"Situações como essa evidenciam o desrespeito ao princípio da isonomia que deveria reger a administração pública", afirma o subprocurador-geral Lucas Furtado
Em um movimento que pode desencadear profundas discussões
sobre a sustentabilidade financeira e a equidade dos benefícios previdenciários
no Brasil, o subprocurador-geral Lucas Furtado, do Ministério Público junto ao
Tribunal de Contas da União (TCU), apresentou uma representação para que a
corte examine detalhadamente o sistema de proteção dos militares e o impacto
nas contas públicas das pensões destinadas às filhas de membros das Forças
Armadas, informa a Folha de S. Paulo.
A representação surge em um contexto
de preocupação com o equilíbrio fiscal do país. Furtado, em sua solicitação,
menciona a manifestação do ministro do TCU, Walton Alencar Rodrigues, que
destacou a Previdência Social, focando particularmente no sistema militar.
Rodrigues chamou atenção para a capacidade limitada de cobertura desse sistema
e seu "monumental déficit per capita".
Um dos
pontos centrais da discussão é a pensão vitalícia para filhas solteiras de
militares, um benefício que tem sido amplamente criticado por suas distorções e
pelas situações fictícias que pode induzir. Embora o benefício tenha sido
extinto para novos ingressos na carreira militar a partir de 2001, projeções
indicam que os custos associados a essa pensão continuarão a onerar o governo e
a sociedade até pelo menos 2060.
Lucas Furtado sublinha que, mesmo
após a extinção da pensão vitalícia para novos militares, os encargos futuros
permanecem consideráveis. "Não estou aqui a ir de encontro ao direito
adquirido. Tampouco causar insegurança jurídica em situações já decididas
judicialmente. Se o direito existe, que o seja respeitado. Contudo, a meu ver,
situações como essa evidenciam o desrespeito ao princípio da isonomia que
deveria reger a administração pública como um todo", afirmou Furtado.
O
subprocurador-geral enfatiza que o princípio da isonomia é crucial para
assegurar que não haja discriminação ou privilégios indevidos na sociedade e na
aplicação das leis. "No momento em que classes são privilegiadas com
direitos diferentes dos demais, há desrespeito a esse princípio tão importante
para a justiça e a equidade na sociedade", argumenta.
Além disso, Furtado alerta que os
números indicam que o sistema de proteção dos militares, como está configurado
atualmente, pode ameaçar o equilíbrio fiscal do país. "Os privilégios
concedidos a certas categorias, especialmente quando sustentados por recursos
públicos, precisam ser constantemente reavaliados para garantir que a
administração pública opere de maneira justa e sustentável", completou.
Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo