Tribunal não pautou as ações para esta semana, última com Alexandre de
Moraes na presidência
A
ministra Cármen Lúcia vai encontrar duas ações contra o ex-presidente Jair
Bolsonaro esperando para serem pautadas assim que assumir a presidência do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no próximo dia 3. As informações são da
colunista Malu Gaspar, do jornal O GLOBO.
São
ações de investigação judicial eleitoral, ou Aijes, protocoladas durante as
eleições de 2022, acusando Bolsonaro e o candidato a vice Walter Braga Netto,
de abuso de poder político e econômico e uso indevido dos meios de comunicação
social, além de desvio de função em duas ocasiões: o funeral da Rainha
Elizabeth II, na Inglaterra, e a 77ª Assembleia-Geral da ONU, nos Estados
Unidos. As ações foram protocoladas pelo PDT e pelo PT.
Relator
das ações, o ministro Raul Araújo já adiantou a interlocutores próximos que
concluiu os relatórios e liberou os dois casos para julgamento.
Isso
significa que agora só depende da presidência do tribunal definir as datas em
que o plenário vai avaliar as duas ações.
Como
esta é a última semana do mandato do ministro Alexandre de Moraes no comando do
TSE e o tribunal já não pautou as duas ações para a sessão desta terça-feira,
elas ficam para serem decididas pela sucessora de Moraes, que é Cármen Lúcia.
Nos
dois casos, Bolsonaro encaixou em viagens oficiais pelo governo brasileiro
iniciativas que os adversários alegam ter representado campanha eleitoral
irregular.
Nas
duas ações, o Ministério Público Eleitoral opinou pela aplicação de multas, mas
não concordou com a decretação da inelegibilidade do ex-presidente.
Bolsonaro
já está inelegível, condenado pela reunião com embaixadores no Palácio do
Planalto, em julho de 2022, em que lançou suspeitas sobre o resultado das
eleições de 2018 e a segurança das urnas eletrônicas. Ele e Braga Netto também
foram tornados inelegíveis por oito anos pelo TSE por abuso de poder político e
econômico nas comemorações do Bicentenário da Independência, no 7 de Setembro.
Discurso na embaixada
Desta
vez, as ações em análise dizem respeito à viagem oficial do então presidente
que começou pela Inglaterra, para o funeral da Rainha Elizabeth, e terminou em
Nova York, na Assembleia Geral da ONU.
Em
18 de setembro de 2022, ao chegar à Londres para o funeral da rainha, o então
presidente fez da varanda da embaixada brasileira um discurso de campanha sobre
“o momento que teremos pela frente [em] que teremos de decidir o futuro da
nossa nação”, disse ele, afirmando que “jamais aceitaremos o que eles querem
impor” e que não “tem como a gente não ganhar no 1º turno”.
Dois
dias depois, já no plenário da Organização das Nações Unidas, a ONU, Bolsonaro
abordou temas de campanha, atacou Lula e os governos petistas e defendeu pautas
conservadoras.
Na
época, o TSE concedeu aos dois partidos liminares proibindo o uso das imagens
dos discursos em suas redes sociais e na campanha presidencial.
A
composição do tribunal, porém, já mudou e parece mais equilibrada entre as
forças que o compõem. O relator inicial era Benedito Gonçalves, mais duro com o
bolsonarismo, e agora é Raul Araújo, mais alinhado a pautas conservadoras.
Alexandre
de Moraes, adversário público do bolsonarismo, está deixando o tribunal.
Dos
sete ministros do TSE, pelo menos três são mais claramente conservadores – Raul
Araújo, Isabel Gallotti e André Mendonça –, enquanto outros três estão no polo
oposto, como Cármen Lucia, André Ramos Tavares e Floriano de Azevedo Marques.
Kassio Nunes Marques, o sétimo, costuma ser mais pragmático, a ponto de ser
descrito como um integrante do “centrão” do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na
última sexta-feira (24), o ministro Alexandre de Moraes rejeitou recurso do
ex-presidente Jair Bolsonaro e de Braga Netto para que a decisão a respeito do
Sete de Setembro fosse enviada para análise do Supremo. Os advogados de defesa
dos dois, porém, vão recorrer direto ao STF.
Fonte: Agenda do Poder com informações do jornal O Globo