sábado, 8 de junho de 2024

Câmara de Apucarana aprova projeto para armar Guarda Municipal

 

Projeto de lei foi aprovado durante sessões extraordinárias realizadas na quinta-feira

Sessões extraordinárias aconteceram na tarde da quinta-feira (6)
 

Durante duas sessões extraordinárias realizadas na quinta-feira (6), a Câmara Municipal de Apucarana aprovou projeto de lei encaminhado pelo Executivo Municipal que institui a Corregedoria e a Ouvidoria da Guarda Civil Municipal (GCM) de Apucarana. 


Trata-se do primeiro passo para que o Poder Executivo Municipal possa dotar a corporação de armas de fogo, de acordo com a Lei Federal nº 13.022/14 que trata do Estatuto das Guardas Civis Municipais. Atualmente, Apucarana conta com 29 agentes efetivos e mais 23 aspirantes que estão em fase de treinamento.  


Outros seis projetos de lei enviados pelo Executivo também foram aprovados e um foi retirado de pauta, o Projeto de Lei nº 57 de 2024, que altera dispositivos da Lei Municipal nº 059, de 07 de julho de 2022.


Confira na íntegra os projetos aprovados na quinta-feira, (6):


1 - Projeto de Lei nº 54 de 2024 – de autoria do Executivo Municipal, autoriza a abertura de Crédito Adicional de Transposição no orçamento do Município, no valor de R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais), conforme especifica. 


2 - Projeto de Lei nº 55 de 2024 – de autoria do Executivo Municipal, autoriza a abertura de Crédito Adicional Especial no valor de R$ 182.915,04 (cento e oitenta e dois mil, novecentos e quinze reais e quatro centavos), conforme especifica. 


3 - Projeto de Lei nº 56 de 2024 – de autoria do Executivo Municipal, dispõe sobre a concessão de Contribuição para a Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Apucarana para o atendimento ao "Programa Casa Fácil", como especifica. 


4 - Projeto de Lei nº 58 de 2024 – de autoria do Executivo Municipal, autoriza o Executivo Municipal a proceder à alienação de imóvel e dispõe sobre a concessão de incentivos previstos na Lei Municipal nº 009, de 25/03/2002, para a Empresa V. FARIAS - RECICLADOS - ME, como especifica. 


5 - Projeto de Lei nº 59 de 2024 – de autoria do Executivo Municipal, institui a Corregedoria e a Ouvidoria da Guarda Civil Municipal de Apucarana perante a Lei Federal nº 13.022/14, que dispõe sobre o Estatuto Geral das Guardas Municipais, assim como demais legislações vigentes, conforme especifica. 


6 - Projeto de Lei nº 60 de 2024 – de autoria da Mesa Executiva, fixa os subsídios dos vereadores, do presidente, secretário administrativo e procurador geral da Câmara Municipal de Apucarana para a legislatura 2025 a 2028, e dá outras providências. 

7 - Projeto de Lei nº 61 de 2024 – de autoria da Mesa Executiva, fixa em parcela única, o subsídio mensal do prefeito, vice-prefeito, dos secretários municipais e procurador jurídico do Município de Apucarana para a legislatura 2025 a 2028, como especifica. 

Fonte: Câmara Municipal

 


Rivaldo Barbosa estabeleceu diretrizes para o assassinato de Marielle, diz Ronnie Lessa

 

De acordo com o ex-PM, os irmãos Brazão, suspeitos de terem sido os mandantes do crime, defendiam as recomendações do ex-chefe da Polícia Civil do Rio

Ronnie Lessa
Ronnie Lessa (Foto: Reprodução)

O ex-policial militar Ronnie Lessa sinalizou que as pessoas envolvidas no assassonato da ex-vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL) pretendiam seguir algumas normas adotadas pelo ex-chefe da Polícia Civil do estado do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa.

De acordo com o ex-PM, os irmãos Chiquinho Brazão (deputado federal expulso do União Brasil-RJ) e Domingos Brazão (ex-conselheiro do Tribunal de Contas - TCE-RJ) queriam implementar diretrizes estabelecidas pelo delegado para não deixar autoridades descobrirem detalhes do crime. Na época do assassinato, Barbosa era chefe da Polícia Civil do Rio. Ele e os irmãos Brazão foram presos.

“Isso chamou muita atenção também porque a impressão que ele passa é que o Rivaldo é quase parte integrante do plano inicial, isso ele passa pra gente de uma forma, que ele batia a cabeça de uma forma que ele reverenciava o Rivaldo, era o suporte da operação”, disse Lessa, conforme relato da CNN.

Investigadores apuram se o crime tem a ver com as denúncias feitas por Marielle contra a exploração imobiliária ilegal no municípios do Rio, o que teria contrariado interesses da família Brazão.

A ex-vereadora foi morta por integrantes do crime organizado em março de 2018, num lugar sem câmeras na região central do Rio. Lessa é réu confesso - ele efetuou os disparos que mataram a ex-parlamentar. Quem dirigia o carro onde ele estava era outro miliciano, Élcio Queiroz, que admitiu ter conduzido o veículo.

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Chiquinho e Domingos Brazão e Marielle Franco. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados | Reprodução/Marielle, o documentário | Mídia NINJA

Fonte: Brasil 247

 

Delação de Ronnie Lessa aponta que a ordem para assassinar Marielle foi dada na manhã do dia do crime

 

O miliciano afirmou ter recebido uma ligação do ex-sargento da Polícia Militar Edmilson Macalé para colocar em prática o plano de matar a então vereadora

Ronnie Lessa
Ronnie Lessa (Foto: Lucas Landau/Reuters)

O miliciano e ex-policial militar Ronnie Lessa afirmou, em delação premiada, que a ordem de assassinar a ex-vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL) foi dada na manhã do crime, dia 14 de março de 2018. Ela morreu vítima de tiro naquela noite. De acordo com a CNN, Lessa disse ter recebido uma ligação do ex-sargento da Polícia Militar Edmilson Macalé por volta de 10h e 10h30 da manhã. 

"A gente já estava esperando a gente esperava esse momento. Já era uma … A gente já estava ansioso por isso, né? Porque estava demorando muito. Quando ele ligou ele falou assim: ‘Tá preparado?’. Eu falei … É hoje, eu imaginei".

Assassinato em 2021, o sargento da PM Edmilson da Silva de Oliveira, o Macalé, foi quem apresentou a Lessa o "trabalho" de executar Marielle. Foi o que disse outro miliciano, Élcio Queiroz, que admitiu ter dirigido o carro de onde Lessa efetuou os disparos, num lugar sem câmeras na região central do Rio. 

"Ele falou: ‘Realmente teve uma informação, ela tem uma reunião marcada no centro da cidade à noite e … e vamos tentar proceder aí, cara. Só que, mais uma vez eu não estou presente, eu não vou estar presente, e … e você aciona a pessoa que estaria na reserva disponível para isso’", contou à PF. Essa pessoa seria Élcio, afirmou Lessa. 

Fonte: Brasil 247 com informações da CNN

 

Haddad defende fim dos subsídios para o 'andar de cima'

 

Ministro da Fazenda criticou aumento de 300% na devolução de impostos a empresas

Fernando Haddad
Fernando Haddad (Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)

Em entrevista coletiva nesta sexta-feira (7) em São Paulo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu mudanças na devolução de impostos a empresas pelo sistema de compensação do PIS/Cofins, destacando a necessidade de justiça fiscal. Haddad criticou o aumento de 300% nos gastos com créditos presumidos, que subiram de R$ 5 bilhões para R$ 22 bilhões em três anos. "Tem alguma coisa errada", afirmou. 

Segundo Haddad, essa prática contribuiu para um déficit público de cerca de R$ 2 trilhões acumulado em 10 anos. "Precisamos subvencionar quem necessita, não o andar de cima", destacou o ministro.

A mudança proposta faz parte de uma medida provisória (MP) enviada ao Congresso para compensar a desoneração da folha de pagamento de empresas e municípios, decisão mantida pelo Congresso após derrubar veto do presidente Lula. Haddad explicou que a urgência da MP se deve a uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que impôs um prazo de 60 dias para recomposição das receitas perdidas. "Se ficássemos inertes, a liminar do STF voltaria a vigorar", disse o ministro, ressaltando que ainda há tempo para dialogar com o Congresso.

Haddad minimizou as críticas de setores do Congresso e do empresariado sobre a MP, sugerindo que muitos críticos ainda não leram o texto completo e que a Receita Federal está disponível para esclarecer dúvidas. "O Congresso Nacional, de posse dos números, tomará a melhor decisão", afirmou. Ele enfatizou que a Lei de Responsabilidade Fiscal se aplica a todos, não apenas ao Executivo.

O ministro garantiu que as mudanças na compensação do PIS/Cofins não prejudicarão o setor exportador e que o principal impacto será uma maior transparência. Haddad também mencionou seu diálogo contínuo com parlamentares e a necessidade de equilíbrio e justiça tributária, especialmente na questão da taxação de importações online de até US$ 50, que classificou como "contrabando" e que anteriormente havia sido ignorada.

Fonte: Brasil 247

Ronnie Lessa sobre o assassinato de Marielle: polícia do Rio "tava toda na mão"

 

Novos detalhes da colaboração premiada do miliciano apontam para a tentativa de usar o Judiciário para acobertar o crime

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Rivaldo Barbosa e Marielle Franco: Tomaz Silva/Agência Brasil | Bernardo Guerreiro/Mídia NINJA

Réu confesso por ter dado os tiros que mataram a então vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL), em março de 2018, o ex-policial Ronnie Lessa afirmou ter recebido garantias de um ambiente tranquilo para cometer o crime já que a Polícia Civil do Rio "tava toda na mão". 

De acordo com o miliciano, o ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro Domingos Brazão teria tranquilizado ele sobre as possíveis consequências do crime na esfera policial.

Lessa disse que o ex-membro do TCE-RJ se referia a um acordo já firmado com o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa. "Ele [Domingos] não falava de outro delegado, nem de inspetor, nem de ninguém. Ele falava exclusivamente de Rivaldo Barbosa", de acordo com o portal Metrópoles.  

Conforme a delação, Barbosa teria colocado uma condição para se envolver no homicídio: o crime não podia partir da Câmara Municipal do Rio de Janeiro para evitar que hipóteses de um crime político surgissem nas investigações. "“[…] não poderia acontecer nada se não fosse cumprir essa exigências de que o crime não poderia partir da Câmara de Vereadores", afirmou Lessa. 

A ex-parlamentar foi morta por integrantes do crime organizado em março de 2018 num lugar sem câmeras na região central do Rio. Antes do assassinato, o carro onde estavam dois milicianos (Lessa e Élcio de Queiroz) perseguiu por cerca de três a quatro quilômetros o veículo onde estava Marielle.

Investigadores apuram se a motivação do crime foram as denúncias feitas pela ex-vereadora contra a exploração imobiliária ilegal no Rio, o que teria contrariado interesses da família Brazão. 

 

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles

Campos Neto: não tenho planos para depois do mandato no Banco Central

 

O presidente do Banco Central vem sendo cada vez mais pressionado a baixar com mais velocidade a taxa de juros

Roberto Campos Neto
Roberto Campos Neto (Foto: Pedro França/Agência Senado)

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira (7), na cidade de São Paulo, que não existe a possibilidade de atuar no governo ou em iniciativa privada após deixar o cargo em 31 de dezembro. Políticos aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva têm pressionado o dirigente a baixar com mais velocidade a taxa de juros, atualmente em 10,50%, para estimular o acesso ao crédito, ao poder de consumo, e o crescimento da economia.

"Não tenho plano. Falaram que vou abrir fintech em Miami, trabalhar em indústria, ser ministro. A única coisa que eu posso garantir é que eu vou dar um descanso durante o tempo", afirmou num seminário realizado pela corretora Monte Bravo, em São Paulo, nesta sexta-feira (7).

Em maio, integrantes do Comitê de Política Monetária, ligado ao Banco Central, diminuíram a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, de 10,75% ao ano para 10,50% ao ano. Foi o sétimo corte seguido na taxa básica de juros. O recuo teve início em agosto de 2023. No começo das reduções, a Selic estava em 13,75% ao ano. Desde então, o comitê vinha reduzindo a Selic no mesmo ritmo: 0,5 ponto percentual a cada encontro. Com a decisão do mês passado, o corte na Selic foi de apenas 0,25 p.p.

Fonte: Brasil 247

Líder do MST diz que Governo Lula "não está fazendo nada na reforma agrária"

 

Apesar das críticas, Stédile enfatizou a necessidade em defender o presidente diante dos ataques de "seus inimigos": "O governo Lula foi eleito por nós e temos que defendê-lo"

João Pedro Stedile
João Pedro Stedile (Foto: Reprodução/MST)

RT - O economista João Pedro Stédile, líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), criticou a política de democratização da terra do Governo Lula em uma entrevista recentemente publicada pelo veículo ''O Joio e o Trigo''.

"O Governo não está fazendo nada na reforma agrária. É uma vergonha", declarou Stédile ao veículo. "Nós já estamos há um ano e meio, não avançamos. Desapropriação não avançou. O crédito para os assentados não avançou, nem o Pronera [Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária]", acrescentou.

Para Stédile, a dificuldade enfrentada pelo presidente Lula para instituir políticas públicas mais robustas se deve à composição do Governo de "Frente Ampla". Apesar de reconhecer a importância da estratégia para "derrotar o Bolsonaro", o ativista adverte sobre o seu impacto na resolução dos "prolemas da população". "Por isso que não decola o aumento da popularidade. Ao contrário, está diminuindo", acrescenta.

"Já perdi a paciência de ouvir ministro dizer que não há incompatibilidade entre a agricultura familiar e o agronegócio. O agronegócio usando agrotóxico é incompatível com o vizinho de dez hectares que não usa, porque ele vai contaminar, vai matar a biodiversidade".

Apesar das críticas, Stédile enfatizou a necessidade em defender o presidente diante dos ataques de "seus inimigos" - apontados como as multinacionais, o capital financeiro, o latifúndio e parte do agronegócio. "O governo Lula foi eleito por nós e temos que defendê-lo", declarou. 

CENÁRIO POLÍTICO ADVERSO - O movimento em prol da redistribuição de terras no Brasil vivencia um momento crítico. Além dos obstáculos destacados por Stédile, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto, no mês de maio, que prevê sanções a "invasores de terras". As punições incluem a proibição de participar do programa nacional de reforma agrária e a suspensão de benefícios sociais ou incentivos fiscais, tais quais o Bolsa Família ou os créditos rurais.

O texto é um substitutivo do deputado Pedro Lupion (PP-PR), coordenador da Frente Parlamentar da Agropecuária, a um projeto de lei do congressista Marcos Pollon (PL-MS). Sua constitucionalidade foi determinada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, sob relatoria do ex-ministro Ricardo Salles (PL-SP), ainda em abril.

Fonte: Brasil 247 com RT

Dilma: 'Brasil e China são parceiros estratégicos e integrados'

 

Intercâmbio bilateral é marcado pelo florescente relacionamento regional entre a China e a América Latina

Presidente do Banco dos Brics, Dilma Rousseff
Presidente do Banco dos Brics, Dilma Rousseff (Foto: REUTERS/Aly Song)

Global Times - China e Brasil construíram uma relação próxima nas últimas cinco décadas que é "complementar e integrada" em múltiplos setores econômicos, disse Dilma Rousseff, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento e ex-presidente do Brasil, em uma entrevista exclusiva ao Global Times.

Ela observou que o intercâmbio político e econômico entre os dois países também é marcado pelo florescente relacionamento entre a China e a América Latina.

"China e Brasil se entendem em um mundo multipolar. Temos muitos entendimentos comuns, por exemplo, na garantia de um desenvolvimento que seja sustentável e que proteja o clima, e um desenvolvimento que seja centrado nas pessoas e contra as desigualdades. A coisa mais importante agora é que nós [ambos como países em desenvolvimento] podemos contribuir para a governança global e criar condições para construir uma comunidade com um futuro compartilhado", disse Rousseff.

As declarações foram feitas durante a visita oficial do vice-presidente brasileiro Geraldo Alckmin à China, de terça a sábado. Este ano marca o 50º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre China e Brasil, e as duas partes concordaram em realizar a reunião do Comitê de Coordenação e Cooperação de Alto Nível China-Brasil para discutir a expansão da cooperação bilateral, segundo o Ministério das Relações Exteriores da China.

"China e Brasil são parceiros estratégicos abrangentes. As relações entre os dois países têm registrado um crescimento contínuo e constante nos últimos anos, com frequentes visitas de alto nível, cooperação frutífera em várias áreas e estreita coordenação em assuntos internacionais e regionais, estabelecendo um excelente exemplo de grandes países em desenvolvimento trabalhando juntos em solidariedade para o desenvolvimento comum", disse Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, em uma coletiva de imprensa regular na semana passada.

De acordo com Rousseff, há também uma "marca" de cooperação regional que está moldando o desenvolvimento das relações bilaterais entre China e Brasil.

O ano de 2024 é o 10º aniversário da criação do Fórum China-Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), um mecanismo marco que facilita as relações China-América Latina para uma nova era, caracterizada por igualdade, benefício mútuo, inovação, abertura e benefícios tangíveis para o povo.

Rousseff observou que China e Brasil fizeram grandes investimentos conjuntos em áreas como satélites e energia, e que a China investiu muito na exploração de petróleo bruto e gás natural no Brasil.

"Voltando ao ano de 2004, houve dois acontecimentos importantes: o primeiro é que o Brasil reconheceu a China como um mercado econômico após a entrada da China na OMC em 2001. O segundo é que uma empresa chinesa ganhou um contrato para construir um gasoduto de 1.000 quilômetros que ligava as regiões sudeste e nordeste do Brasil", disse Rousseff.

Para a economia brasileira, a contribuição da China é muito importante, ressaltou Rousseff, exemplificada pelas enormes importações de produtos de proteína brasileiros, como carne bovina, frango e carne suína, bem como pelo investimento chinês em setores como novas energias, farmacêuticos, produção de vacinas e biotecnologia - entre outros - que facilitam o novo impulso de industrialização do Brasil.

A China se tornou o maior parceiro comercial do Brasil por 15 anos consecutivos, e o Brasil é atualmente o nono maior parceiro comercial da China. No ano passado, o comércio bilateral entre China e Brasil expandiu 6,1% em relação ao ano anterior, atingindo US$ 181,5 bilhões, mostraram dados da alfândega.

Espera-se que as exportações do Brasil para a China possam chegar a US$ 103,4 bilhões até 2030, segundo um relatório do Conselho Empresarial Brasil-China.

Entre os principais produtos exportados pelo Brasil para a China, soja, petróleo bruto e minério de ferro são os três principais, representando quase 80% do total das exportações do Brasil para a China, com as exportações de carne bovina e celulose também mantendo uma expansão estável nos últimos anos, de acordo com o relatório. No ano passado, as exportações de algodão do Brasil aumentaram 1.295% e 1.288% em termos de valor e volume de exportação, tornando-se o sexto maior produto de exportação.

Espera-se que os dois países continuem a aprofundar a cooperação em agricultura, biorrefinarias, produção de fertilizantes orgânicos, inteligência artificial e robótica, disse ela, acrescentando que o enorme mercado chinês também é um atrativo para as empresas brasileiras.

Fonte: Brasil 247 com informações do Global Times

 

Com aval de Lira e 13 partidos, projeto sobre delação premiada tramitará em caráter de urgência

 

A proposta visa modificar a forma como delações premiadas são tratadas no Brasil, limitando-as a réus em liberdade e criminalizando a divulgação dos depoimentos.

Câmara dos Deputados
Câmara dos Deputados (Foto: Zeca Ribeiro / Câmara)

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e líderes de outros 13 partidos deram aval à tramitação em caráter de urgência do projeto que proíbe delações premiadas de presos.

O debate em torno do projeto ganhou força após o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), decidir pautar um requerimento de urgência para sua votação. A proposta, que inicialmente foi apresentada em 2016 pelo então deputado Wadih Damous (PT-RJ), visa modificar a forma como delações premiadas são tratadas no Brasil, limitando-as a réus em liberdade e criminalizando a divulgação dos depoimentos.

Integrantes de partidos do centrão e da esquerda ouvidos pela Folha dão como certa a aprovação da proposta na Câmara e, depois, no Senado, informa a Folha de S.Paulo.

Especialistas divergem sobre a possibilidade de o projeto retroagir e anular situações em que já houve delações firmadas com pessoas detidas. Ainda assim, caso seja aprovado, o projeto terá impacto no modelo de investigações adotado pela Polícia Federal.

Além da Operação Lava Jato, que teve uma série de colaborações questionadas, as apurações mais recentes de maior repercussão se basearam em delações assinadas por investigados presos.

"Delações feitas com réus ou investigados presos não são aceitáveis no horizonte civilizado e de garantia de direitos", afirmou o jurista Pedro Serrano em publicação nas redes sociais.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

 

Haddad vê maturidade do Congresso em votação da taxa das blusinhas: "nem o PL cedeu ao debate demagógico"

 

Ministro destacou unanimidade partidária na aprovação da taxação para importações de até US$ 50 e celebrou "trabalho sério" feito pelos parlamentares

Fernando Haddad
Fernando Haddad (Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)

Em uma declaração que ressalta a importância do diálogo e da responsabilidade no processo legislativo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, celebrou a recente aprovação pelo Senado da taxação de 20% sobre compras internacionais de até US$ 50. A medida, popularmente conhecida como "taxa das blusinhas", foi inserida como emenda no projeto de lei 914/24, que institui o Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover).

"O importante é que o Congresso se envolveu no debate. Nenhum partido subiu à tribuna para encaminhar voto contrário. Inclusive (o Congresso) teve uma postura de diálogo com os setores afetados", declarou Haddad. Ele destacou que a unanimidade na decisão, sem oposição de partidos, incluindo o PL, representa uma prova de maturidade do país. "Nem o PL cedeu ao debate demagógico. O Congresso fez um trabalho sério em torno desse tema, eu penso que deveria ser considerado uma prova de maturidade do país."

"Houve muito debate ao longo desse ano, o que não pode ser dito do período anterior, em que o contrabando não era discutido. [...] Então o atual governo não varreu para baixo do tapete um problema", acrescentou.

A aprovação foi amplamente celebrada por entidades e federações de comércio e indústria, como a Fiesp, Abrinq, Sindivest, Inditêxtil, Abrameq, entre outras. Em nota conjunta, essas entidades expressaram gratidão pela decisão, enfatizando a busca por isonomia tributária entre as plataformas estrangeiras de e-commerce e os setores econômicos brasileiros, que representam mais de 18 milhões de empregos no país.

"A decisão do Congresso Nacional, consolidada com a posição soberana dos senadores, é mais um passo relevante para o debate sobre a necessária busca de isonomia tributária entre as plataformas estrangeiras de e-commerce e as dezenas de setores econômicos brasileiros", afirmaram as entidades. Elas ressaltaram a importância da medida para garantir igualdade de condições competitivas entre o comércio nacional e plataformas como Shopee, AliExpress e Shein, que, segundo elas, têm se beneficiado de um "abismo tributário".

Fonte: Brasil 247

Líderes partidários pressionam por ação no Conselho de Ética contra Nikolas e Janones

 

Tema será discutido em reunião de líderes com o presidente da Câmara na próxima semana

Deputados André Janones e Nikolas Ferreira
Deputados André Janones e Nikolas Ferreira (Foto: Agencia Camara)

Líderes partidários na Câmara devem pressionar o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), para que o Conselho de Ética analise os casos dos deputados André Janones (Avante-MG) e Nikolas Ferreira (PL-MG), que trocaram agressões na última quarta-feira (5), informa o Painel da Folha de S.Paulo.

Os líderes argumentam que alguma medida precisa ser tomada contra ambos, nem que seja uma pena mais branda do que a cassação, como uma advertência ou suspensão. 

O próprio Lira já disse a aliados que considerou muito grave o episódio. 

Fonte: Brasil 247 com informações da coluna Painel da Folha de S. Paulo

Número de municípios vulneráveis dobra, aumentando o risco de catástrofes

 A urbanização rápida e muitas vezes desordenada, assim como a segregação socioterritorial, levam à ocupação de lugares inadequados

Enchente no Rio Grande do Sul
Enchente no Rio Grande do Sul (Foto: Lauro Alves-Secon-RS)

Paula Pimenta, na Agência Senado - Ao ser destacado na Constituição Federal como um direito social, a moradia deveria ser o prenúncio da segurança mínima do bem-estar dos cidadãos, mas o Brasil tem mais de um terço de seus municípios — 1.942, do total de 5.570 — com moradores em áreas de maior vulnerabilidade, onde a possibilidade de eventos geo-hidrológicos, como deslizamentos, enxurradas e inundações, é reconhecidamente multiplicada. Apesar de haver imposição constitucional à União, aos estados e aos municípios de melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico, esse direito não é cumprido quando ainda há cerca de 9 milhões de brasileiros vivendo em áreas de risco. 

Mapeamento a cargo da Casa Civil e do Ministério das Cidades atualizou os critérios e indicadores para a identificação dos municípios mais suscetíveis à ocorrência desses tipos de desastres para priorização de ações por parte da União. O estudo mostrou que o número de cidades com moradores em área de risco é 136% maior na comparação com levantamento feito em 2012, quando havia 821 municípios na lista dos mais vulneráveis.

Os números são ainda mais preocupantes quando se associam ao aumento de ocorrência de catástrofes naturais relacionadas às mudanças no clima. Em sessão temática no Senado em outubro de 2023, o destacado cientista sobre aquecimento global Carlos Nobre afirmou que não há a menor dúvida de que os extremos climáticos estão se tornando recordes em todo o mundo e que o Brasil teve o maior número de casos registrados nos últimos três anos, diante de altíssimas temperaturas, fortes secas e enchentes nunca registradas até então.

Em nota técnica de 2023, a Secretaria Especial de Articulação e Monitoramento, da Casa Civil, também sinaliza que “o aumento na frequência e na intensidade dos eventos extremos de chuvas vêm criando um cenário desafiador para todos os países, em especial para aqueles em desenvolvimento e de grande extensão territorial, como o Brasil” e reconhece que “as populações em situação de vulnerabilidade são as mais afetadas, enfrentando ameaças crescentes à sua segurança, meios de subsistência e infraestrutura”.

Da mesma forma, o governo aponta que a urbanização rápida e muitas vezes desordenada, assim como a segregação socioterritorial, levam à ocupação de lugares inadequados, sempre mais sujeitos a ocorrências de inundações e deslizamentos de terra, entre outros perigos à vida. “Essas áreas são habitadas, de forma geral, por comunidades de baixa renda e que têm poucos recursos para se adaptarem ou se recuperarem dos impactos desses eventos, tornando-as mais vulneráveis a tais processos”, diz a nota.

Com maior concentração demográfica, a Região Sudeste, que concentra quase 30% dos municípios brasileiros, tem 31% deles com moradores em área de risco, totalizando 48,7% da população dessa região em uma situação mais suscetível a desastres. Já a Região Nordeste, que congrega 32,2% das cidades brasileiras, registra 11% delas com habitantes em regiões de risco, o que torna 35,6% de sua população mais vulnerabilizada a tragédias.

Moradia

O direito à moradia é defendido pela Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), segundo a presidente da instituição, Andréa dos Santos. Mas em que condições se quer a efetivação desse direito habitacional é o que se pergunta.

— Embora seja esse direito constitucional, a gente não quer esse atendimento em áreas consideradas de risco. E, ao mesmo tempo, a gente tem toda uma escassez de área nas nossas cidades. Se a gente for pensar agora a proposta do Rio Grande do Sul, tanto da Prefeitura de Porto Alegre, quanto do Governo do estado, de cidades provisórias, onde serão essas cidades? Qual é o planejamento para essas cidades provisórias? Porque a gente está chamando de cidade. Esse é um detalhe muito sério — expõe Andréa.

As barreiras não são somente públicas. Há também todo um trabalho de convencimento das famílias que se instalaram nas regiões de risco para que aceitem serem deslocadas para uma nova área habitacional.

— Não adianta nós, arquitetos, chegarmos e dizermos que tem que reconstruir a cidade numa área que não tenha risco, com planejamento, pensando como é que essas cidades podem se desenvolver do ponto de vista da infraestrutura urbana, do ponto de vista dos equipamentos públicos e principalmente do ponto de vista da moradia, se não tiver um trabalho com essas famílias. Acho que o trabalho social é fundamental nesse processo para as famílias conseguirem entender e se adaptar para uma nova realidade.

O fato, enfatiza Andréa, é que as pessoas mais pobres acabam sempre procurando áreas mais baratas. Por isso, cabe ao poder público propiciar condições de acesso à terra com condições de moradia.

— Via de regra, todos os nossos grandes problemas, não só no Rio Grande do Sul, mas no Brasil, seja de deslizamento ou de cheias, atingem população de mais baixa renda.

Conforme o último levantamento do Centro de Monitoramento de Deslocamento Interno (IDMC), em 2022 o Brasil liderou a movimentação interna nas Américas, com 708 mil pessoas deixando suas áreas de habitação por conta de tragédias ambientais.

Recorrência

Já é de notório conhecimento que alguns municípios são corriqueiramente mais afetados, caso das sempre castigadas cidades da região serrana do Rio de Janeiro, como Teresópolis, Petrópolis e Nova Friburgo. Somente em 2011, mais de 900 pessoas daquela região morreram devido a enchentes e deslizamentos. Mais recentemente, no início de 2022, Petrópolis foi severamente varrida pelas fortes chuvas, acompanhadas de deslizamentos de terras, que levaram a vida de 235 pessoas e deixaram cerca de 4 mil à deriva.

Além desses três municípios fluminenses, estão na lista das dez cidades com mais áreas de risco de desastre São Paulo, Blumenau, Maceió, Fortaleza, Belo Horizonte, Jaboatão dos Guararapes e Salvador.

O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) apontou recordes em 2023 para os desastres geo-hidrológicos, quando foram registrados 1.161 eventos. Desses, 716 associam-se a eventos hidrológicos, em casos como transbordamento de rios, enquanto 445 foram geológicos, como o deslizamento de terra ocorrido em São Sebastião, no litoral de São Paulo, que deixou 64 mortos em fevereiro do ano passado.

A maior parte dos desastres acontece no lado leste do Brasil, com concentração nas capitais e regiões metropolitanas, onde as ocupações irregulares e o amontoado habitacional são sempre mais recorrentes.

— Temos cidades com problemas seríssimos em saneamento, cidades com problemas seríssimos de moradia em áreas de risco, de encostas, como na região da Serra do Mar. Já na Região Norte, você tem problemas muito associados à ocorrência de moradias em áreas de preservação permanente. E como as mudanças climáticas têm um efeito de tornar mais extremos os fenômenos climáticos, como por exemplo, cheias e secas, quando você associa isso com um problema de urbanização que o Brasil tem, com o problema de saneamento básico que o Brasil tem, aí você torna isso tudo uma verdadeira bomba-relógio — afirma o consultor legislativo do Senado em Meio Ambiente Matheus Dalloz.

Dados do Ministério do Desenvolvimento Social demonstram que os desastres no Brasil, entre 1991 e 2023, somam 5.142 óbitos, 9,64 milhões de desalojados e desabrigados, 1,46 milhões de feridos e enfermos e 232,6 milhões de afetados. Os números agora se inflam com a tragédia climática do Rio Grande do Sul, que até então já atinge mais de 2,3 milhões de pessoas, com pelo menos 172 mortes.

Precipitação

2023 e 2024 têm sido anos de registros peculiares de índices pluviométricos muito acima da média no Sul. Ao participar da recente sessão temática sobre a tragédia gaúcha — a qual denominou de maior catástrofe climática de uma região metropolitana do Hemisfério Sul —, o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Rualdo Menegat explicou que quanto mais os oceanos aquecem, mais a água evapora.

— Quanto mais a atmosfera aquece, mais ela consegue guardar vapor d'água. Então, quando esse vapor se condensa e ocorre a chuva, essa chuva poderá ser muito maior do que aquelas que já vimos. A atmosfera tem uma enorme capacidade de guardar vapor. Dizemos, então, que os fenômenos severos serão mais intensos e frequentes — afirmou Menegat.

O professor lembra que se 800mm de chuva caem no oceano, não há grande impacto na nossa infraestrutura, mas se caem onde vivemos, as consequências podem ser maiores ou menores, dependendo de cinco fatores, ou seja, “nós podemos agravar o que já é grave”.

Ele destacou que o primeiro fator é o geológico, em que é preciso “olhar o lugar” onde ocorre. O segundo trata-se de saber em que condições a água escorre sobre os solos. O terceiro refere-se a infraestrutura do estado e dos municípios para enfrentarem o cenário catastrófico. O quarto é o de capacidade e preparação da defesa civil e o último, da educação:

 — Devemos entrar em outro modo educativo, aquele que prepara a juventude e os futuros profissionais para a emergência climática. São eles que vão construir as soluções para o futuro — enfatizou o professor da UFRGS.

Enquanto isso, Norte, Nordeste e Centro-Oeste já amargam uma forte seca, que não somente coloca em risco a vida e a subsistência da população, mas todo o ecossistema envolvido. No Pantanal, por exemplo, onde os incêndios causaram grande destruição entre 2020 e 2022, quando 17 milhões de animais morreram em decorrência do fogo, as fumaças e o baixe índice dos rios já anunciam o perigo de repetição de uma nova grande destruição.

Mais vulneráveis

Quando se pensa em vulnerabilidade, é preciso ter um olhar mais diferenciado e prioritário para grupos como idosos, pessoas com deficiência, gestantes ou puérperas, crianças e adolescentes, entre outros, que diante da falta de planejamento das ações de resgate, muitas vezes têm o risco de morte acentuado pelos eventos catastróficos.

Enchentes, como as que devastaram parte das cidades do Rio Grande do Sul, mostraram as dificuldades para o resgate desses grupos. Somente nos 864 abrigos provisórios no Rio Grande do Sul havia na quinta-feira (6) 67,1 mil pessoas acolhidas, das quais 14,6 mil eram crianças e adolescentes, 2 mil pessoas com deficiência e 7,2 mil idosos.

O estado tem a maior proporção de idosos (65 anos ou mais) no Brasil: 14,1% de sua população de 10,8 milhões de habitantes. Fato é que entre os 172 mortos, muitos já estavam na terceira idade, caso da nonagenária Olandina Anna Bartz, cadeirante, encontrada morta por afogamento, no início do mês de maio, em sua casa na Candelária (RS). Assim como ela, outras pessoas em situação de vulnerabilidade não foram socorridas a tempo.

São muitos os fatores que fragilizam esses grupos. No caso dos idosos, por exemplo, enfermidades, declínio da capacidade funcional, acidentes sofridos ao longo dos anos, entre outros, diminuem as chances de fuga em situações de desastres sem que haja a ajuda adequada.

A socióloga, fundadora e coordenadora executiva do Amankay Instituto de Estudos e Pesquisas, Marta Gil, afirma que, apesar de o Brasil ter uma das melhores legislações do mundo para as pessoas com deficiência, colocar em prática os direitos garantidos tem sido muito desafiador.

Ratificada com status de emenda constitucional no Brasil, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da Organização das Nações Unidas (ONU), estabelece, em seu artigo 11, que em situações de risco e emergências humanitárias, cabe ao Estado tomar todas as medidas necessárias para assegurar a proteção e a segurança das pessoas com deficiência que se encontrarem em situações de risco, inclusive situações de emergências humanitárias e ocorrência de desastres naturais. Da mesma forma, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI - Lei 13.146, de 2015) confirma o dever do poder público de adotar medidas para proteção e segurança dessas pessoas.

Mas não é assim que as coisas funcionam. Marta lembra que em muitos lugares nos municípios alagados do Rio Grande do Sul onde os barcos passavam fazendo a comunicação por megafones, as pessoas surdas, que estavam sozinhas dentro de casa, não tinham como ouvir os chamados para oferta de socorro.

— Se esse surdo não tem alguém perto dele — porque muitas famílias se perderam — ele ficou completamente vulnerabilizado. Sem entender, sem saber onde ir, enfim, sem poder tomar nenhuma providência. E aí, cada tipo de deficiência vai tendo as suas questões. Muitas vezes as pessoas se resgatavam. Os voluntários, mas sem nenhum treinamento. E isso foi uma coisa séria. Então, você pega a pessoa, mas ela usa cadeira de roda. E se a cadeira de roda não vai, como é que vai fazer? Um cego, ele precisa ir com a bengala. Se ele tiver o cão-guia, ele e a bengala e o cão-guia. É um kit. Não dá pra ir sem. Essas já são pessoas muito invisíveis e, nessas horas, ficam mais invisibilizadas ainda e mais vulneráveis — diz Marta.

O mapeamento prévio pelo Estado da localização de pessoas com vulnerabilidades ajudaria a salvar vidas em situações como a das enchentes do Rio Grande do Sul, segundo Marta.

— São muitos desafios. E nenhum planejamento para resgate. Até onde eu sei, não há políticas, não tem medidas, não pensaram nisso.

Em sessão temática no Senado, o secretário nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Bruno Renato Teixeira disse que o governo está trabalhando com um protocolo para atendimento das pessoas em situação de catástrofes naturais.

— Esse protocolo visa garantir de maneira imediata a articulação dos agentes públicos, seja das prefeituras, seja do governo do estado e do sistema de Justiça, na adoção de procedimentos que garantam o atendimento às pessoas em situação de maior vulnerabilidade, em especial crianças e adolescentes, idosos, gestantes, pessoas com deficiência, pessoas que estão em privação de liberdade, a população LGBTQIA+, a população em situação de rua — afirmou.

 Coibição 

Após presidir, em 2022, a Comissão Temporária Externa destinada a acompanhar in loco a situação do município de Petrópolis (RJ), o senador Romário (PL-RJ) apresentou projeto de lei que visa dotar os municípios de instrumentos aptos a coibir os comportamentos que criam ou ampliam a vulnerabilidade das áreas de risco. 

“Entre esses, destacam-se as escavações não autorizadas na base das encostas, assim como a implantação de redes de distribuição de água e energia elétrica nos assentamentos informais, antes que as medidas de eliminação, correção ou administração de riscos tenham sido adotadas. Nesse sentido, a proposição inclui essas medidas de defesa civil no âmbito da regularização fundiária, ao mesmo tempo em que autoriza o município a adotar sanções de embargo, interdição ou demolição independentemente de autorização judicial, viabilizando, assim, uma atuação firme e imediata, no momento em que o assentamento ainda não se encontra consolidado”, expõe o senador Romário.

A proposta veda ainda o usucapião e a legitimação fundiária de imóveis nessas áreas, de forma a desestimular a ocupação, e estabelece o ressarcimento pelo responsável das despesas incorridas pelo poder público para a eliminação dos riscos resultante do empreendimento.

O PL 2.645/2023, que altera legislações sobre regularização fundiária rural e urbana e a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil, aguarda análise da Comissão de Meio Ambiente (CMA), onde recebeu parecer do senador Wellington Fagundes (PL-MT).

Em dezembro de 2023, foi sancionada a Lei 14.750, de 2023, que amplia os instrumentos de prevenção de desastres e recuperação de áreas atingidas. A norma, que teve origem no projeto (PL 2.012/2022) do senador Eduardo Braga (MDB-AM), fixou as competências da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, as ações de prevenção, de monitoramento de riscos de acidentes ou desastres e de produção de alertas antecipados.  

Fonte: Brasil 247 com Agência Senado