Pessoa prepara ‘cigarro de maconha’ – Foto: Reprodução
A Comissão de Constituição e Justiça
(CCJ) da Câmara deve votar, nesta quarta-feira (12), a Proposta de Emenda
Constitucional (PEC) que criminaliza o porte de drogas na Constituição,
independentemente da quantidade. O texto, já aprovado pelo Senado em abril,
surge em resposta ao Supremo Tribunal Federal (STF), que atualmente julga a
descriminalização do porte de maconha. O deputado Ricardo Salles (PL-SP),
relator do projeto na CCJ, manteve o texto original do Senado, evitando a
necessidade de nova votação pelos senadores caso seja aprovado na Câmara.
No STF, o placar está em 5 votos a 3 pela descriminalização da posse e
porte de maconha, o que diverge da proposta em discussão no Congresso. A PEC
propõe a inclusão da criminalização do porte de qualquer quantidade de droga na
Constituição, um posicionamento oposto ao que está sendo analisado pelo
Supremo.
Atualmente, a Lei das Drogas estabelece que é crime
adquirir, guardar, transportar, ou cultivar drogas para consumo pessoal. As
penas aplicadas não incluem prisão, mas sim serviços comunitários e medidas
educativas. Contudo, a lei não especifica uma quantidade exata para diferenciar
usuários de traficantes, deixando a interpretação a cargo da Justiça.
Essa falta de clareza levou o STF a julgar a questão,
enquanto o Congresso busca uma solução definitiva através da PEC. O texto, de
autoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), visa elevar o tema
ao patamar constitucional, solidificando a criminalização do porte de qualquer
quantidade de droga.
Rodrigo Pacheco, presidente do Senado – Foto: Reprodução
A PEC foi aprovada no Senado com 53 votos a favor e 9 contra. A
proposta insere na Constituição a determinação de que a posse ou porte de
qualquer quantidade de droga sem autorização é crime.
A PEC prevê que “sejam observadas as circunstâncias
fáticas do caso concreto para distinguir o traficante do usuário, aplicando ao
usuário penas alternativas à prisão e tratamento contra dependência”. Contudo,
não define critérios objetivos para essa distinção, similar à lei atual.
No STF, a maioria já votou para estabelecer uma
quantidade que diferencie usuário de traficante, mas a decisão sobre a
quantidade exata e se deve ser tomada pela Corte ou pelo Congresso ainda está
em debate. A análise foi interrompida em março, após o ministro Dias Toffoli
pedir vista. Embora ele já tenha devolvido o processo, a data para a retomada
da análise não foi marcada.
Os ministros Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes, Edson
Fachin, Alexandre de Moraes e a aposentada Rosa Weber votaram pela
descriminalização do porte de maconha para consumo pessoal. Por outro lado,
Cristiano Zanin, André Mendonça e Nunes Marques votaram contra. Toffoli, Luiz
Fux e Cármen Lúcia ainda não se posicionaram, deixando a decisão em aberto.
Fonte: DCM