles possam achar que isso é normal. Ninguém nem sequer foi avisado. Eu disse para o Haddad que parecia que queriam colocar um bode na sala. Jogar uma bomba para tentar recolher algum estilhaço. Não tem justificativa para fazer política desse jeito.
Na conversa que o senhor teve com Haddad, ele deu alguma sinalização de que vai tentar novamente?
O presidente Lula garantiu ao presidente da CNI que o assunto PIS/Cofins de exportação estava fora da pauta. Eu não acredito. Vejo sinais obscuros de que pode vir um projeto de lei, pode vir alguma coisa. Não sei se desse assunto, de outros temas. Existe uma justificativa de combater sonegação, somos a favor de combater, mas simplesmente dar mais uma facada em quem gera emprego no país não tem nenhuma condição.
A MP acabou abalando o ministro, se especulou até na saída dele do governo. A bancada defende a troca do Haddad?
Nunca propusemos a saída de ministro nenhum. Não cabe à frente dizer quem tem que ser ministro. Sou um deputado de oposição, um deputado de direita, não apoio esse governo, nunca apoiei nenhum governo do PT e não é agora que vou apoiar. Mas, como presidente da frente, tenho um grupo diverso e não posso falar algo a favor ou contra alguém sem consultar a minha base.
O presidente da CNA falou em desgoverno e que não conversaria com Lula. O diálogo está interrompido?
O presidente João Martins é um senhor extremamente respeitado em todas as esferas, conduz a maior entidade do país, não é muito de ter rompantes de falar. O contexto foi um pouco diverso, ele queria se referir ao debate sobre PIS/Cofins. E não tem que conversar mesmo. Não tem margem para negociação nesse assunto. A deputada Gleisi [Hoffmann, presidente do PT] foi fazer tuíte, a turma se aproveita. Mas é óbvio que o presidente da maior entidade representativa do país tem que ter o mínimo de diálogo com o Executivo. Apesar de não termos muitos motivos para agrado.
O senhor concorda com a opinião dele de que o governo Lula é um “desgoverno”?
Total. É um desgoverno no sentido em que não é possível que o presidente da República e o ministro da Economia não se conversem, que não tenha um tipo de articulação mínima dentro do governo de um ajudar o outro e tentar negociar pautas. É um monte de gente batendo cabeça.
A FPA tem um candidato à presidência da Câmara no próximo biênio (o mandato de Lira se encerra em fevereiro de 2025)?
Não. Vamos apoiar quem tiver os compromissos conosco da mesma maneira como fizemos com Lira. Não votamos em bloco nesse tema, mas vamos recomendar o voto naquele que fechar compromisso conosco na nossa agenda, mas não adianta ficar bonzinho só agora, tem que ter o mínimo de coerência nesses períodos todos junto conosco.
Tem acordo com o Lira para votar no candidato dele?
Não.
Pode vir a ter?
Pode. Com Lira temos uma parceria excepcional. Tudo o que combinou, ele cumpriu. Não há exigência de apoiar o candidato dele, mas imagino que quando ele anunciar o nome, ele vai fazer o candidato dele negociar conosco.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, é o candidato da direita em 2026?
Admiro, gosto, é um nome excepcional, mas acho que o [ex-]presidente Jair Bolsonaro deveria ter condições de disputar a eleição. Discordo da inelegibilidade dele.
Tem algum caminho para ele conseguir disputar?
Depende do Judiciário, não de nós.
Um projeto de anistia pode ser votado pelo Congresso…
Eu apoio totalmente.
Teria votos para aprovar?
Bastante.
Bastante a ponto de ser aprovado?
Vamos trabalhar para isso. Eu não sei como os partidos do centrão vão reagir, mas os parlamentares sobre os quais eu tenho influência, vou trabalhar para que ele possa ser aprovado.
Quem vai apresentar o projeto?
Não sei.
Neste segundo semestre?
Não sei. A eleição é só em 2026. Acho que é justo ele ter condições de disputar as eleições. Se Bolsonaro não for candidato, acho que é justo o governador Tarcísio, o governador Ronaldo Caiado [Goiás], o Ratinho Jr [Paraná], a Tereza Cristina [senadora]. Nenhum deles vai enfrentar o outro. Será tudo uma grande composição.
O senhor vê espaço para a direita voltar ao poder em 2026 mesmo derrotada pela esquerda em 2024?
Sem dúvida. O governo tem dado motivos todos os dias para a direita voltar ao poder.
Fonte: Agenda do Poder com informações da colunista Andreza Matais, do portal UOL