Governo Milei nega a presença de golpistas brasileiros no país. Fotomontagem
O governo da Argentina negou neste sábado (8) ter conhecimento da
presença em seu território de foragidos dos ataques de 8 de janeiro de 2023 em
Brasília, após a imprensa brasileira noticiar que a Polícia Federal argentina
saberia que cerca de 60 fugitivos estão no país.
“Ainda não temos nenhuma informação desse tipo, não
temos alertas vermelhos sobre essas pessoas (…) o Ministério da Segurança não
recebeu nenhum tipo de solicitação, nem da Interpol, nem de pessoas, nem de
nomes, nem de listas”, afirmou a ministra da Segurança, Patrícia Bullrich, em
declarações à Rádio Mitre.
Na quinta-feira, a Polícia Federal anunciou a captura de cerca de 50
“fugitivos” ligados à invasão das sedes dos Três Poderes por apoiadores do
ex-presidente Jair Bolsonaro, no âmbito de uma operação especial que busca
encontrar e prender mais de 200 pessoas.
Veículos de imprensa brasileiros noticiaram que cerca de
60 fugitivos estavam na Argentina e que alguns deles haviam solicitado “asilo
político” ao presidente ultraliberal Javier Milei, aliado político de
Bolsonaro. Bullrich não comentou nem mencionou o suposto pedido de asilo.
No dia 8 de janeiro de 2023, milhares de seguidores de
Bolsonaro invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal
Federal, exigindo uma intervenção das Forças Armadas que depusesse o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e denunciando supostas fraudes nas eleições.
Bolsonaro, que perdeu por uma pequena diferença para
Lula no pleito presidencial de 2022, compareceu à Polícia Federal no ano
passado sob suspeita de ter instigado a insurreição em Brasília.
Submarino Kazan será uma das atrações em Cuba. Foto: Reprodução
De acordo
com autoridades cubanas um submarino nuclear russo, Kazan, e outros três outros
navios da marinha russa, visitarão Havana entre os dias 12 a 17 de junho. O
ministério das forças armadas revolucionárias de Cuba, no entanto, assegurou
que os navios não transportarão armas nucleares, já que a parada não representa
uma ameaça para a região.
A
presença de forças militares russas tão próximas dos EUA, especialmente com um
submarino nuclear, sublinha as tensões em torno da guerra na Ucrânia, onde o
governo ucraniano, apoiado pelo Ocidente, luta contra a invasão russa.
A
visita também coincide com a participação do presidente Joe Biden na cúpula dos
líderes do G7 na Itália. O presidente russo, Vladimir Putin, sugeriu que Moscou
poderia tomar medidas assimétricas em resposta ao apoio.
A
relação entre Rússia e Cuba tem se estreitado desde uma reunião em 2022 entre
os presidentes Miguel Diaz-Canel e Vladimir Putin. Durante a Guerra Fria, Cuba
foi um aliado significativo da União Soviética, e a instalação de mísseis
nucleares soviéticos na ilha resultou na Crise dos Mísseis de 1962.
Secretaria Estadual da Educação do Paraná. Foto: Divulgação
A Secretaria Estadual da Educação do Paraná (Seed) gerou controvérsias
ao colocar diversos documentos em sigilo por cinco anos. A medida, assinada
pelo diretor-geral da secretaria, João Luiz Giona Jr., abrange contratos,
relatórios e outros registros administrativos, provocando debates sobre
transparência e acesso à informação.
A resolução que impõe o sigilo foi publicada na última
terça-feira (4) e abrange uma gama significativa de documentos, incluindo
procedimentos administrativos, contratos vigentes, relatórios de gestão e até
manifestações sobre denúncias.
Essa ação ocorreu no mesmo dia em que um projeto de lei
polêmico foi sancionado, autorizando a transferência da administração de
colégios estaduais para empresas privadas.
Diretor-geral da secretaria, João Luiz Giona Jr. Foto: Divulgação
A decisão da Seed desencadeou críticas e questionamentos, especialmente
após a divulgação de um vídeo contrário à greve dos professores, enviado aos
pais por meio de dados internos das escolas. Esse episódio levantou
preocupações sobre a adequação às leis de proteção de dados pessoais.
O diretor-geral da secretaria justificou o sigilo como
uma medida para proteger projetos de pesquisa e desenvolvimento, bem como áreas
de interesse estratégico. No entanto, especialistas apontam que a lista de
documentos sob sigilo não segue os critérios estabelecidos pela Lei de Acesso à
Informação (LAI) de 2012.
Luiz Fernando Toledo, pesquisador em transparência,
considera a ação da secretaria atípica, enquanto o advogado especializado em
Direito Constitucional, Antônio Kozikoski, destaca a falta de clareza nos
motivos para a proteção dos documentos.
Diante das críticas, a deputada Ana Júlia (PT) assinou
um requerimento nesta sexta-feira (7) para remover o sigilo dos documentos da
Secretaria de Educação, evidenciando a pressão por transparência e acesso à
informação.
O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) mobilizou uma multidão de
apoiadores em um evento de pré-campanha para a prefeitura de São Paulo. Em um
discurso inflamado, Boulos defendeu os direitos dos sem-teto e criticou a ação
dos bancos na questão habitacional, afirmando que são eles os verdadeiros
responsáveis por retirar moradias das pessoas.
O evento, que teve lugar em uma casa de shows na Barra
Funda, zona oeste de São Paulo, contou com a presença de cerca de 4.000
pessoas, segundo estimativas da equipe de Boulos. Políticos, sindicalistas,
líderes religiosos, artistas e empresários estiveram presentes, demonstrando
seu apoio à candidatura do deputado.
Durante o evento, Boulos destacou sua trajetória de luta pelos direitos
dos menos favorecidos, reafirmando seu compromisso com a causa dos sem-teto. Em
um momento, Boulos fez referência a Pablo Marçal, do PRTB, como uma extensão da
atual gestão municipal, liderada por Ricardo Nunes do MDB: “Que venham com as
mentiras, com a máquina e até com coach picareta.”
Além disso, Boulos aproveitou para lançar críticas à
administração atual da cidade, prometendo mudanças e melhorias caso seja
eleito. Entre suas propostas, destacou o uso de câmeras corporais pela Guarda
Civil Metropolitana como medida de transparência e segurança pública.
A presença de Marta Suplicy, ex-secretária de Relações
Internacionais do atual prefeito, Ricardo Nunes, trouxe um novo elemento ao
evento. Em seu discurso, Marta elogiou as qualidades de Boulos, sugerindo uma
falta dessas características na gestão atual.
Guilherme Boulos ao lado de Marta Suplicy. Foto: Divulgação
O evento, marcado por discursos inflamados e promessas políticas,
demonstrou o poder de mobilização da campanha de Boulos, que busca conquistar a
prefeitura de São Paulo nas próximas eleições.
A presença de figuras proeminentes, como o
ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da
República, Alexandre Padilha, e personalidades da mídia, como a atriz Samara
Felippo e a chef Bela Gil, reforçou o apoio e a visibilidade do candidato.
Além disso, a presença de empresários que antes apoiavam
outras correntes políticas, como Rosangela Lyra, evidencia uma mudança de
cenário político na cidade, com setores que tradicionalmente não se alinhavam à
esquerda agora demonstrando apoio a Boulos.
O evento contou também com a presença de pré-candidatos
a vereador e cabos eleitorais, indicando uma mobilização ampla e diversificada
em torno da campanha do deputado.
O Exército Brasileiro está no centro de uma polêmica após dados
revelarem que mais de R$ 20 milhões são desembolsados anualmente em pensões
para familiares de militares expulsos da Força por condenações judiciais.
Conhecidos como “mortos fictícios”, esses ex-militares
perderam seus postos e patentes devido a crimes ou infrações graves, resultando
em pensões pagas a 310 familiares. Essa é a primeira vez que esses dados são
divulgados publicamente, obtidos pela organização Fiquem Sabendo por meio da
Lei de Acesso à Informação.
A figura jurídica do “morto fictício” foi criada em 1960 para garantir
que militares expulsos não percam o direito à pensão militar, já que parte de
seus salários era destinada a esse benefício durante o período de serviço.
Exercito brasileiro. Foto: Divulgação
Entre os casos destacados, nove
coronéis estão listados como “mortos fictícios”. Um deles, Ricardo Couto Luiz,
foi condenado em 2015 por tráfico de drogas, enquanto outro, Paulo Roberto
Pinheiro, teve sua “morte fictícia” reconhecida em 2023 devido a seu
envolvimento em fraudes em contratos do Hospital Militar de Área de Recife.
Essa revelação reacende o debate sobre os privilégios das Forças
Armadas, especialmente em relação aos gastos com pessoal. A legislação que rege
as pensões militares sofreu diversas alterações ao longo dos anos, mas críticos
argumentam que esses benefícios perpetuam privilégios dentro do Estado
brasileiro.
As preocupações com os gastos excessivos das Forças
Armadas foram levantadas recentemente pelo Tribunal de Contas da União (TCU),
gerando discussões sobre a necessidade de revisão desses benefícios.
No entanto, as cúpulas militares permanecem vigilantes
contra eventuais tentativas de redução desses benefícios, destacando um embate
em potencial sobre o futuro dos gastos com pessoal no Exército.
Michelle Bolsonaro em evento do PL Mulher neste sábado (08). Reprodução
A
ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, presidente do PL Mulher, afirmou neste
sábado (8.jun.2024) que “não é fácil” ser esposa do ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL). Com informações do Poder 360.
“Porque
gente, eu sou casada com um homem atípico. Então, o meu casamento é atípico.
Não é fácil ser esposa de Jair Messias Bolsonaro”, disse Michelle durante o
evento PL Mulher em Palmas (TO). Eles estão casados desde 2007 e têm uma filha,
Laura, de 13 anos.
Durante
o evento, a ex-primeira-dama também comentou que os cristãos foram negligentes
por não se envolverem na política: “Nós, como cristãos, fomos negligentes
porque antes de sermos de cristãos, nós somos cidadãos, e temos que exigir os
nossos direitos”.
Entrada é gratuita nessas praias acessíveis apenas por grandes áreas privadas pontilhadas por mansões no meio da mata atlântica
Em uma primeira tentativa de acessar a praia de Tijucopava, no Guarujá (SP), litoral de classe média alta, o segurança do loteamento residencial particular não abriu a cancela, justificando que a estrada estava interditada desde fevereiro para reparos. O caminho alternativo ficava adiante, no loteamento vizinho, onde outro funcionário perguntou qual quadra e lote seriam visitados. Ao saber que o destino era a faixa de areia, pediu o RG do motorista e contou quantas pessoas estavam no carro antes de entregar um crachá com o número de uma das 65 vagas do estacionamento.
A entrada é gratuita nessas praias acessíveis apenas por grandes áreas privadas pontilhadas por mansões no meio da mata atlântica. Contudo, as frequentes abordagens de seguranças e as restrições à circulação lembram ao visitante que aquele é um lugar ao qual ele não pertence.
No momento em que a chamada “PEC das Praias” inflama debates sobre o direito de uso de terras próximas ao litoral, repórteres da Folha de S. Paulo visitaram quatro empreendimentos imobiliários no litoral de São Paulo nos quais a vigilância de proprietários é legalizada e se apresenta de forma ostensiva. Modelos semelhantes também existem em vários estados e diversos outros pontos da costa brasileira.
Praias são um bem de uso comum e o acesso a elas é livre, garantido pelo Código Civil, e o texto da Proposta de Emenda à Constituição relatado pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) não pode mudar isso, diz o advogado Godofredo de Souza Dantas Neto, especialista em direito constitucional e urbanístico.
O que o projeto pretende é transferir os chamados terrenos de marinha em áreas urbanas da União para estados, municípios ou proprietários privados. Essas áreas ocupam uma faixa de 33 metros a partir da linha de influência das marés (medida em 1831) e a aprovação da proposta está relacionada à garantia patrimonial para quem já tem imóvel nesses locais, além de tirar dos cofres da União o dinheiro arrecadado com a cobrança de impostos.
Quando a questão envolve o acesso por áreas privadas, porém, essa liberdade garantida pela legislação civil brasileira encontra uma combinação de obstáculos criados por normas municipais.
No caso de quatro loteamentos no Guarujá, o controle de acesso é delegado aos proprietários e esse poder tem respaldo em legislações ambientais, informou a prefeitura.
Nos dias de calor, quando já nas primeiras horas da manhã há o esgotamento do número de vagas nos estacionamentos públicos próximos às praias, só carros de proprietários e convidados passam pelas cancelas que dão acesso às sinuosas estradas com ótimo calçamento de blocos de cimento.
Distâncias de até cinco quilômetros até o mar por vias íngremes desencorajam o percurso a pé. Além disso, o carro é a melhor forma de chegar à entrada e, para continuar o percurso sem o automóvel, é preciso deixá-lo perto ou no próprio acostamento da rodovia, onde estará sujeito a multas.
Quem consegue avançar se depara com um trajeto sombreado pela floresta preservada de onde é possível espiar casarões com quadras de tênis, campos de futebol e piscinas, alguns com acesso direto às praias de areias claras e finas. Os mais distantes têm quadriciclos nas garagens. Imóveis que podem passar dos R$ 40 milhões em anúncios na internet.
Na areia estão proibidas tendas, barracas e a circulação de bicicletas. Placas pedem que não se faça barulho, tudo respaldado por leis municipais, diz a prefeitura.
A infraestrutura é ainda mais impressionante no Iporanga, o mais conhecido entre os loteamentos da região. Criado em 1983, possui cerca de 400 casas distribuídas por 248 hectares – cerca de 2,5 quilômetros quadrados. Os estacionamentos públicos têm 95 vagas para acesso a três praias: São Pedro, das Conchas e Iporanga. O crachá colocado no carro determina para qual delas o visitante deve se dirigir e não é permitido ir com o veículo para o estacionamento de outra praia.
O relatório de impacto ambiental da Associação de Proprietários de Iporanga diz que 150 funcionários zelam pela área, entre os quais há 95 seguranças.
Para chegar às praias, a Folha foi questionada por três deles, em diferentes pontos, sobre o destino e a intenção da circulação no local. A administração também poderia conferir a movimentação pelas câmeras.
Todos os serviços, como o tratamento de resíduos, são custeados pelos proprietários, afirma o biólogo Ronaldo Justo, gerente de meio ambiente do loteamento Iporanga. “As restrições são para garantir a sustentabilidade”, diz.
Embora as regras ambientais confiram autoridade para as associações de proprietários controlarem os acessos, em ao menos um ponto, que diz respeito ao horário de permanência nas praias, a prefeitura diz que as entidades podem estar extrapolando sua autonomia.
Em linhas gerais, os condomínios liberam o acesso às praias enquanto o dia está claro. Apesar de afirmarem que a permanência noturna não é proibida, orientam aos visitantes que saiam à noite devido à ausência de salva-vidas, correnteza mais forte e pouca ou nenhuma iluminação nas vias.
A administração municipal afirma que a restrição de horários de permanência nas praias não é autorizada, mas recomenda aos frequentadores que evitem utilizar as praias ao anoitecer.
Independentemente de qual ente é o responsável pela gestão do espaço, prefeituras, governos estaduais e federal têm autoridade para desapropriar áreas para melhorar o acesso ao mar, afirma o advogado Godofredo Dantas Neto. “Basta declarar a área de interesse público para a construção de uma passagem”, diz.
Fonte: agenda do Poder com informações da Folha de S. Paulo.
Líderes partidários acreditam que a proposta necessita de maior amadurecimento e debate
A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 3, de 2022, conhecida como PEC das Praias, está paralisada no Senado Federal devido à repercussão negativa e ao debate polarizado sobre o tema.
Líderes partidários acreditam que a proposta necessita de maior amadurecimento e debate. Está sendo considerada a possibilidade de realizar uma sessão de debates no plenário para esclarecer pontos controversos, com um requerimento para tal sessão de autoria do senador Jorge Kajuru (PSB-GO), aprovado na última semana, mas ainda sem data definida.
O tema ganhou destaque nas redes sociais após uma audiência pública no Senado, especialmente depois da atriz Luana Piovani manifestar-se contra a matéria e criticar o jogador de futebol Neymar por sua parceria com uma incorporadora para construção de empreendimentos de luxo na costa brasileira, o que levou Neymar a responder e a intensificar o debate online.
A PEC, de autoria do ex-deputado federal Arnaldo Jordy (Cidadania-PA), propõe a revogação de um trecho da Constituição para permitir a transferência gratuita de territórios de marinha para habitações de interesse social e para estados e municípios.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é contrário ao texto, argumentando que a proposta pode dificultar o acesso da população às praias, favorecendo a especulação imobiliária e o interesse de empreendimentos costeiros.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), relator da proposta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, negou que a PEC vá restringir o acesso da população às praias, afirmando que elas continuarão sendo de uso comum de todos os brasileiros. No entanto, ele admitiu que fará alterações no texto.
Caso aprovada, a PEC permitirá que áreas de marinha sejam transferidas aos ocupantes particulares inscritos na Secretaria de Patrimônio da União (SPU) e àqueles que comprovarem ocupação de boa-fé nos últimos cinco anos. A proposta já foi aprovada na Câmara dos Deputados em 2022. Para ser aprovada no Senado, precisa passar pela CCJ e obter 49 votos favoráveis no plenário.
Como se trata de uma mudança constitucional, Câmara e Senado precisam chegar a um consenso sobre o texto antes de ser promulgado pelo presidente do Congresso.
Governador Ronaldo Caiado disse que PMs de Goiás não vão usar câmeras corporais
O governo federal vai financiar a compra de câmeras corporais para as Polícias Militares dos estados que aderirem ao protocolo estabelecido pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública para o uso desses equipamentos.
Essa revelação foi feita pelo secretário nacional de Segurança Pública, Mário Luiz Sarrubbo, durante o seminário Segurança Pública, Direitos Humanos e Democracia, organizado pelo Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (Iree) e pelo IDP. O evento, promovido em Brasília, na sede do IDP, teve início nesta quinta-feira (6/6) e foi encerrado nesta sexta (7/6).
Em sua participação no seminário, Sarrubbo destacou que é bastante limitada a atuação da União na formulação de uma política de segurança pública para o país.
O principal instrumento para isso, em sua análise, é o Fundo Nacional de Segurança Pública, por meio do qual a União repassa verbas aos estados para apoiar projetos — entre os quais está a compra de equipamentos. Em 2024, está disponível R$ 1,08 bilhão para o fundo.
“Vamos ser francos, o que vai acontecer com as câmeras corporais: vamos pagar. As câmeras estão à disposição dos estados que quiserem. O Ministério da Justiça e da Segurança Pública vai ceder esses equipamentos, desde que haja adesão aos protocolos que criamos.”
Esses protocolos foram estabelecidos em portaria publicada no final de maio, criando diretrizes sobre o uso de câmeras corporais pelos órgãos de segurança pública. Elas precisam ser acionadas em 16 situações pré-definidas.
“Tenho grande convicção de que os estados vão aderir ao projeto. Essa política vai avançar. Mas, convenhamos, é muito pouco”, afirmou Sarrubbo, ainda no contexto das limitadas possibilidades que a União tem de estabelecer políticas de segurança pública.
Aqui, não
O uso de câmeras corporais pelas Polícias Militares chegou a ser tema de uma ordem do Superior Tribunal de Justiça. A 6ª Turma da corte deu prazo para os estados implementarem o equipamento ao decidir sobre uma causa de invasão de domicílio sem autorização judicial.
Essa determinação foi derrubada por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, em dezembro de 2021. Ele deu provimento a um recurso do Ministério Público de São Paulo, entendendo que o STJ extrapolou a própria competência ao criar obrigação para as PMs.
Há estados em que as polícias usam câmeras corporais. Há outros, como São Paulo, em que o governador já foi contra, mas hoje promete adesão — a licitação para a compra de equipamentos pela administração de Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi contestada no STF.
E há aqueles terminantemente contra, como é o caso de Goiás. O governador goiano, Ronaldo Caiado (União Brasil), falou no evento imediatamente depois de Sarrubbo e prometeu que nenhum policial da PM-GO vai usar o equipamento.
“Quem tem de ter câmera é aquele que está naquele sistema ali onde usa uma tornozeleira eletrônica, é aquele que sabe forjar a tornezeleira no tal do semiaberto. E vou botar câmera nas celas nas penitenciárias.”
Segundo Caiado, a maioria da população se preocupa com o avanço do tráfico de drogas e das organizações criminosas, que têm mais homens e melhores armamentos do que as polícias. Em sua opinião, a discussão sobre as câmeras acaba por tirar do foco o assunto principal.
“Eu devo ter alguma limitação, porque não consigo interpretar a lógica da câmera no policial. É um fator que vai inibir o narcotráfico de agir como está agindo? Aí você tem um policial que diz: ‘Eu vou construir prova contra mim? Eu não. Eu vou cruzar os braços’.”
Primeiro, Caiado disse que o lema, no seu estado, é “o bandido muda de posição ou muda de Goiás”. Depois, afirmou que há uma corregedoria que garante que a polícia não extrapole os limites. “Ali as pessoas sabem que minha polícia, quando sai, é pra resolver e proteger a população.”
Antes da participação do governador, Sarrubbo falou sobre a importância das câmeras corporais. Ele disse que o equipamento protege o bom policial, diminui a morte de agentes, reduz a letalidade contra a população, aumenta a eficiência do trabalho e qualifica as provas. “Não consigo conceber por que alguém pode ser contra câmera corporal.”
Fonte: Agenda do Poder com informações do Conjur – Consultor Jurídico