Especialistas preveem estação quente e irregularidades climáticas no Brasil
O inverno começa oficialmente
no Hemisfério Sul nesta quinta-feira (20) às 17h50, horário de Brasília. A
transição do outono para a estação mais fria do ano é marcada pelo solstício de
inverno, fenômeno em que o planeta atinge o ponto mais distante do Sol,
aparentando uma pausa em sua trajetória.
Segundo o astrônomo Thiago Gonçalves, diretor do
Observatório do Valongo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em
entrevista à Agência Brasil, o
solstício acontece duas vezes ao ano, uma em junho e outra em dezembro. A
inclinação do eixo da Terra faz com que um hemisfério fique mais exposto à luz
solar, iniciando o verão, enquanto o outro entra no inverno.
Apesar da chegada do inverno, o meteorologista Vinícius Lucyrio, da
Climatempo, prevê uma estação quente, semelhante ao outono. "A tendência é
de temperaturas acima da média nos próximos três meses, especialmente no
Sudeste e Centro-Oeste", afirma Lucyrio. Os principais fatores para as
temperaturas anormais e chuvas irregulares listados pelo G1 são:
- Bloqueios
atmosféricos: Menos
massas de ar frio conseguem avançar pelo interior do país, resultando em
extremos de calor, mesmo durante o inverno.
- Águas
aquecidas do Oceano Atlântico: Interferem na atmosfera, alterando os
padrões típicos do inverno, mesmo com a atuação do fenômeno La Niña, que
geralmente traz frentes frias mais fortes para o Brasil.
Embora o inverno seja previsto com médias de temperaturas mais altas, os
meteorologistas alertam que ainda haverá dias frios, com maior variabilidade
térmica em comparação ao ano passado.
Previsões para o Inverno nas Regiões do Brasil
1. Frio e Fenômenos Climáticos:
·
Boa parte do país terá temperaturas
acima da média, mas ondas de frio devem ocorrer, principalmente no Sul.
·
Maior potencial para geada e neve no
Sul, sul do Mato Grosso do Sul e algumas áreas de São Paulo, especialmente
entre a segunda quinzena de julho e o início de setembro.
1. Ondas de Calor:
·
Prováveis no fim da estação, com
agosto e setembro tendendo a temperaturas muito acima da média.
1. Seca na Amazônia:
·
Tendência de baixa acelerada do nível
dos rios até a primeira quinzena de outubro, com marcas semelhantes às de 2023.
1. Chuvas no Nordeste:
·
Altos volumes de chuva ainda são
esperados em julho, especialmente no leste nordestino, embora a tendência geral
seja de volumes entre a média e um pouco abaixo.
1. Queimadas:
·
Maior número de focos de queimadas e
área queimada em comparação a 2023, devido à irregularidade de chuvas e altas
temperaturas prolongadas.
Influência do La Niña
A Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA)
indica que o Oceano Pacífico está em fase neutra, mas observa-se uma tendência
de resfriamento, sinalizando a instalação do La Niña nos próximos meses.
"O La Niña deve se instalar definitivamente entre a segunda quinzena de
julho e o início de agosto", prevê Lucyrio.
Os efeitos clássicos do La Niña no Brasil incluem:
- Aumento de chuvas no Norte e Nordeste;
- Tempo seco no
Centro-Sul;
- Condições mais
favoráveis para a entrada de massas de ar frio.
Tendências Climáticas Mensais
- Julho: Possibilidade de ser o mais quente já
registrado, com temperaturas acima da média e grandes amplitudes térmicas.
- Agosto: Maior variabilidade de temperaturas no
Sul, com períodos de calor predominando.
- Setembro: Prováveis novas ondas de calor, com
temperaturas acima da média e chuvas abaixo da média em quase todo o país.
O próximo fenômeno climático significativo será o
equinócio, que ocorrerá em setembro, quando dia e noite terão a mesma duração e
ambos os hemisférios serão igualmente iluminados, segundo Gonçalves. A duração
completa do ciclo até o próximo solstício de inverno é de 365 dias, 48 minutos
e 46 segundos, necessitando o ajuste do calendário com o ano bissexto a cada
quatro anos.
Fonte: Brasil 247 com Agência Brasil