sábado, 22 de junho de 2024

Moraes diz que não vai se manifestar sobre carta de deputado dos EUA sobre “censura”

 

Alexandre de Moraes. Foto: Divulgação


O presidente da subcomissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Chris Smith (Republicanos), provocou um novo embate diplomático ao solicitar que o ministro do STF Alexandre de Moraes se manifeste sobre alegações de censura e abusos judiciais no Brasil.

Na sexta-feira (21), Smith, conhecido por sua proximidade com o ex-presidente Donald Trump, reacendeu o debate ao pressionar o Supremo Tribunal Federal brasileiro. Em uma carta formal, ele solicitou esclarecimentos sobre decisões judiciais que resultaram no banimento de perfis e conteúdos de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Durante uma sessão temática realizada em maio de 2024, intitulada “Brasil: a crise da democracia, liberdade e do Estado de Direito?”, Smith ouviu depoimentos preocupantes que, segundo ele, levantaram sérias questões sobre a saúde democrática no Brasil.

Agora, o congressista norte-americano espera que Moraes se pronuncie em até 10 dias úteis a respeito dos supostos abusos de poder e restrições à liberdade de expressão. Durante a sessão de maio, que contou com a presença de nove congressistas brasileiros da oposição, foram ouvidos quatro depoentes.

Os depoentes incluíram Michael Shellenberger, jornalista norte-americano e autor do “Twitter Files”; Christopher Pavlovski, fundador do Rumble, rede social que saiu do Brasil em 2023 devido a discordâncias com decisões judiciais; Paulo Figueiredo Filho, jornalista investigado por suposta disseminação de desinformação durante as eleições de 2022, e neto do ex-presidente João Figueiredo (1918-1999) e Fábio de Sá e Silva, advogado brasileiro e professor na Universidade de Oklahoma.

A sessão foi marcada por tensões e aplausos à congressista Maria Elvira Salazar (Republicana), que criticou abertamente Alexandre de Moraes durante o evento.

Este novo episódio intensifica as tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, colocando em foco os limites da liberdade de expressão e os poderes judiciais no país sul-americano. Enquanto o debate continua, a repercussão internacional sobre o tema promete ser intensa nos próximos dias.

No documento, o congressista solicita essas informações porque está colaborando com outros deputados para desenvolver legislação sobre o assunto. O Congresso dos EUA tem a prerrogativa de propor leis que estabeleçam sanções contra países ou indivíduos por violações comprovadas de direitos humanos, desde que essas propostas sejam votadas antes de se tornarem lei.

Chris Smith. Foto: Divulgação

Confira a íntegra da tradução da carta de Chris Smith:

“Prezado Ministro Alexandre de Moraes:

“Escrevo-lhe na condição de integrante do Congresso e Presidente da Subcomissão de Saúde Global, Direitos Humanos Globais e Organizações Internacionais.

“Em 7 de maio, presidi uma audiência pública da subcomissão intitulada ‘Brasil: Uma Crise de Democracia, Liberdade e Estado de Direito?’. O objetivo desta audiência foi discutir os alarmantes relatos de violações generalizadas dos direitos humanos cometidas por autoridades brasileiras, incluindo má conduta judicial, perseguição à oposição política, supressão da liberdade de expressão e silenciamento da mídia de oposição. Os depoimentos dados na audiência forneceram fatos e evidências críveis e substanciais sobre esses problemas, e traçaram um quadro profundamente perturbador do estado da democracia e dos direitos humanos no Brasil. A audiência levantou sérias preocupações entre os integrantes do Congresso dos EUA sobre o estado da democracia no Brasil.

“Devido à gravidade do assunto, e para garantir que as relações entre os Estados Unidos e o Brasil sejam conduzidas com base em informações precisas, solicito respeitosamente que o senhor forneça esclarecimentos sobre os seguintes assuntos:

1.     “Existem atualmente jornalistas ou outros indivíduos cujo conteúdo está sujeito à censura prévia por sua ordem, incluindo, mas não se limitando a medidas como bloqueio de contas em redes sociais, remoção de sites ou conteúdo online, ou quaisquer outras ações que impeçam a publicação ou livre disseminação de informações?;

2.   “O senhor tem conhecimento da emissão de quaisquer ordens que tenham resultado no fechamento ou suspensão das operações de veículos de comunicação no Brasil? Da mesma forma, o senhor tem conhecimento de quaisquer ações tomadas por uma entidade governamental que tenham dificultado jornalistas de exercer suas funções profissionais, como o congelamento de seus ativos financeiros ou a imposição de restrições às suas liberdades civis, incluindo ordens de prisão ou o cancelamento de seus passaportes?;

3.   “Algum integrante do Congresso brasileiro foi processado, investigado ou sujeito a medidas preventivas, como congelamento de bens ou restrições de viagem, devido a opiniões expressas ou ações tomadas no curso do exercício de suas funções legislativas?;

4.   “Em suas investigações e processos contra civis, o senhor observou o devido processo legal, incluindo fazer as devidas notificações e citações em casos de indivíduos residentes nos Estados Unidos?;

5.    “O senhor tem conhecimento de alguma instância de repressão transnacional, incluindo o uso de agências dos EUA ou organizações internacionais operando nos EUA, como a Interpol, para assediar indivíduos atualmente em território dos EUA e sob jurisdição dos EUA? Em 21 de maio, a Comissão de Justiça (equivalente à CCJ da Câmara) enviou uma carta ao Diretor do FBI afirmando que o Comitê Judiciário havia encontrado evidências de que, agindo em nome do governo brasileiro, o FBI havia contatado 2 residentes dos EUA, um dos quais era um jornalista alvo de ordens de censura emitidas por tribunais brasileiros. Por favor, compartilhe qualquer informação que o senhor tenha sobre este e outros casos.;

6.   “O senhor solicitou dados ou emitiu ordens contra empresas ou indivíduos que não estão sob sua jurisdição geográfica, incluindo empresas ou indivíduos sob a jurisdição dos Estados Unidos?;

7.    “O senhor exigiu que empresas ou indivíduos dos EUA cumprissem ordens cuja legalidade é questionável sob a lei brasileira, incluindo ordens que ameaçam empresas ou indivíduos dos EUA com ações legais contra seus funcionários, com multas ou com bloqueio, proibição e/ou desconexão deles no Brasil?

“Solicito respeitosamente que o senhor forneça uma resposta dentro de 10 dias úteis, pois estou atualmente trabalhando em uma legislação relacionada a este assunto com outros integrantes da Câmara.

“Como o senhor deve saber, tive o prazer e o privilégio de viajar para o seu país, de conhecer e trabalhar em questões de direitos humanos e estado de direito com muitos brasileiros e brasileiros-americanos, e permaneço profundamente comprometido em fortalecer a relação entre os EUA e o Brasil.

“Atenciosamente,

“CHRISTOPHER H. SMITH”


Fonte: DCM

 

Paraná vai perder parte de território para Santa Catarina por erro de medição feita há mais de 100 anos

 Área é 490 hectares, equivalente a cerca de 500 campos de futebol


O Paraná vai perder 490 hectares de área para Santa Catarina a partir de 2025. O terreno pertence a um morador de Guaratuba (PR) que, após uma medição feita por ele mesmo, descobriu que o trecho está em território catarinense, diferentemente do que mostra a delimitação definida pelo Exército brasileiro entre 1918 e 1919.


O proprietário do terreno procurou o Instituto Água e Terra (IAT) do Paraná e levantou o questionamento sobre o território, que é equivalente a cerca de 500 campos de futebol, considerando as dimensões máximas estipuladas pela Fifa de 120 metros de comprimento e 90 metros de largura.


Com essas informações, o IAT, que tem um departamento específico sobre a gestão territorial do estado, realizou uma vistoria presencial nos pontos indicados pelo paranaense e fez uma avaliação de documentos antigos, confirmando a inconsistência na marcação feita pelo Exército.


“Localizamos os marcos originais e tivemos que atravessar locais onde o acesso é difícil. Encontramos os endereços corretos e tivemos que corrigir os mapas”, explicou o engenheiro florestal Amauri Simão Pampuch, da Diretoria de Gestão Territorial do IAT.

 

g1 procurou o Exército para comentar o erro na medição, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.


A linha amarela indicada no mapa abaixo mostra a divisa antiga entre o Paraná e Santa Catarina. A nova demarcação está simbolizada na linha vermelha.


A principal mudança está no limite entre os municípios de Guaratuba (PR) e Garuva (SC). Na prática, a alteração representa somente 0,002% da área do estado paranaense, mas, segundo o engenheiro florestal do IAT, pode impactar pessoas que têm terrenos na região.


“Se a divisa é ajustada, o imóvel pode vir acontecer de estar em um estado, mas, na verdade, pertencer a outro”, comentou.

 

Os limites entre os municípios foram revistos pelo IAT em 2022. Nos estados, este tipo de acontecimento é mais raro.


“A divisa hoje é justa, é o que sempre deveria ter sido feito. Mas, por mapeamentos equivocados, estava errada. Essa correção ajuda as prefeituras e os dois estados na gestão dos territórios”, disse Pampuch.

A Prefeitura de Guaratuba (PR), que perderá território, disse em nota que ainda precisa fazer uma análise para definir os impactos da mudança.


“A Secretaria Municipal de Urbanismo fará análise da revisão da área territorial para levantar os impactos territoriais, eventuais equipamentos públicos e, ainda, na arrecadação tributária”, disse.


Também em nota, a Prefeitura de Garuva (SC) informou que ainda receberá toda a documentação e novas coordenadas geográficas, para depois identificar todos os imóveis na área, informar aos proprietários, modificar o mapa territorial e avançar o zoneamento do Plano Diretor.


O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que “acompanha atentamente as atualizações na divisão territorial do país, e que em caso de mudanças nos limites municipais, as devidas atualizações nos totais populacionais são implementadas em tempo hábil”.


Fonte: Agenda do Poder com informações do portal G1

Pesquisas Quaest revelam a influência de Lula e Bolsonaro na escolha do candidato em 4 das 10 maiores cidades do RJ

 No Rio, 22% dos eleitores votariam em candidato de Bolsonaro e 19% em alguém apoiado por Lula


Quatro pesquisas Quaest divulgadas neste mês mostram que, em 4 das maiores cidades do Rio de Janeiro, parcelas significativas do eleitorado votaria em um candidato apoiado por Lula (PT) ou Jair Bolsonaro (PL) mesmo que não o conhecessem.


A análise foi feita em reportagem do jornal O Globo.


Na capital, 22% dos eleitores votariam num escolhido por Bolsonaro, mesmo sem conhecê-lo; 19%, em um indicado por Lula – como a margem de erro é de três pontos percentuais, os dois padrinhos políticos estão empatados tecnicamente.


Em Duque de Caxias, a 3ª maior cidade do estado, os percentuais são ligeiramente maiores: 29% votariam num apadrinhado de Bolsonaro, mesmo desconhecido e 24%, em um de Lula (novo empate técnico.


Em Nova Iguaçu a 4ª maior, as fatias sobem para 35% e 26%, respectivamente — na cidade, então, o ex-presidente é um padrinho mais forte que o petista — entre os 4 municípios, a cidade foi a em que Bolsonaro levou a maior vantagem sobre Lula no 2º turno eleição de 2022 (veja como foi a votação em 2022 no Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Nova Iguaçu e Belford Roxo).


E, em Belford Roxo, 29% dos eleitores votariam em um candidato apoiado por Lula e 28%, por Bolsonaro.


Para Felipe Nunes, diretor da Quaest, os números mostram a influência elevada que Lula e Bolsonaro devem ter nas eleições de 2024.


“Nos Estados Unidos, é o padrão ter dois polos que polarizam a disputa e são capazes de mobilizar um percentual considerável do eleitorado. Em padrões brasileiros, parece muito, porque no caso brasileiros a gente ainda não teve vetores políticos tão fortes”, diz. “É neste cabo de guerra entre os dois lados que as candidaturas locais vão tentar se apoiar para buscarem alavancagem política.”

 

Impacto é maior para candidatos menos conhecidos

O apadrinhamento nacional em eleições municipais costuma beneficiar, principalmente, candidatos que são menos conhecidos do que os que possuem nomes consolidados, segundo Nunes.

É o caso do Rio de Janeiro, onde o apoio de Bolsonaro faz o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) saltar de 11% para 29%. O atual prefeito, Eduardo Paes (MDB), por outro lado, oscila de 51% sem o apoio de Lula (PT) para 47% com ele (a variação está dentro da margem de erro, que é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos).


“Paes é um político tradicional, conhecido e reconhecido na cidade. Padrinhos políticos não são fundamentais para políticos com essa trajetória. Ramagem, ao contrário, é um político novo, desconhecido e pouco testado. Ter o apadrinhamento de uma liderança nacional o posiciona automaticamente em um campo calcificado com um terço das preferências eleitorais. Ele se beneficia disso”, diz Felipe Nunes.

 

Em Nova Iguaçu, o apoio de Lula e do deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) faz as intenções de voto do empresário e ex-vereador Tuninho da Padaria (PT) subirem de 18% para 29%, uma variação acima da margem de erro; e o apoio de Bolsonaro e do atual prefeito, Rogério Lisboa (PP), fazem o vereador Dudu Reina (PDT) sair de 13% para 38%, passando do 3º para o 1º lugar na disputa.


“As eleições municipais também são marcadas pelo apoio de lideranças locais, bem ou mal avaliadas, que podem ajudar ou atrapalhar, principalmente quando o cenário é de apresentação de novo candidato à sucessão do atual prefeito”, diz Felipe Nunes.


Em Duque de Caxias, onde os melhores colocados na disputa segundo a Quaest são o ex-prefeito, ex-deputado estadual e ex-vereador Zito (PV); e Netinho Reis (MDB), um integrante da família Reis, da qual fazem parte o atual prefeito, Wilson Reis, e o antecessor, Washington Reis (que saiu para assumir o cargo de secretário estadual de Transportes do RJ), os impactos dos apoios são menores.


Zito vai de 40% sem para 42% com o apoio de Lula; e Netinho, de 23% sem para 29% com o apoio de Bolsonaro e de Washington Reis (ambas variações dentro da margem de erro, que é de 3 pontos).


E, em Belford Roxo, o deputado estadual mais votado do RJ em 2022, Márcio Canella (União Brasil), oscila de 55% sem para 53% com o apoio de Bolsonaro.


Já o apoio de Lula tem um impacto maior na campanha de Matheus do Waguinho (Republicanos), que vai se candidatar pela primeira vez a um cargo eletivo. Com o apoio de Lula, Matheus – que é sobrinho do prefeito, Waguinho (Republicanos), vai de 27% para 36%, uma subida 1 ponto percentual acima do limite da margem de erro, que é de quatro pontos para mais ou para menos.


Pesquisa


A Quaest fez as pesquisas no mês de junho nas cidades do Rio de Janeiro, Belford Roxo, Duque de Caxias e Nova Iguaçu:


  • Rio de Janeiro: foram ouvidos 1.145 eleitores com 16 anos ou mais entre os dias 13 e 16 de junho. A margem de erro estimada é de 3 pontos percentuais e o nível de confiança de 95%. A pesquisa foi registrada junto à Justiça Eleitoral sob o número RJ-04459/2024.

  • Belford Roxo: foram ouvidos 614 eleitores com 16 anos ou mais entre os dias 14 e 15 de junho. A margem de erro estimada é de 4 pontos percentuais e o nível de confiança de 95%. A pesquisa foi registrada junto à Justiça Eleitoral sob o número RJ-06957/2024.

  • Duque de Caxias: foram ouvidos 715 eleitores com 16 anos ou mais entre os dias 14 e 16 de junho. A margem de erro estimada é de 3 pontos percentuais e o nível de confiança de 95%. A pesquisa foi registrada junto à Justiça Eleitoral sob o número RJ-09839/2024.

  • Nova Iguaçu: foram ouvidos 708 eleitores com 16 anos ou mais entre os dias 14 e 16 de junho. A margem de erro estimada é de 4 pontos percentuais e o nível de confiança de 95%. A pesquisa foi registrada junto à Justiça Eleitoral sob o número RJ-08487/2024.

Fonte: Agenda do Poder

Chinês criador das cidades-esponja diz que Brasil pode ser referência

 

Conceito paisagístico faz enchente deixar de ser ameaça

No momento em que os brasileiros ainda acompanham, quase que incrédulos, as consequências causadas pelos temporais de abril e maio no Rio Grande do Sul, o Brasil recebeu a visita do arquiteto e paisagista chinês Kongjian Yu, criador do conceito cidade-esponja, que se utiliza da própria natureza para melhor resistir à ocorrência crescente de tempestades.

“Espero que o Brasil possa ser referência sobre como devemos construir o mundo”, diz o professor da Universidade de Pequim, que veio ao país a convite do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Ele participou, na última terça-feira (18), de um seminário na sede do banco, no Rio de Janeiro, sobre experiências nacionais e internacionais na reconstrução de cidades devastadas por tragédias ambientais.

Rio de Janeiro (RJ), 18/06/2024 – O arquiteto e paisagista da Universidade de Pequim, Kongjian Yu durante debate “Reconstrução de cidades e mudança climática: experiências internacionais e nacionais para o Rio Grande do Sul e o Brasil”, no BNDES, no centro da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Arquiteto e paisagista da Universidade de Pequim, Kongjian Yu durante debate “Reconstrução de cidades e mudança climática: experiências internacionais e nacionais para o Rio Grande do Sul e o Brasil” - Tomaz Silva/Agência Brasil

O encontro foi motivado pela calamidade que atingiu o Rio Grande do Sul, classificada pelo governador gaúcho, Eduardo Leite, como o “maior desastre climático do Brasil” em termos de extensão territorial e impacto econômico. Mais de 170 mortes foram confirmadas.

Kongjian Yu ressaltou que ficou impressionado com a ênfase que o BNDES tem dado a assuntos relacionados à busca de um futuro mais verde. “Eu nunca tinha ouvido uma instituição financeira falar tanto sobre mudanças climáticas, soluções verdes e determinação para o Brasil virar referência na construção de um futuro sustentável”, disse.

“Estou orgulhoso de estar aqui para compartilhar a minha experiência de como o planeta pode ser sustentável”, completou.

Origem camponesa

Yu contou que começou a pensar no conceito de cidade-esponja ao perceber que o vilarejo em que ele morava, em Zhejiang, província no leste da China, estava sendo recorrentemente afetada por inundações.

Segundo o professor, os problemas se agravaram à medida em que avançava o que ele chama de “infraestrutura cinza”, a presença crescente de concreto nas cidades, canalizando rios e impermeabilizando grandes áreas.

Dessa forma, ele colocou em prática projetos de paisagismo que privilegiam a própria natureza para lidar com enchentes, priorizando grandes áreas alagáveis e presença de vegetação nativa. Assim, partes de cidades se tornam uma espécie de esponja, com capacidade de receberem inundação e dar “tempo” para o escoamento da água, diminuindo danos a áreas habitadas.

“A enchente passa a não ser uma inimiga, resume.

O sucesso do projeto de Yu fez com que o paisagismo cidades-esponja fosse usado em maior escala em mais de 250 cidades chinesas e replicado também fora do país.

Em 2023, o pioneirismo e alcance do conceito renderam a Yu o Prêmio Internacional de Arquitetura Paisagística Cornelia Hahn Oberlander.

O conceito desenvolvido por Yu não se limita a criar áreas cuja única finalidade é ser um espaço alagável. Ele trabalha com a harmonização entre construções e natureza. Os exemplos mais recorrentes são parques que, durante estações de seca, são frequentados pelas pessoas. Muitos são um emaranhado de trilhas e passarelas cercadas por pequenos lagos e muito verde. “Seguros e bonitos”, descreve.

Yu atribui esse conhecimento de lidar com o ambiente sem intervenções drásticas – construção de muros de contenção e canalização de rios – à sabedoria de antepassados.

“Não é nada novo para aqueles que viviam há milhares de anos em regiões de monções”, disse, se referindo à temporada de ventos que causam tempestades no sudeste asiático.

China. Projeto de cidade-esponja do paisagista e arquiteto chinês Kongjian Yu. Jinhua Harbin Qunli Stormwater Park. Foto Divulgação escritório Turenscape
China. Projeto de cidade-esponja do paisagista e arquiteto chinês Kongjian Yu. Jinhua Harbin Qunli Stormwater Park. - Foto Divulgação escritório Turenscape

Contra infraestrutura cinza

Kongjian Yu é crítico da infraestrutura cinza.

“Gastamos bilhões de dólares canalizando rios, construindo represas, diques, tentando evitar que cidades e aldeias sejam inundadas”.

Segundo o arquiteto, essas intervenções devem ser consideradas para resolver questões imediatas no curto prazo apenas. “Não existe represa segura sempre, o que aumenta o perigo potencial de inundações”, declarou.

“Espero que o Brasil possa aprender com isso. Aprender com o que deu errado na China”, adverte, se referindo ao uso crescente de intervenções da engenharia.

Ele cita ainda que a produção de cimento é um emissor de gases do efeito estufa. Assim, diminuir a presença da infraestrutura cinza contribui diretamente para a redução do nível de poluentes liberados para a atmosfera.

O paisagista chinês defende que o conceito de cidade-esponja é uma solução sistemática para uma trajetória de resiliência, uma filosofia oposta à infraestrutura cinza, e que consiste em reter a água onde ela cai “Essa é a ideia do planeta esponja”, assinala.

O professor da Universidade de Pequim explica que parte do aumento do nível do mar - fenômeno que ameaça ilhas e países costeiros - se dá por causa do escoamento de água pluvial e, segundo Yu, caso essa água fique armazenada na região em que acontecem as chuvas, poderia ser absorvida na mesma área, diminuindo o volume levado para os oceanos.

China. Projeto de cidade-esponja do paisagista e arquiteto chinês Kongjian Yu. Jinhua Harbin Qunli Stormwater Park. Foto Divulgação escritório Turenscape
China. Projeto de cidade-esponja do paisagista e arquiteto chinês Kongjian Yu. Jinhua Harbin Qunli Stormwater Park.- Foto Divulgação escritório Turenscape

Brasil

Yu enalteceu a biodiversidade brasileira e mostrou-se entusiasmado com o papel que o Brasil pode exercer no planeta. “Vocês são uma esperança, são um país muito jovem ainda”.

Apesar do otimismo, ele criticou a forma em que a agricultura é cultivada. “Vejo quilômetros e quilômetros de soja. Não há espaço para a água. Vocês podem estar usando técnicas erradas. Uma pequena e simples solução pode mudar a situação dramaticamente: tornem a terra em uma esponja para captar mais água”, recomendou.

O arquiteto considera que um dos primeiros passos para a elaboração de cidades-esponja é a criação de um plano diretor, em que fique claro “qual espaço ceder para água e onde não construir”.

Ele orienta que as áreas alagáveis sejam preenchidas com florestas, parques e lagos. “A nossa solução é tirar o muro. Deixar a água entrar. A água irriga o parque”.

Os muros de contenção são, na visão do paisagista, uma ameaça. Ele explica que quando acontecem transbordamentos, as superfícies de concreto funcionam como barreiras que impedem a água de retornar para o leito dos rios.

Outro fator negativo é que rios canalizados - geralmente mais retilíneos e com menos curvas que traçados naturais - aumentam a velocidade do fluxo d’água, em vez de retardá-la.

Segundo Yu, é preciso planejamento para que rios canalizados sejam transformados em rios-esponja, com vegetação, pequenas ilhas verdes que absorvam parte da água. “Nós temos que pensar grande”, incentiva.

Ele entende que, em vez de quilômetros e mais quilômetros de muros de contenção, é preferível criar uma “parede belíssima que respira, com vegetação nativa, um corredor verde, bem no meio da cidade”.

Kongjian Yu considera que iniciativas individuais também podem contribuir para que as cidades exerçam melhor a função de esponjas. Ele dá o exemplo de prédios e apartamentos que podem absorver a água da chuva. “É possível coletar e levar para a varanda, irrigando hortas”, detalha.

“Nós precisamos repensar a maneira com que reconstruímos nossas cidades. Buscar uma solução baseada na natureza”, finaliza.

Fonte: Agência Brasil

Brasil perde para Japão e buscará bronze na Liga das Nações Feminina

 

Até então invicta, seleção de vôlei é superada por 3 sets a 2

Após 13 jogos de invencibilidade na Ligas das Nações de Vôlei Feminino (LNV), a seleção brasileira, atual líder do ranking mundial, sofreu o primeiro revés na semifinal contra o Japão, equipe que já fora derrotada pelo país na primeira fase desta edição do torneio. No entanto, no duelo deste sábado (22), em Bangacoc (Tailândia), quem levou a melhor foram as asiáticas, que chegaram pela primeira vez na história a uma final de LNV. Hoje, as brasileiras saíram atrás no placar, arrancaram o empate por duas vezes ao longo do jogo, mas sucumbiram no tie-break por 3 sets a 2 (6-24, 21-25, 25-22, e 12-15).

Neste domingo (23), a partir das 7h (horário de Brasília), a seleção comandada por José Roberto Guimarães volta à quadra contra a Polônia – derrotada pela Itália, na outra semi – para brigar pela medalha do bronze. A decisão do título da LNV ocorrerá na sequência, às 10h, entre Japão e Itália (campeã em 2022 ao derrotar o Brasil na final).

"Claro, é difícil falar agora. É sempre difícil jogar contra o Japão. Eles defendem muito. Nós também fazemos, mas hoje acho que nosso contra-ataque não foi tão bom. Nem foi o nosso saque. Elas colocaram muita velocidade em seus sets e chutes, então estávamos lutando um pouco com as posições certas”, disse Carol à VBTV, da  Federação Internacional de Voleibol (FIVB). “Foi um jogo difícil e agora é importante descansar, porque amanhã temos outro jogo e temos que estar prontos para voltar a lutar. Claro que é muito frustrante, porque queríamos vencer o torneio, mas o Japão fez um excelente trabalho", analisou a ponteira. 

A sequência de 13 vitórias seguidas do Brasil na LNV alçou a seleção feminina à liderança do ranking mundial da Federação Internacional de Voleibol (FIVB). Ao assumir o topo da lista, o Brasil assegurou a posição número 1 (cabeça de chave) do Grupo B na Olimpíada de Paris. Na mesma chave da seleção está Polônia, Japão e Quênia. O torneio de vôlei em Paris 2024 está programado para o período de 27 de julho a 11 de agosto. 

Brasil encara França na LNV masculina

Após duas derrotas seguidas – contra Estados Unidos e Canadá – a seleção masculina de vôlei faz jogo decisivo contra a França, atual campeã olímpica, às 4h deste domingo (24), em Manila (Filipinas) para avançar às quartas de final. Sétimo colocado na classsificação geral, com 20 pontos, o Brasil precisa, no mínimo, ganhar dois sets na partida contra os franceses para garantir a classificação. A Franca ocupa a sétima posição, com 21 pontos. Apenas as sete seleções mais bem colocadas ao fim da primeira fase classificatória, mais a Polônia (por ser país-sede da fase final do torneio), avançam às quartas. A LNV reúne as 16 seleções mais bem ranqueadas do mundo.

No embate deste domingo (23) os brasileiros contarão com o reforço do levantador Bernardinho, já recuperado de lesão na panturrilha, que o tirou de quadra por mais de 15 dias.

Classificada para os Jogos de Paris, a seleção masculina busca o bicampeonato na LNV – o primeiro título foi obtido em 2021. A fase final da LNV masculina (a partir das quartas) ocorrerá de 27 a 30 de junho, em Lodz (Polônia).

Fonte: Ag~encia Brasil